Auxiliares mais conservadores defendem que nenhum ponto seja vetado; já os ideológicos querem rejeição total
Sob pressão do Congresso de um lado e de sua base mais fiel e
integrantes do Judiciário e do Ministério Público do outro, o
presidente Jair
Bolsonaro
enfrenta uma divisão interna também na sua equipe para a análise do projeto que regulamenta o
abuso de autoridade
. O grupo considerado mais conservador acredita que o presidente não
deveria vetar nenhum ponto em nome de manter bom relacionamento com o
Congresso. Já os auxiliares da ala ideológica defendem o veto total, mas
admitem que isso seria declarar uma guerra, o que poderia comprometer
futuros projetos do Executivo. Há também os que defendem vetos pontuais.
LEIA MAIS:
Entenda o alcance da lei do abuso de autoridade
[um absurdo vetar tudo ou não vetar nada; alguns vetos são necessários e não tem fundamento que foram feitos para agradar aos dois lados;
a Frentas está protestando sem motivo - algum freio tem que ser colocado no MP e no próprio Poder Judiciário e não há razão para seus integrantes temerem.
A prática de qualquer abuso pelo MP será investigada, a denúncia apresentada pelo MP e julgada por um juiz (que pode até decidir não aceitar a denúncia) e ainda tem a opção de recorrer contra qualquer sentença que desagrade a uma das partes.
Só para a denúncia ser aceita é necessária uma investigação, a interferência do MP que decidirá (diante das provas) se denuncia ou não e a concordância do Poder Judiciário - um juiz poderá rejeitar a denúncia apresentada pelo MP.
Quanto a denúncia contra um magistrado, além de praticamente o mesmo trâmite seguida pelas contra o MP, terá que ser aceita por um tribunal.
Os policiais também não tem motivos para temer denúncias de eventuais abusos - qualquer denúncia seguirá o mesmo trâmite das apresentadas contra procuradores e juízes.
Inaceitável é que denúncias do tipo das apresentadas contra o presidente Bolsonaro - caso da deputada do PT, se transformem em processo judicial.
Só os realmente abusadores, é que terão inibidas suas ações criminosas.
O artigo que proíbe o uso de algemas deve ser vetado e estabelecido que o uso de algemas é obrigatório, exceto nos casos em que a juízo da autoridade policial o uso de algemas é desaconselhado.
Pelo simples fato de se descuidar no uso de algemar o prisioneiro o sargento Xavier - da FAB - foi covardemente assassinado pelo terrorista Theodomiro Romeiro dos Santos - que hoje é juiz do TRT - PE.]
O posicionamento do presidente sobre o tema vem sendo considerado nos bastidores a decisão mais difícil em quase oito meses de gestão. Representantes de entidades do Judiciário e do Ministério Público pediram a Bolsonaro o veto ao texto, clamor repetido em campanha nas redes sociais feita por parlamentares do PSL e militantes. Há temor que a lei sirva para enfraquecer ainda mais operações de combate à corrupção, como a Lava-Jato, em função da subjetividade e amplitude dos casos que podem configurar crime de abuso. Por outro lado, a nova legislação recebeu o apoio de quase a totalidade da Câmara, depois de ter passado pelo Senado, em 2017.
Durante a votação, parlamentares do PSL reclamaram especialmente do fato de policiais serem enquadrados no texto. Um caminho que pode ser costurado seria Bolsonaro vetar os trechos sobre esse tema. Isso, no entanto, é considerado insuficiente para os auxiliares do Planalto que se uniram no entorno da candidatura de Bolsonaro na esteira da Operação Lava-Jato. Eles argumentam que o presidente poderia perder apoio das redes e das ruas se optar por uma decisão que tente agradar os dois lados. Bolsonaro afirmou que pretende um equilíbrio para uma legislação que puna abusos sem cercear os trabalhos das instituições. — Existe abuso, somos seres humanos, mas a gente não pode cercear os trabalhos das instituições. A pessoa tem que ter responsabilidade quando faz algo que é dever teu, mas tem que fazer baseado na lei. Tem que fazer o que tem de ser feito de acordo com a lei e ponto final — afirmou o presidente.
Ele citou como exemplo de “abusos” os processos a que responde por apologia ao estupro por ter dito, em 2014, que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada por ser “muito feia”. O presidente disse que se posicionará sobre o projeto após conversar com seus ministros e que, seguindo a orientação deles, tomará uma decisão “tranquila e serena”: — Os ministros vão dar cada um a sua opinião, sugestão de sanção ou alguns vetos.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, que fez oposição ao projeto quando atuava como juiz na Operação Lava-Jato, está analisando com assessores sugestões de artigos para serem vetados. Ele adotou tom ameno ao comentar o projeto: — Ninguém é a favor de abusos, mas o projeto precisa ser bem analisado para verificar se não pode prejudicar a atuação regular de juízes, procuradores e policiais.
O caminho que encontraram para não cair no esquecimento é aparecer, ainda que seja judicializando bobagens - se a pretensão não alcançou o número mínimo, 31 deputados, para mudar o procedimento, não houve fundamento para mudar.]
Agora, o Novo pede, em mandado de segurança, que a votação ocorra novamente, desta vez com o registro de cada parlamentar. Em vídeo postado nas redes sociais com imagens do momento da votação, o líder do Novo, Marcel van Hattem (RS), destaca que pelo menos 31 deputados concordaram com a votação nominal. A legenda quer que o Supremo confira o vídeo e garanta uma nova votação. O PSL, partido de Bolsonaro, poderia ter pedido a votação nominal, mas por acordo feito com as demais legendas abriu mão. Na quinta-feira, diversos deputados do partido protestaram nas redes sociais contra a aprovação e pediram ao presidente que vete pontos do projeto.
Em nota, a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público
(Frentas), que reúne as principais associações do Judiciário e do MP,
manifestou “indignação”. Afirma que a proposta “contém série de falhas e
impropriedades que inibem a atuação do MP, do Poder Judiciário e das
forças de segurança, prejudicando o desenvolvimento de investigações”.
As entidades dizem que o aperfeiçoamento das regras sobre abuso de autoridade é necessário, pois a lei que regula o tema até então é de 1965, mas que faltou debate. Uma das principais queixas é com o uso de “definições de diversos crimes de maneira vaga, aberta, subjetiva”, o que tornaria menos seguro o exercício da investigação.
“As entidades trabalharão para que excessos e impropriedades contidos no referido projeto de lei sejam vetados pelo presidente da República”, diz trecho da nota.
O Globo - Colaborou João Paulo Saconi
[um absurdo vetar tudo ou não vetar nada; alguns vetos são necessários e não tem fundamento que foram feitos para agradar aos dois lados;
a Frentas está protestando sem motivo - algum freio tem que ser colocado no MP e no próprio Poder Judiciário e não há razão para seus integrantes temerem.
A prática de qualquer abuso pelo MP será investigada, a denúncia apresentada pelo MP e julgada por um juiz (que pode até decidir não aceitar a denúncia) e ainda tem a opção de recorrer contra qualquer sentença que desagrade a uma das partes.
Só para a denúncia ser aceita é necessária uma investigação, a interferência do MP que decidirá (diante das provas) se denuncia ou não e a concordância do Poder Judiciário - um juiz poderá rejeitar a denúncia apresentada pelo MP.
Quanto a denúncia contra um magistrado, além de praticamente o mesmo trâmite seguida pelas contra o MP, terá que ser aceita por um tribunal.
Os policiais também não tem motivos para temer denúncias de eventuais abusos - qualquer denúncia seguirá o mesmo trâmite das apresentadas contra procuradores e juízes.
Inaceitável é que denúncias do tipo das apresentadas contra o presidente Bolsonaro - caso da deputada do PT, se transformem em processo judicial.
Só os realmente abusadores, é que terão inibidas suas ações criminosas.
O artigo que proíbe o uso de algemas deve ser vetado e estabelecido que o uso de algemas é obrigatório, exceto nos casos em que a juízo da autoridade policial o uso de algemas é desaconselhado.
Pelo simples fato de se descuidar no uso de algemar o prisioneiro o sargento Xavier - da FAB - foi covardemente assassinado pelo terrorista Theodomiro Romeiro dos Santos - que hoje é juiz do TRT - PE.]
O posicionamento do presidente sobre o tema vem sendo considerado nos bastidores a decisão mais difícil em quase oito meses de gestão. Representantes de entidades do Judiciário e do Ministério Público pediram a Bolsonaro o veto ao texto, clamor repetido em campanha nas redes sociais feita por parlamentares do PSL e militantes. Há temor que a lei sirva para enfraquecer ainda mais operações de combate à corrupção, como a Lava-Jato, em função da subjetividade e amplitude dos casos que podem configurar crime de abuso. Por outro lado, a nova legislação recebeu o apoio de quase a totalidade da Câmara, depois de ter passado pelo Senado, em 2017.
Durante a votação, parlamentares do PSL reclamaram especialmente do fato de policiais serem enquadrados no texto. Um caminho que pode ser costurado seria Bolsonaro vetar os trechos sobre esse tema. Isso, no entanto, é considerado insuficiente para os auxiliares do Planalto que se uniram no entorno da candidatura de Bolsonaro na esteira da Operação Lava-Jato. Eles argumentam que o presidente poderia perder apoio das redes e das ruas se optar por uma decisão que tente agradar os dois lados. Bolsonaro afirmou que pretende um equilíbrio para uma legislação que puna abusos sem cercear os trabalhos das instituições. — Existe abuso, somos seres humanos, mas a gente não pode cercear os trabalhos das instituições. A pessoa tem que ter responsabilidade quando faz algo que é dever teu, mas tem que fazer baseado na lei. Tem que fazer o que tem de ser feito de acordo com a lei e ponto final — afirmou o presidente.
Ele citou como exemplo de “abusos” os processos a que responde por apologia ao estupro por ter dito, em 2014, que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada por ser “muito feia”. O presidente disse que se posicionará sobre o projeto após conversar com seus ministros e que, seguindo a orientação deles, tomará uma decisão “tranquila e serena”: — Os ministros vão dar cada um a sua opinião, sugestão de sanção ou alguns vetos.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, que fez oposição ao projeto quando atuava como juiz na Operação Lava-Jato, está analisando com assessores sugestões de artigos para serem vetados. Ele adotou tom ameno ao comentar o projeto: — Ninguém é a favor de abusos, mas o projeto precisa ser bem analisado para verificar se não pode prejudicar a atuação regular de juízes, procuradores e policiais.
O tira-teima do Novo
O partido Novo acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar
anular a votação de quarta-feira por um aspecto regimental. A aprovação
do projeto foi de forma simbólica, sem o registro do voto de cada
parlamentar. Entretanto, alguns parlamentares pediram ao presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a votação nominal. Maia indeferiu o
pedido porque, segundo ele, não houve adesão do número mínimo de 31
deputados para mudar o procedimento. Se a votação fosse nominal, seria
possível saber como votou cada deputado. [o problemaa do Partido Novo e de outros partidecos é que estão sem ter como aparecer até as próximas eleições, quando terão sido esquecidos.O caminho que encontraram para não cair no esquecimento é aparecer, ainda que seja judicializando bobagens - se a pretensão não alcançou o número mínimo, 31 deputados, para mudar o procedimento, não houve fundamento para mudar.]
Agora, o Novo pede, em mandado de segurança, que a votação ocorra novamente, desta vez com o registro de cada parlamentar. Em vídeo postado nas redes sociais com imagens do momento da votação, o líder do Novo, Marcel van Hattem (RS), destaca que pelo menos 31 deputados concordaram com a votação nominal. A legenda quer que o Supremo confira o vídeo e garanta uma nova votação. O PSL, partido de Bolsonaro, poderia ter pedido a votação nominal, mas por acordo feito com as demais legendas abriu mão. Na quinta-feira, diversos deputados do partido protestaram nas redes sociais contra a aprovação e pediram ao presidente que vete pontos do projeto.
As entidades dizem que o aperfeiçoamento das regras sobre abuso de autoridade é necessário, pois a lei que regula o tema até então é de 1965, mas que faltou debate. Uma das principais queixas é com o uso de “definições de diversos crimes de maneira vaga, aberta, subjetiva”, o que tornaria menos seguro o exercício da investigação.
“As entidades trabalharão para que excessos e impropriedades contidos no referido projeto de lei sejam vetados pelo presidente da República”, diz trecho da nota.
O Globo - Colaborou João Paulo Saconi