Presidente diz ser necessário lutar contra o que chamou de
"ladrões que querem roubar nossa liberdade". Segundo o chefe do
Executivo, cabe às Forças Armadas e à população defender o país
Em mais um capítulo da crise entre Executivo e Judiciário, o presidente
Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar indiretamente ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ontem,
em Umuarama (PR), o chefe do Executivo chamou apoiadores “à guerra”
contra o que chamou de “ladrões que querem roubar nossa liberdade”. A
declaração ocorreu durante visita a trecho da Estrada Boiadeira
(BR-487).
"Como se não bastassem os problemas no país, nós todos
aqui temos problemas internos no Brasil. Hoje, temos não mais os ladrões
de dinheiro do passado. Surgiu uma nova classe de ladrão, que são
aqueles que querem roubar a nossa liberdade”, disparou. “Eu peço que
vocês, cada vez mais, se interessem por esse assunto. Se precisar,
iremos à guerra. Mas eu quero um povo ao meu lado consciente do que está
fazendo e de por quem está lutando.”
Segundo Bolsonaro, cabe às Forças Armadas e à população
defender o país. “Nós todos aqui não podemos chegar lá na frente, 2023,
24, 25, ver a situação que se encontra o Brasil e falar: ‘O que nós não
fizemos em 2022 para que nossa pátria chegasse à situação que se
encontra?’”, ressaltou. “Todos nós temos um compromisso com o nosso
Brasil, não apenas os militares que fizeram o juramento de defender a
pátria com sacrifício da própria vida. Todos nós temos de nos informar e
nos preparar. Não podemos deixar que o Brasil siga o caminho de alguns
outros países aqui na América do Sul”, acrescentou, citando a Venezuela e
a Argentina.
Bolsonaro afirmou que os presentes ao evento sabiam do
que ele estava falando. “É a verdade. Até pouco tempo, o povo brasileiro
não estava acostumado a ouvir a verdade. Eu não digo o que vocês querem
ouvir, eu digo o que vocês devem ouvir”, continuou, sob aplausos.
O chefe do Executivo defendeu, mais uma vez, o que
chamou de direito à liberdade de expressão e lembrou o indulto concedido
ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) por ataques às instituições democráticas; e a
anulação da cassação do deputado Fernando Francischini por disseminação
de fake news nas eleições de 2018. “Nós defendemos, além do direito de expressão, o
direito de ir e vir. Não posso admitir a prisão de um parlamentar por
causa de algo que eu não gostaria de ouvir. A liberdade de expressão, ou
nós temos, ou não temos”, frisou.
Pautas como aborto, ideologia de gênero e armamento
também fizeram parte do discurso. Ele também criticou a campanha de
desarmamento no Canadá. “Vocês sabem que a arma de fogo é garantia para
sobrevivência de suas famílias e questão de segurança nacional. Povo
armado jamais será escravizado”, destacou. “Poucos na Praça dos Três
Poderes podem muito, mas nenhum deles pode tudo. A nossa liberdade não
tem preço, e parece que alguns não querem entender. A liberdade é mais
importante do que a própria vida”, repetiu.
Paraguai No fim da tarde de ontem, Bolsonaro desembarcou em Foz do Iguaçu (PR), onde se reuniu com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Eles visitaram as obras da ponte de integração entre os países. Momentos antes, fizeram um trecho do percurso em cima da carroceria de uma caminhonete, de onde acenaram a apoiadores.
“Presidente, acompanhei o senhor em uma caminhonete e
vi o carinho que o povo tem. Vi o carinho espontâneo do seu povo. Estou
muito orgulhoso, meu querido presidente, desse carinho que senti desse
povo que vai seguir te apoiando no futuro”, declarou Benítez, emendando
que compartilha de valores com Bolsonaro. “Nossos povos, e
especificamente estes presidentes, cultivam os valores da família, do
trabalho, da dignidade, do respeito à propriedade privada e da
construção de modelos produtivos”, ressaltou.
Por sua vez, Bolsonaro comentou que a construção da
ponte integrará os países e sustentou que a política ambiental
brasileira é um exemplo para o mundo no quesito preservação. “Tudo o que fazemos aqui consultamos, conversamos e
buscamos cordialmente o acordo. Afinal de contas, uma sugestão a mais
sempre é muito bem-vinda. Itaipu Binacional é um exemplo para o mundo de
geração de energia de fonte renovável. O Brasil é exemplo para o mundo
na preservação ambiental. Dois terços do nosso território são
preservados e temos a segunda maior matriz energética proporcional”,
disse.
Também estiveram presentes ao encontro os ministros de Minas e
Energia, Adolfo Sachsida, e da Infraestrutura, Marcelo Sampaio; o
deputado Filipe Barros (PL-PR) e o governador do Paraná, Ratinho Júnior
(PSD).Na semana que vem, o presidente brasileiro participará
da Cúpula das Américas, nos Estados Unidos, onde o tema meio ambiente
deverá ser um dos principais assuntos a serem debatidos.
Política - Correio Braziliense