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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Bolsonaro e Lula - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S.Paulo

Diria que a libertação do ex cabe como uma luva na estratégia do presidente

O Supremo Tribunal, em mais uma decisão contraditória com outra decisão anterior sua relativa à prisão em segunda instância, termina por criar uma insegurança jurídica que contribui para piorar a sua imagem perante a sociedade. A libertação de Lula da Silva, assim como a de outros criminosos, aparece como uma amostra de que a impunidade segue valendo para os ricos, para os que têm condições de pagar recursos inesgotáveis em cada uma das quatro instâncias do Judiciário. Infelizmente, conforme a tradição penal brasileira, os pobres serão os mais prejudicados, por não terem recursos para pagar advogados caros que atuam por anos, se não décadas, para os seus clientes. Os “garantistas” conseguiram fornecer, assim, uma grande garantia: o crime compensa para os poderosos!

Do ponto de vista político, algumas considerações se impõem imediatamente. A primeira é que os grandes ganhadores da decisão do STF são Lula e o presidente Jair Bolsonaro, ou seja, o petismo e o bolsonarismo. Como ambos agem segundo a concepção do político baseada na distinção entre “amigo e inimigo”, o “nós contra eles”, numa luta que adquire contornos existenciais, como se a eliminação do outro devesse ser a regra, eles vão surgir como os principais protagonistas das eleições de 2022. Entrarão na arena um de olho no outro, como se nenhuma outra alternativa fosse possível. Pode-se, nesse sentido, esperar um acirramento dessa disputa nas redes sociais.  
[até 2022 muita água vai rolar; 
talvez seja interessante considerar que:
- a sentença do condenado petista, a do triplex, deverá ter transitada em julgado - o STF não tem condições de protelar o inevitável, menos ainda de anular a condenação;
- a sentença do Sítio de Atibaia, deverá ser confirmada pela TRF - 4, ainda este mês e,muito provavelmente, terá transitada em julgado;
- o, temporariamente, ex-presidiário, está enquadrado na Lei da Ficha Limpa e esta impede sua candidatura.
- mais sentenças aplicarão novas condenações sobre a cabeça do criminoso, já condenado; e,
- será que o perda total resistirá ao descontrole que a liberdade, temporária, do criminoso sentenciado causará no que já está implodindo?]

A segunda é que convém observar que Lula continua impedido de se candidatar, pois a decisão do Supremo versa somente sobre a prisão após condenação em segunda instância, não tem por ora nenhuma repercussão no que diz respeito à Lei da Ficha Limpa. Lula pode manifestar-se politicamente, mas não pode ser candidato. Isso significa que deverá atuar por intermédio de um candidato laranja, o que diminui em muito a possibilidade de êxito eleitoral para o PT. Dito isto, Lula exerce um tipo de liderança carismática, muito abalada pela corrupção no exercício do Poder, mas ainda assim importante do ponto de vista político.

Terceira: as primeiras reações de Lula e do PT sinalizam para a radicalização. Conforme foi noticiado, o ex-presidente estaria se reaproximando do MST e já anunciou que não fará nenhum movimento em direção ao centro do espectro político. Além de Lula e o PT sofrerem hoje grande rejeição da sociedade, tal postura não ajudará a agregar votos dos que rejeitam Bolsonaro, mas tampouco querem a volta do radicalismo e da corrupção de outrora. Se seguir nessa linha, o PT se voltará apenas para os já convertidos, perdendo a persuasão relativamente aos que dele não são próximos. Mais importante: fortalecerá Bolsonaro como candidato preferido destes, fazendo o jogo do presidente, que só esperava que isso viesse a acontecer. [a suprema decisão que soltou, temporariamente, o condenado petista, não impede a prisão de criminoso condenado que se encontre temporariamente fora da cadeia. 
Um dos motivos para o encarceramento imediato deste tipo de criminoso é a perturbação da ordem pública - a reaproximação da organização criminosa perda total com a quadrilha do 'movimento social terrorista = mst' resultará, fatalmente, em atentado contra a ordem pública e para conter situações de convulsão, existe o artigo 142, da CF, que pode ser acionado pelo presidente da República Federativa do Brasil, sem necessidade de aval dos outros dois poderes da República.]

Quarta: Bolsonaro e o bolsonarismo estão sempre em busca do “inimigo” e o seu inimigo do coração é Lula. Observe-se que nos últimos tempos, seja a propósito da Argentina ou do Chile, sempre aparece o espectro da esquerda, do Foro de São Paulo, isto é, do PT e de Lula, que estariam agindo para abalar a ordem conservadora ou liberal. [o famigerado e carcomido Foro de São Paulo, está sendo substituído pelo Grupo de Puebla, que tem como foco a Guerra Híbrida Continental para a retomada do poder.] Os discursos de Bolsonaro e as mensagens de seus filhos sempre são contra a “esquerda”, o “petismo”, e assim por diante. Acontece que isso era ainda muito abstrato, considerando que Lula na cadeia era apenas um fantasma do que foi. Os dirigentes petistas, desorientados, seguiam as ordens desencontradas do seu “líder”. Agora o bolsonarismo ganha um inimigo real, aquele que deve eliminar nas próximas eleições.

A quinta é que os bolsonaristas estavam ao léu, precisando bater em alguém, criar um conflito qualquer, desperdiçando energia em suas brigas internas, rachando o PSL, afastando generais importantes, criticando a imprensa e os meios de comunicação em geral, vociferando na esfera internacional, sobretudo, recentemente, na América Latina. Eis que uma oportunidade única surge: Lula fora da cadeia. Dessa maneira, a tendência será de reagrupamento dos bolsonaristas, incluídos alguns de seus críticos, em torno do presidente, como o único capaz de enfrentar e vencer o PT. Diria que a libertação de Lula cabe como uma luva na estratégia do presidente. Suas declarações aparentemente desencontradas e contraditórias têm método. E o seu “método” começará a cobrar dividendos.

Sexta: Bolsonaro precisa de Lula para esmagar o centro. Seu objetivo consiste em reunir em torno de si todos os que não aceitam a volta de Lula e do PT ao poder. Ganhou as eleições por isso e espera poder repetir essa mesma fórmula. Com Lula na cadeia estava difícil, pois não seria fácil o convencimento acerca da real ameaça petista. Agora, contudo, o cenário é outro, uma vez que a sua situação ideal se pode concretizar: enfrentar em 2022, em segundo turno, um candidato laranja petista/lulista. Seria o sonho realizado. Se for o próprio Lula, será um pouco mais difícil, mas exequível. Se fosse uma candidatura de centro, a sua posição estaria ameaçada.

Sétima: as alternativas de centro para as próximas eleições ficam prejudicadas. A polarização entre Bolsonaro e Lula tende a reduzir o espaço de outras candidaturas, na medida em que terão de desbravar caminho seguindo uma estratégia de não radicalização, porém sabendo radicalizar contra a radicalização. Deverão saber esgrimir com as armas dos adversários, transmitindo a mensagem de que essas armas não são as mais apropriadas para o Brasil. Deverão ser capazes de mostrar que vale a pena perseverar nos compromissos e diálogos próprios da democracia, sem namorar inclinações autoritárias. As candidaturas já anunciadas direta ou indiretamente de João Doria e Luciano Huck deverão adotar uma estratégia condizente com esse novo cenário político. Se a lógica do bolsonarismo e do petismo prevalecer, estando então revigorados, esses outros candidatos não serão naturalmente alternativas. Deverão construir o seu protagonismo.

 Denis Lerrer Rosenfield -  Professor - Espaço Aberto - O Estado de S. Paulo
 
 

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Grupo de Puebla: Nova estrutura substitui o Foro de São Paulo para a retomada do Poder - DefesaNet

Nova Organização da esquerda que substituiu o Foro de São Paulo é montada para coordenar uma Guerra Híbrida Continental

Nova Organização da esquerda que substituiu o Foro de São Paulo é montada para coordenar uma Guerra Híbrida Continental . Na foto sentados Haddad e Mercadante. Foto Grupo de Lima 

Discretamente, 10 dias antes da XXV Reunião do Foro de São Paulo, realizada em Caracas, na cidade de Puebla, México, foi criada a nova organização, que substituiu o carcomido Foro de São Paulo.  Criado em 1990, na cidade de São Paulo, para buscar formas de apoiar financeiramente Cuba, após o debacle Soviético, serviu de base para que a esquerda tomasse o poder na maioria dos países da América Latina, em especial os mais relevantes, incluiu: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Venezuela.

Após a perda do poder na maioria dos países e sem fontes de financiamento, que provinham do Chavismo com os petrodólares da Venezuela e do sistema de corrupção montado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil a esquerda trabalhou uma nova estrutura.

O Relatório Otálvora, publicado neste Sábado (19OUT2019) detalha:

 
“De acordo com sua primeira declaração, o Grupo de Puebla pretende "construir um novo projeto comum, aprendendo com nossos erros e recuperando nossa vocação de maiorias e de governo".

A escolha do local, é icônica pois marca os 40 anos da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (27JAN a 13FEV1979), realizado em Puebla de los Angeles, México.   A Conferência de Puebla teve forte influência do Cardeal Aloisio Loscheider,  arcebispo de Fortaleza, e então presidente da CNBB e também presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano.   A Conferência de Puebla marcou a participação da igreja católica na política da da América Latina nas próximas décadas. Realizado logo início do pontificado de João Paulo II este pouco pode fazer para bloquear o avanço da Teologia da Libertação. A Teologia da Libertação foi banida da Igreja Católica, em 1984.

Entre os fundadores do Grupo de Puebla há políticos da América Latina e da Espanha:

- México - Cuauhtémoc Cárdenas;
- Argentina - Alberto Fernández (atual candidato à presidência), Jorge Taiana e Felipe Solá;
- Chile -  Marco Enríquez-Ominami, Alejandro Navarro e José Miguel Insulza;
- Brasil - Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Haddad e Aloizio Mercadante;
- Colômbia - Ernesto Samper e Clara López;
- Paraguai -  Fernando Lugo;
- Equador  - Rafael Correa e Gabriela Rivadeneira;
- República Dominicana - Leonel Fernández, e .
- Espanha José Luis Rodríguez Zapatero,
Para Otálvora, o PT brasileiro, o Kirchnerismo argentino, o correismo equatoriano e os socialistas chilenos são o centro do Grupo de Puebla
.

O pesquisador venezuelano Pedro A. Urruchurtu publicou uma longa thread em sua conta do twitter (@Urruchurtu),  que vale a pena ver, publicamos alguns pontos:

 (...)





- Se pronunciaram contra Duque, contra Bolsonaro, contra Lenín Moreno e tem negado a possível ativação do TIAR no conflito venezuelano. Sua ações vão direto contra o Grupo de Lima e o bloqueio democrático na OEA. Seu fim e extermirnar ambos.

- Debe-se referir a este grupo e também mencionar o Foro de Sao Paulo? Muitos percebem como substituição do Foro e o  rejuvenescimento do mesmo, para preparar o retorno da esquerda ao Poder
 
Aquí o grande diferencial do Grupo de Puebla. É uma organização que está adaptada para agir em todos os campos: publicamente, nas sombras e em especial na mídia. Os recentes “conflitos sociais” no Equador e no Chile já mostram o perfil traçado para a organização.  No Brasil estão alinhadas as tradicionais publicações da esquerda: DCM, Brasil 247 e Carta Capital entre outros. No exterior relevantes: o espanhol El Pais, a bolivariana TeleSur e o sistema Russo de Guerra Hibrida baseado no RT e Sputnik.

Analistas internacionais têm alertado DefesaNet que a Rússia não planeja abandonar e menos ainda mudar o status em relação com o Venezuela.  Portanto “o Grupo de Puebla” será uma engrenagem na máquina de desinformação (Fake News) do Kremlin na região. Ao mesmo tempo introduz na região a GUERRA HÍBRIDA, queiram ou não os militares, o Sistema Brasileiro de Inteligência e a catatônica Escola Superior de Guerra (ESG).

(....)

Qualquer adaptação cabocla de grupos criminais agindo com motivação política seria uma realidade dantesca impossível de ser avaliada.  Fontes policiais do RJ e SP mencionam, que os grupos ligados ao tráfico, chamam a sí mesmo como “tropa” e se portam como “paramilitares”. Funkeiros e MCs adotam o termo em suas composições. Surge também em um campo inédito a Justiça, incluindo o Lawfare, o uso do sistema judicial como arma de guerra poítica e económica. O Grupo de Puebla criou o “Consejo Latinoamericano de Justicia y Democracia” (CLAJUD), para reestabelecer a Justiça Social e o Estado de Direito. O protagonismo do Supremo Tribunal Federal (STF) cumpre atualmente a parte que lhe cabe nesta nova estrutura seguindo as instruções emanadas desde o Grupo de Puebla, via Curitiba.
 

Alberto Fernández, caso eleito presidente na Argentina, será líder do grupo e por isto convocou a próxima reunião em seu país. Assim, retirará a Argentina do Grupo de Puebla, assumirá posições alinhadas ao México e Uruguai no caso da Venezuela e representará a nova esquerda.  Por último como financiar uma organização tão sofisticada e drenadora de recursos como o Grupo de Puebla?

 No ítem 7 Princípios de Ação, da
Declaración de Puebla consta:
“diseñar iniciativas efectivas para acabar con el narcotráfico, brindando seguridad y protección a la ciudadania con políticas que promuevan la integración y la convivencia como base para la paz social.”

O que é evidentemente uma falácia. Logo um dos maiores obstáculos ao “Grupo de Puebla” no momento é o Ministro Sergio Moro. Uma das felizes equações inesperadas e que surpreendeu foi a performance do Ministro Sergio Moro como executivo e coordenador das atividades dos órgãos policiais. Está implodindo as rotas do narcotráfico assim como contrabando e ilícitos. Por isso o CENTRÃO, a imprensa protegida pelo STF e áreas narcotistas do Judiciário necessitam do urgente afastamento do Ministro Sergio Moro.

O atual governo não tem estratégias mínimas para enfrentar ao proposto pelo Grupo de Puebla:
-  Lawfare
-  Guerra Híbrida
-  Guerra Informacional
-  Ações de Gangues criminais organizadas com objetivo político
-  Entorno geográfico hostil politicamnete
-  Manter ruma estratégia frente à Rússia
-  Qual a posição em relação à China

Para a Declaração da Formação do Grupo de Puebla acesse:



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