Participantes estão preocupados com o ritmo de expansão do déficit nos últimos anos, apesar de cifra ter recuado 10% em relação a 2015
Os fundos de pensão fecharam 2016 com
rombo de R$ 70,6 bilhões, segundo levantamento da Superintendência
Nacional de Previdência Complementar (Previc), o xerife do setor. O dado
preocupa por causa da rápida expansão do déficit do sistema, que subiu
700% em quatro anos – em 2012, o buraco era de R$ 9 bilhões. O rombo
subiu para R$ 21 bilhões em 2013 e para R$ 31 bilhões no ano seguinte. O
déficit atingiu seu ápice em 2015, quando somou R$ 77,8 bilhões.
A indústria dos fundos de pensão é
composta por 307 entidades, que administram 1.137 planos de benefícios.
Juntas, elas detêm quase R$ 800 bilhões em investimentos, que
representam 12,6% do PIB nacional. São 7,2 milhões de associados, entre
participantes que estão na ativa, dependentes e assistidos.
Um plano de aposentadoria registra
déficit quando os ativos não são suficientes para pagar os benefícios
previstos até o último participante vivo do plano. A nova regulação não
exige o equacionamento de todo o déficit. A norma em vigor permite que
planos com população mais jovem tenham mais tempo para administrar os
desequilíbrios. Para cobrir o déficit, participantes e patrocinadores
precisam injetar mais dinheiro nos planos por meio de contribuições
extras.
Fundo de pensão é uma poupança formada
por trabalhadores de uma mesma empresa com a finalidade de complementar a
aposentadoria. O dinheiro é gerido por um colegiado com representantes
indicados pelas empresas e pelos trabalhadores. Os maiores fundos são de
empresas estatais, criados há mais tempo. Dez planos concentram 88% do déficit de
todo o sistema. Dos maiores, apenas a Previ (dos funcionários do Banco
do Brasil) já informou que fechou 2016 com superávit de R$ 2 bilhões. Os
balanços da Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios)
ainda não foram divulgados, mas o Estado apurou que o déficit das três
fundações somado deve ultrapassar R$ 30 bilhões. Entre participantes que
ainda estão trabalhando, dependentes e assistidos, as três têm mais de
um milhão de associados. [é muito justa a quebradeira que a má administração lulopetista impôs aos FUNDOS DE PENSÃO;
aliás, JUSTÍSSIMA, devido ao fato de que maior parte dos beneficiários desses fundos são de lulopetistas e que tinham Lula e Dilma como as almas mais competentes desde Adão.
Agora que estão sentindo o tamanho da competência serão mais cuidados na escolha dos seus gurus.
Para a Justiça ser mais completa a quebradeira tem que alcanças a PREVI, por ser público e notório que o Bando do Brasil abrigou milhares e milhares de petistas, que agora são contados as centenas.]
Ápice
O novo diretor-superintendente da
Previc, Fábio Coelho, afirma que o “ápice” do déficit do segmento foi
verificado em dezembro de 2015, quando bateu na ordem de 9% do total dos
ativos. “A tendência é que nos próximos meses tenhamos uma redução
maior”, afirma, em sua primeira entrevista exclusiva. Os elementos que
devem contribuir para essa reversão, segundo ele, são a inflação mais
controlada, a retomada da atividade e o comportamento mais benigno da
Bolsa. “Nossa expectativa é que 2017 seja um ano de transição tanto do
ponto de vista da mudança da supervisão como também da retomada dos
ativos”, diz.
Coelho afirma que grande parte dos
rombos registrados nos últimos anos teve origem em “agendas econômicas”:
“Ao mesmo tempo em que o passivo aumentou por conta da longevidade e
por pressões inflacionárias, tivemos também uma redução dos ativos por
conta da recessão econômica e de investimentos não ‘performados.” [o presidente da Previc silencia sobre o fato que os atuais funcionários dos Correios - na ativa e que contribuem para o Postalis na expectativa de no futuro se aposentarem - terão que contribuir com uma parcela extra para pagar os benefícios dos já aposentados. Saiba mais, aqui ou aqui.]
Conselheiros que representam os
participantes, porém, afirmam que os prejuízos também foram causados por
investimentos que eram considerados apostas nos governos Lula e Dilma,
como Sete Brasil, Invepar e Oi. Na visão deles, os governos anteriores
pressionaram as entidades a dividir o risco desses projetos e deixaram
aos participantes os prejuízos.
Casos de fraude e má gestão motivaram a
criação de uma CPI na Câmara dos Deputados para apurar irregularidades
dos fundos ligados às estatais. O relatório final apontou prejuízos de
R$ 6,6 bilhões causados por má gestão, fraudes e ingerência política nos
quatro maiores fundos de pensão das estatais. Abastecida de informações
da própria Previc, a Polícia Federal já deflagrou duas fases da
Operação Greenfield, que investiga supostos desvios nessas fundações. “A fotografia do nosso sistema continua
sendo favorável. Esses são casos fora da curva, casos de polícia, que
precisam ser investigados e punidos”, afirma Luís Ricardo Marcondes
Martins, presidente da associação que representa o setor (Abrapp): “Um
sistema que paga R$ 42 bilhões de benefícios por ano não admite
amadorismos”.
Fonte: O Estado de S. Paulo