Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Jorge Moreno. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jorge Moreno. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Perdendo feio

A crise do vírus zika, com epicentro no Brasil, internacionalizou-se na semana passada. O presidente Barack Obama reuniu funcionários da área da saúde e pediu urgência nas pesquisas sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O governo dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países europeus alertaram seus cidadãos contra os riscos de viagens ao Brasil. Em reunião de emergência convocada pela Organização Mundial de Saúde, em Genebra, o representante da Organização Pan-Americana de Saúde, Marcos Espinal, previu uma expansão explosiva de pessoas infectadas nas Américas, chegando a 3 ou 4 milhões, 1,5 milhão das quais no Brasil.  

Nos meios políticos brasileiros, enquanto isso, crucificava-se o ministro da Saúde, Marcelo Castro, por ter declarado que estamos “perdendo feio” a guerra contra o Aedes aegypti. A máquina de moer ministros, com motor instalado no interior do Palácio do Planalto, entreviu aí uma oportunidade e pôs-se a espalhar que a presença de Castro no governo estava com os dias contados.

Não há razão para crer que Marcelo Castro seja um bom ministro. Pelo contrário, ele e todos os demais ministros do governo Dilma Rousseff são por definição ruins, dadas as motivações e circunstâncias de sua nomeação. Ocorre que, no caso, ele estava certo. “O vírus zika, por causa da microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré, provocou esse alvoroço e o desespero para a implantação de medidas que já deveriam ter sido tomadas há mais de vinte anos”, disse ao colunista o infectologista José Luís Baldy, professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina. Nesse tempo todo, lembra o doutor Baldy, nunca se falou de medidas simples de prevenção, como repelentes ou mosquiteiros. Só se começa a falar nelas agora. “Depois dos 7 a 1, resolvemos mudar a estratégia.”

Curioso é que o Brasil já teve êxito em campanhas passadas contra o Aedes aegypti, no tempo em que o problema era a febre amarela, também transmitida pelo mosquito. Em 1955, ao final de um esforço articulado pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Pan-Americana de Saúde, cobrindo toda a América Latina, o mosquito foi declarado erradicado no país. No fim da década de 60 houve uma ressurgência. 

Desencadeou-se nova campanha e, em 1973, de novo o Aedes aegypti foi declarado erradicado. Nos anos 1980 ele ressurgiu ainda uma vez, em toda a sua glória, agora trazendo de presente a dengue, que desde então assola o país. Nota-se nesse vaivém um padrão característico da nacionalidade: esforço/vitória/relaxamento. Assim como no caso das obras públicas, manutenção não é o nosso forte.

A Organização Mundial de Saúde programou para segunda-feira nova reunião, para decidir se é o caso de declarar uma “emergência internacional de saúde”, tal qual se fez no caso do vírus ebola, em 2014. A medida facultará à organização recomendar restrições de viagens e mobilizar mais recursos no combate ao problema. A internacionalização da crise tem o lado bom, para o Brasil, de abrir a perspectiva de ajuda vinda de fora. Não se espera nada de parecido com o que ocorreu nos anos 1920-1930, quando o governo brasileiro entregou à Fundação Rockefeller a exclusividade do combate ao Aedes aegypti nas regiões Norte e Nordeste, mas a colaboração em pesquisas e o compartilhamento de experiências podem nos ser benéficos. 

O lado mau é que a internacionalização joga mais pressão sobre o Brasil. Nossa seriedade e nossa competência estarão à prova, num jogo em que até agora, como bem assinalou o ministro, o placar nos é amplamente desfavorável. Merece reprise, em benefício de quem não leu no Globo, o exercício do colunista Jorge Bastos Moreno para pôr na ordem correta a declaração de honestidade da alma viva Luiz Inácio Lula da Silva. Moreno inspirou-se no que fez Millôr Fernandes com uma frase de José Sarney, ao assumir a Presidência. “O destino não me trouxe de tão longe para ser o síndico da catástrofe”, dissera Sarney. Millôr reorganizou-a para: “A catástrofe não me trouxe de tão longe para ter o destino de síndico”. Lula agora disse: “Não há uma alma viva que seja mais honesta do que eu”. Moreno revirou-a para: “Não há alma honesta que seja mais viva do que eu”.

Fonte: Edição impressa da Revista Veja - Roberto Pompeu de Toledo:



quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Brasil, 7x1 em tudo

Este colunista adoraria falar de flores. É triste falar só de urtigas. E triste ter de optar não pelo melhor, mas pelo menos pior - menos pior naquele momento.

1- A política externa independenta fez com que o Brasil, em vez de entrar no Acordo Transpacífico, que reúne 40% das riquezas mundiais, fique fechado no Mercosul, negociando com Venezuela e Bolívia e pagando para ficar isolado. Os próximos passos do comércio mundial são a negociação entre a Europa Unida e o Acordo Transpacífico, e em seguida a atração da China. México, Colômbia e Chile fazem parte do Acordo Transpacífico. Com quem os grandes do comércio mundial preferirão negociar: com Colômbia, Chile e México, seus parceiros de negócios, ou com Brasil, Argentina, Bolívia, Venezuela e Cuba? A propósito, a Argentina negocia faz tempo com a China, ignorando Brasil e Mercosul.

2 - O PSDB está indignado com os governistas acusados de enfiar a mão (e quer até pegar Dilma, com o impeachmenta). Mas espera mais informações sobre contas suíças do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Acha pouco as enviadas pela Suíça. Os dois lados são ruins, mas preferem o ruim que é útil para eles.

3 - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destinou R$ 150 mil para a agência Vento Bravo Comunicação Ltda. contratar uma empresa que crie um game, tendo como heróis os procuradores, para smartphone e tablet. No game, o jogador assume o papel de procurador da República na investigação de casos de corrupção, e terá que descobrir quem comanda a quadrilha. Se vencer, o chefe da quadrilha será indiciado, julgado, condenado e preso. Absolvição? Que é isso?

4 - O game parece atrasado. Já deveria estar pronto para Android e iOS. Aliás, além do custo, a Procuradoria pagará a tradução para o espanhol e o português de Portugal. Onde já se viu um procurador-herói limitado por fronteiras?

5 - Irritado com as manobras do PT para livrar-se do problema das pedaladas fiscais? Pois o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, andou fazendo uma manobra esquisita: decretou o sigilo total, por 25 anos, de documentos a respeito do transporte metropolitano - ônibus intermunicipais, trens urbanos e Metrô. Cartel, atrasos em obras, erros diversos, tudo é ultrassecreto por um quarto de século. É o Chuchulão, versão paulista dos escândalos federais. Como disse um famoso ministro, o que é ruim a gente esconde. Se fosse bom, mostraria.

6 - Entre os partidos políticos, não é só o PSDB que está indignado com Mensalão, Eletrolão, Petrolão e pixulecos: o DEM, antigo PFL, também se manifesta com vigor e exige o impeachment. Nada contra; mas o presidente nacional do DEM, José Agripino Maia, senador pelo Rio Grande do Norte, está sofrendo denúncias iguaizinhas, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Pior: as coisas apareceram na Operação Lava-Jato e envolvem uma das empreiteiras mais citadas no caso, a OAS. Agripino, como senador, é investigado pelo Supremo. A suspeita é de que tenha recebido propina na construção da Arena das Dunas, em Natal. E um delator premiado, o empresário George Olímpio, disse que pagou propina ao senador (R$ 1 milhão, que seriam destinados a despesas de campanha), para tornar-se prestador de serviços de inspeção veicular no Detran.

7 - Lembra do Minha Casa Melhor, crédito barato, a 5% ao ano, para quem quisesse equipar a casa? Aquele, que rendeu tanta propaganda ao PT na eleição? Foi extinto. O dinheiro acabou. E, já reeleita, acabou a boa-vontade de Dilma.
Política é assim mesmo

Da coluna de Jorge Moreno, excelente repórter de O Globo, que conhece os personagens e os bastidores e entende o que se passa no serpentário de Brasília:

1 - "A sorte da Dilma é que o Aécio só faz oposição no horário comercial e de acordo com a agenda do Congresso: de terças às quintas".

2 - "Mercadante, cantando de galo para dois petistas: ‘Quando descobri que era o Jobim que estava por trás do Lula, liberei a presidente, que não queria minha saída. Falei para ela também que agora, que estamos mal na Saúde, com a saída do Chioro, vou levantar a Educação. Além do que terei mais tempo para acompanhá-la em viagens e entrevistas’. O repórter procurou Nélson Jobim: "O senhor andou falando mal do Mercadante?" Jobim: "Publicamente, não. Eu disse para vários amigos que, botando pedras no caminho do Michel e do PMDB, sua permanência tornou-se insuportável". Moreno: "Posso publicar isso?" Jobim: "Pode, pode!" Moreno: "E dizer que o senhor falou mal dele, mas só pelas costas?" Jobim: "Pode, pode!"

Nem tucano seria tão cruel com os companheiros.

Com gente é diferente

Adversário é adversário, não é inimigo. Mesmo sendo inimigo, continua sendo gente. O antigo presidente da Petrobras, o petista José Eduardo Dutra, também um dos coordenadores da campanha presidencial de Dilma Rousseff, podia ter todos os defeitos, mas seu funeral não é uma hora adequada para retomar divergências que só valiam em vida. A atitude de uns poucos manifestantes fanatizados, que insultaram sua memória no velório, foi absolutamente inaceitável.

Nos momentos de transição da vida para a História, há que respeitar a família enlutada, os amigos, a situação. É um ser humano; e tudo o que é humano nos diz respeito, a menos que queiramos também nos tornar inumanos.


Aguarde! Prepare-se. Chumbo Gordo vem aí.