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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Legítima defesa

Batemos, a cada ano, o recorde de policiais assassinados no Brasil. Culpa da polícia, é claro

Fecharam, enfim as contas do ano, e ficou definitivamente estabelecido que 134 policiais foram assassinados no Rio de Janeiro em 2017 – quer dizer, um a cada três dias, e se você estiver achando que não existe nada de realmente extraordinário com esses números é bom parar e pensar um pouco. Um policial morto a cada três diasnum total de quase 300 alvejados à bala numa cidade que não está em guerra aberta com um inimigo estrangeiro armado é uma aberração. 

Reagir com indiferença a esse fato é uma aberração maior ainda. E governos estaduais que aceitam passivamente o massacre de seus policiais são a maior de todas as aberrações. Eles se recusam a tomar claramente o partido da polícia contra o crime, por morrerem de medo de serem chamados de “direitistas” na mídia, nas ONGs, etc. Deveriam ser réus do crime de traição – passaram para o lado do inimigo, colaboram com ele e abandonaram a população que são pagos para proteger.

Policiais militares ocupam o Morro do Borel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, dando início à implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na favela. (veja.com/Estadão Conteúdo)
 
Ainda não há números fechados sobre o total de policiais mortos no Brasil em 2017, mas as estimativas são de que a soma passe dos 500. Ou seja: a situação geral é um desastre, e no Rio, especialmente, tornou-se uma calamidade. É cansativo ficar discutindo já no começo do ano a mesma conversa que vai durar o ano inteiro sobre o assunto. Segundo garantem os nossos intelectuais, comunicadores e formadores de opinião, os policiais brasileiros são assassinados porque são violentos demais, matam mais bandidos do que deveriam, e criam um ambiente de revolta popular contra si próprios nas “comunidades”. [comunidades, coisa nenhuma; o nome é FAVELA mesmo - comunidade foi invenção do governador Cabral e do UPP Beltrame.]

De acordo com essa sabedoria acumulada, os criminosos não sentem estímulo para criar um diálogo com a polícia, e acabam reagindo à violência de que são vítimas. Em suma, é como se os bandidos, ao assassinarem um PM, estivessem exercendo o seu direito de legítima defesa. Nenhuma ONG, bispo, procurador público ou órgão de imprensa diz as coisas exatamente assim, e exatamente com essas palavras. Mas é exatamente esse o seu pensamento. Experimente discordar; experimente dizer que os policiais, com todas as suas falhas, defendem a população e a lei contra os seus agressores e que os bandidos fazem o exato contrário disso. Será chamado imediatamente de “Bolsonaro”.

Nada é mais fácil achar do que relatórios nacionais e internacionais informando que a polícia brasileira mata mais que a da Cochinchina. Que mata mais per capita. Que mata mais por metro quadrado. Que mata em um mês o que se mata por lá em dez anos. Já os criminosos mortos em choques com a polícia no Brasil são comumente descritos como “suspeitos”, mesmo quando apanhados em flagrante de crime, ou como “rapazes”, “pessoas”, “moradores” e por aí vai. A mensagem passada pelo partido anti-polícia, que engloba praticamente tudo que se possa descrever como “esquerda” neste país, é a seguinte: policial bom é policial morto. Os outros, os bandidos, são vítimas sociais. São as forças da “resistência”. São, na falta de outros, os “revolucionários” de hoje.

J. R. Guzzo - Revista VEJA

 

sábado, 28 de janeiro de 2017

Eike Batista, nem santo nem diabo



Eike hoje paga pela ostentação, pelos carrões, jatinhos, barcos e botox. O povo não perdoa ricos exibidos 

Eike Batista uma hora vai delatar. Não por maldade ou vingança. Não para crucificar a enorme lista de políticos que ele beneficiou, à vista de todos ou por baixo da mesa. Vai delatar porque nenhum empresário famoso consegue se manter “foragido da Interpol” por muito tempo, mesmo com passaporte alemão.  Vai delatar porque o ex-homem mais rico do Brasil, pai de Thor e Olin, ex-marido de Luma, se recusará a ser trancafiado em cela comum de presídio. Eike não concluiu o ensino superior de engenharia na Alemanha e, por isso, sem diploma, não tem direito a regalias. É o X do problema. Falência financeira, tudo bem, Eike já se reergueu com saídas mirabolantes. Falência moral é outra coisa para o filho do nonagenário Eliezer Batista.

Eike não se enxerga como chefe de quadrilha criminosa. Seus amigos e ex-funcionários tampouco o viam assim. Muitos ganharam e perderam dinheiro embarcando em seus delírios. Louco, visionário, audacioso, megalômano, empreendedor, místico e generoso – e até cafona e ingênuo – são adjetivos mais associados a Eike do que “bandido” ou “mau-caráter”, segundo quem o conhece bem. Era “mão-aberta”, não só em troca de incentivos fiscais. Não fazia segredo de sua carência maior: ser amado, especialmente no Rio.

Acusado de repassar e ajudar a esconder propina de US$ 16,5 milhões – um pingo no oceano que inundou as finanças do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral –, Eike é o alvo da hora da Operação Lava Jato. Mesmo antes de ter mandado de prisão preventiva contra ele, Eike já despertava misto de ódio e inveja. Era o 171 mais bajulado e contraditório do Brasil, recebido como Midas por banqueiros do mundo. Hoje paga pela ostentação, pelos carrões na sala de sua casa no bairro do Jardim Botânico, os jatinhos, os barcos de corrida, os implantes de cabelo e Botox. Paga pela insistência em prever, com seu riso estranho, que se tornaria o homem mais rico do mundo. O povo não perdoa ricos exibidos. 


O que me surpreende é que seus amigos não tenham coragem de vir a público defender seu outro lado. Uma vez testemunhei, no restaurante chinês Mr Lam, de sua propriedade, os efeitos de sua personalidade. O trabalho parecia ser sua maior diversão. Seus convidados, um bando de empresários orientais, só faltavam beijar seus pés. Ao longo de sua ascensão, vimos alguns admiradores ferrenhos de Eike.

“O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil”, afirmou a então presidente Dilma Rousseff na inauguração do Porto do Açu, em São João da Barra, Norte Fluminense. Para Dilma, Eike tinha “capacidade de trabalho”, buscava “as melhores práticas”, queria  “tecnologia de última geração”, percebia “os interesses do País” e merecia “o nosso respeito”.   Eike arrematou por R$ 500 mil o terno usado por Lula na primeira posse de janeiro de 2003. Era um leilão beneficente promovido pelo cabeleireiro da então primeira-dama, Dona Marisa, para arrecadar dinheiro para crianças do projeto Escola do Povo, na favela de Paraisópolis, em São Paulo.

Eike fez Madonna chorar,
num jantar íntimo no Rio em sua casa, ao dar R$ 12 milhões para a Fundação SFK (Success for Kids), que ajudaria crianças brasileiras e suas mães vítimas de violência. Eike deu para a Santa Casa da Misericórdia um aparelho de ressonância magnética que custou quase US$ 2 milhões. “Todo mundo pede socorro ao Eike. Daqui a pouco vão ter de fazer uma estátua dele de braços abertos no alto de um morro”, afirmou o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.

Uma vez, caminhando no Morro do Borel com o ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame, perguntei sobre o acordo entre o governo do estado e sete grandes empresários que criaria um fundo para infraestrutura nas favelas ocupadas. “Só o Eike Batista honrou esse acordo”, disse Beltrame. “Ele contribui com R$ 20 milhões por ano.” A sede azul e branca da UPP exibia carros reluzentes. “Viu as camionetes?”, perguntou Beltrame. “Todas compradas com a ajuda do Eike. As motos para coleta de lixo também.”


O ator Rodrigo Santoro disse que o apoio financeiro de Eike foi “o fator decisivo” para que o filme Heleno de Freitas acontecesse. Eike ajudou Arnaldo Jabor a financiar A suprema felicidade, ajudou Cacá Diegues a realizar Cinco vezes favela. Nunca vimos antes no Brasil um pilantra com essas conexões.  Eike começou comprando ouro no Xingu aos 22 anos, magrelo, com botas e chapéu. Terminou vendendo ilusões e pasta de dentes – seu negócio mais recente. Dizia, no auge, que seu sonho era nadar “numa Lagoa Rodrigo de Freitas limpa” e por isso deu milhões para a despoluição-fantasma. Seu pesadelo agora é a cela comum de Bangu.

Fonte: Ruth de Aquino - Época

 

 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A guerra do tráfico que matou dentista em floresta do Rio

O carro de Priscila Nicolau foi atingido por 17 tiros de fuzil e pistola no Itanhangá, bairro da Zona Oeste. A polícia suspeita de traficantes em fuga 

Na manhã de 4 de março de 2015 o adolescente GV, de 15 anos, foi capturado pela Polícia Militar na mata que cerca o bairro Itanhangá, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Soldado do tráfico, GV e outros cinco traficantes encapuzados se embrenharam na floresta para invadir de surpresa a favela Vila da Paz. Surpreendidos pela PM, eles começaram um tiroteio. GV negou ter atirado, mas confessou à Justiça que escondera a pistola em algum lugar da mata antes de ser pego. Ele disse que parou de estudar no 6º ano do ensino fundamental. Morava no Vidigal, favela da Zona Sul, de onde fugiu após desavenças com bandidos locais. Já fora pego em 2014 por tráfico de drogas e admitiu usar maconha.





A equipe da PM encontrou mochilas deixadas em meio às árvores pelos traficantes em fuga. Além de capuz e gorro, apreenderam nove balas de pistola, meio quilo de cocaína (que vale mais de R$ 7 mil) e 78 gramas de maconha. Além de GV, os policiais pegaram o traficante Jhony Augusto, de 19 anos, enquanto quatro comparsas conseguiram fugir. A intenção do grupo era ocupar a Vila da Paz para avançar sobre o Morro do Banco, área vizinha em poder da PM. Jhony e seus cúmplices vieram com a missão do Morro do Borel, localizado na Zona Norte. A prisão não encerrou a história, pois as facções criminosas continuaram a ofensiva.


Nesta segunda-feira (dia 31), a ação de guerrilha na mata resultou em uma tragédia que comoveu até mesmo experientes delegados de polícia. Também repercutiu fortemente nas redes sociais. A dentista Priscila Nicolau, de 37 anos, teve o carro atingido por 17 tiros de fuzil e pistolas quando passava pelo bairro Itanhangá. Um disparo acertou o rosto e outro o seu braço. Ela morreu na hora.


O delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, à frente da investigação, disse que um grupo de bandidos tentou tomar o Morro do Banco. Assim como o episódio de 2015, agiram à luz do dia encapuzados e vinham do Borel. A PM reagiu à incursão. Os traficantes correram e se esconderam na mata. Barbosa disse que horas depois, quando deixaram a floresta, o bando se deparou com a dentista. A polícia acredita que o grupo tentou roubar o carro.



Na manhã desta terça-feira (1º), a PM fez operações na região e dentro da floresta. Os policiais conseguiram prender dois suspeitos, tanto da tentativa de invasão à favela como do assassinato de Priscila. A dupla foi pega quando saia de uma trilha na mata.


Após a pacificação das favelas da Rocinha e dos complexos do Alemão e de Lins, traficantes buscaram um novo refúgio para compensar o espaço perdido. Em 2013, de um dia para o outro, moradores do Morro do Banco se depararam com criminosos na entrada do morro. Sentados em um sofá, no meio da rua, armados com fuzis e pistolas, vendiam drogas à vista de todos. A PM rechaçou os bandidos, mas eles continuam embrenhados na mata, onde escondem carregamentos de cocaína, maconha e armas em barracas de camping.

Fonte: Revista Época