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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A guerra do tráfico que matou dentista em floresta do Rio

O carro de Priscila Nicolau foi atingido por 17 tiros de fuzil e pistola no Itanhangá, bairro da Zona Oeste. A polícia suspeita de traficantes em fuga 

Na manhã de 4 de março de 2015 o adolescente GV, de 15 anos, foi capturado pela Polícia Militar na mata que cerca o bairro Itanhangá, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Soldado do tráfico, GV e outros cinco traficantes encapuzados se embrenharam na floresta para invadir de surpresa a favela Vila da Paz. Surpreendidos pela PM, eles começaram um tiroteio. GV negou ter atirado, mas confessou à Justiça que escondera a pistola em algum lugar da mata antes de ser pego. Ele disse que parou de estudar no 6º ano do ensino fundamental. Morava no Vidigal, favela da Zona Sul, de onde fugiu após desavenças com bandidos locais. Já fora pego em 2014 por tráfico de drogas e admitiu usar maconha.





A equipe da PM encontrou mochilas deixadas em meio às árvores pelos traficantes em fuga. Além de capuz e gorro, apreenderam nove balas de pistola, meio quilo de cocaína (que vale mais de R$ 7 mil) e 78 gramas de maconha. Além de GV, os policiais pegaram o traficante Jhony Augusto, de 19 anos, enquanto quatro comparsas conseguiram fugir. A intenção do grupo era ocupar a Vila da Paz para avançar sobre o Morro do Banco, área vizinha em poder da PM. Jhony e seus cúmplices vieram com a missão do Morro do Borel, localizado na Zona Norte. A prisão não encerrou a história, pois as facções criminosas continuaram a ofensiva.


Nesta segunda-feira (dia 31), a ação de guerrilha na mata resultou em uma tragédia que comoveu até mesmo experientes delegados de polícia. Também repercutiu fortemente nas redes sociais. A dentista Priscila Nicolau, de 37 anos, teve o carro atingido por 17 tiros de fuzil e pistolas quando passava pelo bairro Itanhangá. Um disparo acertou o rosto e outro o seu braço. Ela morreu na hora.


O delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, à frente da investigação, disse que um grupo de bandidos tentou tomar o Morro do Banco. Assim como o episódio de 2015, agiram à luz do dia encapuzados e vinham do Borel. A PM reagiu à incursão. Os traficantes correram e se esconderam na mata. Barbosa disse que horas depois, quando deixaram a floresta, o bando se deparou com a dentista. A polícia acredita que o grupo tentou roubar o carro.



Na manhã desta terça-feira (1º), a PM fez operações na região e dentro da floresta. Os policiais conseguiram prender dois suspeitos, tanto da tentativa de invasão à favela como do assassinato de Priscila. A dupla foi pega quando saia de uma trilha na mata.


Após a pacificação das favelas da Rocinha e dos complexos do Alemão e de Lins, traficantes buscaram um novo refúgio para compensar o espaço perdido. Em 2013, de um dia para o outro, moradores do Morro do Banco se depararam com criminosos na entrada do morro. Sentados em um sofá, no meio da rua, armados com fuzis e pistolas, vendiam drogas à vista de todos. A PM rechaçou os bandidos, mas eles continuam embrenhados na mata, onde escondem carregamentos de cocaína, maconha e armas em barracas de camping.

Fonte: Revista Época 

 

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