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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

O Usain Bolt da ladroagem - Augusto Nunes

Único preso da Lava Jato ainda na cadeia, Sérgio Cabral bateu o recorde de Marcola

  
Lula e Sergio Cabral
Lula e Sergio Cabral -  Foto: Reprodução 
[não resistimos a um comentário:  esse olhar terno, carinhoso, de admiração (para dizer o mínimo) do coxudo Lula (segundo Merval Pereira em "as coxas do Lula") nos leva a expressar nosso entendimento do quanto a cadeia aproxima os criminosos.]
 
A façanha que tornou Sérgio Cabral merecedor de uma sala exclusiva na ala principal de um futuro (e obrigatório) Museu da Bandalheira no Brasil foi ignorada pelas primeiras páginas dos jornais, não viralizou na internet nem foi aplaudida de pé por toda a população carcerária. Em julho passado, o ex-governador do Rio de Janeiro desbancou Marcos Camacho, o Marcola, da liderança do ranking dos bandidos condenados a mais tempo de cadeia. A marca estabelecida pelo chefão do PCC — 330 anos de gaiola — parecia insuperável até a entrada em cena desse Usain Bolt da ladroagem
 
Com inverossímeis 390 anos 60 de vantagem sobre o rival —, Cabral tem tudo para ampliar a distância.  
Há quatro anos numa cela do presídio de Bangu 8, ainda não se sabe tudo o que fez. 
Qualquer que seja o recorde mais espantoso estabelecido pelo gatuno de altíssimo rendimento, é difícil entender por que só ele, entre os mais de 550 fora da lei pilhados pela Operação Lava Jato, permanece preso em regime fechado? 
Por que só a Cabral o Supremo Tribunal Federal tem negado sistematicamente a liberdade concedida a tantos patifes juramentados? [há alguns dias fizemos comparação  entre um patife juramentado - com previsão de mais de 150 anos de cana, por baixo, já que ele é como diz o articulista "capitão da seleção de larápios" (quase um terço da soma das penas aplicadas ao Cabral até agora) e deduzimos que o patife juramentado por ter dado a sorte de sentar na vara errada, logo ganharia a liberdade. 
Já o Cabral deu azar e o sentaram na vara certa, e tudo indica que não será beneficiado nem por aquela norma que impede que um criminoso fique preso por mais de 30 anos.] 

É verdade que uma soma de penas equivalente a três séculos e meio não é para um salafrário qualquer. Mas ninguém vive tanto tempo, e no Brasil nem Jack, o Estripador poderia ultrapassar o limite dos 30 anos de cadeia. Também é certo que a rede criminosa tecida por Cabral envolveu todo o secretariado, a Assembleia Legislativa, a magistratura, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, grandes empresários, entidades de classe e agregados em geral, além de 50 vizinhos pra cá e 50 pra lá. Nenhum cofre público livrou-se do saque. Ainda assim, a taça reservada ao maior esquema corrupto do mundo está na sala de troféus de Lula, capitão da seleção de larápios que planejou o Petrolão. 

É possível que o pecado capital do ex-governador tenha sido a inclusão do ministro Dias Toffoli no elenco que apimentaria sua delação premiada. “Quem acusa um juiz do Supremo está ofendendo a instituição”, avisou o presidente da Corte, Luiz Fux, ao apoiar a prisão do deputado Daniel Silveira e do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Quando Cabral se dispôs a contar tudo o que sabe, (Como Toffoli ganhou o apelido ‘amigo do amigo de meu pai’) não estava tão claro que, aos olhos dos integrantes do Pretório Excelso, mexer com um é mexer com todos. O próprio Timão da Toga tratou de sepultar o acordo.

Grogue com a sucessão de contragolpes, Cabral vai-se rendendo às evidências de que, mesmo com a Lava Jato algemada pela aliança entre réus, parlamentares com culpa no cartório e juízes cúmplices, o Brasil não voltou a lembrar o imenso viveiro de condenados à perpétua impunidade. Naquele país obsceno, o vigarista que se elegeu governador em 2006 e renovou o mandato em 2010 viveu seus anos dourados, eternizados em vídeos que mostram em ação um astro do bloco Sabe Com Quem Está Falando? Em outubro de 2012, por exemplo, um repórter da TV Globo perguntou-lhe se temia a surpreendente quebra do sigilo bancário da Construtora Delta, pertencente ao amigo e patrocinador Fernando Cavendish. “Imagina! Por que que eu temeria?”, irrita-se o reizinho do Rio. “Por que que eu temeria?”, repete a voz de soprano. “Acho até um desrespeito da sua parte me perguntar isso. Uma coisa é a relação pessoal que eu tenho com empresários ou não empresários, outra coisa é a impessoalidade da decisão administrativa”.

Sérgio Cabral transformara a galeria C do Presídio de Benfica num hotel com grades.

Em outras cenas deprimentes, Cabral debocha do menino negro que se negara a enxergar o Rio Maravilha que o governador exibia ao amigo Lula, assassina o idioma inglês na Sapucaí para apresentar Dilma Rousseff a uma Madonna perplexa, louva num palanque casos de polícia em campanha eleitoral, diverte-se num restaurante em Paris no meio de um bando que celebra a pandemia de propinas com o rosto coberto por guardanapos, capricha no sorriso abobalhado ao ouvir Lula comunicando aos ouvintes que o eleitorado do Rio tinha o dever moral de votar no vigarista a seu lado. A vida em companhia de Adriana Ancelmo, a quem chamava de Riqueza, que chamava o maridão de Meu Anjo, era uma festa permanente. A direção dos ventos mudou com as grandes manifestações de protesto de 2013, o olho do furacão chegou junto com a polícia às 6 da manhã, mas mesmo depois de instalado em Bangu 8 Cabral não enxergou as dimensões do desastre.

Poucas semanas depois do confisco do direito de ir e vir, o Ministério Público fluminense constatou que o prisioneiro Sérgio Cabral transformara a galeria C do Presídio de Benfica num hotel com grades. 
Os colchões esbanjavam conforto, os lençóis eram muito mais brancos. Sobrava em todos os aposentos a água que faltava nas celas comuns. 
As dependências do chefe dispunham de halteres, chaleira, sanduicheira, aquecedores, corda para crossfit e comida de restaurante cinco estrelas. 
O cardápio selecionado por Cabral oferecia três tipos de queijo francês: Babybel, Saint Paulin (embalado em bolinhas e vendido a R$ 279 o quilo) e Chavroux (feito à base de leite de cabra e orçado em R$ 230 a R$ 300 o quilo). O presunto fabricado na região do Porto exibia a grife portuguesa Primor e podia ser encontrado nas melhores lojas do ramo por R$ 225 o quilo. Os potes de castanhas especiais do Pará custavam R$ 120 o quilo. 
O serviço se estendia à cela da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, presa um andar acima do marido. Agora casada outra vez, Riqueza reivindica na Justiça a posse da casa que dividia com Cabral para ali morar com o novo marido.

A capitulação ocorreu dois anos mais tarde. Em mais uma audiência com o juiz Marcelo Bretas, que tratara com rispidez nos primeiros encontros, o ex-governador muitos quilos mais magro demitiu a arrogância e declarou-se culpado. Com uma atenuante não prevista nos códigos legais: roubara uma imensidão de reais por ser “viciado em poder e dinheiro”. O tiro parece ter saído pela culatra por uma bela, boa e simples razão: se existe mesmo essa espécie de vício, a cura está em longas temporadas na gaiola. Dependente ou não, poucas vezes se viu alguém juntando tantas propinas para enfrentar possíveis crises de abstinência.

Em 2011, histórias sobre a vida principesca do casal já iluminavam a face escura de Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho. Numa noite de segunda-feira, o jornalista Sérgio Cabral, pai do governador, foi entrevistado no programa Roda Viva, então comandado por Marília Gabriela. Participei da conversa. A certa altura, o entrevistado queixou-se de notícias que não melhoravam a imagem de Serginho, contou que frequentemente escondia da mãe os jornais, reiterou a confiança na honradez do herdeiro e afirmou que o considerava o melhor governador que o Rio já tivera. Hoje com 84 anos, o jornalista está perdendo a guerra contra o mal de Alzheimer. Quando alguém se refere a Serginho, diz que o filho morreu.

Continue lendo: Onze homens e nenhum segredo:

Leia também “A suprema sem-vergonhice”

Augusto Nunes - Revista Oeste 

 

domingo, 25 de agosto de 2019

Três celebridades ficaram mal no retrato e Orlando Villas Boas fala a verdade sobre o interesse dos gringos na Amazônia

Macron, Cristiano Ronaldo e Madonna precisam visitar o Brasil com mais frequência




Fez tabelinha com Cristiano Ronaldo, que preferiu uma imagem de um incêndio no Rio Grande do Sul, e animou Madonna a manifestar-se contra um certo “presidente Borsalino”. Com aliados assim, a floresta não precisa de inimigos.

Augusto Nunes: Macron, Cristiano Ronaldo e Madonna ficaram mal ao falar da Amazônia

Blog do Augusto Nunes - Veja

*Bomba! O grande brasileiro e indigenista, o Orlando Villas Boas, já previa, há décadas, há muito tempo atrás, para o que já foi dado o primeiro passo com a criação da reserva indígena "Raposa Serra do Sol". Vejam o vídeo e repassem em massa: O Bolsonaro está certo, ou não, em "colocar o dedo nesta ferida"?
 


 
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domingo, 29 de outubro de 2017

Sobre fuzis e Madonna



Não faz sentido a glamorização da violência. Nem as promessas de guerra do secretário de Segurança 

De comoção em comoção, a cada enterro ou performance, embotamos nosso raciocínio e a capacidade de refletir e agir. Culpo em grande parte nossas autoridades, que dão declarações de guerra e jogam para a plateia igualzinho a Madonna, com roupas camufladas. Como se nenhum de nós tivesse memória. Como se todos fôssemos “like a virgin”. 

Não somos virgens. O Rio de Janeiro revive pesadelos de décadas atrás. Voltamos às “balas perdidas”, às execuções na rua, aos arrastões aleatórios. Tínhamos avançado muito no tabuleiro da segurança pública, com a inteligência e firmeza do gaúcho José Mariano Beltrame, que ficou quase uma década como xerife do estado: de 2007 a 2016. Deu todos os alertas para o caos atual. A ausência do Estado no programa das UPPs. A inoperância da Justiça, com seu prende e solta. O derrame de armas de grosso calibre pelas fronteiras.[Beltrame foi um dos mais inconsequentes secretários, pelo simples motivo de que tentou enganar a população com a fraude das UPPs = Unidade de Perigo ao Policial - o que mais espanta é que milhares, ou mesmo milhões de imbecis, inclusive grande parte da imprensa, acreditaram que os bandidos saíam com dia e hora marcados das favelas.
Só existe uma forma de combater a violência no Rio, extinguir tão persistente câncer.

Com o CONFRONTO - considerando a erradicação do crime organizado, em especial, sem limitar a este, uma guerra a ser travada.
O combate ao crime organizado tem que ser uma guerra sem quartel e na base da limpeza por matança, não há outro jeito.

Utilizando táticas de guerra e seu maior poderio bélico e logístico as Forças Armadas podem abater centenas ou mesmo um ou dois milhar de bandidos sem grandes perdas em seus efetivos - ocorrerão efeitos colaterais, com vítimas entre os moradores das favelas, que, em alguns casos, serão inocentes;

tais mortes serão inevitáveis - o velho adágio: não se faz omeletes, sem quebrar os ovos - e não terão aplausos do maldito 'politicamente correto' (se é político não pode ser correto);
após uma guerra que talvez começando agora vá a meados de 2018, será necessário algum pulso firme para manter o Rio pacificado, sem farsas.
Da forma que estão agindo, de forma tópica, tem um crime ali, mandam alguns militares aspergir inseticida, cada dia estará pior e não será surpresa se os bandidos passarem a ocupar quartéis.] 
 
Antes de Beltrame, o Rio conviveu com uma rotatividade indecente e irresponsável na Secretaria. A Segurança era uma confraria de amigos, não havia metas nem meritocracia. De 1995 para cá, em 22 anos, excetuando a era Beltrame, o Rio teve 11 secretários em 12 anos. Atenção: média de quase um secretário por ano. Tivemos Anthony Garotinho comandando a Segurança de 2003 a 2004. Socorro, Madonna. Em vez de posar com marra e fuzis no Morro da Providência, como se guerra fosse entretenimento e as mortes diárias fossem ficção, faça alguma coisa de útil. Mande grana para as favelas, organize show beneficente em prol da paz e da justiça social no Rio. Também somos pop e rock and roll. Não temos vocação para toda essa crueldade. Depois de Madonna, foi a vez de uma top model, Michelle Alves, de jeans rasgadinho no joelho, visitar a Providência, horas após intenso tiroteio.

Não faz sentido essa glamorização da miséria e da violência. Sempre achei ridículos esses tours na Rocinha, com jipes de safári e gringos vestidos de cáqui como se estivessem nas reservas de animais da África do Sul. Os moradores também acham os turistas meio bocós, querendo socializar, sem cerimônia, olhando os moradores como se fossem girafas. Yeah. E nada de dinheiro das agências de turismo revertendo para as favelas.

Com a volta da ostentação de armas e a falência das UPPs, o ponto alto, que na África são os leões, passou a ser a visão de traficante com fuzil. O frisson do turismo de experiência radical, muitas vezes irregular, acabou na morte de uma turista espanhola na Rocinha com um tiro no pescoço. Ela estava num carro com vidros escuros. No início do dia, dois PMs tinham levado tiros em confronto com traficantes.  A versão dos policiais é que o carro não parou numa blitz. Como se isso pudesse ser desculpa ou justificativa. Existe uma lei de 2014, a Lei 13.060, que proíbe atirar em carro que fura bloqueio. A versão do motorista da agência de turismo é outra: não havia blitz alguma e ele escutou três disparos contra o carro, por isso acelerou. [enquanto a imprensa esposar o entendimento da ilustre articulista, criminalizando sempre o policial, os bandidos estarão matando na certeza de que sempre haverá jornalistas a incriminar os policiais e para eles a impunidade.
Respondendo a pergunta abaixo: nada poderá acontecer com o PM que efetuou disparos contra o veiculo que transportava a espanhola; a Lei 13.060 - uma c ... do tempo da escarrada ex-presidente Dilma determina que não é legítimo o uso de arma de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros. Além de NÃO É LEGÍTIMO não ser sinônimo de ILEGAL a exceção prevista ao final da norma legal, deixa a critério da autoridade policial e decisão se o ato irresponsável (ou criminoso) do condutor do veículo representou risco para os agentes de segurança pública ou terceiros.]  

O que acontecerá com o PM que matou a espanhola? Será acusado de “má conduta”. Talvez seja transferido da rua para função administrativa. Pode ser um prêmio e não uma punição, a julgar pelas execuções de policiais: 112 já foram mortos neste ano no estado. O mais recente foi um comandante da PM no Méier, morto ao reagir a um arrastão numa rua do bairro. O carro dele foi atingido por pelo menos 18 tiros.

Dá para entender a indignação do atual secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá. Ele disse que o assassinato do comandante do 3o batalhão no Méier é um “atentado à democracia”. O policial Luiz Gustavo Teixeira, de 48 anos, representava o Estado e estava ali na rua “por vocação em defesa da sociedade”: “Não vamos descansar até colocar as mãos nesses criminosos”.

Entendo. Concordo. Mas não vejo a mesma indignação em Roberto Sá quando inocentes são mortos ou feridos por PMs. Também acho um atentado à democracia o que aconteceu com uma menina de 12 anos na Rocinha. Ela foi atingida na barriga por uma bala perdida quando saía de uma igreja evangélica. Só ouvimos de Sá promessas fantasiosas: “Vamos virar o jogo”. Virar o jogo, Sá?

Em junho, a Polícia Civil apreendeu 60 fuzis de guerra no aeroporto internacional do Rio, numa carga de aquecedores de piscina, vinda de Miami. Mas agora nós vamos “virar o jogo”, porque foi sancionada a lei tornando crime hediondo o porte ilegal de fuzis. Saudade dos tempos em que havia uma estratégia, premiavam-se os PMs que menos matavam, e assim muito menos PMs morriam também.

Havia tudo, menos vontade política e vergonha na cara dos governantes. A UPP, dizia Beltrame, era uma anestesia num paciente que necessitava de uma grande cirurgia. A anestesia foi dada, o efeito passou e a cirurgia social e cidadã não foi feita. Deu no que deu. Septicemia generalizada.

>> Mais colunas de Ruth de Aquino

Fonte: Revista Época


sábado, 28 de janeiro de 2017

Eike Batista, nem santo nem diabo



Eike hoje paga pela ostentação, pelos carrões, jatinhos, barcos e botox. O povo não perdoa ricos exibidos 

Eike Batista uma hora vai delatar. Não por maldade ou vingança. Não para crucificar a enorme lista de políticos que ele beneficiou, à vista de todos ou por baixo da mesa. Vai delatar porque nenhum empresário famoso consegue se manter “foragido da Interpol” por muito tempo, mesmo com passaporte alemão.  Vai delatar porque o ex-homem mais rico do Brasil, pai de Thor e Olin, ex-marido de Luma, se recusará a ser trancafiado em cela comum de presídio. Eike não concluiu o ensino superior de engenharia na Alemanha e, por isso, sem diploma, não tem direito a regalias. É o X do problema. Falência financeira, tudo bem, Eike já se reergueu com saídas mirabolantes. Falência moral é outra coisa para o filho do nonagenário Eliezer Batista.

Eike não se enxerga como chefe de quadrilha criminosa. Seus amigos e ex-funcionários tampouco o viam assim. Muitos ganharam e perderam dinheiro embarcando em seus delírios. Louco, visionário, audacioso, megalômano, empreendedor, místico e generoso – e até cafona e ingênuo – são adjetivos mais associados a Eike do que “bandido” ou “mau-caráter”, segundo quem o conhece bem. Era “mão-aberta”, não só em troca de incentivos fiscais. Não fazia segredo de sua carência maior: ser amado, especialmente no Rio.

Acusado de repassar e ajudar a esconder propina de US$ 16,5 milhões – um pingo no oceano que inundou as finanças do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral –, Eike é o alvo da hora da Operação Lava Jato. Mesmo antes de ter mandado de prisão preventiva contra ele, Eike já despertava misto de ódio e inveja. Era o 171 mais bajulado e contraditório do Brasil, recebido como Midas por banqueiros do mundo. Hoje paga pela ostentação, pelos carrões na sala de sua casa no bairro do Jardim Botânico, os jatinhos, os barcos de corrida, os implantes de cabelo e Botox. Paga pela insistência em prever, com seu riso estranho, que se tornaria o homem mais rico do mundo. O povo não perdoa ricos exibidos. 


O que me surpreende é que seus amigos não tenham coragem de vir a público defender seu outro lado. Uma vez testemunhei, no restaurante chinês Mr Lam, de sua propriedade, os efeitos de sua personalidade. O trabalho parecia ser sua maior diversão. Seus convidados, um bando de empresários orientais, só faltavam beijar seus pés. Ao longo de sua ascensão, vimos alguns admiradores ferrenhos de Eike.

“O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil”, afirmou a então presidente Dilma Rousseff na inauguração do Porto do Açu, em São João da Barra, Norte Fluminense. Para Dilma, Eike tinha “capacidade de trabalho”, buscava “as melhores práticas”, queria  “tecnologia de última geração”, percebia “os interesses do País” e merecia “o nosso respeito”.   Eike arrematou por R$ 500 mil o terno usado por Lula na primeira posse de janeiro de 2003. Era um leilão beneficente promovido pelo cabeleireiro da então primeira-dama, Dona Marisa, para arrecadar dinheiro para crianças do projeto Escola do Povo, na favela de Paraisópolis, em São Paulo.

Eike fez Madonna chorar,
num jantar íntimo no Rio em sua casa, ao dar R$ 12 milhões para a Fundação SFK (Success for Kids), que ajudaria crianças brasileiras e suas mães vítimas de violência. Eike deu para a Santa Casa da Misericórdia um aparelho de ressonância magnética que custou quase US$ 2 milhões. “Todo mundo pede socorro ao Eike. Daqui a pouco vão ter de fazer uma estátua dele de braços abertos no alto de um morro”, afirmou o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.

Uma vez, caminhando no Morro do Borel com o ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame, perguntei sobre o acordo entre o governo do estado e sete grandes empresários que criaria um fundo para infraestrutura nas favelas ocupadas. “Só o Eike Batista honrou esse acordo”, disse Beltrame. “Ele contribui com R$ 20 milhões por ano.” A sede azul e branca da UPP exibia carros reluzentes. “Viu as camionetes?”, perguntou Beltrame. “Todas compradas com a ajuda do Eike. As motos para coleta de lixo também.”


O ator Rodrigo Santoro disse que o apoio financeiro de Eike foi “o fator decisivo” para que o filme Heleno de Freitas acontecesse. Eike ajudou Arnaldo Jabor a financiar A suprema felicidade, ajudou Cacá Diegues a realizar Cinco vezes favela. Nunca vimos antes no Brasil um pilantra com essas conexões.  Eike começou comprando ouro no Xingu aos 22 anos, magrelo, com botas e chapéu. Terminou vendendo ilusões e pasta de dentes – seu negócio mais recente. Dizia, no auge, que seu sonho era nadar “numa Lagoa Rodrigo de Freitas limpa” e por isso deu milhões para a despoluição-fantasma. Seu pesadelo agora é a cela comum de Bangu.

Fonte: Ruth de Aquino - Época

 

 

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Quem são e como vivem os Trump

Assim como nos negócios, também na política o magnata Donald Trump coloca a família acima de tudoe ter convocado o clã para a linha de frente da campanha à presidência pode ter feito a diferença nas urnas. Os filhos, genros e noras foram os maiores aliados do republicano. “Eu posso estar sozinho, mas tenho minha família”, repetiu Trump diversas vezes como resposta à constatação de que nenhuma estrela do porte de Madonna ou Bruce Springsteen estava a seu lado. 


Unida, a família Trump foi capaz de neutralizar o apoio de celebridades à democrata Hillary Clinton. “Todos os projetos que construímos, construímos como uma família”, orgulha-se Eric, 32 anos, um dos cinco filhos que o presidente eleito teve em seus três casamentos. Na Trump Organization, holding que atua em negócios do ramo imobiliário e hotéis, os três filhos de Donald com a ex-modelo Ivana Trump ocupam cargos de vice-presidente. Donald Jr., 38, Ivanka, 35, e Eric estão no coração da empresa. Eles foram a tropa de elite que ocupou posições de confiança na campanha, que engajou ainda Tiffany, 23, a filha do segundo casamento de Trump, com a atriz Marla Maples. Só o caçula Barron, 10, ficou de fora.

Brigas e vinhos
Na corrida eleitoral, quem mais se destacou foi Ivanka. Com 2,2 milhões de seguidores na rede social Twitter, ela foi a primeira a anunciar, ainda em junho de 2015, que Donald Trump concorreria à Casa Branca. Na reta final, ela chegou a reescrever os discursos do pai, além de usar sua expertise no mundo da moda para dar palpites no figurino que ele deveria usar. Assim como a mãe, Ivanka foi modelo e chegou a desfilar para campanhas da grife Tommy Hilfiger antes de lançar sua própria marca de roupas e sapatos. Ela é casada com o megainvestidor Jared Kushner, 35, famoso por ter feito a maior aquisição imobiliária da história dos EUA — o edifício 666 Fifth Avenue, comprado em 2007 por U$ 1,8 bilhão.

 Dono do semanário “New York Obsever”, o primeiro a endossar oficialmente a candidatura Trump, Kushner foi o grande arquiteto da campanha presidencial. Ele arregimentou uma equipe de talentos do Vale do Silício para o “Projeto Álamo”, equipe que gerenciou a estratégia de mídias digitais de Trump. Bem-sucedido na missão, assumiu efetivamente a gerência da campanha a partir de junho, depois de recomendar o afastamento de Corey Lewandowski. Após a vitória de Trump nas urnas, Kushner foi encarregado de estabelecer o plano para a equipe de transição na Casa Branca.

“Todos os projetos que construímos, construímos como uma família” Eric Trump, o filho do meio

Também no centro de comando da campanha atuou o primogênito Donald Trump Jr., graduado na prestigiada escola de gestão Wharton, da Universidade da Pensilvânia. Nos tempos de faculdade, era um típico playboy: frequentava clubes caros, bebia demais e acaba se envolvendo em pancadaria. A exemplo do pai, Donald Jr. se casou com uma ex-modelo, Vanessa Haydon, e também teve cinco filhos. Mas nem os negócios e nem a política o impedem de manter hábitos como a caça de veados ou o gosto por restaurantes estrelados pelo Guia Michelin. Durante a campanha, Donald Jr. cometeu uma gafe digna de seu pai ao comparar refugiados sírios a doces envenenados. Até o fabricante da marca citada emitiu uma nota de repúdio.

Um perfil bem diferente tem o irmão do meio, Eric, o filântropo da família. Formado em finanças pela Universidade de Georgetown, ele fundou em 2006 a Eric Trump Foundation, que angaria recursos para o hospital St. Jude Children’s. Apreciador de vinhos, ele também administra a vinícola Trump, no estado de Virginia.

Tiffany Ariana foi a única filha do casamento de Donald Trump com a atriz Marla Maples. Quando os pais se separaram, ela foi viver com a mãe, na Califórnia. Depois de ter sido estagiária da revista “Vogue” e de se arriscar como modelo em Nova York, Tiffany gravou em 2014 o disco “Like a Bird”. A carreira de cantora não decolou. Formada em sociologia, ela não tem cargo na Trump Organization nem fez parte da equipe de campanha. Ainda assim, usou sua influência em redes sociais para pedir votos e até discursou na segunda noite da Convenção Nacional Republicana, em julho deste ano, que referendou a chapa de Trump com Mike Pence como candidato a vice.

Nascida Melanija Knavs e hoje Melania Knauss-Trump, a ex-modelo eslovena de 46 anos se casou com Donald Trump em 2005. Durante a campanha, a atuação de Melania foi relegada a segundo depois da constatação de que seu primeiro discurso reproduzira parágrafos inteiros de um pronunciamento feito por Michelle Obama em 2008. Embora se diga arquiteta, o curso não existe na faculdade que ela afirma ter estudado. Mãe de Barron, o caçula do clã, a 47ª primeira-dama dos Estados Unidos irá trocar a opulência da cobertura em que vive na Trump Tower, em Nova York, pelo endereço mais cobiçado do planeta: a Casa Branca.

 Fotos: REUTERS/Rainier Ehrhardt; David Becker/Getty Images/AFP; Evan Agostini/Invision/AP; Sam Horine

A residência atual dos Trump, no topo do edifício número 725 da Quinta Avenida, no centro de Manhattan, tem uma vista privilegiada, que abrange o Central Park e as pontes que ligam a ilha aos bairros vizinhos e a Nova Jersey. Por dentro, a ostentação impera. Templo da extravagância de Trump, a cobertura foi decorada por Angelo Donghia (1935-1985) no início da década de 1980. Extrapolando o gosto da época, ele buscou referências no estilo rococó francês do século 18. Abusou de colunas palacianas em mármore e ornamentos dourados. 

Parte do mobiliário e alguns dos elementos decorativos são de fato banhados a ouro, caso da poltrona Luís XV favorita de Donald. Na residência que ele, Melania e Barrow irão ocupar a partir de 2017, em Washington, a decoração é bem mais discreta e a vista pode até ser menos impactante. Mas ali, como em nenhum outro lugar, a família Trump terá o mundo a seus pés.

Fonte: Reuters