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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Aposta de alto risco - Nas entrelinhas

Ninguém pode acusar Bolsonaro de incoerência. Como disse o chanceler Ernesto Araújo, com a atual política externa, o Brasil optou por ser “um pária” no cenário mundial

O presidente Jair Bolsonaro ontem, nas redes sociais, voltou a apostar todas as fichas na reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de denunciar suposta interferência externa na política norte-americana, sem dizer de quem. Ao mesmo tempo, o mundo aguarda em suspense o resultado do pleito, no qual o democrata Joe Biden é favorito nas pesquisas de opinião. Como escrevo antes da contagem dos votos, vou aguardar o resultado final da apuração; mesmo que, eventualmente, o presidente Trump autoproclame a sua vitória, na festa que organizou na Casa Branca para 400 convidados.

Aqui no Brasil, teríamos o resultado final da eleição, com precisão, no dia de votação, graças à urna eletrônica, à prova de fraudes, nossa melhor jabuticaba política, testada e aprovada. Nos Estados Unidos, com um sistema de votação anacrônico, que leva vários dias, inclusive com voto por correspondência, a apuração é mais complicada. Pode até gerar uma crise institucional, se Trump se declarar eleito e, depois, a contagem dos votos mostrar que o vitorioso é Baden. Como se sabe, o fato de o presidente ser eleito num colégio de delegados dos estados permite, inclusive, que o vitorioso não seja o mais votado nas urnas.

No dia da eleição, a maioria dos chefes de Estado manteve silêncio obsequioso sobre o pleito. Os líderes das democracias ocidentais, porém, torcem pelo democrata Biden, quando nada porque são confrontados pelo republicano Trump em todos os fóruns internacionais, até mesmo na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o pacto de defesa do Ocidente. Entretanto, ninguém pode acusar Bolsonaro de incoerência. Como disse o chanceler Ernesto Araujo, com a atual política externa, o Brasil optou por ser “um pária” no cenário mundial. Sem Trump, porém, essa linha de atuação se tornará insustentável, devido ao isolamento diplomático quase absoluto. Somente os governos de extrema direita, como o de Victor Orban, na Hungria, e os tiranos árabes mais sanguinários restarão como aliados, do Brasil nos fóruns internacionais, se Biden vencer o pleito.

A não ser que Bolsonaro se reposicione. O alinhamento automático com os Estados Unidos, de imediato, não muda o posicionamento do Brasil nas cadeias de comércio mundial, nas quais nosso principal parceiro é a China. A ideia de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, grande aposta de Araujo e do ministro da Economia, Paulo Guedes, não é exequível a curto prazo. Não era com Trump, muito menos com Biden. No segundo caso, para avançar nessa direção, o Brasil teria que mudar radicalmente sua política interna em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente, além do posicionamento nos fóruns internacionais em relação aos mesmos temas.

Momento difícil
Um momento de viragem na política norte-americana ilustra uma situação desse tipo: a eleição do presidente Jimmy Carter, [o maior fracasso dos Estados Unidos da América em termos de escolha de presidente;
felizmente, seu desastroso governo foi seguido pelo do Republicano Ronald Reagan, que resolveu crises deixadas pelo democrata. Biden, tem todos os ingredientes para ser pior que foi o plantador de amendoim.] que governou de 1977 a 1981. No seu governo, o Departamento de Estado deu uma guinada em relação às ditaduras da América do Sul, todas implantadas com forte apoio norte-americano. Carter pressionou muito o governo do general Ernesto Geisel, por causa das torturas e dos assassinatos de oposicionistas nos quartéis, o que ajudou a oposição a vencer as eleições de 1978 e resultou na anistia de 1979. Como naquela ocasião, a vitória de Biden pode ser um momento de viragem na política brasileira. Bolsonaro tem dificuldades para aceitar essa mudança, mas em torno dele esse assunto está em pauta, haja vista as declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, que manteve distância regulamentar das eleições norte-americanas.

Um outro fator recomenda mais cautela de Bolsonaro quanto ao resultado do pleito: a nossa situação econômica. O Palácio do Planalto se prepara para uma segunda onda [sic] da pandemia de corona vírus da pior forma possível, ao fomenta dúvidas quanto a eficácia e a necessidade das vacinas contra o COVID-19, o que é péssimo. Também empurra as reformas com a barriga para não contrariar interesses corporativos e empresariais. A base parlamentar do governo retarda a aprovação do Orçamento da União para não ter que anunciar cortes de despesas antes das eleições. O ministro da Economia, Paulo Guedes, sonha com a prorrogação da “economia de guerra” para 2021, com o propósito de agradar o presidente Bolsonaro e criar o Renda Cidadã. É uma aposta de jogador compulsivo, que perde todos os bens e a família, acreditando na sorte grande.

O governo não tem prioridades, se movimenta de forma errática. A dívida publica brasileira, que já se aproxima de 100% do PIB, está sendo rolada a prazo de dois anos, com juros acima de 4,5%, o que é muito perigoso. Se a estratégia do governo for prorrogar a “economia de guerra”” por mais seis meses, a inflação vai disparar e a dívida pública crescerá mais ainda, vertiginosamente. Ontem, houve uma reunião dos governadores com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir uma estratégia de vacinação contra a Covid-19, maneira de evitar uma segunda onda da pandemia no Brasil e a prorrogação da economia de guerra”. Quem deveria estar liderando isso é o Ministério da Saúde. [a segunda onda deve ser de um tipo especial, já que nos países que não alcançaram a imunidade de rebanho - não é o caso do Brasil - se nota um intervalo de no máximo uns seis meses para chegar. Para que uma vacina seja eficaz no Brasil evitando a segunda onda - considerando um prazo máximo de seis meses, para começar no Brasil - é necessário que tenhamos pelo menos 50% da população vacinada até janeiro/fevereiro-2020. O calendário do deputado Maia não bate com o da hipotética segunda onda.

Até os petistas sabem que todo esse auê de planejar a vacina que ainda não existe é só a tentativa de evitar que se comprove ser a teoria da 'imunização de rebanho' sempre defendida pelo presidente Bolsonaro que está evitando, com as bênçãos de  DEUS, a continuidade do contágio e mortandade.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quarta-feira, 20 de março de 2019

Um saldo positivo na viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos

Para o presidente brasileiro, a sensação da comitiva nos Estados Unidos é de dever cumprido, principalmente pelo apoio para a entrada da OCDE. Entretanto, quem ganhou mais foi Donald Trump. Segundo Bolsonaro, alguém tinha que estender a mão primeiro

Pelo semblante da delegação brasileira ao chegar para a declaração conjunta dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump no Rose Garden, o jardim da Casa Branca, era possível concluir que o Brasil saiu dos Estados Unidos com a sensação de “missão cumprida” e quase tudo o que havia solicitado, inclusive o apoio para ingresso na Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) — o clube dos países ricos, que representa um selo de qualidade para negociações comerciais. Mas, como nem tudo na vida é exatamente do que jeito que se deseja, o presidente brasileiro, conforme escrito no comunicado da Casa Branca, concordou em iniciar os procedimentos para deixar de ter tratamento preferencial e diferenciado na Organização Mundial do Comércio.
[a viagem do nosso presidente Bolsonaro não foi um fracasso - tão desejado pelos inconformados que não o aceitam como presidente do Brasil e que tentam maximizar os aspectos negativos e destruir os positivos;
houve alguns pontos pueris, mas, mais no sentido de 'imaturidade' do que de 'tolice';

O que continua exigindo que Bolsonaro se enquadre é a presença, muitas vezes inconveniente, dos seus filhos - no caso o 'chanceler' Eduardo Bolsonaro;
outro ponto negativo foi aceitar que americanos venham ao Brasil sem visto, o que não é permitido aos brasileiros que viajam para os Estados Unidos - a reciprocidade é essencial.

No mais, vamos atribuir algumas inconveniências a empolgação do nosso presidente e torcer para que logo ocorra a 'desempolgação',m bem como, o NORTE na escolha dos países a serem visitados pelo capitão, seja os interesses do Brasil e não a simpatia do presidente pelos escolhidos.]

Essa perspectiva, entretanto, não diminuiu a sensação de vitória da comitiva brasileira. É que diante do conjunto de oportunidades que se apresentam à frente, o resultado não poderia ter sido melhor em se tratando de uma primeira visita. A maior vitória do Brasil nessa viagem foi a inclusão do país como aliado extra do Tratado do Atlântico Norte (Otan), algo que, segundo o presidente Bolsonaro, ajudará o Brasil em questões de defesa, segurança e energia.

Bolsonaro estava tão feliz e tão bem-humorado com a visita que topou falar com a imprensa no meio da tarde, extra-agenda. Ali, na calçada da Blair House, onde está hospedado, falou sobre os principais temas abordados no encontro com Trump. Eles ficaram juntos por duas horas, incluindo almoço, encontro privado e a pose para fotos no Salão Oval. O gelo começou a ser quebrado ainda na sala presidencial, quando trocaram camisas das seleções de futebol dos dois países. Concluíram que têm mais em comum do que imaginavam. Ambos são pais de cinco filhos, tiveram mais de um casamento e posam com os mesmos ideais. Deram gargalhadas. Bolsonaro brincou no almoço, dizendo que Trump, de 72 anos, parecia mais jovem. E acrescentou: “Temos a idade da mulher que amamos”, disse Bolsonaro (Michelle tem 35 e Melania Trump, 48), para risada geral. Na declaração conjunta, no Rose Garden da Casa Branca, Trump classificou a eleição do presidente brasileiro como o “ocaso do socialismo nas Américas”.