Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Pastoral da Criança. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pastoral da Criança. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de junho de 2022

O cardeal da floresta - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

De Roma, Francisco mandou um sinal

O Vaticano fala baixo. O Papa Francisco acaba de elevar ao cardinalato o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner. Um cardeal na Amazônia já seria muita coisa, mas não foi só. Há três semanas, Steiner havia sido nomeado presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia. Se isso não bastasse, ele nasceu na cidade de Forquilhinha (SC), assim como seus primos Paulo Evaristo (outro franciscano) e Zilda Arns. Esse pequeno burgo fundado por colonos alemães deu à Igreja dois cardeais e a médica que revitalizou a Pastoral da Criança. Seu processo de beatificação tramita na Santa Sé. (Ela morreu em 2010, durante o terremoto do Haiti.) Saíram de Forquilhinha três bispos, 58 padres e mais de cem irmãs de caridade. Em 2005 João Paulo II mandou Dom Leonardo Steiner para a prelazia de São Félix do Araguaia, antes ocupada por Dom Pedro Casaldáliga.

Falando baixo, em 1964 o Vaticano afastou da Arquidiocese de São Paulo o regalesco cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Anos depois chamou para Roma seu sucessor, Dom Agnelo Rossi, que se aproximara demais da ditadura. Para o lugar, o Papa Paulo VI mandou um religioso pouco conhecido: Paulo Evaristo Arns. Ele viria a se tornar um campeão na defesa dos direitos humanos. Falando baixo, Roma também mudou o arcebispo do Rio de Janeiro, trocando o bisonho Dom Eusébio Scheid por Dom Orani Tempesta.

Durante os pontificados de João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013), a Igreja Católica [Apostólica Romana] brasileira [sic] viveu um período de sedação política. [São João Paulo II era conservador, mesma opção do Papa Emérito Bento XVI.  Já as nomeações de 1964 e anos seguintes e coincidentes com o Governo Militar, há quase 60 anos. foram em sua maioria de padres subversivos e progressistas.] O Papa Francisco poderia ter nomeado cardeais para Porto Alegre ou Fortaleza, que já os tiveram. Em vez disso, nomeou o primeiro cardeal da Amazônia, região do Brasil cuja conquista muito deveu aos missionários jesuítas, carmelitas e franciscanos. Jesuíta era o padre Antônio Vieira, que chegou ao Maranhão em 1652.

Passaram-se 370 anos, o mundo é outro, mas na Amazônia reabriram-se as feridas da luta pelos direitos dos povos indígenas. Ao tempo de Vieira, eles eram escravizados (até pelos jesuítas) e hoje sofrem ataques de garimpeiros e agrotrogloditas que lhes invadem as terras. [sempre atual a pergunta: para que os índios querem tanta terra se lhes falta coragem para cultivar o básico e a maioria deles prefere o conforto das cidades do que viver em suas terras?
Leitores! (as terras indígenas aqui formam quase 15% do território do Brasil, coisa que nenhum outro país do mundo tem. [sendo que os índios
são menos do que 1% da população brasileira
.
Saiba mais sobre a riqueza dos indígenas brasileiros - dinheiro ganho na moleza: ("... Vejam só, por exemplo: nós, brasileiros, estamos pagando R$ 90 milhões para os indígenas por onde passará o linhão que vai levar energia elétrica para Boa Vista. 
No entanto, ali perto, tem o Rio Coutinho, que tem um desnível de 600 metros, pouca distância, e nunca viveu um índio por ali, mas está dentro da reserva Raposa Serra do Sol. Não pode mexer lá ..." ) CONFIRA AQUI.    Aqui você sabe mais, inclusive que a reserva Raposa Serra do Sol  é uma criação do Supremo Tribunal Federal no governo do Luladrão. Tem mais, clicando aqui.] Vieira perdeu a parada e acabou em Lisboa.

Quem olha o mapa do Brasil pode imaginar o que foi a conquista da Amazônia durante o período colonial. As terras a oeste de uma linha que ia da Ilha de Marajó a Santa Catarina eram da Espanha. Ao norte, Inglaterra, França e Holanda, as potências da época, se bicavam na expectativa de acesso à margem do Rio Amazonas. As tropas e, de certa forma, os padres garantiram a posse do vale. Hoje a opção pelo atraso acordou um pedaço da agenda do tempo de Vieira, e com ela veio a questão do meio ambiente.

No século XVII, tornou-se Papa Urbano VIII o cardeal Barberini. Ele tirou o bronze da cúpula do Pantheon romano para enfeitar a Basílica de São Pedro. Dizia-se na cidade que aquilo que os bárbaros não fizeram os Barberinis cometeram. Para os indígenas, Urbano foi um anjo e excomungou os predadores.

A nomeação de um cardeal para a floresta é um sinal para o garimpo ilegal e seu braço no crime organizado, bem como para os agrotrogloditas da região. Dom Leonardo receberá o barrete sendo pouco conhecido fora da região e da Igreja Católica. Em 1970, muita gente se perguntava quem era o bispo Paulo Evaristo Arns.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Bispo da CNBB quer pisar na cabeça do "Jararaca" Lula


Dom Darci Nicioli é visto como nome em ascensão na CNBB, que está reunida para eleger cúpula 

 'Bispo da jararaca' diz que igreja não é de esquerda nem de direita e volta a atacar PT

Nome em ascensão na estrutura de poder da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o bispo Darci Nicioli, 60, saltou no noticiário político três anos atrás, com um sermão em que falava sobre "pisar na cabeça" da serpente.

O ex-bispo auxiliar da Arquidiocese de Aparecida (transferido pelo Vaticano após a barulhenta fala) volta agora aos holofotes como um dos cotados para a cúpula da CNBB, entidade que elegerá nos próximos dias seus novos presidente, vice e secretário-geral. A posse será na sexta-feira (10).
Era uma referência ao discurso feito dois dias antes, em março de 2016, pelo ex-presidente Lula (PT), já acuado pela Lava Jato. "Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve", bradou o petista.
Amém! 
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Aparecida, dom Darci José Nicioli, pregou, no último domingo (06/03/2016), que os fiéis atentem para a luta do "bem contra o mal" e "a graça de pisar a cabeça da serpente". “Peço meu irmão e minha irmã, a graça de pisar na cabeça da serpente. De todas as víboras que insistem e persistem em nossas vidas. Daqueles que se autodenominam jararacas. Pisar a cabeça da serpente. Vencer o mal pelo bem por Cristo nosso senhor. Amém”, disse o clérigo durante a missa. Após a homília, o bispo dedicou parte da missa para falar com os fiéis sobre o "bem sobre o mal". Ele citou um trecho da Bíblia que diz que Maria, mãe de Jesus Cristo, pisou na cabeça da serpente e “o mal não a tocou”. E disse: “É hora de voltar à casa do Pai. Pisar a cabeça da serpente. De todas as serpentes. Anular a força do mal e vencer o mal pelo bem. Coragem”, pediu D. Darci. 
O bispo evitou comentar a questão política da fala. Disse que a interpretação e “as aplicações práticas ficam a cargo de cada fiel”. O bispo, por meio da assessoria da arquidiocese, se justificou: “A oração foi na sequência da homília, refletindo sobre a Misericórdia de Deus que não é paternalista, mas que pede de nós uma atitude: anular o mal em nossa vida! Indiquei Maria como modelo a ser seguido, pois Ela pisou a cabeça da serpente”, afirmou explicando ainda que ‘devemos eliminar o mal, todo o mal em nossa vida”. Sobre a citação da jararaca, disse: “Livrar-nos das víboras, das jararacas, que são personificação do mal. A interpretação e as aplicações práticas ficam a cargo de cada fiel ouvinte”.


Hoje arcebispo de Diamantina (MG), ele falou com a Folha na quarta-feira (1º), em Aparecida (SP), após a abertura da assembleia anual da conferência, marcada em 2019 pelo clima de cisão política na sociedade e no clero. O discurso oficial é o de que os membros estão em comunhão.

PERGUNTA - O sr. é considerado por pessoas que acompanham as movimentações na CNBB como integrante do grupo conservador. É verdade?

DARCI NICIOLI - Depende muito do mês. Eu sou o bispo tido como "o bispo da jararaca", por causa daquele episódio em que eu fui crítico ao PT e ao Lula. E agora me colocam, não sei de onde tiraram isso, como uma linha mais conservadora. Mas eu sou da direção atual da CNBB [considerada progressista]!

P. - Seria coerente o sr. ser chamado de conservador depois da fala contrária ao ex-presidente Lula, não?
DN - Acho que naquela época era o contrário, né? Disseram que era um bispo muito avançado, para arvorar-se a fazer um discurso como aquele.

Quem disse que PT é modernidade e é progressismo? Quer coisa mais antiga do que um passado político não ser capaz de fazer o mea culpa dos seus erros? Isso é tão antigo quanto o homem que não reconhece seu pecado. Isso fez com que o PT perdesse as suas bases. Isso é progressismo? Isso é antiquado. Quer coisa mais antiga do que a corrupção?

P. - O sr. pode explicar sua transferência para Diamantina após a polêmica? Foi uma punição ou uma promoção?

DN - [Sorrindo] É muito interessante. Nós tivemos três interpretações disso. A primeira foi: "Ele foi corajoso, o papa o promoveu, foi de bispo auxiliar para arcebispo"; a outra: "Ele falou o que não devia, então o papa o puniu, o mandou para o interior"; ou então: "Ele já sabia, portanto chutou o pau da barraca".

São interpretações que não procedem. A escolha de um bispo acontece num processo longo, de quase um ano. Eu fiquei sabendo de Diamantina quase um mês e meio antes [do sermão].

P. - Há alas conservadora e progressista na CNBB?
DN - É normal isso numa agremiação. É normal que haja pessoas que tenham um determinado alinhamento. Cada bispo responde dentro da sua realidade. Vai ser bispo na Amazônia, para ver como é preciso ser mais aguerrido. Vai ser bispo no Nordeste.

Eu estou no portal do Vale do Jequitinhonha, naquelas cidadezinhas que não têm esperança alguma, não têm meio de transporte, não têm como produzir, não têm emprego. Eu não posso me permitir nem ser progressista nem tradicional, eu preciso ser gente.

P. - O sr. tem intenção de colocar seu nome como candidato na eleição da nova diretoria?
DN - Não existe disputa de cargos entre nós. Mesmo porque, para nós, cargo é serviço. Você não ganha jetons, só trabalho. Não devemos procurar, mas também nunca negar. Se a CNBB me chamar, estarei disponível.

P. - Qual é a igreja que se reúne neste momento para a assembleia?
DN - Uma igreja que tem consciência da sua missionariedade, que vive o seu tempo, assume os desafios do seu tempo e cumpre com a sua missão, que é anunciar a boa-nova do Nosso Senhor Jesus Cristo.

P. - Quais são os desafios hoje?
DN - Nós temos no Brasil uma dificuldade, muito grande e já histórica, que é a desigualdade de renda. É um descalabro. Temos que enfrentar. Outra questão, ligada a essa, é a dos 13 milhões de desempregados. É preciso que, num Brasil onde há grande desilusão com o Estado, a igreja faça o seu papel de não deixar que o povo se desespere.

P. - O que a igreja pode fazer concretamente?
DN - Como CNBB, nós vemos a realidade, estudamos sobre ela e propomos estratégias. E é muito importante para nós não deixar que, num Brasil desorganizado assim, o povo perca a esperança. Nós entendemos esperança como resgate da dignidade, para que ninguém fique à margem nessa sociedade.

P. - Não é uma utopia?"É uma utopia, mas digna, uma bandeira digna de ser levantada. Como é que pode, num país que é o celeiro do mundo, nós ainda convivermos com a fome?

DN - Aí entra o trabalho social da igreja nos hospitais, nas casas de recuperação, o trabalho da Caritas, da Pastoral da Criança.E nós estamos falhos no sentido de marketing da igreja. Se nós resgatarmos a verdade da grandeza da obra social da igreja no Brasil, estaremos mostrando uma coisa desconhecida de todo o povo.

P. - O sr. considera desconhecida?
DN - Sim. Tanto é que não há setores do governo que questionam sobre a isenção de impostos que a igreja tem? [Na semana passada, em entrevista à Folha de S.Paulo, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, falou em um novo tributo que atingiria igrejas; Bolsonaro o desautorizou.] Há um desconhecimento, inclusive do próprio governo, que é incapaz de nos substituir no trabalho imenso que é feito porque desconhece as atividades que a igreja faz.

P. - O sr. quer dizer que há trabalhos que o Estado deveria executar e a igreja os assume?
DN - Mas não há nem dúvida. Nós substituímos o Estado no serviço social. E não é só no serviço de caridade imediata, que também é importante, mas também de organização da sociedade para que enfrente as dificuldades.Enquanto nós não politizarmos mais a base, não sairemos disso. E falo de política com P maiúsculo, não somente política partidária, mas política enquanto exercício de construção da casa comum.Esse é o serviço que a igreja tem feito historicamente no Brasil, e continua fazendo apesar dos pesares, daquilo que se acusa sobre a CNBB, de que é partidária, que toma uma bandeira ou outra. Isso não corresponde à verdade.

P. - A CNBB dará, como se especula, uma guinada conservadora?
DN - O governo foi constituído democraticamente, e como tal tem que ser respeitado. Mas não quer dizer que tudo aquilo que o governo tem feito está sendo coerente com aquilo que o Brasil mais precisa. Ora, naquilo que ele está acertando, por que não se alinhar com ele e aplaudi-lo? E, naquilo que porventura entendemos que não vai beneficiar o povo, por que não oferecermos outra proposta? Não é fazer oposição por oposição, que isso não leva a nada.

P. - Que pontos mereceriam ser aplaudidos no governo Bolsonaro?
DN - Há um esforço muito grande de colocar em ordem a economia e estancar a violência. Ora, nesse sentido, nós podemos muito bem pinçar os pontos que estão sendo acertados e dizer: "Que bom, o caminho é por aqui". Mas nós temos elementos do governo que colocam em risco a educação, por exemplo.

P. - Então o sr. acha que a educação não vai bem neste governo até agora?
DN - Historicamente, a educação não tem ido bem. E este governo ainda não encontrou, a meu ver, o caminho ideal, adequado.

Diário de Pernambuco