Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
O Vaticano fala baixo. O Papa Francisco acaba de elevar ao
cardinalato o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner. Um cardeal na
Amazônia já seria muita coisa, mas não foi só. Há três semanas, Steiner
havia sido nomeado presidente da Comissão Episcopal Especial para a
Amazônia. Se isso não bastasse, ele nasceu na cidade de Forquilhinha
(SC), assim como seus primos Paulo Evaristo (outro franciscano) e Zilda
Arns. Esse pequeno burgo fundado por colonos alemães deu à Igreja dois
cardeais e a médica que revitalizou a Pastoral da Criança. Seu processo
de beatificação tramita na Santa Sé. (Ela morreu em 2010, durante o
terremoto do Haiti.)Saíram de Forquilhinha três bispos, 58 padres e
mais de cem irmãs de caridade. Em 2005 João Paulo II mandou Dom Leonardo
Steiner para a prelazia de São Félix do Araguaia, antes ocupada por Dom
Pedro Casaldáliga.
Falando baixo, em 1964 o Vaticano afastou da Arquidiocese de São
Paulo o regalesco cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. Anos
depois chamou para Roma seu sucessor, Dom Agnelo Rossi, que se
aproximara demais da ditadura. Para o lugar, o Papa Paulo VI mandou um
religioso pouco conhecido: Paulo Evaristo Arns. Ele viria a se tornar um
campeão na defesa dos direitos humanos. Falando baixo, Roma também
mudou o arcebispo do Rio de Janeiro, trocando o bisonho Dom Eusébio
Scheid por Dom Orani Tempesta.
Durante os pontificados de João
Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013), a Igreja Católica
[Apostólica Romana]brasileira [sic] viveu um período de sedação política. [São João Paulo II era conservador, mesma opção do Papa Emérito Bento XVI. Já as nomeações de 1964 e anos seguintes e coincidentes com o Governo Militar, há quase 60 anos. foram em sua maioria de padres subversivos e progressistas.] O Papa Francisco
poderia ter nomeado cardeais para Porto Alegre ou Fortaleza, que já os
tiveram. Em vez disso, nomeou o primeiro cardeal da Amazônia, região do
Brasil cuja conquista muito deveu aos missionários jesuítas, carmelitas e
franciscanos. Jesuíta era o padre Antônio Vieira, que chegou ao
Maranhão em 1652.
Passaram-se 370 anos, o mundo é outro, mas na
Amazônia reabriram-se as feridas da luta pelos direitos dos povos
indígenas. Ao tempo de Vieira, eles eram escravizados (até pelos
jesuítas) e hoje sofrem ataques de garimpeiros e agrotrogloditas que
lhes invadem as terras. [sempre atual a pergunta: para que os índios querem tanta terra se lhes falta coragem para cultivar o básico e a maioria deles prefere o conforto das cidades do que viver em suas terras?
Leitores!(as terras indígenas aqui formam quase 15% do território do Brasil, coisa que nenhum outro país do mundo tem. [sendo que os índios são menos do que 1% da população brasileira.Saiba mais sobre a riqueza dos indígenas brasileiros - dinheiro ganho na moleza: ("... Vejam só, por exemplo: nós, brasileiros, estamos pagando R$ 90 milhões para os indígenas por onde passará o linhão que vai levar energia elétrica para Boa Vista.
No entanto, ali perto, tem o Rio Coutinho, que tem um desnível de 600 metros, pouca distância, e nunca viveu um índio por ali, mas está dentro da reserva Raposa Serra do Sol. Não pode mexer lá ..." ) CONFIRA AQUI.Aqui você sabe mais, inclusive que a reserva Raposa Serra do Sol é uma criação do Supremo Tribunal Federal no governo do Luladrão. Tem mais, clicando aqui.]Vieira perdeu a parada e acabou em Lisboa.
Quem olha o mapa do Brasil pode imaginar o que foi a conquista da
Amazônia durante o período colonial. As terras a oeste de uma linha que
ia da Ilha de Marajó a Santa Catarina eram da Espanha. Ao norte,
Inglaterra, França e Holanda, as potências da época, se bicavam na
expectativa de acesso à margem do Rio Amazonas. As tropas e, de certa
forma, os padres garantiram a posse do vale. Hoje a opção pelo atraso
acordou um pedaço da agenda do tempo de Vieira, e com ela veio a questão
do meio ambiente.
No século XVII, tornou-se Papa Urbano VIII o
cardeal Barberini. Ele tirou o bronze da cúpula do Pantheon romano para
enfeitar a Basílica de São Pedro. Dizia-se na cidade que aquilo que os
bárbaros não fizeram os Barberinis cometeram. Para os indígenas, Urbano
foi um anjo e excomungou os predadores.
A nomeação de um cardeal
para a floresta é um sinal para o garimpo ilegal e seu braço no crime
organizado, bem como para os agrotrogloditas da região. Dom Leonardo
receberá o barrete sendo pouco conhecido fora da região e da Igreja
Católica. Em 1970, muita gente se perguntava quem era o bispo Paulo
Evaristo Arns.
A introdução dos cães, sobretudo pelas mãos dos
jesuítas, inaugurou um novo tempo de sono e vida mais tranquila para os
índios
Diferentes tipos de raças - Foto: Shutterstock
Bom pra cachorro! Expressão popular brasileira
Durante séculos, o sono dos indígenas foi leve e
conturbado. Animais selvagens, predadores, grupos inimigos e ameaças de
todo o tipo os impediam de dormir profundamente. Era preciso estar
vigilante. Suas noites só começaram a ser tranquilas com a chegada de
uma nova tecnologia: os cachorros europeus. Sua capacidade excepcional
de detectar intrusos e ameaças pelo ruído e pelo olfato, de latir e dar
sinais nas proximidades das aldeias e de até atacar invasores
transformou o sono e as noites nas redes e nas tabas.
Talvez não tenham sido facões, machados ou anzóis, as tecnologias
portuguesas mais amplamente desejadas e adotadas pelos indígenas
brasileiros. Foram os cães, mais úteis do que o impenetrável e
irreprodutível metal dos europeus. Cães primitivos existiam na América do Norte. Eles acompanharam as
migrações das diversas levas de humanas pelo Estreito de Bering, como
atestam registros arqueológicos. Sua chegada à América do Sul foi mais
tardia (entre 5000 e 2500 a.C.). E ficaram restritos a áreas agrícolas
dos Andes, com alguma rara presença na Pampa.
As raças pré-colombianas desapareceram rapidamente com a chegada dos
cães europeus. Até hoje não há uma explicação científica satisfatória
sobre seu desaparecimento brusco e sua substituição por cães europeus.
Uma coisa é certa: os cães europeus também conquistaram a América.
No Brasil, era diferente. Os índios não possuíam cachorros e não há
vestígio de cães domésticos até a chegada dos portugueses. No século 16,
a expansão territorial dos tupis ainda não estava consolidada, após a
extinção de sambaquieiros e de outros povos no rastro de seu avanço. As
guerras entre tribos eram marcadas pela antropofagia. Mulheres e
crianças eram vítimas: fáceis de capturar, imobilizar e transportar,
mais indefesas do que os guerreiros. Buscar água ou brincar longe das
aldeias era um risco enorme. A vida real das mulheres e das crianças
indígenas era talvez distante da mítica visão paradisíaca apresentada
por alguns.
A introdução dos cães, sobretudo pelas mãos dos jesuítas, inaugurou
um novo tempo de sono e vida mais tranquila para os índios. Em caso de
aproximação de guerreiros inimigos, de dia ou de noite, os cachorros
davam sinal e até atacavam potenciais agressores. O cão foi integrado
nas tribos como o primeiro mamífero doméstico. E o mais extraordinário
deles: capaz de seguir os passos do dono, obedecer a ordens e cumprir
tarefas. Nessa intimidade é comum, ainda hoje, as índias amamentarem
cães em seus seios ou prepará-los assados como alimento.
Os índios descobriram sua eficiência cinegética, caçando sozinho ou
em matilha. O cão mudou as técnicas de caça, e até ritos de captura da
onça, antes atraída para armadilhas no solo, como indicam relatos
jesuíticos. Sua capacidade de farejar, perseguir e acuar as onças no
alto das árvores era uma novidade. Nunca mais o índio se sentiu num mato
sem cachorro.
O número de pets cresce em média 2% ao ano, acima da taxa de crescimento da população
O cão (Canisfamiliaris) é um mamífero carnívoro da família dos canídeos. Para a ciência, o cachorro descende de populações do lobo eurasiático (Canislupus).
Todo cão, independente da raça, é descendente longínquo de lobos
selvagens e primo dos coiotes. Mesmo o mais miniaturizado, como os
carregados por senhoras em suas bolsas, é descendente de um lobo. E,
pela etimologia, o Canis infiltrou-se em canícula, canalha, cinismo…
Os cães são naturalmente prolíficos. Cada ninhada tem em média de
seis a oito filhotes. Cios são frequentes. Fêmeas aceitam muitos machos.
Às vezes, a ninhada tem filhos de vários pais. O intervalo entre partos
é pequeno e permite duas crias por ano. O sucesso reprodutivo dos cães
garantiu sua expansão entre as tribos. Chegaram às aldeias remotas, cujo
contato com brancos só ocorreria séculos mais tarde. E prossegue a
seleção canina. A Confederação Brasileira de Cinofilia lidera é a cinofilia nacional, com mais de 150 mil animais registrados
No Brasil, entre os principais animais de companhia estão os cães.
São 56 milhões, a segunda maior população canina do mundo. Em segundo
lugar, estão 41 milhões de aves canoras e ornamentais. Gatos somam 24
milhões e têm o maior crescimento: mais de 3% ao ano. A população de
peixes ornamentais é da ordem de 19 milhões, e os pequenos mamíferos,
répteis e outros animais totalizam 2,5%.
Se em sua casa tem cachorro, gato, peixinho no aquário ou passarinho
numa gaiola, você integra o segmento do agronegócio dos animais de
companhia. O chamado setor pet do agronegócio está relacionado
ao desenvolvimento das atividades de criação, produção, comercialização e
cuidados para mais de 145 milhões de animais de estimação existentes no
Brasil.
Os animais de estimação são criados para o convívio com humanos por
razões principalmente afetivas. Eles têm como destinações principais:
companhia, lazer, terapia, auxílio a portadores de necessidades
especiais, esportes, segurança, torneios, exposições, conservação,
socorrismo e trabalhos especiais. O número de pets cresce em média 2% ao ano, acima da taxa de crescimento da população.
Graças às bases industriais do agronegócio brasileiro, à organicidade
crescente de suas diferentes atividades produtivas e à reciclagem de
seus produtos e resíduos, a maioria dos animais pode receber o que há de
melhor em nutrição, medicina veterinária, alojamento, canis,
transporte, identificação, treinamento e bem-estar animal. Por obra do
agronegócio, sobretudo para os cães, a vida anda boa pra cachorro.
O agronegócio pet registrou um bom crescimento em 2021. O lockdown e o isolamento social impostos recentemente levaram os tutores de animais a uma maior proximidade com seus pets e
a demandar mais alimentos completos e balanceados, cujo consumo cresceu
8% em 2021. Até alimentos vegetarianos para cães são produzidos para
respeitar convicções de seus donos. Segundo o Instituto Pet Brasil
(IPB), em 2020, o conjunto do mercado pet registrou crescimento
de 13,5%, com faturamento de R$ 40 bilhões. Em 2021, o crescimento foi
de 22% e o faturamento ultrapassou R$ 50 bilhões.
Simplificadamente, três áreas compõem esse mercado: alimentação animal (pet food) representa 73% do faturamento; produtos veterinários (pet vet) alcançam 19%; cuidados e bem-estar animal (pet care) somam 8%. Pequenos e médios pet shops
são o principal canal de acesso aos produtos e representam quase metade
das vendas do setor (48%); seguidos por clínicas e hospitais
veterinários (17,9%); lojas agropecuárias (10,2%); varejo alimentar
(8,9%); pet shops de grande porte (7,4%); e-commerce (5,4%); e outros, como clubes de serviço, lojas de conveniência e hotelaria (2,2%). Em 2020, as empresas do setor pet ultrapassaram 272 mil estabelecimentos, segundo a Abinpet. Todo o setor se aproxima a 0,4% do PIB brasileiro.
Os cães deixam cada vez mais o quintal para viver dentro das casas.
Até em razão da verticalização nas cidades e da vida em apartamentos.
Animais de estimação são considerados parte da família. Muitos casais
sem filhos ou pessoas idosas, cuja expectativa de vida aumenta, buscam a
companhia de um pet. Ao reduzir a solidão, os pets
assumem outras dimensões na vida das pessoas. Cães participam de
tratamentos terapêuticos, acompanham o humano em sua existência e, em
muitas culturas, guiam na morte, como psicopompos (Anúbis, Cérbero,
Xoloti…). Presentes na vida de santos, os cães inspiram a vida espiritual.
Por milênios, em sua interdependência crescente, cães e humanos
compartilharam comidas, doenças, ócio, trabalho, inimigos e ameaças.
Filhotes foram trazidos para dentro das cabanas e das cavernas. E o
simétrico foi sonhado: lobos amamentando humanos, desde a fundação de
Roma até Mogli, o menino-lobo. Sem falar em lobisomem, Lassie ou Rin Tin
Tin. E a fecunda parceria prossegue no campo e na cidade. No
agronegócio brasileiro, a caravana passa e os cães vão junto. Felizes e
bem tratados.
Lista para vacina do Butantã já tem 912 prefeituras e 13 estados
Trinta
e oito graus sobre terra queimada. É Carnaíba, no sertão, a 400 quilômetros do
Recife. Lá vivem 19 mil pessoas aturdidas pelo vírus, mas fiéis à esperança de
proteção. Médico e prefeito, José de Anchieta Patriota (PSB) se cansou do
desgoverno federal. Entrou no Instituto Butantan e saiu com a reserva de 40 mil
doses da vacina CoronaVac.
[o 'bolsodoria' entrou em um buraco que não sabe como sair;
o prefeito de Carnaíba está sonhando e prometendo - o difícil vai ser quando o sonho chegar na parte da aplicação da primeira dose da vacina, ele pedir o a seringa com a vacina receber a resposta: AINDA NÃO TEM;
Sugerimos que qualquer matéria que faça apologia da vacina chinesa, inicie apresentando relação de países que já estão aplicando a vacina ou indique pelo menos uns dois ou três que já aprovaram a vacina.]
Ontem,
a lista do Butantan abrigava 912 prefeituras, 13 estados mais os governos de
Argentina, Chile, Peru e Honduras. A romaria ao laboratório cresce. O início da
vacinação em São Paulo está marcado para 25 de janeiro, feriado pelos 466 anos
da construção do barraco pioneiro da capital paulista, obra dos jesuítas Manuel
da Nóbrega e José de Anchieta.
É
essa a mudança relevante na perspectiva política. Faz diferença quem chega
antes com respostas objetivas à ansiedade pandêmica. O governador João Doria
(PSDB) acena com vacina na rua em 40 dias.
Em
contraste, depois de nove meses Jair Bolsonaro não tem vacina nem seringas —
corre atrás de 331 milhões, mas vai precisar de 600 milhões. Mandou ao STF um
plano sem data ou quantidade de pessoas nas fases de vacinação. Enviou ao
Congresso um orçamento com déficit na Saúde (R$ 40 bilhões em 2021), sem prever
gasto com imunizantes.
Diretores
da Pfizer tomam chá de cadeira na Saúde desde abril, mas sua vacina já é usada
nos EUA. O Butantan ainda espera resposta às três cartas que enviou no primeiro
semestre oferecendo a CoronaVac. [cartas oferecendo o que ainda não existe merecem uma única resposta: encaminhamento à polícia para investigação.]
A
romaria de governantes a São Paulo evidencia fadiga com a inépcia. Bolsonaro
acabou enlaçado por Doria e cercado em Brasília. O Supremo exige-lhe um plano
consistente. O Ministério Público liberou [sic - julgou? já pode?] estados e municípios na procura de
solução, diante da omissão federal. O Congresso prepara lei para a imunização,
legitimando o uso da CoronaVac.
Restou
a aposta no socorro da agência reguladora, que não oculta disposição de vetar
ou atrapalhar a “vacina do Doria”. É risco puro, porque o Congresso já engatilhou
uma CPI da Anvisa. Ela, inevitavelmente, empurraria Bolsonaro no precipício que
ele tanto contempla.
“Estamos assistindo a uma grande colisão entre a alta
magistratura brasileira, representada pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), e os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato”
O milanês Cesare Beccaria, marquês de Beccaria, é considerado o pai
do moderno direito penal. Educado por jesuítas, estudou literatura e
matemática em Paris, em meados do século XVIII, e sofreu a influência
dos pensadores enciclopedistas, principalmente Voltaire, Rosseau e
Montesquieu. De volta a Paris, fundou uma sociedade literária de caráter
iluminista e passou a escrever para o jornal Il Café, que circulou nos
anos de 1764 e 1765. Na época, vigorava a tese de que as penas
constituíam uma espécie de vingança coletiva, o que levava a aplicação
de punições com consequências piores do que os males produzidos:
torturas, penas de morte, prisões desumanas, banimentos, na maioria das
vezes, com base em acusações secretas.
Beccaria se insurgiu contra isso e escreveu uma obra seminal, que
todo estudante de Direito conhece: Dei Delliti e dele Pene (Dos delitos e
das penas), fruto de suas discussões com os amigos, entre os quais os
irmãos Pietro e Alessandro Verri. Para evitar perseguições, o livro foi
impresso em Livorno, em 1764, anonimamente, com o cuidado de usar
expressões vagas e imprecisas sobre assuntos que contrariavam
magistrados e clérigos.
O tratado Dos Delitos e das Penas invoca a razão e o sentimento. Até
os dias de hoje, é um libelo contra os julgamentos secretos, o juramento
imposto aos acusados, a tortura, a confiscação, as penas infamantes, a
desigualdade ante o castigo, a atrocidade dos suplícios. Separou a
justiça divina e a justiça humana, os pecados e os delitos, condenou o
direito de vingança e tomou por base a utilidade social para estabelecer
o direito de punir. Classificou como inútil a pena de morte, assim como
defendeu a separação do poder judiciário e do poder legislativo.
Aclamado em Paris, sobretudo pelos filósofos franceses, Beccaria foi
acusado de heresia e sofreu forte perseguição em Milão. Entretanto, sua
influência se espalhou pela Europa. A imperatriz Maria Teresa da
Áustria, aboliu a tortura em 1776. Voltaire classificou seu livro como
um verdadeiro código de humanidade. Catarina II ordenou a inclusão dos
conceitos do livro no Código Criminal Russo de 1776. Em 1786, Leopoldo
de Toscana adotou as reformas defendidas por Beccaria. Na Prússia,
Frederico, o Grande, abraçou muitos de seus princípios.
O julgamento
No momento, estamos assistindo a uma grande colisão entre a alta
magistratura brasileira, representada pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), e os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, cujos métodos
heterodoxos de atuação foram desnudados na troca de mensagens entre eles
e o ex-juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e pela
espantosa entrevista do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot à
revista Veja e ao jornal Estadão, nas quais revelou que planejou matar o
ministro do STF Gilmar Mendes. É uma crise sem precedentes, na qual a
opinião pública a favor da Operação Lava-Jato se insurge contra decisões
do Supremo amparadas pelo amplo direito de defesa, mas que não eliminam
a materialidade dos crimes praticados pelos condenados.
Entre as questões mais polêmicas, o julgamento pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) do habeas corpus do ex-gerente da Petrobras Márcio de
Almeida, que pede anulação de sua condenação porque sua defesa não pôde
fazer as alegações finais depois das dos réus que fizeram delação
premiada. O Supremo interrompeu o julgamento quando estava 6 a 3 a favor
do habeas corpus, mas ainda não votaram o presidente da Corte, Dias
Toffoli, e o ministro Marco Aurélio.
O julgamento será retomado na quarta-feira, sob forte tensão, porque é
preciso definir o alcance da decisão, que pode anular um total de até
32 sentenças, beneficiando 134 réus. Toffoli anunciou que votará a favor
do habeas corpus, mas pretende modular o alcance da decisão. É nesse
contexto que os princípios de Beccaria nos ajudam a compreender o que
está acontecendo. Na essência, quatro são atualíssimos: 1. Inevitabilidade da punição: objetivo de convencer o ofensor em
potencial que a punição sempre seguiria um ato criminal, sendo assim, um
impeditivo. O perdão aos crimes equivale ao estímulo da impunidade. 2. Consistência: garante que um mesmo crime sempre será seguido por
punição de mesma natureza e gravidade. Vetava, portanto, a
arbitrariedade dos juízes. 3. Proporcionalidade: a gravidade das punições deveria refletir a
gravidade da própria ofensa e dano causados. Assim, a medida do crime
está no prejuízo causado à sociedade: todas as penas que ultrapassem a
necessidade de proteger o vínculo social são injustas por natureza. 4. Celeridade: a rapidez da punição é essencial frente ao intuito de
impedimento a que a própria punição se propunha a realizar. O legislador
deveria fixar um prazo razoável para a defesa e a produção de provas
sem prejudicar o esclarecimento do delito.