A tesoura de dona Solange está de volta?
Dona Solange, como ficou conhecida, portava uma tesoura implacável contra críticos do regime e o espírito libertário dos artistas brasileiros, sobretudo letristas da MPB. Agora a tesoura de Dona Solange parece estar de volta pelos mãos do capitão Jair Bolsonaro, que após vetar comerciais do Banco do Brasil que enaltecem a diversidade determinou que as peças publicitárias.
Um dia depois de Jair Bolsonaro (PSL) vetar a divulgação de um vídeo publicitário do Banco do Brasil e exonerar o diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim, o governo informou a novidade às agências de publicidade contratadas (mais tarde, devido à repercussão negativa na mídia o Palácio do Planalto anunciou um recuo, sob o pretexto de que as empresas estatais têm autonomia, mas Jair Bolsonaro defendeu a censura e a demissão do publicitário que comandava o marketing do BB). .
Até então, somente os comerciais institucionais, ou seja, que visam a reforçar uma determinada marca, costumavam passar pela Comunicação do Planalto. Ações mercadológicas, como a peça derrubada por Bolsonaro, cuja finalidade é ampliar participação da estatal no setor, na maioria das vezes, precisavam apenas da chancela da instituição que a encomendava. [os resultados em termos de clientela que seriam auferidos pelo Banco do Brasil - o público do nicho que seria o alvo e foi usado como justificativa da campanha, seria pequeno, não compensando o investimento em publicidade.
Apesar da autonomia que as estatais possuem para publicidade, a regra não serve para o Banco do Brasil - que não é uma estatal e sim uma empresa de economia mista e seu maior acionista é a União Federal, comandada pelo Presidente Bolsonaro, que é o Presidente da República - até petista sabe que os lucros e prejuízos de um acionista são proporcionais a sua participação no capital da empresa.]
A campanha publicitária do Banco do Brasil, marcada pela diversidade, trazia atores e atrizes negros e jovens tatuados usando anéis e cabelos compridos. O objetivo era atingir a juventude. Durante a ditadura, além de Chico Buarque, Rita Lee, Taiguara, Raul Seixas, Gilberto Gil e Caetano Veloso, a censura prévia atingiu até cantores românticos como Odair José e o popular Chacrinha, provavelmente o mais famoso apresentador da TV brasileira.
Dona Solange inspirou uma música de Léo Jaime.
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