“Será que é interferir na Polícia Federal exigir, quase que implorar, o Sergio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro?
Ao deixar o Ministério da Justiça, Moro acusa Bolsonaro de intenções políticas na troca do comando da Polícia Federal e de apreensão com inquéritos no STF. Presidente nega pedido de blindagem e diz que ex-juiz queria garantia de indicação ao STF
O governo do presidente Jair Bolsonaro sofreu, ontem, a sua baixa mais significativa. Na maior crise da gestão até agora, Sergio Moro deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, contrariado com a demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. E o ex-juiz saiu atirando. O personagem do Executivo que simbolizava o combate à corrupção trouxe a público graves acusações contra o chefe do Executivo federal. As declarações já resultam em consequências políticas e jurídicas, que abalam as estruturas do poder. Uma crise deflagrada num momento em que o país está abalado com a pandemia do coronavírus.[as "provas" apresentadas pelo ex-juiz Sérgio Moro são risíveis.
Surpreende que um ex-juiz, mais de 20 anos de experiência, chame aquilo de provas.
A conversa que poderia, poderia destaque-se, resultar em uma eventual acusação contra o presidente Bolsonaro - de advocacia administrativa e/ou prevaricação - não foi com Bolsonaro, e sim com a deputada Carla Zambelli, que prometeu apenas ajudar - pode doer muito aos inimigos de Bolsonaro, inimigos do Brasil, mas, esta conversa em nada compromete o presidente.]
Moro acusou Bolsonaro de tentar uma “interferência política” na
Polícia Federal e disse que esse seria o motivo da exoneração de
Maurício Valeixo. “Ontem (quinta-feira), conversei com o presidente e
houve essa insistência (de mudança do comando da PF). Eu disse que seria
uma interferência política, e ele disse que seria mesmo”, afirmou. O
ex-juiz da Operação Lava-Jato contou, ainda, que o chefe do Planalto
manifestou o desejo de ter um diretor-geral com quem pudesse manter
contato pessoal e conseguir acesso a relatórios de inteligência que
correm sob sigilo. O ex-ministro disse que não poderia compactuar com
tal medida.
Dentro da corporação, a informação é
que a troca está ligada ao desconforto em relação a diligências que
apuram uma rede de criação e disseminação de fake news contra desafetos
do governo. As provas aproximam o caso do vereador Carlos Bolsonaro
(Republicanos-RJ), filho do presidente, com o chamado gabinete do ódio,
que utiliza ferramentas para disparar mensagens em massa contra alvos
pré-selecionados que criticam as ações do Executivo. Entre os quais, o
STF e o Congresso Nacional. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também
estaria envolvido em fake news.
De acordo com
Moro, Bolsonaro tem preocupação com inquéritos em curso no Supremo
Tribunal Federal (STF) e que a troca na PF também seria oportuna por
esse motivo. Um desses inquéritos investiga grupos que convocaram
manifestações pró-intervenção militar e pediram a volta do AI-5.
Bolsonaro não é alvo das diligências, apesar de ter participado de um
dos atos, realizado em Brasília. No entanto, deputados bolsonaristas
estão na mira e, por conta disso, a apuração está no âmbito do STF.
Bateu-levou
Horas
depois das acusações de Moro, Bolsonaro também fez um pronunciamento, e
devolveu o bombardeio. Disse que o ex-juiz condicionou a exoneração de
Valeixo a uma indicação para o STF em novembro. “Me desculpa, mas não é
por aí”, afirmou o presidente, relatando a suposta conversa com o então
ministro. “Reconheço as suas qualidades e, em chegando lá, se um dia
chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. E, outra coisa, é
desmoralizante para um presidente ouvir isso.”
Bolsonaro
negou que tenha pedido para Moro blindá-lo na PF ou a alguém da sua
família.
“Será que é interferir na Polícia Federal exigir, quase que
implorar, o Sergio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro?
A Polícia Federal de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que
com seu chefe supremo. Cobrei muito eles aí. Não interferi”, enfatizou,
numa referência à facada que levou durante a campanha eleitoral e ao
assassinato da vereadora Marielle Franco. Durante o pronunciamento do
chefe do Planalto, houve panelaços em várias cidades do país.
As
declarações de Moro motivaram um pedido de abertura de inquérito do
procurador-geral da República, Augusto Aras, contra Bolsonaro no STF. Se
ficar provado que Moro não falou a verdade, ele pode responder por
denunciação caluniosa. [De outra forma: O ônus da prova cabe a quem acusa;
Se Moro não provar suas acusações, responderá por denunciação caluniosa;
dossiê, qualquer um faz, o essencial é que prove o que consta do dossiê.] No entanto, fontes próximas ao ministro
informaram ao Correio que ele tem uma espécie de dossiê do presidente.