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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Países fechados seriam fim da União Europeia

A corrida não é para salvar as fronteiras abertas. É para salvar a Europa da falência

[Direitos humanos e democracia são dois sistemas que não sobrevivem quando em excesso.] 
 
O presidente François Hollande fechou as fronteiras da França por três meses após os atentados em Paris, na mais recente ameaça à coerência e unidade da Europa. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, alertou sobre uma “corrida contra o tempo” para salvar o Acordo de Schengen. Isso para falar o mínimo. A Alemanha, peso-pesado da União Europeia (UE), fechou a fronteira com a Áustria em setembro. Mesmo a Suécia, mais acolhedor país europeu quando se trata de refugiados, implementou controles nas fronteiras. A corrida não é para salvar as fronteiras abertas da Europa. É para salvar a Europa da falência sob o peso de suas próprias contradições.

Então, o que a UE deve fazer para racionalizar o problema de fronteira à luz do enorme fluxo de seres humanos vindos de Síria e, cada vez mais, Afeganistão? Existem várias possibilidades lógicas, cada uma repleta dos próprios desafios. Países europeus mais ricos poderiam pagar para ter fronteiras reforçadas ao redor de toda a Europa e, eventualmente, coordenar a proteção. Isso faria com que a UE se parecesse mais como um único país, com o controle das fronteiras unificado. Também traria benefícios na segurança, porque os potenciais refugiados poderiam ser checados cuidadosamente antes da entrada. 

Em essência, permitiria à Europa manter migrantes e refugiados fora, enquanto continuaria a livre circulação de cidadãos da UE pelas fronteiras, sob o modelo Schengen. O problema com esta abordagem não é apenas a despesa, mas também a possibilidade de não conseguir impedir que imigrantes desesperados continuem tentando entrar, particularmente pelo mar. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos decidiu que refugiados não podem ser mandados de volta após terem sido trazidos a bordo de navios de bandeira europeia. Mesmo que esta decisão fosse revertida, seria politicamente difícil, pelo menos para alguns países da Europa, mandar embora refugiados legítimos.

Uma variante mais suave do controle das fronteiras seria coordenar um “suborno” a países não membros da UE para segurarem os refugiados, pagos pelas nações europeias mais ricas. Tal esforço já está em curso, com propostas de pagar à Turquia € 2,5 bilhões (R$ 10 bilhões) para bloquear a passagem deles à Europa. Isto parece um pouco mais palatável politicamente, mas também só vai fazer uma pausa, e não parar o tráfico humano para a Europa. E não vai dissuadir potenciais terroristas que querem atravessar as fronteiras como se fossem refugiados.

Outra opção é desenvolver uma política centralizada e coordenada para distribuir refugiados. Atualmente, o mais difícil tem sido decidir quantos indivíduos cada membro da UE pode receber, levando a grandes disparidades em números absolutos e relativos. O controle centralizado e não voluntário da divisão de refugiados deixaria a UE muito mais similar a um único e soberano país. Mas, agora, é uma impossibilidade política.  

Mesmo alguns governadores nos Estados Unidos, os quais não têm poderes legais para excluir qualquer um de seus estados das decisões federais, estão capitalizando politicamente, dizendo que não querem refugiados. Uma maior integração europeia é difícil de alcançar, mesmo sob a melhor das circunstâncias. E, sem dúvida, seria impossível os Estados-membros votarem por desistir voluntariamente do direito soberano de decidir sobre os refugiados que vão receber.

A conclusão é que as fronteiras abertas da Europa vão desaparecer, pelo menos enquanto este grande fluxo de refugiados continuar. E vai ser difícil restaurá-las mais tarde. As contradições dos governos soberanos sobre uma união não mudaram muito nos últimos dois séculos. A União Europeia terá que evoluir ou morrer.

Por:   *Professor de Direito Constitucional e Internacional de Harvard

Schengen - fronteiras abertas da Europa - dá boas-vindas ao terror

Fronteiras abertas sem checagem ajudam e encorajam terroristas

O acordo de fronteiras abertas da Europa, que permite viagens através de 26 países sem controle de passaportes ou nas fronteiras, é efetivamente uma zona internacional livre de passaportes para terroristas executarem ataques no continente e fugirem. Esta é uma das lições mais óbvias dos horrendos atentados a Paris. E tem uma das soluções mais simples. O acordo deve ser suspenso, e os países devem começar imediatamente a examinar todos os passaportes, checando o banco de dados de passaportes roubados e perdidos da Interpol, a organização policial internacional.

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Nenhum dos países europeus atacados faz checagens em terra, nos portos ou aeroportos. É um cartaz de boas-vindas para terroristas na Europa. E eles foram aceitando o convite. O terror em Madri e Londres, além do assassinato do premier (Zoran Djindjic, em 2003) da Sérvia, estavam ligados a passaportes falsos ou roubados. Agora temos Paris. 
 Um dos terroristas de Paris pode ter usado um passaporte sírio falso para entrar na Grécia, pedindo asilo. Autoridades sérvias prenderam um homem cujo passaporte continha detalhes idênticos ao encontrado na cena dos ataques na capital francesa, sugerindo que ambos foram produzidos pelo mesmo falsificador.

O tratado europeu de fronteiras abertas foi negociado em 1985, em Schengen, cidade em Luxemburgo. Desde 1995, o Acordo de Schengen tem uma política comum de vistos, eliminando fronteiras e reduzindo custos: 22 países da União Europeia (UE) e quatro outros — Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein — aderiram.

Em setembro, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, chamou o Acordo de Schengen de “símbolo único de integração europeia”. Mas o que antes parecia uma ideia sensata agora é um perigo real. Passaportes roubados, adulterados e falsos da área de Schengen estão entre as formas de identificação mais desejadas pelos terroristas, traficantes de drogas e de seres humanos, dentre outros criminosos. Desde 2014, oito países Schengen estavam na lista das dez nações que mais relataram passaportes roubados ou perdidos, segundo a Interpol.

O Reino Unido, fora de Schengen, começou a triagem de passaportes junto à Interpol após os atentados de 2005, que mataram 52 pessoas e feriram 700. Hoje, checa 150 milhões de passaportes por ano, mais do que todas as outras nações da UE juntas: mais de dez mil são presos, anualmente, por tentar entrar usando documentos inválidos. O que demonstra o valor do banco de dados da Interpol, criado após o 11 de Setembro. Hoje, a base contém informação de 169 países sobre mais de 45 milhões de passaportes e documentos de identidade perdidos ou roubados.

Fronteiras abertas sem checagem ajudam e encorajam terroristas. O fracasso em examinar passaportes nas fronteiras é simplesmente irresponsável em face do terrorismo global. Com base em 14 anos administrando a Interpol, sei que os terroristas terão muito mais possibilidades de êxito enquanto os países não verificarem adequadamente as identidades daqueles que cruzam suas fronteiras.

Após esses últimos ataques, alguns países europeus estão repensando a política de fronteiras abertas. Hoje, a pedido da França, espera-se que ministros do Interior da UE considerem imediatamente reforçar os controles nas fronteiras, para quem entre ou saia da zona de Schengen.

São passos positivos. O Estado Islâmico poderia atacar de novo hoje, amanhã ou semana que vem. Até que os passaportes sejam checados sistematicamente em cada ponto de entrada, os 26 países do espaço Schengen devem suspender, por toda a Europa, o acordo de fronteira aberta.

Só então palavras de pesar e solidariedade dos chefes de Estado terão um significado real. 

Por:  *Secretário-geral da Interpol de 2000 a 2014