Fronteiras abertas sem checagem ajudam e encorajam terroristas
O acordo de fronteiras abertas da Europa, que permite viagens através
de 26 países sem controle de passaportes ou nas fronteiras, é
efetivamente uma zona internacional livre de passaportes para
terroristas executarem ataques no continente e fugirem. Esta é uma das
lições mais óbvias dos horrendos atentados a Paris. E tem uma das
soluções mais simples. O acordo deve ser suspenso, e os países devem
começar imediatamente a examinar todos os passaportes, checando o banco
de dados de passaportes roubados e perdidos da Interpol, a organização
policial internacional.
Nenhum
dos países europeus atacados faz checagens em terra, nos portos ou
aeroportos. É um cartaz de boas-vindas para terroristas na Europa. E
eles foram aceitando o convite. O terror em Madri e Londres, além do
assassinato do premier (Zoran Djindjic, em 2003) da Sérvia, estavam
ligados a passaportes falsos ou roubados. Agora temos Paris.
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Um dos terroristas de Paris pode ter usado um passaporte sírio falso
para entrar na Grécia, pedindo asilo. Autoridades sérvias prenderam um
homem cujo passaporte continha detalhes idênticos ao encontrado na cena
dos ataques na capital francesa, sugerindo que ambos foram produzidos
pelo mesmo falsificador.
O tratado europeu de fronteiras abertas foi negociado em 1985, em Schengen, cidade em Luxemburgo. Desde 1995, o Acordo de Schengen tem uma política comum de vistos, eliminando fronteiras e reduzindo custos: 22 países da União Europeia (UE) e quatro outros — Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein — aderiram.
Em setembro, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, chamou o Acordo de Schengen de “símbolo único de integração europeia”. Mas o que antes parecia uma ideia sensata agora é um perigo real. Passaportes roubados, adulterados e falsos da área de Schengen estão entre as formas de identificação mais desejadas pelos terroristas, traficantes de drogas e de seres humanos, dentre outros criminosos. Desde 2014, oito países Schengen estavam na lista das dez nações que mais relataram passaportes roubados ou perdidos, segundo a Interpol.
O Reino Unido, fora de Schengen, começou a triagem de passaportes junto à Interpol após os atentados de 2005, que mataram 52 pessoas e feriram 700. Hoje, checa 150 milhões de passaportes por ano, mais do que todas as outras nações da UE juntas: mais de dez mil são presos, anualmente, por tentar entrar usando documentos inválidos. O que demonstra o valor do banco de dados da Interpol, criado após o 11 de Setembro. Hoje, a base contém informação de 169 países sobre mais de 45 milhões de passaportes e documentos de identidade perdidos ou roubados.
Fronteiras abertas sem checagem ajudam e encorajam terroristas. O fracasso em examinar passaportes nas fronteiras é simplesmente irresponsável em face do terrorismo global. Com base em 14 anos administrando a Interpol, sei que os terroristas terão muito mais possibilidades de êxito enquanto os países não verificarem adequadamente as identidades daqueles que cruzam suas fronteiras.
Após esses últimos ataques, alguns países europeus estão repensando a política de fronteiras abertas. Hoje, a pedido da França, espera-se que ministros do Interior da UE considerem imediatamente reforçar os controles nas fronteiras, para quem entre ou saia da zona de Schengen.
São passos positivos. O Estado Islâmico poderia atacar de novo hoje,
amanhã ou semana que vem. Até que os passaportes sejam checados
sistematicamente em cada ponto de entrada, os 26 países do espaço
Schengen devem suspender, por toda a Europa, o acordo de fronteira
aberta.
Só então palavras de pesar e solidariedade dos chefes de Estado terão um significado real.
Por: Ronald K. Noble, para o “New York Times” - *Secretário-geral da Interpol de 2000 a 2014
O tratado europeu de fronteiras abertas foi negociado em 1985, em Schengen, cidade em Luxemburgo. Desde 1995, o Acordo de Schengen tem uma política comum de vistos, eliminando fronteiras e reduzindo custos: 22 países da União Europeia (UE) e quatro outros — Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein — aderiram.
Em setembro, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, chamou o Acordo de Schengen de “símbolo único de integração europeia”. Mas o que antes parecia uma ideia sensata agora é um perigo real. Passaportes roubados, adulterados e falsos da área de Schengen estão entre as formas de identificação mais desejadas pelos terroristas, traficantes de drogas e de seres humanos, dentre outros criminosos. Desde 2014, oito países Schengen estavam na lista das dez nações que mais relataram passaportes roubados ou perdidos, segundo a Interpol.
O Reino Unido, fora de Schengen, começou a triagem de passaportes junto à Interpol após os atentados de 2005, que mataram 52 pessoas e feriram 700. Hoje, checa 150 milhões de passaportes por ano, mais do que todas as outras nações da UE juntas: mais de dez mil são presos, anualmente, por tentar entrar usando documentos inválidos. O que demonstra o valor do banco de dados da Interpol, criado após o 11 de Setembro. Hoje, a base contém informação de 169 países sobre mais de 45 milhões de passaportes e documentos de identidade perdidos ou roubados.
Fronteiras abertas sem checagem ajudam e encorajam terroristas. O fracasso em examinar passaportes nas fronteiras é simplesmente irresponsável em face do terrorismo global. Com base em 14 anos administrando a Interpol, sei que os terroristas terão muito mais possibilidades de êxito enquanto os países não verificarem adequadamente as identidades daqueles que cruzam suas fronteiras.
Após esses últimos ataques, alguns países europeus estão repensando a política de fronteiras abertas. Hoje, a pedido da França, espera-se que ministros do Interior da UE considerem imediatamente reforçar os controles nas fronteiras, para quem entre ou saia da zona de Schengen.
Só então palavras de pesar e solidariedade dos chefes de Estado terão um significado real.
Por: Ronald K. Noble, para o “New York Times” - *Secretário-geral da Interpol de 2000 a 2014
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