Mídia nacional comenta o avanço da “direita” na política: cuidado com as armadilhas!
O PT foi o grande derrotado nas eleições
municipais. Com ele, a esquerda em geral sofreu um duro baque. Mas será
que dá mesmo para já celebrar o avanço da direita? Qual direita? Até
que ponto o voto antipetista não foi um protesto mais contra a situação
econômica do que contra as ideias esquerdistas?
Tanto a Veja como o GLOBO resolveram
falar desse crescimento da “direita”. Mas ambos escorregaram feio em
conceitos, demonstrando como o esquerdismo ainda é dominante em
nossa grande imprensa. No caso da Veja, que cita até Mises, há um
deslize imperdoável, apontado pelo deputado Marcel van Hattem, ele sim,
alguém que efetivamente representa a direita liberal na política:
PARA DEFINIR A DIREITA BRASILEIRA, REVISTA VEJA ENTREVISTA CIENTISTA POLÍTICO MARXISTA E INIMIGO DA LAVA-JATO
Sim, exatamente isso – e em letras garrafais. Li a
matéria de capa deste fim de semana da Veja (A FORÇA DA DIREITA) e,
como cientista político, fiquei abismado com o conteúdo. Raso,
distorcido e cientificamente errado.
Em resumo,
pois poderia escrever a noite toda sobre o assunto: a matéria
classificou o PSDB – um partido social-democrata – como direita e fez
uma caricatura de cinco supostos “tipos da direita” (como a revista se
referiu, literalmente, a Caiado, Feliciano, Meirelles, Bolsonaro e
Holiday). Não mencionou o partido NOVO e a proeza de eleger quatro
vereadores em quatro capitais brasileiras (BH, SP, RJ e Porto Alegre) – e
não estou aqui dizendo que o NOVO é de “direita” por ser “liberal”, mas
é sem dúvida um partido que merecia menção nesta edição. Podia ter
tratado sobre o número incrível de jovens que foram às ruas e que agora
se elegeram vereadores municipais.
Mas, não.
A matéria
de capa de Veja achincalhou o “conservadorismo” como termo pejorativo
sempre que pôde e deu status científico ao termo “neoliberal”, que nada
mais é do que um monstrengo ideológico em forma de palavrão criado pela
esquerda para xingar um liberal clássico, mais ou menos no mesmo patamar
de outro palavrão de ocasião da mortadelada: “fascista”.
Com TANTOS
cientistas políticos no Brasil, uma única fonte foi consultada para a
matéria para fazer a classificação partidária no Brasil. UMA ÚNICA
FONTE! E, ainda por cima, para uma matéria de capa! Foi consultado o
cientista político Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná.
Basta uma pequena visita ao Google para ver que é um acadêmico marxista.
Exemplos de artigos publicados: “O marxismo e o elitismo”; “Marx e seu
legado para a teoria contemporânea do Estado capitalista”; “Marxismo
como ciência social”. Para coroar: Codato é signatário de uma “carta
contra arbítrios da Lava Jato”, ao lado de “intelectuais” do quilate de
Marilena Chauí, aquela que ODEIA a Classe Média
(não acredita? Dá uma
olhada aqui: http://www.valor.com.br/politica/4725697/intelectuais-divulgam-carta-contra-arbitrios-da-lava-jato
Sim, um
sectário inimigo da Lava Jato foi o “especialista” entrevistado como
fonte de Veja para uma matéria que tinha tudo para ser ótima na esteira
da derrocada da esquerda petista nas eleições do último domingo.
Quem te
viu, quem te Veja! Que decadência, que matéria mais pobre e
manipuladora. A matéria de capa intencionava mostrar ao leitor a “força
da direita”. O que ela realmente demonstrou ao leitor atento é a “força
da esquerda” nas redações brasileiras. Inclusive de Veja.
A decadência da Veja parece visível
mesmo, e falo isso com tristeza, por ter tido tanto orgulho de ter sido
colunista e blogueiro da revista. Mas se a Veja errou feio desse jeito, o
que dizer do GLOBO? Também fui colunista do jornal carioca, por seis
anos, mas não posso deixar de apontar seus erros grosseiros, caso
contrário estaria sendo cúmplice da desinformação.
No editorial de hoje, reparem só na pérola que podemos encontrar:
“O bolivarianismo chavista é de
esquerda? Depende. Não, se for considerado de direita todo ato
autoritário, ditatorial, violento. E sim pelos que consideram qualquer
meio válido para se atingir o fim da melhoria das condições de vida do
pobre.”
Uau! Que baboseira! Os autores se mantêm
prisioneiros de uma mentalidade claramente esquerdista, que associa o
autoritarismo, a ditadura, a violência à direita. Então todos os
líderes comunistas e socialistas foram de direita, por acaso? É tanta
besteira, tanto absurdo, que cansa só de pensar em rebater ponto a
ponto.
Mas eis o relevante aqui: a grande
imprensa não pode mais esconder do seu leitor o avanço da direita, só
que tenta confundir mais do que esclarecer, tenta associar tal direita
aos pastores evangélicos e deixar de lado todo o arcabouço liberal e/ou
conservador (de boa estirpe) que tem pavimentado essa estrada, seduzido
os jovens, apresentado a eles pensadores como Mises, Hayek, Milton
Friedman, e também Roger Scruton, Russell Kirk, Theodore Dalrymple.
Mesmo quando esses veículos de
comunicação pretendem elogiar a conquista de espaço político pela
direita o tiro sai pela culatra, pois eles ajudam a confundir o leigo.
PSDB de direita, por exemplo, é algo que só um petista diria. Há, sim,
tucanos com viés mais liberal, mas é evidente que o partido não é de
direita, e sim social-democrata, de centro-esquerda. Por que esconder
isso do leitor e fazer o jogo da própria esquerda?
A esquerda “progressista” está em decadência no país. Se a grande imprensa não tomar juízo, vai para o buraco junto…
Fonte: Blog Rodrigo Constantino
http://rodrigoconstantino.com/artigos/midia-nacional-comenta-o-avanco-da-direita-na-politica-cuidado-com-as-armadilhas/