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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

A romantização do desastre - Alex Pipkin, PhD

Má formação/lacuna universitária, cegueira intelectual e/ou doença da mente; escárnio.

Indivíduos que se dizem defensores da liberdade, são francos apoiadores do comunismo.

Eles não sabem como a liberdade de pensamento e expressão - não - funciona neste sistema ditatorial. “Liberdade total”, desde que não vá de encontro a única “verdade” imposta pelos ditadores de plantão.

Perdoem, eles não sabem o que dizem! Não, não pensem que estou me referindo a jovens idealistas e inexperientes, com seus 20 aninhos.Estou falando de mulheres e de homens velhos, que repetem mentiras e falácias que ouviram de algum sentimentalista utópico, e que persistem em romantizar o comunismo, os mesmos que nunca se deram o trabalho de o investigar seriamente.

Eles sofrem do mesmo fenômeno que aqueles que viveram o regime. Foram submetidos a uma grotesca lavagem cerebral.
Os regimes comunistas no mundo assassinaram mais de 100 milhões de pessoas!

Mas todo o rastro autoritário, de violência, de escassez de liberdades, de subjugação e de mortes, é negligenciado em prol de uma causa idealista, que continua sendo “moderna”. Similarmente, é moderno se mostrar ressentido.

Moçoilos e moçoilas, e membros do grupo LGBTQIA+, passeiam pelas ruas do mundo com camisetas estampadas com a face de Che Guevara. Tragicômico. Eles desconhecem o matador.

A turma progressista não viveu, nem se deu o trabalho de investigar sobre a coerção e a repressão gigantescas impingidas pelos sistemas coletivistas. Eles não sabem do que se trata: da abolição das classes e da propriedade privada. Assim, querem viver dos resultados do sistema capitalista, ganhando mais e mais dinheiro, porém, virando o cocho. Não sabem e não estão dispostos a compreenderem como, de fato, resolvem-se os problemas econômicos e sociais, mas o negócio do negócio deles, é demonstrar e gritar para todos seus sentimentalismos, sua benevolência quanto ao povaréu.

Aliás, fazem de conta que o progressismo é aquele único espaço de atendimento as necessidades dos mais carentes. Erro crasso!

Ah se eles soubessem que a fome é característica marcante de todos os sistemas coletivistas. São as (des)políticas econômicas de esquerda, estúpido! Vejam, por exemplo, a Venezuela, a Argentina Kirchnerista.

Para todos esses executores de sentimentalismos grosseiros, os sistemas coletivistas não fracassaram, só não foram implementados na sua essência… ou são sucessos mal explicados. Eles, evidentemente, não sabem do que se trata, mas a visão romantizada do comunismo/socialismo, aponta que eles ainda não “funcionaram bem”, porém, pela nobreza da causa, ainda haverão de funcionar.

Seria mais ou menos como ainda esperar pelo Messias Stalin, um grande revolucionário idealista, que só se equivocou pelo seu tempo. Eu ouço tudo isso e tento ficar quieto. Sim, às vezes é impossível me fantasiar de hiena. Simples assim.

  Alex Pipkin, PhD


sábado, 13 de maio de 2023

Como ele chegou lá - J. R. Guzzo

Revista Oeste

Alexandre de Moraes soube construir uma situação em que não tem rivais, não tem freios e não tem controles, e na qual está livre para governar o Brasil segundo o que acha que está “certo”, e não segundo o que diz a lei


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de solenidade do TSE, onde o ministro Alexandre de Moraes concedeu a comenda da Ordem do Mérito do TSE ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Onde o ministro Alexandre de Moraes acertou? Ele é hoje, ao mesmo tempo, condutor do Supremo Tribunal Federal, governador-geral do Brasil e único brasileiro que tem o poder de revogar, mudar ou escrever leis por conta própria, sem necessidade alguma de aprovação do Congresso Nacional. É óbvio, à essa altura, que acertou em alguma coisa para chegar ao lugar em que está. 
Provavelmente, acertou muito, e em muitas coisas — ninguém consegue se tornar o homem mais importante de um país com 200 milhões de habitantes e PIB de quase 2 trilhões de dólares, segundo FMI, cometendo erros, ou mais erros do que acertos. Pode-se “gostar” ou “não gostar” do ministro, como ele próprio comentou em relação à lei que permite o indulto presidencial
Mas o fato é que ele manda e todo mundo obedece, a começar pelo presidente da República — e se mandar mais vão obedecer mais. 
O ministro Alexandre de Moraes, durante sessão de julgamento sobre limite para compartilhamento de dados fiscais | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
 
Alexandre Moraes, hoje, decide mais que o Congresso Nacional inteiro; decreta, pessoalmente ou através dos outros ministros, que leis aprovadas legitimamente pelos deputados e pelos senadores não valem mais, ou cria as leis que os parlamentares não aprovaram, mas que ele quer — como é o caso, agora, da lei da censura na internet
Vale, sozinho, mais que as três Forças Armadas juntas. 
Pode fazer, e faz, coisas ilegais. Prende cidadãos. Bloqueia contas bancárias. Viola o sigilo de comunicações. Nega o exercício do direito de defesa. Dá multa de 22 milhões de reais a um partido político de oposição. Proíbe qualquer pessoa ou empresa (qualquer uma; até membros do Congresso) de se manifestar pelas redes sociais
Eliminou as funções do Ministério Público. Enfiou na cadeia um deputado federal na vigência do seu mandato. Indiciou pessoas por conversarem num grupo de WhatsApp. Comanda no momento dois inquéritos ilegais de natureza policial (que podem ser seis, ou até mais; são tantos que ninguém consegue mais fazer a conta exata), nos quais se processa qualquer tipo de crime que o ser humano possa cometer, tudo junto e tudo misturado — do golpe de estado ao passaporte de vacina
Criou, e usa, algo que não existe no direito universal: o “flagrante perpétuo”. Muito bem: um homem assim manda ou não manda mais que todos os outros?

A ascensão de Moraes ao topo da vida pública brasileira não aconteceu pelos meios comuns. 
Ele não teve uma campanha eleitoral milionária, com “Fundo Partidário”, apoio fechado do TSE e outras vantagens; aliás, não teve um único voto, e nem precisou. O ministro não vem de nenhuma família que vive às custas de suas senzalas políticas. 
Não é um bilionário como esses banqueiros de investimento “de esquerda” que vivem dando entrevista na televisão. 
Não precisou de apoio da imprensa, embora tenha se tornado um ídolo para a grande maioria dos jornalistas brasileiros — é tratado hoje como uma espécie de Che Guevara que lidera as “lutas democráticas” neste país. (O que provavelmente deve deixar o ministro achando muita graça.) Sua origem não tem nada a ver com o PT. Moraes foi nomeado para o cargo por Michel Temer, que Lula chama de “golpista” e é visto pela esquerda nacional como portador de alguma doença infecciosa sem cura. O passado político do ministro, ao contrário, o coloca como secretário de Geraldo Alckmin, nos tempos em que ele não usava boné do MST e era uma figura de piada para Lula, os intelectuais e os artistas da Globo.Michel Temer e Alexandre de Moraes | Foto: Valdenio Vieira/PR

Apesar de tudo isso, o ministro Moraes está lá. Como foi acontecer um negócio desses? Ou, de novo: onde ele acertou? Acertou em muita coisa, essa é que é a verdade — e a primeira delas é que entendeu melhor do que ninguém a força e a utilidade da coragem num país em que o ecossistema político é habitado majoritariamente por covardes. Moraes é um homem destemido — assume riscos, enfrenta adversidades e não foge da briga. No Brasil de hoje, faz toda a diferença. O segundo ponto a favor é que soube escolher o lado certo da disputa política atual: percebeu, no momento adequado, que é mais rentável ficar a favor do Brasil do atraso, centrado no Sistema Lula, do que a favor do Brasil do progresso. 

 (Imaginem se tivesse ficado com Bolsonaro e feito as coisas que fez — se tivesse, por exemplo, trancado na Papuda 1.500 agentes do MST que invadem fazendas e destroem propriedade pública. Estaria hoje no Tribunal Internacional de Haia, respondendo por crimes contra a humanidade.) 

Entendeu, também, que as instituições brasileiras são amarradas com barbante — e iriam se desfazer diante do primeiro homem decidido a falar grosso, desde que tivesse apoio da esquerda e vendesse a ideia de que está violando a lei para salvar a “democracia”. 
 Com instituições fortes Moraes simplesmente não seria o que é; sua carreira já teria acabado por decisão do Senado Federal.

Passou para o lado da confederação anti-Lava Jato que levou Lula ao poder e, aí, soube assumir o papel de astro do filme — entre outras coisas, como presidente do TSE, foi quem realmente colocou o chefe do PT na Presidência da República

O ministro, igualmente, descobriu que não precisava ter medo de militar — e que isso é uma vantagem decisiva. O regime militar já acabou há quase 40 anos, mas o político brasileiro continua pensando nas Forças Armadas como se elas decidissem alguma coisa — os políticos e as multidões que foram para a frente dos quartéis após as eleições de 2022, na ilusão de que estavam “do mesmo lado”. (O Exército estava, como se viu, do lado da polícia.) Moraes nunca perdeu seu tempo com isso. 

Foi fazendo o que achou que tinha de ser feito, sem se preocupar com o que poderiam pensar os generais de Exército ou os almirantes de esquadra — e hoje deve estar convencido de que leu acertadamente as coisas. Por que não? Moraes acaba de colocar na cadeia um tenente-coronel da ativa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, algo expressamente proibido em lei — ele só poderia ter sido preso em flagrante, e não houve flagrante algum.  
O comandante do Exército não deu um pio. 
Não se tratava de desafiar o STF, ou quem quer que seja; bastaria dizer que o Exército exige o cumprimento das leis em vigor no Brasil.
Ele não vive dizendo que é a favor da “legalidade?” Então: era só cumprir o que diz. Não aconteceu nada.Vigília dos manifestantes em frente ao quartel | Foto: Artur Piva/Revista Oeste

Outra vantagem para o ministro é a sua capacidade de ignorar a opinião pública. Poucas vezes na história deste país uma autoridade do Estado conseguiu ter uma imagem tão horrível quanto a de Moraes — mas ele não faz nem deixa de fazer nada por causa do que “estão pensando”. O político brasileiro médio passa mal quando se vê fazendo, ou tentando fazer, alguma coisa que pode desagradar o eleitorado — afinal, é dos seus votos que ele vive. O ministro não liga a mínima; não é assim, simplesmente, que ele funciona.  

Ao contrário, fica mais radical, agressivo e perigoso a cada contrariedade. Ele deixou isso muito claro, entre outros episódios, com sua reação às imensas manifestações de rua do ano passado, e de antes, a favor de Bolsonaro — a quem escolheu como seu inimigo número 1

Em vez de se assustar com aquelas multidões todas, resolveu meter as multidões na cadeia. Deu certo, afinal: a 8 de janeiro ele conseguiu prender 1.500 pessoas de uma vez só, como “exemplo”, e de lá para cá ninguém mais pensou em acampar na frente de quartel. Para o ministro Moraes gente na rua é uma turbina sem potência — faz barulho, mas não tira o avião da pista. Tem dado certo até agora, do seu ponto de vista: está mandando mais, hoje, do que em qualquer outro momento da sua carreira.

Moraes, enfim, tem demonstrado que sabe fazer política do lado que ganha — é o contrário de Augusto Matraga, e isso quer dizer um mundo de vantagens para quem tem ambições de subir na vida pública. 
No momento mais indicado, soube trocar a direita “autoritária”, onde nasceu, pela esquerda que seria levada ao poder no movimento mais poderoso que já se viu até hoje na política brasileira: a guerra de extermínio contra a Lava Jato e o enfrentamento à corrupção
Passou para o lado da confederação anti-Lava Jato que levou Lula ao poder e, aí, soube assumir o papel de astro do filme — entre outras coisas, como presidente do TSE, foi quem realmente colocou o chefe do PT na Presidência da República.  
É certo, também, que manda mais do que ele. 
Vivem os dois, hoje, num contrato de assistência mútua. 
Moraes dá proteção a Lula, defende os interesses do seu sistema e garante a segurança do universo lulista — para ficar num exemplo só, não incomodou, em quatro anos com os seus inquéritos policiais, um único simpatizante da esquerda. 
Quer dizer que ninguém do PT, para não falar do próprio Lula, divulgou uma fake news, nem umazinha, nesse tempo todo? É puro Moraes. 
Em compensação, nem Lula, nem a esquerda e nem ninguém do governo está autorizado a incomodar o ministro no que quer que seja. É a harmonia entre os Poderes.
 
Como em relação aos militares e à opinião pública, o medo que Alexandre de Moraes tem de Lula é de três vezes zero. Ele sabe, de um lado, que Lula não tem peito para encará-lo, e de outro, que está mais interessado em hotéis com diárias de 37.000 reais, discursos idiotas e o “liberou geral” para o assalto à máquina pública
Também não se assusta com a esquerda, o MST e os Boulos da vida. Sabe que todos têm pavor de bala de borracha; imagine-se então de bala de verdade. Suas preocupações com a Câmara e o Senado são equivalentes — ou seja, absolutamente nulas.  
O resumo de toda essa opera é o seguinte: o ministro soube construir uma situação em que não tem rivais, não tem freios e não tem controles, e na qual está livre para governar o Brasil segundo o que acha que está “certo”, e não segundo o que diz a lei. 
Moraes se arriscou muito; poderia perfeitamente ter perdido, várias vezes, a começar pelo dia em que encarou Jair Bolsonaro. Mas o fato é que levou todas, e hoje é isso que todos estão vendo — só não manda naquilo em que não quer mandar. Nada poderia representar tão bem essa situação quanto sua última erupção de onipotência. 
Proibiu o aplicativo de mensagens Telegram de publicar sua opinião sobre a lei de censura que o governo Lula e ele próprio querem impor ao Brasil — e o obrigou a publicar a opinião dele, Moraes. 
Desde quando alguém neste país está proibido de dizer o que pensa sobre um projeto em debate no Congresso Nacional? 
E desde quando alguém é obrigado a dizer o contrário do que pensa? Desde Alexandre de Moraes. 
O caso Telegram é mais uma prova de que no Brasil de hoje não existe mais lei. 
O que existe é o ministro Moraes — e, para piorar, o resto do STF.


Leia também “O governo e o STF vão à forra”

 

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Os tiranos ridículos: prender bispo, cassar nacionalidade e outros abusos

Sob o silêncio cúmplice da companheirada ideológica, Daniel Ortega e Rosario Murillo, líderes de um regime de opereta, avançam rumo ao delírio

 Daniel Ortega, presidente da Nicarágua e sua mulher Rosario Murillo, vice-presidente do país

 Dupla tirânica: Murillo e Ortega dominam o país com um regime farsesco que distribui punições cruéis [admirados e apoiados por Lula]  // Maynor Valenzuela/AFP via Getty Images/Getty Images

Não se confundam, eu não sou opositor, sou sandinista”. Assim se definiu Marlo Sáenz Cruz, conhecido como Chinês Enoc, um sandinista histórico daqueles de usar boina de Che Guevara e defender incondicionalmente Daniel Ortega como um bastião da luta contra o imperialismo americano.

Libertado, transportado e hospedado à custa do imperialismo, depois de nove meses de prisão por causa de uma disputa interna com Rosario Murillo, a verdadeira instância final do poder, ele admitiu: “Agora, depois que caí preso, acho que é (uma ditadura)”.

Sáenz esteve entre os 222 presos políticos libertados por pressão dos Estados Unidos, para onde foram levados direto da cadeia. Como execrável vingança, Ortega mandou o legislativo aprovar a cassação da nacionalidade de todos por “traição à pátria”, uma punição gravíssima que viola os direitos mais fundamentais reconhecidos pelas nações civilizadas.

Exceto, naturalmente, se o castigo desproporcional for infligido por um companheiro.Num país normal, eles deveriam voltar para suas casas e abraçar seus filhos, num estado que garantisse seus direitos. Eles saíram de seu país porque não há garantias de respeito aos direitos humanos”, disse Arturo McFields, que era embaixador da OEA, em Washington, quando resolveu romper com o regime nicaraguense e viver no exílio.

O ex-embaixador condenou o silêncio de “uma esquerda latino-americana omissa e submissa face às terríveis violações dos direitos humanos” na Nicarágua. “Isso inclui México, Argentina e também Bolívia e Brasil”, especificou.

Para nossa vergonha, inclui mesmo. O único que escapa é Gabriel Boric, presidente do Chile. A expansão da esquerda populista na América Latina está deixando a dupla Daniel Ortega e Rosario Murillo mais segura no poder que ocupam literalmente – e pode ter até ajudado no acordo feito com os Estados Unidos para libertar os presos políticos.

Com a “concessão”, Ortega e Murillo se livraram de presos incômodos, como Cristiana Chamorro e os diretores do jornal La Prensa – confiscado pelo regime. E de sandinistas históricos como Dora María Téllez, a Comandante Dois da época da guerrilha contra a ditadura somozista, presa numa solitária sem luz, com quinze quilos perdidos durante o período de treze meses de cruel detenção em El Chipote até a libertação na semana passada.

Dora Téllez foi uma das pioneiras na ruptura com o regime que nada mais tem dos ideais esquerdistas da época da luta contra a ditadura. O Chinês Enoc seguiu até muito recentemente com o que é chamado de ROM, ou Regime Ortega/Murillo. Chegou a participar, de escopeta na mão, da repressão aos protestos estudantis de 2018, com um saldo de mais de 350 mortes.  O rompimento aconteceu porque achou que Rosario Murillo, também conhecida pelos apelidos de Chayo ou simplesmente La Bruja, estava sabotando os sandinistas históricos em favor de uma ala mais jovem entre a qual escolheu seus protegidos. Além, claro, de manipular, Ortega. 

Estamos falando de uma mulher que ficou do lado do marido e contra a própria filha, quando esta denunciou anos de violações sexuais praticadas pelo líder sandinista.

Rosario Murillo se veste como uma cópia mal feita de Frida Kahlo e invoca princípios “espiritualistas”, expandindo sempre as fronteiras do ridículo com suas preleções transmitidas diariamente. 
Ortega também faz os longos discursos típicos da estirpe bolivariana. 
O mais recente foi para tentar desmoralizar o bispo Rolando Álvarez, um dos únicos dois presos políticos que não quiseram embarcar no avião do exílio para os Estados Unidos.

Um dia depois, foi condenado a 26 anos de prisão em julgamento sumário. Ortega disse que Álvarez estava na fila de embarque quando começou a dizer que não iria porque “primeiro tinha que falar com os bispos”, contestando uma “decisão do Estado nicaraguense” que não tinha o direito de questionar. Chamou-o de desequilibrado e energúmeno.

Ao contrário da versão maldosa de Ortega, o bispo decidiu não embarcar com uma frase de extrema dignidade:Que sejam livres, eu pagarei pela condenação deles”.  
É possível que líderes da esquerda brasileira com idade para se lembrar dos companheiros mandados ao exílio em troca de embaixadores sequestrados não vejam as semelhanças com o desterro dos 222 nicaraguenses (com a diferença de que estes não estavam, nem de longe ,na luta armada)?
 
Vilma Gryzinski, coluna Mundialista - VEJA

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Um governo de más notícias - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Os números vão começar a cair no noticiário e na vida real das pessoas — e não poderão ser suprimidos com discursos sobre a “herança maldita” e o “genocídio” dos ianomâmis

Michel Temer, Alexandre de Moraes, Lula e Dilma Rousseff | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/SCO/STF

Michel Temer, Alexandre de Moraes, Lula e Dilma Rousseff | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/SCO/STF 

A maior parte da esquerda brasileira, que se comporta cada vez mais como se as últimas eleições para presidente da República tivessem sido a conquista de Havana pelas tropas de Fidel Castro, continua convencida, pelos atos que pratica, de que a “ditadura do proletariado” já começou no Brasil. O presidente Lula, naturalmente, é o condutor dessa marcha da insensatez.  
É duvidoso que controle de fato o que estão fazendo em seu governo, ou que saiba direito o que está sendo feito, ou até quem foi nomeado para isso ou aquilo, mas está se achando o grande comandante mundial das lutas pela vitória do “socialismo” sobre a face da Terra. Imagina que é o Che Guevara do século 21, ou pelo menos o Nicolás Maduro do Brasil — ou, quem sabe, um novo Perón, com Evita e tudo. 

Na sua esteira, com as mesmas agressões ao Brasil do trabalho, da produção e das liberdades, vêm os ministros e a multidão de sócios-proprietários que invadiu o seu governo e começa a construir ali um caos digno de Dilma Rousseff. Ignoram que praticamente metade dos eleitores que foram votar no segundo turno, pelos números do próprio TSE, preferiu o seu adversário — e, por seu simples peso aritmético, teriam de ser levados em conta em qualquer projeto minimamente responsável de governo. Estão certos de que ganharam uma daquelas eleições cubanas em que o governo leva 99% dos votos e que, por isso, podem fazer o que bem entendem com o país, com 215 milhões de brasileiros e, sobretudo, com o dinheiro do Tesouro Nacional.

Será que vai ser assim mesmo, e tão fácil? Quer dizer: Lula faz uns discursos para criar a “moeda sul-americana”, o ministro da Justiça amontoa projetos, medidas provisórias e decretos-lei destinados à repressão política, o Senado reelege um presidente disposto a executar as instruções do Palácio do Planalto, as autoridades falam em todes e todes, e o Brasil vira socialista? 

A conferir, em futuro próximo — mas com apenas um mês de governo a revolução de Lula, do PT e da esquerda nacional começa a descobrir que a vida tem problemas. O primeiro deles foi uma espécie de bomba de hidrogênio nas ambições mais agressivas de se suprimir a oposição do Congresso Nacional. 
O ministro Alexandre Moraes, numa decisão que oferece o primeiro grande sinal de paz para a política brasileira nos últimos quatro anos, negou o destrutivo pedido de suspender a posse de 11 deputados da oposição — exigência de um grupo de advogados que está no coração da candidatura de Lula e ocupa postos-chave dentro do seu governo. 
Foi, possivelmente, a decisão mais acertada de um ministro do Supremo Tribunal Federal desde que a vida pública nacional entrou em parafuso com a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do Brasil
O ministro Moraes deu um aviso claro, vigoroso e essencial para a segurança dos parlamentares da oposição: seus mandatos, conferidos pelo eleitor brasileiro, estão garantidos pelo STF — e não dependem, como pretendem os radicais de esquerda, de aprovação do governo para serem exercidos
A decisão desmonta, simplesmente, o pior ataque já feito pelo lulopetismo contra a liberdade parlamentar no Brasil — as últimas cassações de mandato por motivo político foram no Ato 5, durante a “ditadura militar” que Lula e o PT, pelo que têm feito, tanto gostariam de ressuscitar no Brasil. Foi um choque elétrico. “Daqui vocês não podem passar”, informou Moraes.
O ministro Alexandre de Moraes, que já havia desapontado a esquerda com a decisão de devolver o acesso às redes sociais do deputado Nikolas Ferreira, do PL o mais votado nas últimas eleições, com quase 1,5 milhão de votos —, é um problema em aberto. 
Com 54 anos de idade e a vida pela frente, Moraes é um homem-chave no presente e no futuro da política brasileira. Vale, sozinho, pelos dez outros ministros do STF somados — com a exceção, talvez, de Gilmar Mendes, que também exerce influência decisiva no compasso do tribunal. 
 
(...)

É claro que ele continua tendo a seu cargo o inquérito criminal que funciona, hoje, como a principal lei do Brasil, além, naturalmente, de todos os inquéritos derivados dali — e sem o arquivamento do processo todo a paz política e a segurança jurídica não voltam ao país. Mas não haverá, na linha de tiro de Moraes, a figura que tem sido o inimigo número 1, 2, 3, 4 e 5 de Lula e das forças que o apoiam. Não é a mesma coisa. Daqui para a frente, sem Bolsonaro, o ministro Moraes muda de natureza para Lula. A pergunta-chave é: seus planos vão ou não vão continuar andando juntos? Não está claro se os dois querem as mesmas coisas, e nem se o ministro está interessado em dividir o governo com o presidente. 
Não se sabe se ele pretende entrar em parceria com os extremistas que controlam hoje as decisões de Lula; no caso da agressão aos deputados, Moraes ficou contra eles e do lado da liberdade. Há outras coisas que não se sabe. O que se sabe é que as âncoras políticas do ministro, até o momento, têm sido o ex-presidente Michel Temer e o vice-presidente Geraldo Alckmin; isso não é o PT.
Outro problema, para Lula, é a descoberta de que também ele, Sua Santidade, pode meter o pé na jaca.  
O pior momento, num mês com momentos ruins quase diários, foi esse súbito caminhão de ira que resolveu despejar em cima do impeachment de Dilma Rousseff. Foi um desastre. Ninguém ficou a favor; ao contrário, o presidente levou até dois editoriais indignados no lombo, um de O Estado de S. Paulo e outro de O Globo  já tinha levado um terceiro, da Folha de S.Paulo, contra a neurastenia repressiva do governo
Para que isso? Lula fez uma acusação alucinada: sem que ninguém tivesse lhe perguntado nada, disse que Dilma foi expulsa do governo por “um golpe de Estado”. Repetiu o disparate e, para coroar, se referiu ao “golpista Michel Temer” — tudo isso em viagem ao exterior e para plateias estrangeiras. É uma mentira primitiva, insultuosa e mal-intencionada. Dilma foi destituída por um procedimento absolutamente legal de impeachment, pelos votos de 61 senadores e 367 deputados, num processo que durou nove meses inteiros, foi supervisionado passo a passo pelo STF e no qual teve o mais amplo direito de defesa. Onde está o golpe? Estaria Lula anunciando que, se houver um processo de impeachment contra ele, também será “golpe”? E se estiver — o que adianta isso?
Foi uma ofensa grosseira ao Congresso, ao STF e à verdade mais elementar dos fatos; se ele não fosse Lula, seria punido histericamente pelas duas polícias de combate à “desinformação” que já foram criadas em seu governo. Foi, também, uma agressão sem pé nem cabeça contra o ex-presidente Michel Temer. 
A questão, aí, parece ser um velho e aparentemente incurável defeito de fabricação de Lula — sua incapacidade de controlar o próprio despeito. Temer fez, possivelmente, o melhor governo que o Brasil já teve no período da pós-democratização, se for considerado o país em ruínas que recebeu da era Lula-Dilma e o país que entregou ao seu sucessor — mesmo levando-se em conta o extraordinário sucesso de Fernando Henrique na eliminação da inflação e os evidentes êxitos econômicos de Jair Bolsonaro. O governo Temer só teve um problema: durou pouco, porque seu mandato constitucional foi curto. Tudo isso, muito simplesmente, é insuportável para Lula, o presidente das “heranças malditas” e imaginárias — um caso exemplar de problema que não contém a semente de uma solução, mas apenas a semente de um outro problema, e problema para ele mesmo.

O fato é que, depois de um mês no governo, Lula e o seu sistema não conseguiram gerar uma única boa notícia — nem para eles próprios. O único projeto de obra pública que Lula anunciou é na Argentina — e para a duvidosa construção de um gasoduto conhecido pelo nome de “Vaca Muerta”, para se ter uma ideia de onde estão querendo amarrar o burro do BNDES.  
A principal notícia no mundo dos negócios é a monumental fraude contábil das Lojas Americanas, em cujo comando figura o empresário Jorge Paulo Lemann, estrela entre os bilionários de esquerda do Brasil e grande destaque na ala dos apoiadores capitalistas do presidente. Os juros continuam em 13,75% ao ano, como resultado das expectativas ruins em relação à inflação. 
 
O mercado, a cada dia, mostra que não confia nem na competência e nem nas intenções da equipe econômica — e Lula, em vez de olhar para os problemas reais que provocam essa desconfiança, fica bravo com o mercado. O Ministério da Agricultura, peça-chave para a área mais produtiva da economia brasileira, está sendo substituído por um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”. 
Os números do seu governo, inevitavelmente, vão começar a cair no noticiário e na vida real das pessoas — e não poderão ser suprimidos com discursos sobre a “herança maldita” de Bolsonaro, a guerra na Ucrânia e o “genocídio” dos ianomâmis.  
O presidente, queira ou não queira, vai ter de conviver com a realidade.

Leia também “Um governo em guerra contra quem produz”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste 

 

 

domingo, 15 de janeiro de 2023

O Foro de São Paulo no poder - Flávio Gordon

Revista Oeste

Eleição de Lula consolida o projeto do Foro de São Paulo de tingir a América Latina de vermelho 

Gustavo Petro, Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Lula, Gabriel Boric e Fidel Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/Shutterstock/Reprodução redes sociais
Gustavo Petro, Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Lula, Gabriel Boric e Fidel Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/Shutterstock/Reprodução redes sociais

“O que explica a confusão na América Latina é o Foro de São Paulo.”
Luiz Felipe Lampreia, ex-chanceler brasileiro,
em entrevista ao programa Painel da Globo News, em 30/6/2012

Há pouco mais de uma semana, no programa Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, irrompeu um bate-boca entre o deputado federal Nikolas Ferreira, entrevistado do programa, e o jornalista Diogo Schelp, um dos entrevistadores da bancada. 
A querela deu-se a propósito da qualificação do PT como um partido socialista e do estatuto preciso da entidade conhecida como Foro de São Paulo. Fundada nos anos 1990 por Lula e Fidel Castro, como se sabe, o Foro passou a reunir periodicamente os principais partidos, grupos e movimentos de extrema esquerda do continente latino-americano. Para o jornalista, o Foro de São Paulo — desde 2019 rebatizado como “Grupo de Puebla” — nunca passou de um inócuo fórum de debates, sem qualquer consequência política relevante.  
Para Nikolas Ferreira, ao contrário, trata-se ainda de uma organização decisiva para a ascensão do socialismo ao poder nos países da região.

Ora, os encontros anuais do Foro não são o Foro. Não seria exagero dizer, inclusive, que o Foro é tudo aquilo que acontece no intervalo dos encontros, nas conversas de bastidores e nos acordos privados entre os falcões do socialismo latino-americano

No decorrer da discussão, Schelp fez referência a uma antiga videorreportagem que ele havia preparado para a revista Veja, por ocasião do XIVº Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido em Montevidéu, no ano de 2008. Intitulada “Foro de São Paulo: o encontro dos dinossauros”, a reportagem pretendia-se crítica. Mas, com notável ingenuidade política — na melhor das hipóteses —, o jornalista acabou por dourar a pílula da entidade, reduzida a uma reunião de esquerdistas vetustos, inofensivos em sua embolorada retórica anti-imperialista, e dignos não da indignação, mas da misericórdia do público. “O figurino geral é um atestado da monotonia do evento” — Schelp narrava em off, distraindo-se com minudências e irrelevâncias. “Jaquetas de couro, paletó e, às vezes, gravata. Nada de militantes com camisetas do Che Guevara ou boinas.” A conclusão era uma só: extintos como os dinossauros, aqueles fósseis ideológicos já não representavam ameaça alguma.

Mas basta olhar para o mapa atual da América Latina para notar que, contrariamente ao que sugeria e continua sugerindo Schelp, os partidos e os movimentos articulados no Foro incluindo o PT — voltaram a ocupar a quase totalidade do poder no continente, e que, portanto, a entidade não pode ser tão inócua quanto ele queria nos fazer crer. O engano de Schelp quanto ao fenômeno é, todavia, bastante comum no ambiente midiático nacional.  
Ele consiste basicamente na tentativa de compreender o que é o Foro de São Paulo partindo exclusivamente da observação dos encontros anuais. Por ter presenciado um desses eventos, parcialmente abertos à imprensa, o jornalista acreditou captar de uma vez a natureza última da organização, uma crença tão inusitada quanto querer compreender a natureza de uma universidade a partir da observação da fachada externa de seus edifícios.
 
Ora, os encontros anuais do Foro não são o Foro. Não seria exagero dizer, inclusive, que o Foro é tudo aquilo que acontece no intervalo dos encontros, nas conversas de bastidores e nos acordos privados entre os falcões do socialismo latino-americano
Falcões como Lula, Fidel, Chávez, Maduro, Kirchner, Morales, Petro, Boric, que, ao chegarem ao poder em seus respectivos países, começam a pôr em prática, de maneira constante, estratégica e sempre articulada, o seu projeto comum e continental de poder.  
Basta ver a reação conjunta do bloco — notadamente manifesta nas posições do ex-terrorista Gustavo Petro (quanta ironia!) sobre ações estratégicas para combater o “terrorismo fascista” no Brasil em relação à “invasão do Capitólio” à brasileira.


Essas ações estratégicas e conjuntas vêm sendo tomadas há muito tempo, e só podem ser bem compreendidas à luz do projeto comum de poder, que, utilizando uma expressão cunhada por Hugo Chávez, poderíamos definir como “o socialismo do século 21”.  
Sem considerar a existência desse projeto comum, tornam-se incompreensíveis uma série de decisões e atitudes dos governantes dos países membros, que só se esclarecem vistas no todo, como peças de um vasto quebra-cabeça geopolítico. 
Hoje compreendemos melhor, por exemplo, as razões do empenho da então presidente argentina Cristina Kirchner para interferir nas investigações e encobrir a participação iraniana no atentado terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que, em 1994, matou 85 e feriu outras centenas de pessoas em Buenos Aires. 
 Como mostra o jornalista Leonardo Coutinho no indispensável Hugo Chávez, O Espectro, o acobertamento era parte de um acordo sigiloso de cooperação nuclear entre Kirchner e Ahmadinejad, que buscava avançar o seu programa nuclear com fins belicistas. 

Com mediação e participação de Hugo Chávez (um notório antissemita, fã declarado do regime dos aiatolás, e a quem Ahmadinejad foi pessoalmente pedir ajuda), o acordo envolveu toda sorte de crimes, incluindo o trânsito ilegal de dinheiro, equipamentos, produtos químicos, armamentos e tecnologia entre os três governos, nos moldes tradicionais do crime organizado, via empresas de fachada e lavagem de dinheiro. Recorde-se que investigações sobre a participação de Kirchner na trama culminaram no assassinato do promotor Alberto Nisman, que, justo às vésperas de apresentar os resultados de seu inquérito no Parlamento argentino, “se suicidou” no banheiro de casa.

Quem ignora o projeto continental do “socialismo do século 21” dificilmente entenderá também fatos cujos detalhes foram revelados pela Operação Lava Jato, a exemplo da construção do Porto de Mariel, em Cuba. Declaradamente destinado a fortalecer a ditadura dos irmãos Castro, o empreendimento resultou de um pedido direto de Hugo Chávez a Emilio Odebrecht. Obviamente, o trato contou com o aval e a mediação de Lula, que interveio junto ao BNDES para que fosse concedido um generoso empréstimo de quase US$ 700 milhões ao regime cubano. Para garantir a liberação do dinheiro a juros muito abaixo dos de mercado, o petista ignorou uma série de pareceres técnicos que afirmavam a inviabilidade do negócio, em tudo prejudicial aos interesses do Brasil. Como prova adicional do caráter espúrio do negócio, decretou-se sobre o empréstimo um sigilo que deveria durar até o ano de 2027.

A construção da Refinaria Abreu e Lima é outro caso emblemático de interferência de Hugo Chávez nos assuntos brasileiros, e mais uma prova inconteste de que, para as lideranças da organização, os objetivos estratégicos do Foro sempre prevaleceram sobre os interesses nacionais. Projetada com um custo inicial de US$ 2,3 bilhões, a obra foi parcialmente concluída com sete anos de atraso, a um custo final 20 vezes maior, e metade do rendimento da quantidade prevista de barris de petróleo processados.  

A coisa toda não passara de um desejo pessoal do ditador venezuelano, prontamente atendido pelo companheiro Lula, ainda que com sacrifício do Erário brasileiro. 
A parceria estimada entre a Petrobras e a petrolífera chavista PDVSA, que deveria arcar com 40% dos custos, terminou sem que os venezuelanos pusessem US$ 1 sequer no empreendimento
Coube ao Brasil arcar inteiramente com o prejuízo da refinaria mais cara e ineficiente do mundo.

Trata-se de uma confissão explícita, uma prova cabal de que as razões e as necessidades dos membros do Foro, discutidas interna e sigilosamente, se sobrepunham aos interesses nacionais que presidentes “eleitos”, como Lula, Chávez, Morales et caterva, deveriam atender

Poderíamos citar ainda o conluio entre Lula e Evo Morales para expropriar as refinarias da Petrobrás na Bolívia, causando ao Brasil um prejuízo de R$ 1,5 bilhão. “O Evo me perguntou: ‘Como vocês ficarão se nós nacionalizarmos a Petrobras?’. 
Respondi: ‘O gás é de vocês’” confessou Lula, em 2015, tratando um patrimônio do Estado brasileiro como propriedade particular a ser distribuída entre os coleguinhas de Foro. Na época, a imprensa brasileira não viu nada de mais na confissão, e, desviando o olhar, deu o assunto por encerrado.
 
Recorde-se também que, em 2011, a então presidente Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de Itaipu, atendendo a um pedido do companheiro Fernando Lugo, presidente do Paraguai e também membro do Foro. 
 Relatora do projeto no Senado, Gleisi Hoffmann defendeu a aprovação das mudanças, que triplicaram a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não utilizada da hidrelétrica de Itaipu, e enchia com dinheiro brasileiro os cofres paraguaios.
Poderíamos mencionar o famigerado programa Mais Médicos uma indústria de exploração de trabalho semiescravo de médicos cubanos enviados ao exterior, que rendia aproximadamente US$ 6 bilhões anuais ao caixa da ditadura castrista —, a criação por Lula e Dirceu de um comando estratégico no Brasil para a campanha de Hugo Chávez em 2012, que incluiu o envio dos publicitários João Santana e sua esposa, Mônica Moura (ver delação à Lava Jato), para cuidar do marketing eleitoral chavista, e uma série de medidas similares, todas com o mesmo sentido: a pilhagem dos recursos dos países governados por membros do Foro com o objetivo de atender aos interesses comuns da organização socialista. 
 Em todos esses casos, tratou-se sempre de uma ação entre companheiros. 
Quem o confessou, aliás, foi o próprio Lula.
pt
Encontro do Foro de São Paulo | Foto: DIVULGAÇÃO/PT

Em 2 de julho de 2005, em discurso oficial de celebração dos 15 anos do Foro, o hoje descondenado-em-chefe explicitou os termos daquelas relações, que envolviam decisões importantes de política externa e interna dos países membros, decisões tomadas às sombras, sem passar pelo escrutínio público e pelo aval dos Poderes Legislativo e Judiciário desses países (aliás, frequentemente comprados e submissos ao Executivo)

Nas palavras de Lula: “E eu queria começar com uma visão que eu tenho do Foro de São Paulo. Eu que, junto com alguns companheiros e companheiras aqui, fundei esta instância de participação democrática da esquerda da América Latina, precisei chegar à Presidência da República para descobrir quanto foi importante termos criado o Foro de São Paulo… Foi assim que nós, em janeiro de 2003, propusemos ao nosso companheiro, presidente Chávez, a criação do Grupo de Amigos, para encontrar uma solução tranquila que, graças a Deus, aconteceu na Venezuela. E só foi possível graças a uma ação política de companheiros. Não era uma ação política de um Estado com outro Estado, ou de um presidente com outro presidente. 
Quem está lembrado, o Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos, com muitas divergências políticas, a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela. Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política”.
 
Trata-se de uma confissão explícita, uma prova cabal de que as razões e as necessidades dos membros do Foro, discutidas interna e sigilosamente, se sobrepunham aos interesses nacionais que presidentes “eleitos”, como Lula, Chávez, Morales et caterva, deveriam atender. 
Esses e outros “companheiros” puseram-se sempre a serviço do projeto de poder do Foro, valendo-se dos cargos que ocupavam para esse fim. Como sugerem as revelações sobre a caixa-preta do BNDES, que Palocci começou a abrir, ao Brasil cabia especificamente o papel de caixa eletrônico da organização. 
Eis por que, em seu primeiro mandato, o lulopetismo não podia se dar ao luxo de solapar a economia nacional de uma vez por todas, optando por manter o tripé da política econômica que tinha sido construída durante o governo de FHC: metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.  
Como todo projeto socialista, o lulopetismo pensa a longo prazo, avança por etapas e aproximações sucessivas. Ou seja, o período que Schelp enxerga como prova definitiva de que o partido “nada tem de socialista” — como se concessões circunstanciais e temporárias à economia de mercado fossem novidade na história do movimento comunista — era apenas uma etapa preparatória para avanços futuros.

Resta que, ao contrário de Schelp, os expoentes da organização nunca perderam uma oportunidade de destacar a importância estratégica da organização. Em julho de 2012, por exemplo, no vídeo de encerramento do 18° encontro, Lula celebrava as conquistas do Foro e prestava apoio à reeleição de Hugo Chávez: “Em 1990, quando criamos o Foro de São Paulo, nenhum de nós imaginava que, em apenas duas décadas, chegaríamos aonde chegamos. Naquela época, a esquerda só estava no poder em Cuba. Hoje, governamos um grande número de países”.  

Note-se o emprego da primeira pessoa do plural, sugerindo que o Foro como instituição é quem governa os países no continente, e não os presidentes individuais formalmente eleitos. No ano seguinte, discursando na abertura do encontro, Lula voltou a enfatizar a importância histórica da organização: “Eu quero debitar parte da chegada da esquerda ao poder na América Latina a essa cosita chamada Foro de São Paulo”. Também José Dirceu, ao ser perguntado por Antônio Abujamra se poderia ter previsto o espantoso avanço da esquerda na América Latina, respondeu: “Prever, não. Mas nós já lutávamos e trabalhávamos por isso. Inclusive porque nós criamos o Foro de São Paulo, que lutava para isso”. Já em 1997, durante a propaganda eleitoral, o então presidente admitira que o Foro havia sido “uma resposta direta e afirmativa da esquerda latino-americana à crise do socialismo, à queda do Muro de Berlim, à desintegração da União Soviética”. Uma década depois, no vídeo preparatório de seu 3º Congresso Nacional, o PT proclamava o objetivo de “extinguir o capitalismo e iniciar a construção do socialismo” na América Latina, caracterizando o Foro de São Paulo como “um espaço de articulação estratégica”, dedicado à consolidação de “um novo internacionalismo”.

Diante de tudo isso, cabe ao leitor decidir se acredita nas cândidas impressões do jornalista ou nas reiteradas confissões dos criadores e dos principais expoentes da entidade, bem como na correspondência fatual entre planos traçados e resultados políticos conquistados. Afinal, tal como no filme hollywoodiano, os “dinossauros” de Schelp parecem ter voltado à vida, e estão à solta pelo continente, ferozes e famintos, ocupando todos os espaços e destruindo tudo em sua passagem. Quanto ao socialismo… Esse, como se sabe, morreu há muito tempo. Mas passa bem.

Leia também “O vermelho é a nova cor da América Latina”

Flávio Gordon, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Natal sem fome - Félix Maier

 

E você, que fez o L e elegeu o Ladrão, por que ainda não "buscou" o peru de Natal no supermercado?

É de graça.
Mas não vá sozinho.
Você seria preso em flagrante delito. Xandão não iria permitir tão odiento ato antidemocrático.
 
Coloque uma camisa vermelha, de preferência com foto de Che Guevara,[conhecido também como 'mijão',  pelo fedor de urina que emitia] e vá acompanhado de uma quadrilha, no mínimo de 50 vagabundos, fortemente armados, todos de cara amarrada, com algumas mulheres "empoderadas", para aumentar a diversidade. 
E faça chantagem, ameace em quebrar todo o estabelecimento, se o dono do mercado não "doar" 200 cestas básicas, de espontânea obrigação.
A PM não irá prender ninguém, só garantir para que ninguém seja molestado, para "evitar mal maior". Afinal, ninguém quebrou nada, o dono do mercado doou cestas básicas porque quis.

Foi o que aconteceu na capital da República Federativa dos Bandidos, Brasília, no Atacadista Dia a Dia, em Taguatinga, no dia 17/12/2022. Cerca de 80 vagabundos, vestindo camisas vermelhas, exigiram a "doação" de 150 cestas básicas, caso contrário iriam depredar todo o estabelecimento. A PM foi chamada para conter os terroristas e não prendeu nenhum bandido. Só ficou olhando, para que a chantagem fosse consumada. [notem que o maior ladrão ainda não começou a governar, imagine o que os bandidos apoiados pelo ladrão (e protegidos pela omissão criminosa da PM-DF, o Dia a Dia deveria  representar contra quem comandava a tropa e exigir punição ao dito 'policial' - se ele cumpria  ordens a punição deve ser estendida, e mais severa, a quem deu ordens para a omissão criminosa dos policiais militares.)

Agora se os donos da atacadista extorquida ordenassem o abate de uma meia dúzia de vagabundos - para servir de exemplo - , já estariam presos, seriam julgados pela prática de crime hediondo com a agravante de,  por  os bandidos abatidos ser de esquerda, prática de ato antidemocrático e seria aplicada ao estabelecimento uma multa de alguns milhões por estímulo a ataques contra a democracia.]

Tais revolucionários de esquerda, que na prática estão assaltando supermercados mediante violência explícita e chantagem covarde, fazem parte do Movimento de Lutas em Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Dizem que é para entregar cestas básicas a pessoas cadastradas no Movimento, uma forma radical socialista do "Natal Sem Fome" criado por Santo Betinho, que antes de fazer caridade com a boa vontade de terceiros, foi um laborioso pombo-correio Fidel Castro-Brizola, para levar dinheiro ao maragato refugiado no Uruguai, de modo que criasse um movimento de libertação popular para derrubar a ditadura militar brasileira, no que ficou conhecido como “Os incríveis exércitos de Brizoleone”.

Descalabro semelhante ocorreu no dia 12/12/2022, quando terroristas atacaram a nova sede da Polícia Federal, em Brasília, depois que foi preso um índio fanfarrão que apoiava o presidente Jair Bolsonaro, e vários carros e ônibus foram queimados, ao estilo black blocs de 2013. A PM e os Bombeiros foram chamados, mas não prenderam ninguém, nem apagaram o fogo, só ficaram fazendo cara de paisagem. Era para "evitar mal maior", segundo disseram, como se houvesse mal maior do que não combater atos terroristas que ocorriam naquele exato momento.

A Mídia Antifa (a que se diz antifascista, mas que é fascista por natureza), como a Rede Globo, acusa radicais bolsonaristas de terem praticado a balbúrdia em Brasília. 
Mas há evidências de que houve infiltração de radicais vermelhos, que gritavam "fora Bolsonaro" enquanto tacavam fogo nos ônibus, para incriminar apoiadores do Presidente.
A onda "Natal sem fome", de assaltos a supermercados, já se estendeu a 17 Estados.
Ainda há tempo para chegar a 27 Estados até o Natal.

Faça o L e cante Noite Feliz.
Mas, antes, na noite de 24 de dezembro, deguste com a família o peru e o vinho roubados no Atacadista daquele maldito capitalista chauvinista que só pensa em lucro, que não tem solidariedade com quem passa fome.
Novos tempos estão chegando, para que a justiça social seja enfim feita no Brasil, a partir de 1 de janeiro de 2023,[data prevista]  para o maior ladravaz da história do Brasil vai subir a Rampa do Palácio do Planalto.
Xandão mandou incluir no inquérito dos "Atos Antidemocráticos" a queima de ônibus e carros em Brasília, coisa dos malditos terroristas bolsonaristas, segundo diz a imprensa. Será que o Xerife, líder inconteste do STF, irá dar 48h para a PM dos Estados que tiveram supermercados atacados, para que identifique e prenda os bandidos travestidos de Robin Hood do Brasilistão?
Vai vendo:
Deputada petista defende invasões a supermercados;

Movimento pró-socialismo faz ação orquestrada de invasão a supermercados em 17 estados:

Leia "Os incríveis exércitos de Brizoleone", de F. Dumont:

Site Percival Puggina


domingo, 4 de dezembro de 2022

A religião do ódio - J. R. Guzzo

Revista Oeste

No Brasil de hoje a virtude passou a ser a recusa em admitir o ponto de vista do outro. Dia após dia, o ódio vai sendo transformado num atributo moral 

 O Brasil está se tornando um país cada vez mais intolerante — e isso é uma novidade muito ruim. A sociedade brasileira tem tido uma longa história de prudência e de serenidade na gestão dos seus rancores, diferenças e conflitos; chegamos aos 522 anos sem nenhuma guerra de verdade, dessas que deixam mortes, feridos e destruição, por causa de religião, ou de raça, ou de nacionalidade, ou de língua, ou de qualquer outra escolha. Sempre houve, de um modo geral, a disposição de admitir ações, pensamentos, crenças, sentimentos ou hábitos diferentes entre si, qualquer que fosse o ambiente político.

Alexandre de Moraes | Foto: Montagem Revista Oeste

Alexandre de Moraes -  Foto: Montagem Revista Oeste 
 
O Brasil nunca foi uma democracia de verdade — mas, mesmo nos seus momentos de ditadura aberta e declarada, a inclinação predominante tem sido a de aceitar o princípio de que cada um tem direito à sua própria vida, ao seu modo de pensar e ao seu comportamento pessoal
Não mais. No Brasil de hoje a virtude passou a ser a recusa em admitir o ponto de vista do outro
Há cada vez menos adversários e cada vez mais inimigos. Dia após dia, e de forma mais e mais agressiva, o ódio vai sendo transformado num atributo moral — ou numa exigência para a prática correta da atividade política e social.

É um sinal destes novos tempos escuros, de supressão de liberdades e de repressão à divergência que alguém como o ministro Moraes seja promovido à posição de apóstolo da “democracia

Em nenhuma outra área da sociedade a intolerância prospera tanto quanto nessa nebulosa frouxa, disforme e sem princípios que é a esquerda nacional de hoje. 
Os verbos mais usados ali, a propósito de tudo, são proibir, punir reprimir, prender, multar, penalizar, criminalizar, censurar; fala-se cada vez menos em diálogo, e cada vez mais em castigo. 
Não há nenhuma demonstração tão clara disso quanto o novo herói da esquerda brasileira, o ministro Alexandre de Moraes que segundo a mídia, as classes intelectuais e a elite meia-boca destes trópicos salva dia após dia a democracia popular no Brasil. 
Quanto mais ele transforma o país numa delegacia de polícia, e quanto mais utiliza a sua função pública para reprimir, agredir e calar quem pensa de modo diferente, mais excitação provoca na esquerda; vai acabar virando uma espécie de Che Guevara do judiciário. 
O ministro cassa o passaporte de um jornalista que teve de se exilar nos Estados Unidos para escapar à sua perseguição pessoal. 

Multa em R$ 23 milhões um partido político cujo crime foi apresentar uma petição à justiça eleitoral, com alegações de que houve irregularidades na última eleição. Quer que a polícia acabe à força com as manifestações diante dos quartéis. [destaque-se  que os  comandantes militares - Marinha, Exército e Aeronáutica - em  nota oficial, deixaram claro, os limites que devem ser respeitados e, ainda que a contragosto, o ministro está respeitando - não se conhece nenhum caso de manifestantes pacíficos, ordeiros, que exercem o DIREITO CONSTITUCIONAL de manifestação em   ÁREA SOB ADMINISTRAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS - ÁREA MILITAR - terem sido expulsos ou coagidos por autoridades policiais.] O ministro faz dezenas — dezenas, literalmente — de coisas assim, e a cada uma delas se torna mais sublime para artistas de novela, militantes do PT, PSOL e redondezas, advogados de corruptos, milionários de esquerda, jornalistas etc. etc. etc.

É um sinal destes novos tempos escuros, de supressão de liberdades e de repressão à divergência, que alguém como o ministro Moraes seja promovido à posição de apóstolo da “democracia” e de tudo o que hoje é louvado como correção política.  

Não há precedentes de alguma outra autoridade pública brasileira que tenha, como ele, feito uso tão extensivo do ódio como método de ação política e que tenha sido tão admirado por fazer isso na porção do Brasil que julga a si própria como “progressista”. 
Não se trata apenas de usar a suprema corte de justiça do país para violar sistematicamente a Constituição e o restante das leis em vigor, com garantia de impunidade e na execução de objetivos políticos.     A agravante para esta conduta é a sua carga de rancor em grau extremo. É a recusa do debate livre e a obsessão em destruir quem não concorda; é o senso moral de quem fica no campo de batalha para executar os feridos. Virou, em suma, uma coisa fanática. 
 
Em vez de gerar reprovação, porém, o comportamento de “terra arrasada” de Moraes e de seus colegas de STF gera profundo encantamento na esquerda. O resultado é uma aberração. As mentes virtuosas, que propõem a “justiça social”, a “igualdade” e outras fantasias “progressistas”, aplaudem a repressão policial às manifestações em torno de guarnições militares; é a primeira vez na história mundial que a bomba de gás lacrimogênio se vê elevada à condição de arma em defesa da democracia.

A intolerância radical do Brasil de hoje fica evidente, também, na ideia fixa da esquerda em “criminalizar” tudo e todos que a desagradam. Não falam em outra coisa — “criminalizar”. Gente que se diz democrática, equilibrada e “lúcida” vive fascinada com a mania de criminalizar a homofobia, o racismo, o machismo, o “bolsonarismo”, os protestos em frente aos quartéis, a camisa amarela — tudo que vai contra eles tem de ser crime, tem de ser castigado, tem de “dar cadeia”. 
Deixou de ser uma linha de ação; passou a ser uma neurose. 
A última manifestação desse tipo de demência penal veio de um pequeno senador que vive em estado de permanente histeria em sua conduta política e se tornou, ele também, um ídolo da mídia que faz o “L” e se abraça nas redações, em transe, quando Lula é declarado vencedor da eleição presidencial pelo TSE de Alexandre Moraes. 
 
O senador fala num projeto de lei para punir com cadeia (de um a quatro anos) quem der vaia nele, ou em gente como ele, ou chamar a eles todos de “safado”, “vagabundo” ou coisa que o valha. Ele diz, e a mídia repete, que está preocupado com a “pluralidade” política e o “diálogo republicano”.  
Não enganam com essa conversa nem uma criança de 10 anos. 
Toda a esquerda vai continuar chamando Jair Bolsonaro de genocida, fascista e destruidor da Amazônia. 
Quem protesta nos quartéis continua sendo criminoso, golpista e “antidemocrático”. 
Estudantes de direita continuarão a ser insultados e agredidos nas universidades, com o aplauso dos reitores, diretores e professores. 
O “assédio político” é crime que só o adversário pode cometer.

A esquerda festejou a contusão de Neymar na Copa do Mundo — o que pode ser mais intolerante do que uma coisa dessas? Na verdade, é a hora em que o fanatismo atravessa a fronteira do desequilíbrio mental; tirar prazer do sofrimento físico de alguém, seja ele transitório ou permanente, é um dos pontos mais baixos a que pode chegar um ser humano em sua descida rumo ao mal absoluto. Chegou-se a esse ponto, no Brasil de hoje — e a partir daí não há limite para a depravação. Por que o ódio a Neymar? Porque ele apoiou Bolsonaro para presidente, em público. Para a esquerda, isso é crime; não se admite, ali, a noção do voto livre. É um dos fundamentos de qualquer democracia — sem liberdade de votar, simplesmente não pode haver regime democrático

Mas no Brasil do STF, da esquerda e do Google é exatamente o contrário; para haver o seu modelo de democracia, não pode haver o voto livre. 
É proibido escolher o candidato que você prefere. 
É proibido manifestar a sua opinião em público. 
É proibido pensar com a sua própria cabeça. 
Os próximos passos, por essa lógica de negação da liberdade individual, são o candidato único, o partido único e o jornal único. 
É o país com que a esquerda brasileira sonha.

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O Google suspendeu a publicação de propaganda programática (os anúncios de outras empresas distribuídos pelo Google) em Oeste
diz que a revista fere a sua coleção de princípios e aponta, entre os motivos, os artigos de quem assina este texto. 
Quais os princípios, objetivamente, que foram feridos? O Google não informa. 
Quais, então, os artigos específicos que estariam em desacordo com as regras de conduta da plataforma? Também não se diz nada a respeito; presume-se que sejam todos, incluindo os que ainda não foram escritos.  
Pelo que deu para entender, o Google não quer que o autor escreva na Revista Oeste
aparentemente, permite que os seus artigos continuem a ser publicados no Estado de S. Paulo e na Gazeta do Povo, onde é colunista fixo e regular, pois, tanto quanto se saiba até o momento, não suspendeu a sua publicidade em nenhum destes dois veículos. 
O que se pode dizer com certeza para o leitor é que a Revista Oeste continuará publicando os textos do autor, exatamente com o mesmo teor de sempre.

Leia também “A democracia em colapso”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste