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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Governo prepara revisão de demarcações de terras indígenas e quilombolas e pode anular atos anteriores

Secretário especial de Assuntos Fundiários afirmou que a Justiça pode ter sido induzida a erros [12 índios possuírem uma reserva de 50.000 hectares é algo impossível de aceitação até mesmo no Brasil.]

Reforma agrária e demarcações serão 'passadas a limpo', diz secretário do Ministério da Agricultura Nabhan Garcia 

Todos os processos de ocupações de terras do País, desde as medidas de reforma agrária do Incra, passando por demarcações de terras indígenas pela Funai e por delimitações de terras quilombolas pela Fundação Palmares, serão alvo de um levantamento pelo governo Bolsonaro. "Vamos passar a limpo todas as questões fundiárias no Brasil", disse ao Estado o secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antonio Nabhan Garcia.

Amigo próximo do presidente Jair Bolsonaro e ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan teve aval do presidente para redefinir as políticas fundiárias do País. Ele promete uma mudança radical no setor. "Vai ser feito um levantamento amplo para ver a situação real da regularização fundiária. Você acha que tem irregularidades só no Incra? Tem irregularidade em muitos outros setores também", disse Nabhan. "Tudo tem que ser analisado com um olho neutro e isento, sem nenhum tipo de tendência, vínculo político ou ideológico, sem interferência de ONGs." 

Uma das medidas que serão tomadas - e que já foi cobrada por Bolsonaro - será a revisão do processo de demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. "Há muitas situações que terão de ser revistas e apuradas, de uma forma neutra e imparcial. Mas isso não se faz na correria, no grito. Então, não tenho prazo definido para concluir isso." 

Sem mencionar nominalmente o Partido dos Trabalhadores (PT), Nabhan disse que todos os processos de destinação de terras no País precisam ser revisitados, porque foram conduzidos, nos últimos anos, por motivações ideológicas. "Essa contaminação política e ideológica é total, ela está em todos os setores, nas questões quilombolas, na reforma agrária e nas questões indígenas. Isso praticamente predominou em toda questão fundiária no País nos últimos anos", declarou o secretário. "Infelizmente, o que aconteceu é que houve uma interferência política e ideológica muito grande em todo esse processo. Dessa forma, as coisas nunca saem como deveriam sair, contentando um e descontentando outro. Depois que fizermos esse levantamento, vamos tomar as medidas necessárias."

Um dos primeiros atos do governo Bolsonaro foi retirar os processos de demarcação de terras indígenas da Funai, repassando essa atribuição para a nova secretaria criada dentro do Ministério da Agricultura. A missão de identificação e reconhecimento de terras quilombolas também saiu da Fundação Palmares e migrou para a secretaria de Nabhan. O mesmo ocorreu com as atividades do Incra.

Economia e Negócios - O Estado de S. Paulo

 

 

 


segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Discurso conservador atrai eleitores tucanos em direção a Bolsonaro



Questões de gênero e aborto, além de sentimento anti-PT, são temas que reforçam intenções de voto no candidato do PSL 

[com Bolsonaro os praticantes do  aborto - tanto a mãe assassina quanto seus cúmplices - serão punidos com rigor e a maldita tentativa de implantar a pouca vergonha do gayzismo, ideologia de gênero e outras coisas nojentas será neutralizada.
Além do mais a criminalidade passará a ser combatida com rigor, as pessoas de BEM poderão possuir/portar armas e o Brasil voltará a honrar a ORDEM E PROGRESSO.]  
 
Eleitores e ruralistas antes simpáticos ao tucano Geraldo Alckmin dizem que o discurso conservador do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, explica, em parte, a migração dos votos do presidenciável do PSDB para o candidato que lidera as pesquisas num cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Há quem avalie ainda que, diferentemente do partido de Alckmin, quem representaria melhor o sentimento anti-PT é Bolsonaro, que terminou neste final de semana uma série de visitas a cidades do interior paulista, justamente numa ofensiva para avançar sobre o eleitorado de Alckmin.

Das oito cidades que Bolsonaro visitou, três são governadas por prefeitos tucanos, inclusive Glicério, sua terra natal. Por lá, o candidato foi recebido com pompas na praça principal da cidade pelo prefeito Ido Gaúcho, do PSDB, que classificou Bolsonaro como um "candidato diferenciado." Embora tenha evitado apoio explícito ao candidato do PSL, Gaúcho diz que não está "convencido" das alianças que sustentam a campanha presidencial tucana.
— Eu ainda vou decidir o apoio (para presidente), até porque os diretores do meu partido não me convenceram com as alianças que fizeram — disse o prefeito tucano, após abrir as portas da prefeitura para Bolsonaro.

DEUS, FAMÍLIA E AGRONEGÓCIO
Pelas ruas, o sentimento pró-Bolsonaro parecia explicar o resultado das últimas pesquisas a respeito das intenções de voto no estado. Pelo último levantamento Ibope, Bolsonaro aparece com 21%, enquanto o tucano registra 12%, num cenário com Lula. Sem o petista, Bolsonaro registra 22%, e Alckmin, 15%. [as pesquisas começam a ficar mais sérias e fica fácil constatar que Lula representa exatamente o que ele é: NADA.]

— Aqui na cidade a maioria sempre foi Alckmin, agora as pessoas estão virando Bolsonaro. Está faltando mesmo valorizar a família — diz a aposentada Geni Ribeiro, de 74 anos, moradora de Catanduva.

O discurso de um país conservador era comum entre os eleitores, principalmente jovens, que acompanharam as agendas do candidato na região. Durante o corpo a corpo nas ruas, Bolsonaro era seguido por pessoas com o celular em riste, prontas para uma selfie ou transmissão ao vivo. Em um comício em São José do Rio Preto, o candidato chegou a agradecer aos universitários que faltaram à aula para ouvi-lo por "uma causa nobre."  — Eu o acompanho na internet e concordo com as propostas dele. Somos país conservador e é ele agora que nos representa — disse a estudante Priscila Gonçalves, de 24 anos.

O pecuarista Aldo Lupo, um dos apoiadores de Bolsonaro em Araçatuba, lembra que, além de sempre falar de Deus, o candidato defende o agronegócio.
— Eu sempre votei no PSDB contra o PT, mas, na verdade, o PSDB é um partido que tem origem na esquerda. Faltava um candidato de direita, que fala sempre em nome de Deus e defende a família, defende o agronegócio, preza pela segurança e não está comprometido com nenhum outro partido disse.

Candidato pelo nanico PSL e sem alianças, Bolsonaro tem conseguido a mobilização de empresários e produtores rurais, que estão ajudando a organizar e a financiar sua agendas de campanha. No início do ano, Lupo convocou alguns amigos ruralistas em um grupo de WhatsApp para fazer uma “vaquinha” para conseguir instalar outdoors na região. A meta era alcançar R$ 5 mil, mas chegaram a R$ 30 mil. Hoje, o grupo reúne, segundo ele, 200 “cidadãos de bem.”
Durante o giro pelo interior, Bolsonaro participou de jantares reservados para cerca de 400 pessoas em Presidente Prudente, Araçatuba e São José do Rio Preto. Para ouvir o candidato, cada participante desembolsou em média R$ 150. Pastores evangélicos e militares de alta patente eram convidados.

CARAVANA DO INTERIOR
A quantia, segundo os organizadores, era apenas para custear um buffet, e não para receber doações para campanha. Em São José do Rio Preto, o cardápio incluía risoto, massa, carne e salada. Para beber, refrigerante, água e cerveja. De sobremesa, sorvete com amoras. Na ocasião, antes de posar para fotos e se juntar à mesa com alguns anfitriões, Bolsonaro fez um discurso de 12 minutos, no qual atacou a direção do PSDB.
- Como eu, muita gente agora compreende que não suportaremos mais um ciclo de PT com PSDB - disse Bolsonaro, que, em alguns encontros, lembrou que ele mesmo apoiou o PSDB. 

- Vamos afastar de vez o comunismo do Brasil - convocou.
Organizador da caravana de Bolsonaro pelo interior, o pecuarista Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR), disse que “abraçou a causa” do candidato do PSL porque existe um clamor por uma mudança, pautado sobretudo na questão da segurança e da ética.
— Existe uma insatisfação com o governo do PSDB. A mudança (para Bolsonaro) é porque as pessoas começaram a entender que PSDB e PT são a mesma coisa, são a personificação dos políticos que prometem e não fazem nada — avalia Nabhan.

Presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno avalia que Bolsonaro cresce em São Paulo à medida que o tucano se distancia dos desejos do seu eleitorado:
— O Geraldo Alckmin é mais um dos políticos que perdeu a conexão com a realidade. Os políticos se encastelaram e isso está gerando o resultado da campanha (do Bolsonaro).