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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Altos salários e tédio: o que explica o furor militante dos funcionários do TSE

Vozes - Polzonoff

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja 

MENTE VAZIA

funcionários TSE
Funcionários TSE
Uma cebola é uma cebola,sempre uma cebola. Foto: Reprodução/ Youtube

Estava lendo (e rindo) pela segunda ou terceira vez a matéria do meu colega Gabriel de Arruda Castro sobre o curso de lacração dos funcionários do TSE. 
 O “barriguinha” no título é de uma sutileza genial. 
E a melhor parte do texto é quando a palestrante compara o racismo estrutural à estrutura de um prédio – e mostra a foto de um prédio. 
Tudo no texto é muito real e verdadeiro, e não só porque confio no autor da reportagem. É que é impossível inventar uma patuscada dessas.
 
O Gabriel também foi muito feliz ao informar os salários dos funcionários envolvidos no curso de doutrinação que pretende transformar os funcionários do TSE em militantes da infame Agenda 2030 da ONU: todos na faixa dos R$20 mil, exceto por uma “oprimida” que ganha apenas R$14 mil. Tadinha. 
Os valores despertaram ainda mais a ira de quem leu a matéria para descobrir no que será gasto o dinheiro arrecadado com os novos e estratosféricos impostos do ministro Haddad aquele que dá gosto chamar de Taxad. Por que não?
 
Ali pela quarta ou quinta leitura, porém, minha visão sobre esse mundinho que vive uma distopia não tão particular assim, a bolha dos funcionários públicos muito bem remunerados, começou a mudar. 
Deixei a ira cidadã de lado e fui tomado por algo mais incômodo que vou chamar de pena. 
Porque comecei a pensar no tédio de que sofrem essas pessoas, muitas delas jovens cheios de energia, fechadas em seus gabinetes existencialmente claustrofóbicos, ocupadas em encontrar sentido para suas vidas entre uma eleição e outra. Ou melhor, entre um nada e outro.

(Mas antes de continuar quero dizer que minha mulher - sempre ela! - veio aqui, leu este texto por sobre meu ombro e reclamou da generalização que faço dos funcionários públicos do TSE. Expliquei para ela, e agora explico para vocês, que estou generalizando mesmo. Mas reconheço que há exceções. Não conheço nenhuma, pero que las hay, las hay. Tudo certo agora? Posso continuar, Dani?).

Parque de diversões
“Mente vazia, oficina do diabo”, diz o ditado – e não é preciso ser muito perspicaz para perceber que o tinhoso construiu todo um complexo industrial de maldade (ainda que não-intencional) na cabecinha ociosa desses ultraprivilegiados.  
Desses jovens que, se me permitem a sociologia de botequim a esta hora da manhã (ou da tarde ou da noite; vai saber a que horas você está lendo!), se julgam melhores do que os pobres mortais (nós) que pagam seus salários porque passaram num concurso público ou têm os contatinhos certos nos cargos certos.
 
Daí aquilo que por falta de termo melhor vou chamar de pena
Ah, se ao menos os funcionários do TSE tivessem valores morais sólidos. Ah, se ao menos eles tivessem ambições espirituais verdadeiras. 
Ah, se ao menos não tivesse se deixado levar pelo canto das sereias da Ilha da Tecnocracia.
 Ah, se fossem um pouquinho humildes. 
Um pouquinho só. 
Ah, quanta diferença real eles seriam capazes de fazer no mundo.
 
Na condição de funcionários públicos, cidadãos e principalmente seres humanos, imagino que eles se sentiriam muito mais realizados se usassem o tempo livre, a capacidade de organização e até mesmo a fortuna de dinheiro público de que dispõem no TSE para promoverem cursos e seminários realmente engrandecedores. 
Cursos e seminários sobre temas importantes, que dialogassem com o mundo real e não com o parque de diversões das pautas identitárias, com a montanha-russa do racismo, a roda-gigante da gordofobia ou o trem-fantasma do feminismo.
 
Garanto la garantía soy yo! – que eles se sentiriam muito mais úteis e realizados. 
E talvez dispensassem os ansiolíticos e os antidepressivos para dormir com a deliciosa sensação do dever cumprido ao testemunharem a construção de algo virtuoso e duradouro. 
De uma obra erguida sobre a rocha da imperfeita civilização judaico-cristã que nos trouxe até aqui. E não sobre essa areia pós-moderna multicolorida e suscetível às marés que é a ideologia.


Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sábado, 2 de julho de 2022

O avanço para o atraso - Revista Oeste

Edilson Salgueiro

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock
Como o mundo foi cair neste desvio? 
Como populações inteiras se renderam à tirania de um clube de bilionários? 
Como pessoas livres aceitaram ser classificadas por status (falso) de saúde? 
Como tanta gente esclarecida pôde confundir propaganda com ciência e censura com ética?

Essas e outras provocações estão no livro Passaporte 2030: o Sequestro Silencioso da Liberdade, do escritor e jornalista Guilherme Fiuza, colunista de Oeste. A obra, publicada neste mês pela Editora Avis Rara, mostra que o mundo está mergulhando em um totalitarismo disfarçado de proteção à vida humana.

Os ataques à liberdade baseiam-se na Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Fórum Econômico Mundial. O documento estabelece, entre outras coisas, 17 metas que os países devem atingir até o fim desta década. A ideia é criar um mundo mais próspero e menos desigual, segundo os idealizadores.

A lista reúne pautas importantes, embora genéricas, como erradicar a pobreza e a fome, oferecer saúde e educação de qualidade e promover o crescimento econômico. Mas há “armadilhas” como a ideia da igualdade de gênero e o combate ao aquecimento global. Com sua coragem e seu sarcasmo peculiares, Fiuza denuncia essas ideias que, apesar de soar bem aos ouvidos, atentam contra as liberdades individuais.

             Livro de Guilherme Fiuza | Foto: Divulgação

“A chamada Agenda 2030 é uma representação vigorosa de dois valores marcantes do século 21: empáfia e futilidade”, escreve Fiuza, no livro. “Conseguir juntar empáfia e futilidade já é, por si, uma façanha — e esta é a alquimia da modernidade 2030: potencializar a falta de potência, encher de presunção a mediocridade.”

Há uma razão para as críticas. Isso porque o lema da Agenda 2030 é o seguinte: “Você não terá nada e será feliz”.

Segundo Fiuza, essa ideia é um apetitoso convite de mentira a um mundo de união, conectado pela inteligência e pela ética. “Seria uma espécie de neorromantismo hippie, atualizado pela tecnologia, e que poderia soar até inspirador se não fosse falso”, diz o comentarista de Os Pingos nos Is, programa de maior sucesso da Jovem Pan. “Mas a falsidade é um detalhe, como você felizmente já notou.”

Checamos: você não existe
O livro não pretende apenas denunciar as doses de autoritarismo das Nações Unidas e do Fórum Econômico Mundial. Ele também destaca que há uma espécie de hipnose coletiva no Brasil, capaz de formar um senso comum desvairado. E isso não seria possível sem a atuação da imprensa.
 
Durante a pandemia de coronavírus, grandes veículos de comunicação se uniram para criar o autointitulado “consórcio de mídia”. O objetivo: preservar a verdade e desmentir as fake news.  
Na epidemia de manchetes iguais em veículos historicamente concorrentes, foram propagadas “verdades” como a “ciência” dos lockdowns, a lisura” das eleições presidenciais dos Estados Unidos e as “ilegalidades constitucionais” do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Chegamos ao ano de 2021 podendo acontecer de um país inteiro sair às ruas, em uma manifestação gigantesca, e não sair nada na imprensa”, disse Fiuza, referindo-se ao 7 de Setembro. “Só um veículo ou outro registrando aquilo, ante o silêncio total dos que compunham o núcleo da grande mídia, levando o cidadão a achar até que as multidões que ele mesmo viu na rua foram miragem.”

Ciência para quem precisa
A crise sanitária tornou o mundo refém de “diretrizes de saúde” semelhantes às formas implacáveis de controle chinês sobre os seus cidadãos. No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, surfou na onda do showman da pandemia, Anthony Fauci, e recomendou a vacinação contra a covid-19.

Há estudos que mostram os efeitos adversos dos “imunizantes”? Não exatamente. Segundo o cardiologista Peter McCullough, que tem mais de 80 mil citações acadêmicas, os códigos da Food and Drug Administration (FDA) exigiam um mínimo de dois anos de dados de segurança para a aprovação de uma vacina. “Para a covid-19, esses dois anos viraram dois meses”, afirmou o professor de medicina na Baylor University Medical Center.

“Foi comovente ver o STF declarar lealdade à Agenda 2030, depois de reabilitar politicamente o criminoso Luiz Inácio Lula da Silva. Parece que o mundo é mesmo dos espertos”

“Em um mundo de instituições confiáveis, você não precisa de uma demonstração sólida do risco/benefício de vacinas experimentais”, ironizou Fiuza. “Não precisa de uma demonstração sólida da ação imunizante da vacina como fator de mitigação da pandemia. Você só precisa de propaganda, slogan, gritaria, censura, ordem unida, intimidação e coação.”

Apesar da falta de estudos conclusivos sobre a eficácia das vacinas contra a covid-19, a discussão pública sobre o tema foi grosseiramente impedida. Arlene Ferrari Graf, por exemplo, foi banida de várias plataformas de rede social porque mostrou ao público que seu filho, o advogado Bruno Graf, morreu depois de tomar a vacina da AstraZeneca. A Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado de Santa Catarina (SES/SC) reconheceu a causalidade, mas as big techs continuam a cercear o conteúdo transmitido por Arlene.

Operação Lava Lula
A política também é assunto em Passaporte 2030: o Sequestro Silencioso da Liberdade. Especialmente, sua parte mais espúria. O ministro Luiz Edson Fachin, do STF, anulou os quatro processos penais existentes contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive a condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove magistrados diferentes.

Esse disparate passou batido pelo “consórcio de mídia”, mas não por Fiuza. “O império da demagogia faz milagres”, ressaltou. “Basta recitar a cartilha certa e o mundo se ajoelha para você — esmagando os que não recitaram, naturalmente. Foi comovente ver o Supremo Tribunal Federal declarar lealdade à Agenda 2030, depois de reabilitar politicamente o criminoso Luiz Inácio Lula da Silva. Parece que o mundo é mesmo dos espertos.”

E continua. “Após a descondenação, as pesquisas entraram em festa”, escreveu Fiuza. “Lula reapareceu disparado no coração do povo que ele roubou, traiu e humilhou — porque todo mundo sabe que o brasileiro é masoquista e acha que vale a pena ver de novo a cara da desgraça.”

Ao fim e ao cabo
O livro não se atreve a responder às provocações feitas em seu início. “Mas passeia pelos arredores delas”, diz o jornalista. A seguir, o último capítulo da obra.

“Chegamos enfim ao momento mais aguardado: a divulgação dos vencedores do Prêmio Seringa Press — o Oscar do lobby vacinal. Segue a lista dos agraciados:

Melhor Infectologista: Bill Gates

Melhor Epidemiologista: Bill Gates

Melhor Virologista: Bill Gates

Melhor Sanitarista: Bill Gates

Melhor Oráculo da Ciência: Bill Gates

Melhor Profeta de Pandemia: Bill Gates

Melhor Clínico: Bill Gates

Melhor Cínico: Bill Gates

Melhor Pediatra: Bill Gates

Melhor Enfermeiro: Bill Gates

O Cara Que Sabe O Que É Bom Pra Tosse: Bill Gates

Melhor Médico de Família: Bill Gates

Melhor Amigo da Família: Bill Gates

Melhor Amigo da Mamãe Farma: Bill Gates

Melhor Amigo da OMS: Bill Gates

Melhor Amigo das Agências Reguladoras de Saúde: Bill Gates

Melhor Amigo da Ditadura Chinesa: Bill Gates

Melhor Amigo dos Amigos do Laboratório de Wuhan: Bill Gates

Melhor Amigo do Aloprado dr. Fauci: Bill Gates

Melhor Amigo do Jornalista Carente: Bill Gates

Melhor Socorrista da Imprensa Falida: Bill Gates

Melhor Benemérito das Milícias Checadoras: Bill Gates

Melhor Benfeitor das Consciências de Aluguel: Bill Gates

Melhor Conselheiro das Horas Difíceis: Bill Gates

Cara Mais Legal Que Tem Por Aí: Bill Gates

Maior Guardião da Verdade Universal: Bill Gates

Muso Onisciente das Plataformas Digitais: Bill Gates

Maior Exterminador Do Que É Errado: Bill Gates

Maior Viralizador Do Que É Certo: Bill Gates

Maior Viralizador: Bill Gates

Maior Velocista da História das Vacinas: Bill Gates

O Cara Que Acabou Com Aquela Burocracia Chata De Ter Que Esperar Anos De Estudos Pra Saber Se Uma Vacina Era Boa: Bill Gates

O Cara Que Ensinou À Ciência O Que É Propaganda Na Veia: Bill Gates

O Cara Que Amoleceu Uma Multidão de Corações Com Seus Belos Olhos: Bill Gates

O Cara Mais Mão Aberta Que Eu Já Conheci: Bill Gates

O Cara Que Mais Se Preocupa Com A Sua Saúde: Bill Gates

Melhor Higienizador do Ambiente: Bill Gates

Melhor Purificador da Humanidade: Bill Gates

Melhor Cara Para Te Dizer Quantas Picadas Têm De Constar No Seu Passaporte Sanitário: Bill Gates

Melhor Fiador do Esquema Vacinal Completo: Bill Gates

Melhor Pessoa Pra Segurar A Coleira Que Vai Te Guiar Pelo Mundo da Imunidade Imaculada: Bill Gates

Melhor Pessoa Pra Arrancar A Máscara Dos Nazistoides Alucinados Fantasiados de Salvadores da Espécie: Você.”

Leia também “10 bons momentos de Fake Brazil

Edilson Salgueiro, colunista - Revista Oeste


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Tribunal de vanguarda - O discurso vergonhoso do ministro Luiz Fux: pelo menos é tudo às claras

Paulo Polzonoff Jr. 

Vergonhoso. Lamentável. Deplorável. Estupefaciente (sempre quis usar essa palavra). Esses foram os adjetivos que me vieram de pronto à mente assim que terminei de acompanhar o pronunciamento do ministro Luiz Fux, presidente do STF, na sessão de encerramento dos trabalhos do Judiciário este ano. Já posso encerrar os trabalhos do Polzonoffiário este ano também, chefinho?

Luiz Fux: STF perdeu qualquer resquício de pudor e hoje se orgulha de ser um “tribunal de vanguarda” -  Marcelo Camargo/Agência Brasil

Como, porém, nos aproximamos de uma época festiva, acho que vale a pena destacar desde já a única coisa boa do discurso do ministro, isto é, o fato de ele dizer tudo abertamente, para quem quiser ouvir. Fux e o STF não têm mais vergonha do ativismo, muitos menos do caráter explicitamente progressista da corte. Não à toa, já no finalzinho Fux encheu a boca para dizer que o STF hoje é um “tribunal de vanguarda”. Para bom entendedor, me.

Fora o fato de o STF já não usar mais a máscara simbólica de instituição guardiã da nossa Carta Magna
, não há absolutamente nada que se salve no discurso de Luiz Fux. Os ministros agem como entes políticos. E nem é como poder moderador, embora lá no finalzinho do discurso Fux tenha ousado dizer que o Judiciário é, sim, o garantidor da estabilidade democrática. 

Eles agem mesmo ora como partido de oposição, ora como um Poder Executivo Paralelo, capaz de determinar ações em todas as esferas da administração pública. “Somos o único tribunal do mundo com um observatório do meio ambiente”, orgulha-se o semipresidente, ops, ministro Fux depois de citar várias ações progressistas que contam com o carimbo orgulhoso do STF.

Só podem estar loucos
O discurso já começou com o ministro Luiz Fux chamando para o STF a responsabilidade pela gestão “maravilhosa” da pandemia: outra atribuição que, em termos normais, seria do Poder Executivo. Como num jogo de vôlei solitário, Fux levanta a bola para ele mesmo cortar e dizer que o STF é a favor da ciência (oh!) e contra o quê? Sim, ele mesmo, o negacionismo!

Mas tudo bem. No Brasil é assim: os ministros fingem que são uma corte constitucional inspirada na Suprema Corte norte-americana e a gente finge que acredita nesse delírio. Até porque se não acreditarmos podemos incorrer no gravíssimo crime de “ameaça retórica”, mencionado por Fux para se vangloriar da ação do Supremo na defesa da democracia. Faz-me rir.

Por falar em delírio, logo depois de exaltar a atuação do STF no combate à pandemia, Luiz Fux melancolicamente revela o quanto o poder isola e cria para si uma realidade muito particular. Porque, em se acreditando na sinceridade das palavras dele, o STF de fato se vê como uma instituição de representação popular. Não, não estou viajando na maionese. Foi o próprio Fux quem disse que o STF “cumpre a missão conferida pela população brasileira”, para em seguida agradecer “o amor e a admiração” que a maioria dos brasileiros nutriria pelo colegiado.

Neste momento fiz aqui no meu caderninho uma anotação triplamente sublinhada que diz “Só podem estar loucos!!”. Será que isso pode ser considerado “ameaça retórica”? Por garantia, foi sem querer, hein, ó plenipotenciário ministro!

No rol das sandices supremas, não posso ignorar o fato de todo o blá blá blá envolvendo a proteção da Constituição ter sido acompanhado por uma arrojada confissão de que é a Agenda 2030 da ONU o que norteia as ações do STF. A Agenda 2030 da ONU, e não a Constituição do Brasil, aquela que pode até ser uma estrovenga, mas que bem ou mal ainda reflete o que pensa a sociedade brasileira. O fato de muitos itens da Agenda 2030 entrarem em conflito com a Constituição não é um problema. Afinal, lembre-se de que no Brasil vigora um pacto de cinismo e quem disser que o STF não é corte constitucional estará cometendo “ameaças retóricas” contra a instituição.

Atos falhos
Boquiaberto com a fala de Fux, assim que a palavra foi passada ao ministro Ricardo Levandowski (que, com todo o respeito, sabe bajular como poucos os colegas) me permiti, primeiro, imaginar como seria o discurso ideal de um ministro do STF. Antes de mais nada, deveria prezar pela discrição. Ou seja, nem deveria ocorrer.

Mas já que ocorre, me deixei levar pelo sonho de ter na presidência do Supremo Tribunal Federal uma pessoa capaz de dizer que, olha, passamos um pouquinho do ponto este ano, prendendo dissidentes conservadores por crimes que nem existem. Neste meu delírio, vejo-o saindo de trás da bancada, indo até o ministro Alexandre de Moraes, puxando a orelha dele e dizendo: “Ai, ai, ai, que feio!”.

Daí contei com a agilidade da minha imaginação para sair da pré-escola e entrar num consultório de psicanálise, tantos foram os atos falhos de Fux nesse discurso. A certa altura, por exemplo, ele fala que o STF vai “agir e reagir”. Quanto a reagir, tudo bem; mas agir, ministro? Ah, claro. Infelizmente insisto em me esquecer de que a maioria daqueles senhores e senhoras cresceu ouvindo que deveriam ser agentes de transformação social.

Adiante, e depois de mencionar números que impressionam pelo absurdo (das 95 mil ações julgadas pelo STF ao longo do ano, 80 mil foram decisões monocráticas), Fux se põe a mencionar mil e uma ações políticas, evidentemente atribuições de outras esferas. Ao perceber que se perdeu no papel e que aquelas ações todas revelavam o quanto o STF gostava de passear pelos outros poderes, ele se sai com um esclarecedor “Agora voltando ao nosso poder...”.

E, já no finalzinho, Fux bota uma medalhinha no próprio peito progressista para dizer que sua gestão consolida o STF como um “tribunal de vanguarda”. Ou seja, um tribunal explicitamente revolucionário, composto por ministros esclarecidos e guiados pelo “projeto global” (expressão de Fux) da Agenda 2030 da ONU, e que claramente vê o presidente Jair Bolsonaro como um obstáculo às suas ambições.

Diante de neuroses ideológicas tão claras
, fico me perguntando qual seria o diagnóstico desse psicanalista imaginário. E, mais importante, qual seria a linha de tratamento. Tive um amigo que costumava reclamar da psicanálise, dizendo que, para consertar um vaso lascado, a psicanálise propunha que o próprio vaso se quebrasse em mil pedacinhos e fosse pouco a pouco remontado. E que, antes disso, o vaso tinha de reconhecer a lasquinha que tanto o incomoda.

A julgar pelo que disse Fux, o STF não reconhece que está lascado e, obviamente, não quer passar pelo sofrido processo de reconstrução a partir da autocrítica. Ao contrário, o STF, esse narcisista, segue se vendo no papel de liderar o país rumo a uma utopia. E ninguém haverá de detê-los.

Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta  do Povo - VOZES