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terça-feira, 11 de junho de 2019

EUA vetam hasteamento da bandeira LGBT em embaixadas no Mês do Orgulho Gay

Mike Pompeo, chefe da diplomacia americana, proibiu que representações diplomática exibam o símbolo em seus mastros, como feito na administração Obama


O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, proibiu que as embaixadas dos Estados Unidos exibam a bandeira arco-íris em seus mastros por ocasião do Mês do Orgulho Gay, confirmou nesta segunda-feira o departamento de Estado.

Pompeo, um cristão evangélico, já declarou que considera o casamento como a união entre um homem e uma mulher”, mas que respeita seus funcionários independentemente de sua orientação sexual.
“O secretário considera que no mastro (das embaixadas) deve tremular apenas a bandeira americana”, revelou a porta-voz do departamento de Estado Morgan Ortagus.

A funcionária destacou que os diplomatas no exterior poderão colocar a bandeira arco-íris em qualquer outro local da embaixada em junho, mês do orgulho LGBTI, que este ano recorda o 50° aniversário dos distúrbios de Stonewall, em Nova York, um marco na luta pelos direitos desta comunidade.
“O atual mês do Orgulho Gay é celebrado em todo o mundo por muitos funcionários do departamento de Estado”, recordou Ortagus.

A administração precedente, presidida pelo democrata Barack Obama, deixou que a bandeira arco-íris tremulasse nas embaixadas dos EUA sem restrições, e iluminou a Casa Branca com estas cores quando a Suprema Corte legalizou o casamento homossexual em todo o país, em 2015.

A ordem de Pompeo provocou indignação entre os defensores dos direitos dos homossexuais: “em um momento no qual as comunidades LGTBQ são perseguidas em todo o mundo, esta decisão do departamento de Estado é um ataque descarado contra os direitos LGTBI”, disse o senador democrata Ed Markey.

 AFP - Veja

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Os russos não dão bandeira

A Rússia vai se concentrar no verdadeiro problema de segurança, que é o terrorismo

De repente, chegou por aqui uma notícia: quatro brasileiros foram presos por exibir uma bandeira do país na rua. Era fake news.  Talvez tenha nascido da cartilha da Embaixada do Brasil que aconselhava a não ostentar bandeiras nem carícias entre gente do mesmo sexo nas ruas da Rússia.  A Embaixada não fez mais do que seu dever. Informar as leis do país para defender os brasileiros que o visitam. Num país onde, por exemplo, as mulheres têm de usar véu, a obrigação consular é avisá-las. No entanto, apesar das precauções, é evidente que essa história da bandeira é uma regra que não pega na Copa do Mundo.

Saí pelas ruas e documentei, no domingo, como as imediações do Kremlin estavam cheias de gente com bandeira. Todos sul-americanos, e um russo. Ouvi gente que vive aqui. Um diplomata contou que um dia usou uma bandeira no estádio e muita gente se aproximou, pedindo-a de presente. Já um jornalista que mora aqui alguns anos teve uma experiência diferente. Enrolado na do Brasil, atraiu a hostilidade de alguns transeuntes porque pensavam que era de algum movimento separatista.  Durante o conflito com a Ucrânia, muito possivelmente as pessoas que andassem com a bandeira do país nas ruas de Moscou seriam hostilizadas. Os russos têm uma palavra para isso. Soa mais ou menos assim: “provocacia”. Quer dizer provocação.

É improvável que o governo russo reprima latino-americanos cantando nas ruas com a bandeira de seu país. Num só trecho ao lado do Kremlin, encontrei bandeiras da Colômbia, México e Peru. O interessante é que apareceu um torcedor russo com a bandeira de seu país e se juntou ao alegre grupo mexicano que cantavam “Cielito Lindo”, origem provável do nosso “Está chegando a hora”.  Talvez a mesma tolerância exista para a bandeira do arco-íris, caso apareça nas ruas. Eu não a vi. O problema é que os russos sabem que o mundo está de olho na Copa e, com décadas de experiência de “provocacia”, vão se concentrar no verdadeiro problema de segurança, que é o terrorismo.

Além do terror, outro problema central são os hooligans, nome, por sinal, de origem russa. Eles estão sendo monitorados no país, e nove agentes especiais britânicos vieram para acompanhar os ingleses.  Ao que tudo indica, podem ser neutralizados nesta Copa. Numa entrevista concedida a um youtuber, um hooligan russo afirmou que a polícia estava vigiando de perto, e que a chance de haver conflito na Copa era menor. Isto porque já houve um grande confronto em Marseille, em 2016, entre os hooligans russos e ingleses:
— Estamos satisfeitos com aquilo. Foi o grande momento na nossa história. Daqui para diante, um outro confronto seria uma espécie de anticlímax.

O confronto de Marseille foi considerado o mais grave da história. Mais aguerridos e organizados, os russos deixaram muitos feridos no lado inglês. A polícia francesa, pega um pouco de surpresa, perdeu o controle da situação. Embora não seja um especialista nesse região do mundo, a análise politica mais elementar indica que os russos farão tudo para que a Copa dê certo e a tendência é a de poucos incidentes. Isso não significa um estímulo a sair com as bandeiras pelas ruas porque, como dizia Afonso Arinos, não se deve confiar apenas na cúpula: o problema está quase sempre no guarda da esquina.

Fernando Gabeira - O Globo
 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Insultar Trump é uma forma de onanismo: satisfaz mas não convence

Comecei e não acabei o último livro de Hillary Clinton. Razões de saúde. Como aguentar as explicações de Hillary para a sua derrota contidas em "What Happened"?

Verdade que não tinha esperanças: honestidade é palavra que não combina com a senhora. Mas o livro só pode ser produto de uma mente enlouquecida.  Segundo Hillary, a derrota não é culpa sua. É culpa de Barack Obama, James Comey, Bernie Sanders, Vladimir Putin. E ainda dos "deploráveis" de Donald Trump, do machismo reinante, da mídia (palavra de honra: da mídia!). Será que a esquerda americana acredita nessa farsa?

Não acredita e Mark Lilla é a prova viva. Sei que tenho falado muito de Lilla. Inevitável. A grande distinção que existe não é entre esquerda ou direita, ao contrário do que pensam os débeis. É entre inteligência ou falta dela. Lilla é um dos mais brilhantes ensaístas da sua geração. Ser liberal de esquerda é um pormenor.  Mas não em "The Once and Future Liberal: After Identity Politics". O ano ainda não acabou. Mas arrisco dizer que é o melhor texto político que li em 2017.

Lilla não tem a covardia e a mendacidade de Hillary.
Sim, a "nova esquerda" está em crise e insultar Trump (e os "deploráveis") é uma forma de onanismo: satisfaz, mas não convence. Os problemas da esquerda estão na própria esquerda. Tese do autor: quando olhamos para o século 20, encontramos dois grandes momentos. O primeiro pertence a Franklin Roosevelt. O segundo a Ronald Reagan.

Roosevelt surgiu no meio do colapso econômico e da ascensão dos fascismos. Que fez ele? Deu um propósito comum aos americanos na luta por igualdade econômica, emancipação civil –e na derrota do totalitarismo.  O "New Deal", sob diferentes máscaras, prolongou-se até a década de 1970. Quando mostrou os seus limites: despesa incontrolável, carga fiscal idem, burocracia e regulação sufocantes.

Reagan ofereceu a segunda grande narrativa: o governo não era a solução para os problemas do país; o governo era parte do problema. Solução? Libertar a economia americana e a iniciativa individual rumo a uma América rica e confiante.  Perante esse segundo momento, que fizeram os "liberais" de esquerda? Um pouco de história: até a década de 1960, a base do Partido Democrata estava no "proletariado" (para usar a expressão do tio Karl) e nos trabalhadores rurais. Mas a contracultura submergiu essa tradição com seu romantismo libertário.

A principal consequência desse movimento foi a emergência de uma "política de identidade" que derrotou, digamos, a "identidade dual" que sempre definiu os nativos. Por um lado, eles eram americanos; por outro, e em decorrência do primeiro axioma, eles podiam ser o que quisessem (a situação dos negros é um caso à parte, claro). A "política de identidade" apagou essa dupla dimensão: o indivíduo não é parte do todo. Ele passou a ser separado do todo pelo "narcisismo das pequenas diferenças". Ele é negro, gay, mulher, índio, anão e não vai além do seu estreito horizonte. Isso significa que a política, para ele, é um assunto estritamente pessoal (e não republicano, no sentido cívico da palavra).

Essa cartilha foi promovida pelas universidades –e, em especial, pelos antigos alunos românticos da década de 1960, que, frustrados com a "realidade" da década de 1980, regressaram à base na qualidade de professores. E com duas mensagens letais: os partidos não são de confiança (melhor criar "movimentos") e as únicas causas políticas que valem a pena são aquelas que realizam nossas aspirações identitárias.  Por outras palavras: os liberais "balcanizaram-se" em tribos que não contam para nada. E o Partido Democrata foi arrastado para essa armadilha. Azar. A política, lembra Lilla, não é uma sessão contínua de terapia; é uma luta para conquistar e exercer o poder. Aliás, sem poder, os "direitos das minorias" são conversa de Facebook.

Só que a conquista e o exercício do poder implicam olhar para o mundo que existe "lá fora": para o "proletariado" e os trabalhadores rurais que não desapareceram com o arco-íris. Como o autor afirma, em imagem brilhante, é um mundo onde o wi-fi não existe, o café é fraco e os jantares não rendem boas fotos no Instagram.

Hillary Clinton perdeu porque ignorou e insultou os problemas e as aspirações desse mundo. Trump venceu pela razão oposta.  Se a "nova esquerda" não aprende a lição com a "velha esquerda", paz à sua alma.



Fonte: Folha de S. Paulo