As
invasões e depredações neste momento em curso na capital federal
constituem um erro descomunal!
Quem julgar que estou equivocado pense em
Alexandre de Moraes , em Lula, em Flávio Dino, em Rodrigo Pacheco, nos
ministros indicados pelo PT aos tribunais superiores.
Vocês acham que
eles estão, neste momento, fazendo um exame de consciência? Avaliando
suas condutas anteriores? Arrependidos? Decidindo mudar de vida?
Entregando o poder aos invasores?
Bem ao
contrário! Estes atos contribuirão para explicar o que esses atores da
cena política faziam antes sem motivo. Agora, instigados pelo vandalismo
que estamos assistindo pela TV, passarão a intensificar e ampliar suas
ações! Outras garantias individuais vão para o saco e outros pagarão a
conta.
Há tempos,
milhões de brasileiros olham assustados para o futuro. Identificam um
avanço totalitário incidindo sobre a liberdade e a privacidade dos
cidadãos, sobre os direitos humanos e veem na lixeira princípios
constitucionais e leis que os protegiam.
Jornalistas
vítimas de assédio judicial. Seus espaços de comunicação tomados pelo
Estado que, sempre insatisfeito, impõe multas, recolhe passaportes e
inclui as vítimas em inquéritos que (como muito bem escreveu alguém) são
as únicas coisas persistentemente sigilosas em nosso país.
Aos poucos,
mas sem recuos, o país saiu dos trilhos do bom Direito e da boa
Justiça.
Há um terrorismo de Estado e um fedor distópico orwelliano
impregna a atmosfera da vida social de inesperadas supressões de
direitos. E há o silêncio com que a outrora grande mídia expressa seu
descompromisso com bens essenciais à natureza humana.
Dezenas de
milhões de cidadãos estão indignados, mas a indignação, hoje, se
expressou de modo totalmente equivocado.
Não sei o
que vai acontecer depois que eu encerrar este texto. Entretanto, preciso
lembrar que dentro de três semanas assume um novo Congresso Nacional.
Ele foi aclamado como expressiva vitória eleitoral dos conservadores e
liberais ou, mais sinteticamente, dos não esquerdistas, ou não
revolucionários, ou não petistas. Essa eleição a esquerda reconhece que
perdeu.
Então me
pergunto: por que, à parte da loucura de hoje, não aproveitamos esses
dias para, nas bases, aí onde vivem centenas de parlamentares, conversar
com eles, dizer-lhes o quanto precisamos deles para recuperar bens de
altíssima relevância, como as liberdades de opinião e de expressão, para
coibir abusos de que tantos são vítimas e para sustar o autoritarismo,
venha de onde vier?
Esses
congressistas – deputados e senadores da próxima legislatura – são nossa
esperança. E Lula quer os votos deles! Cabe-nos, portanto, agir no
sentido oposto, mostrando o quanto a democracia e as nossas liberdades
dependem de que cumpram o compromisso assumido com quem lhes confiou a
representação política e foi explicitado no ato de posse, quando
disseram: "Prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar
as leis, promover o bem geral do povo brasileiro e sustentar a união, a
integridade e a independência do Brasil".
Percival
Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.