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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Barroso confessa: perdeu, mané! - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Em um país sério, jamais um ministro de Corte Suprema seria palestrante empolgado em evento de estudantes comunistas. Em um país sério, esse ministro jamais afirmaria, com orgulho, que "derrotou" o candidato de direita. 
A constatação inapelável é a de que o Brasil não é um país sério. Nem perto disso.
 
O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse na noite desta quarta (12) que enfrentou e derrotou o “bolsonarismo”. A declaração foi dada após ser vaiado por um grupo de estudantes na abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). A fala entrou na mira de deputados da oposição, que consideram entrar com um processo de impeachment contra o magistrado por cometer crime de "exercer atividade político-partidária". [o único empecilho é que o STF em julgamento extraordinário antecipado já inocentou o ministro Barroso. Valeu a regra do ministro Fux,  quando  presidente do STF, sentenciou: 'mexeu com um,mexeu com todos'. ]

As vaias a Barroso ocorreram por conta da atuação dele em processos na Corte, como o piso da enfermagem e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. “Nada que está acontecendo aqui me é estranho. Já enfrentei a ditadura e já enfrentei o bolsonarismo. Não tenho medo de vaia porque temos um país para construir. Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse.

Quem seria esse "nós" a que ele se refere? O STF? E quem deu ao Supremo a missão de "construir um país", em vez de preservar a Constituição?  
O mesmo Barroso, não faz muito tempo, reconheceu que o Poder Judiciário virou um "poder político", admitindo o ativismo inconstitucional. 
Foi o mesmo ministro que já confessou seu desejo de "empurrar a história", e que, provocado com perguntas educadas e legítimas em Nova York, rebateu: "Perdeu, mané!"

Enquanto isso, o ministro Flávio Dino, da Justiça, reafirmou que o governo quer regulamentar as redes sociais e que as plataformas são usadas para divulgar as “ideias da direita e do poder econômico”. As falas foram dadas durante a abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que teve também um protesto com vaias ao ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Está tudo funcionando perfeitamente em nossa democracia, como podem perceber. Golpistas são os patriotas! 
 Chegou a mim uma thread de um Alexandre Andrada, que não conhecia, mas que é professor do Departamento de Economia da UnB. 
Seu pensamento retrata com perfeição a desgraça que se abateu sobre o Brasil. É o pensamento de muito tucano, gente "moderada", alguns que se dizem até "liberais". Eis o que ele argumenta: - Pra mim está cada dia mais óbvio que as elites (política, econômica, jurídica, jornalística, etc.) se juntaram no famoso “grande acordo nacional” para acabar com duas ameaças ao status quo: a Lava Jato e o Bolsonarismo. Eu, particularmente, acho que a Lava Jato estava se transformando num instrumento jurídico extremamente arbitrário e perigoso.  
E acho que o antigo status quo PT-PSDB era bem melhor que PT-Bolsonarismo. 
Para acabar com o bolso-lavajatismo, o STF se lavajatou em alguma medida. Estão usando de heterodoxias para “fazer justiça”. Isso me assusta um pouco, pq é muito fácil desse poder se corromper e desandar. Moraes é Moro com mais inteligência e foco. Que seja só uma transição.
 
Vamos criar uma ditadura "transitória" para combater os abusos lavajatistas e a direita "tacanha".  
Vamos defender o arbítrio, a censura e a perseguição para resgatar o status quo da hegemonia esquerdista, quando PT e PSDB promoviam o teatro das tesouras. 
Vamos rasgar a Constituição para proteger a liberdade. 
Vamos destruir a democracia para salvá-la. E tudo isso terá prazo de validade, claro.
 
Os comunistas queriam o fim do estado, mas aceitavam o socialismo no processo, a ditadura do proletariado. 
Estranho que jamais o aparato tirânico criado para tal finalidade recuou por conta própria, se autodestruiu e instaurou uma era de liberdade depois. Que coisa estranha, não?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 27 de abril de 2023

Deterioração mais rápida do que pessimistas esperavam - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Estamos terminando o primeiro quadrimestre do novo governo. 
Em pouco mais de cem dias, o estrago já é visível por todo canto. 
A deterioração do país tem sido acelerada demais, mesmo para aqueles, como eu, que sempre esperaram o pior quando a turma resolveu fazer o L.

Chega-se a questionar se não é intencional, para avançar com o projeto totalitário de poder, que demanda caos social para justificar mais e mais estado em todo lugar. Se, por um lado, uma tranquilidade econômica daria tempo ao PT para seu projeto de poder, esse clima de anomia serve como pretexto para mais controle ainda

Na área econômica, o governo apresentou seu "calabouço fiscal", e até o ministro Haddad, poste de Lula, já diz agora que "se economia continuar desacelerando, vamos ter problemas fiscais". As previsões começam a sinalizar graves crises à frente. [e só uma coisa para a desaceleração da economia: a saída do apedeuta petista.]

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, tucano que fez o L para "salvar a democracia", criticou duramente o arcabouço [calabouço.]  fiscal proposto pelo governo federal, em audiência no Senado nesta quinta-feira. Ele afirmou que a aritmética da proposta não fecha. Durante o debate sobre juros, Fraga também afirmou que 2023 é o ano da economia e que há um risco de o país "desembocar em um grande fiasco". Arminio está com medo?

No âmbito internacional é vergonha atrás de vergonha. Agora sim, o brasileiro vai saber o que é ser um pária mundial. 
 Lula resolveu atacar os Estados Unidos, a Ucrânia e até a ONU, enquanto sai em defesa das ditaduras comunistas da China, Venezuela, Cuba e Nicarágua. O desmatamento bate recordes, o presidente comete gafes contra Israel, é um verdadeiro show de horrores!

O MST voltou a invadir com vontade propriedades rurais, inclusive da Embrapa, e o governo propõe "diálogo". A Folha de SP diz que Lula estaria irritado com seus antigos aliados, mas é tudo mentira: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, condenou Arthur Lira por apoiar a CPI do MST, saindo em defesa do "movimento social". Tudo teatro: o MST invade pois tem companheiros no poder, e o intuito é espalhar o caos no campo mesmo, além de demandar mais verba estatal.

No quesito liberdade de expressão o Brasil lulista caminha a passos largos rumo ao totalitarismo comunista. O PL da Censura vem aí, criando o Ministério da Verdade
A narrativa dos blogueiros petistas segue espalhando... Fake News. A Lei de combate às Fake News vai "acabar com as mentiras nas redes sociais", assim como a Lei do Desarmamento acabou com as armas dos marginais nas favelas...
 
Analistas atentos sabiam que a volta de Lula ao poder significava enorme risco para o Brasil, mas mesmo os mais pessimistas pensavam que a destruição seria mais lenta.  
O PT chegou com vontade de destruir tudo de vez, ninguém pode negar. Lula não tem tempo a perder: ele sabe que se for aos poucos o sistema tucano pode se livrar dele novamente. Ou vai ou racha: o PT tentará transformar o Brasil numa Venezuela ainda no primeiro ano de governo!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Lula na vanguarda do atraso - Revista Oeste

Augusto Nunes e  Branca Nunes

O chefe do PT nem esperou o dia da posse para confirmar a opção pelo passado 
Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
 
“É a primeira vez que um presidente da República começa a governar antes da posse”, vangloriou-se Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira, 22 de dezembro, ao receber o “Relatório Final do Gabinete de Transição”, um monumento ao besteirol erguido por quase mil devotos da seita que tem como único deus um delinquente descondenado pelo Supremo Tribunal Federal. 
Incumbida de recensear os mais graves problemas do país, e sugerir soluções para todos, a legião de gênios da raça concluiu que o Lula modelo 2023 terá de reprisar o milagre que operou há 20 anos: mesmo emparedado pelo desastroso legado do sucessor, o enviado da Divina Providência saberá salvar a pátria em perigo
Tal façanha vai garantir-lhe uma nota 10 com louvor no Juízo Final, além da admiração que merece o único estadista do mundo que não aprendeu a escrever nem leu sequer uma orelha de livro por achar que isso é pior que exercício em esteira.
 
A senha para a conversa fiada foi recitada por Geraldo Alckmin, o vice-presidente eleito. Nascido e criado no ninho do PSDB, essa intrigante espécie de tucano demorou meio século para ver a luz. Era carola juramentado desde os 20 e poucos anos quando, perto dos 70, virou socialista, conseguiu tornar-se reserva do maior inimigo e gostou tanto do parceiro que o acompanhou de cócoras no caminho de volta à cena do crime. Entre um “Viva Lula” berrado no palanque e um “Lula é um gênio” sussurrado no almoço da família, Alckmin reza até em latim para que não haja inversões de posição na fila baseada em critérios biológicos. 
 
Era alguns anos mais novo que Mário Covas quando a morte do titular transformou o insosso vice em governador de São Paulo. É sete anos menos idoso que Lula. Enquanto espera, aprende a letra de hinos esquerdistas e bajula o dono do cargo que cobiça.
manifestações lula
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB-SP) – 08/12/2022 - 
 Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo
No palavrório que precedeu o sermão do chefe, Alckmin jurou que Lula vai lidar com uma “herança perversa” — ainda mais assustadora que a outra. Menos de um ano em péssima companhia bastou-lhe para aprender a mentir sem ficar ruborizado (e sem temer estágios no purgatório). 
Ele sabe que a “herança maldita” atribuída a Fernando Henrique Cardoso nunca existiu: em janeiro de 2003, caiu no colo de Lula um país com a inflação sob controle, modernizado pelo início da privatização de mamutes estatais e vigiado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Alckmin também sabe que o Brasil deste fim de dezembro é infinitamente melhor que a terra em decomposição e assolada pelo desgoverno de Dilma Rousseff.  
Mas foi com voz de quem acabou de comungar que acionou o sinal verde para que Lula responsabilizasse Jair Bolsonaro por todos os males da nação, passados, presentes e futuros.
 
“O resultado é uma fotografia contundente da situação dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública Federal”, falseia o documento fabricado por doutores em arrogância. “Ela mostra a herança socialmente perversa e politicamente antidemocrática deixada pelo governo Bolsonaro, principalmente para os mais pobres. A desconstrução institucional, o desmonte do Estado e a desorganização das políticas públicas são fenômenos profundos e generalizados, com impactos em áreas essenciais para a vida das pessoas e os rumos do país.” Fica combinado, portanto, que Lula tomou posse mais cedo para trazer de volta à vida (e esbanjando saúde) um Brasil sepultado em cova rasa. 
Não para aprovar ainda neste ano, com o aval dos presidentes da Câmara, do Senado e do TSE, a PEC da Gastança, o estupro do teto de gastos, a chicana que fingiu acabar com o Orçamento secreto que segue em vigor e o loteamento do ministério, fora o resto. Eleito pela coligação que juntou o PT, os demais partidos esquerdistas, democratas de galinheiro, superjuízes do STF e iluminados do TSE, o criminoso sem remédio age com a tranquilidade dos condenados à perpétua impunidade. Cadeia é coisa para os outros.

E 500 dias de gaiola não melhoram ninguém, atesta o comportamento de um Lula mais Lula do que nunca. É ele quem tudo decide, da nomeação de ministros ao tratamento reservado a convertidos e aliados de ocasião. [o presidente eleito exige dos que recebem suas benesses,  a servileza e a falta de dignidade como principais requisitos =   servir em um eventual governo do apedeuta eleito é aceitar a postura de joelhos ou de quatro como as mais adequadas e habituais.] Como os Bourbon, não esquece nada e nada aprende. Continuam sangrando na memória feridas abertas por constatações feitas por quem vê as coisas como as coisas são. Na mesma quinta-feira em que Alckmin voltou a louvá-lo, por exemplo, Lula castigou o vice com o rebaixamento a ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Teria sido um acúmulo de funções se o vice tivesse alguma função além de torcer, acampado no Palácio Jaburu, para que o pior aconteça — ao outro.

Se ocupasse o mesmo cargo na Argentina ou nos Estados Unidos, países em que o vice-presidente comanda o Senado, Alckmin estaria agora mais poderoso. Aqui, o número 2 é indemissível, mas qualquer ministro pode ser despejado do gabinete pelo chefe de governo. É o que ocorrerá caso Alckmin infrinja o Manual do Companheiro. 
O espetáculo da sabujice não cancela as acusações do aliado recentíssimo ao comandante do maior esquema corrupto da história. 
Se tivesse aprendido a assimilar tais agravos, Lula seria mais gentil com Simone Tebet e Marina Silva, que fizeram o L no segundo turno
Simone sonhou com o ministério que cuida do Bolsa Família até saber que aquilo não está disponível. 
Marina ainda caprichava na pose de ministra do Meio Ambiente até que alguém fez a advertência: tanta demora no convite é mau sinal. 
As duas enfim se deram conta de que é pecado capital admitir que Lula mereceu a temporada na gaiola.
 
O relatório da turma da transição avisa que o PT segue algemado a fórmulas grisalhas — e insiste em percorrer caminhos que apressam a chegada ao penhasco. 
Cinco páginas do documento tentam justificar o estupro do teto de gastos. Outras seis são consumidas no esforço para demonstrar que tudo vai melhorar se os 23 ministérios virarem 37. 
Um latifúndio de 46 páginas detalha a “herança perversa” debitada na conta de Bolsonaro.  
Em seguida, aparece uma amostra do que os participantes do levantamento batizaram de “revogaço”. Os redatores incluem entre os condenados à morte “oito Decretos e uma Portaria Interministerial que incentivam a multiplicação descontrolada das armas no Brasil, sem fiscalização rigorosa e adequada”. Também é recomendada “a revisão da lista de empresas que se encontram em etapas preparatórias e ainda não concluídas de processos de desestatização, como os Correios e a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)”.

É compreensível que a promoção de Aloizio Mercadante a presidente do banco tenha excitado fregueses castigados por quatro anos de abstinência

Um redator conciso resumiria em uma frase o palavroso conteúdo do relatório: o programa do governo Lula é revogar as medidas aprovadas por Jair Bolsonaro, ressuscitar as que foram sepultadas e dizer ou fazer o contrário do que ele disse ou fez
Os preparativos para a ofensiva do atraso vêm revelando os alvos preferenciais. 
A vanguarda do primitivismo quer o fim da autonomia do Banco Central, a interrupção das privatizações, a ressurreição do imposto sindical, a engorda do funcionalismo público com o preenchimento das 25 mil vagas que a revolução digital tornou desnecessárias, o desarmamento da população atormentada pela ampliação do arsenal da bandidagem, a redução dos juros e outras velharias há tempos banidas por governantes modernos.
 
O revogaço se amplia a cada indicação para o ministério. Nomeado ministro da Justiça, o senador Flávio Dino mostrou que, embora se tenha filiado ao PSB, o coração permanece no Partido Comunista do Brasil. “Pedir S.O.S. Forças Armadas é crime”, rosnou, indignado com os incontáveis brasileiros que continuam a manifestar-se diante de instalações militares
Dino nem sabe direito o tamanho da fatia que o Orçamento lhe reserva, mas já comunicou que vai contemplar com mais dinheiro Estados governados por gente disposta a desarmar a população e instalar câmeras nos uniformes da PM.

flávio dino comunismo
O então governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), 
desfila no Carnaval vestido de comunista (05/03/2019) - 
 Foto: Reprodução
Incansável caçador de cargos públicos, Márcio França foi premiado com o Ministério de Portos e Aeroportos. Talvez por ter sido prefeito de São Vicente, ali perto, o candidato do PSB derrotado na disputa da vaga de senador por São Paulo reivindicou como brinde o controle do Porto de Santos. Durante o governo Bolsonaro, o velho porto deixou de ser um ancoradouro de corruptos e narcotraficantes para transformar-se num exemplo de sucesso administrativo e político
Já a caminho da concessão, corre agora o risco de cair nas mãos de França. 
Dirigentes do PT e das siglas que orbitam ao redor do partido mais poderoso acham que em time que está ganhando é que se deve mexer.
 
Outros indicados nem precisam de entrevistas para que se preveja o que vem por aí. Todo brasileiro com mais de dez neurônios sabe que esses farão o que fizeram no verão passado — e também na primavera, no outono e no inverno.  
O chanceler Mauro Vieira, de volta ao Ministério das Relações Exteriores que chefiou no governo Dilma Rousseff, retomará a política externa da canalhice aperfeiçoada por Celso Amorim. 
Enquanto essa obscenidade vigorou, o Brasil invariavelmente escolheu o lado errado. Ditadores assassinos, populistas gatunos, escroques repulsivos tudo o que há de pior na escória internacional foram favorecidos pela polidez da cúpula do Itamaraty e pela prodigalidade criminosa dos figurões do BNDES.
 
É compreensível que a promoção de Aloizio Mercadante a presidente do banco tenha excitado fregueses castigados por quatro anos de abstinência. O argentino Alberto Fernández já informou que conta com generosidade do BNDES para a retomada de obras financiadas com dinheiro brasileiro, a juros de pai para filho. 
E a hondurenha Xiomara Castro avisou que pegará dinheiro emprestado no dia da posse de Lula.

Para acomodar Aloizio Mercadante no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula tenta alterar a Lei das Estatais. A ideia é, entre outros equívocos, reduzir de três anos para 30 dias a quarentena de quem atuou em campanha eleitoral para assumir cargo de administrador ou conselheiro de empresa pública ou sociedade econômica mista.

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O futuro presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (à esq.), 
e o presidente eleito, Lula (à dir.), durante a indicação de 
Mercadante para comandar o banco (13/12/2022) - 
Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Criada depois dos escândalos descobertos na Operação Lava Jato, a Lei das Estatais tinha como objetivo interromper o loteamento político dessas empresas. Assim, além da quarentena, foram estipulados requisitos mínimos de experiência e de competência para o preenchimento desses cargos. Sem a Lei, o PT está com o acesso livre aos cofres dessas empresas e a centenas de cargos públicos. Uma reportagem do Estadão de 16 de dezembro deste ano mostrou que o afrouxamento dessa lei criaria uma brecha para 587 indicações, com salários que vão de R$ 214 mil anuais (Companhia Docas do Rio Grande do Norte) a R$ 3 milhões anuais (Petrobras).

Lula também herdará pela primeira vez empresas públicas altamente lucrativas. No ano passado, por exemplo, o resultado líquido dessas companhias fechou próximo de R$ 190 bilhões, 40 vezes mais que os R$ 5 bilhões de 2016e cerca de R$ 230 bilhões a mais que o prejuízo de R$ 32 bilhões registrado em 2015.

Outro exemplo de sucesso que corre o risco de ser revogado por Lula é o Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em julho de 2020. Na época, 35 milhões de brasileiros não tinham acesso à água potável e 46% da população não dispunham dos serviços de coleta de esgoto sendo que dois terços de seres humanos no país não sabiam o que era ter esgoto tratado em casa.

O principal objetivo do Novo Marco é promover a universalização dos serviços, garantindo que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até dezembro de 2033. Pelas regras sugeridas, não apenas as empresas públicas, mas também as privadas podem participar dos processos licitatórios para oferecer seus serviços a Estados e municípios. 
 Um dos leilões de maior sucesso foi realizado em Alagoas, então governada por Renan Filho, primogênito de Renan Calheiros. Eleito senador, Renan Filho vai compor a base aliada de Lula.

Só o leilão de Alagoas rendeu ao governo R$ 1,6 bilhão. A expectativa de investimento total é de mais R$ 2,9 bilhões ao longo dos 35 anos de contrato para levar água potável e tratamento de esgoto a regiões do semiárido alagoano.

“O êxito no leilão de hoje, que levantou R$ 4,5 bilhões (somando investimentos e outorga), é o resultado de uma agenda que vai transformar Alagoas em uma terra melhor, primeiramente, para quem vive lá e para quem nos visita”, afirmou na época Renan Filho. “O valor acrescentado ao leilão é muito significativo se considerarmos, especialmente, um PIB anual entre R$ 55 bilhões e R$ 60 bilhões.” Procurado pela reportagem para comentar o retrocesso, sua assessoria de imprensa não respondeu às mensagens. [comentário: os primeiros nomes do futuro governo do presidente eleito são tão fantásticos na comprovada eficiência em destruir qualquer governo, que até os membros de Prontidão Total - todos com o compromisso inalienável de fazer tudo que a legalidade permitir para levar ao fracasso um eventual futuro governo do presidente eleito, abreviando sua duração seja pela renúncia do 'demiurgo de Garanhuns' ou pelo seu  impeachment e prisão - não seriam tão eficientes na escolha da equipe que vai abater o apedeuta eleito.]

Com todas essas decisões e ameaças, o Brasil avança em alta velocidade rumo ao atraso. O governo Lula acredita que é possível ganhar uma guerra com sucessivas retiradas.

Leia também “O supremo carcereiro só prende inocentes”

Augusto Nunes Branca Nunes, colunista e Diretora de Redação da Revista Oeste


domingo, 6 de novembro de 2022

Chacais e hienas se movimentam em Brasília - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo
 

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O Brasil cansa. Eis a verdade inapelável. A sensação de quem tem algum bom senso e decência é aquela de dar murros em ponta de faca. O mecanismo de incentivos é perverso, pela hipertrofia do estado. A cultura é estatizante. Falta espírito público e a "coisa pública" é sempre vista como cosa nostra.

Com a volta da quadrilha anunciada, os "monstros do pântano" se movem, com baba escorrendo pelo canto da boca, sedentos por recursos provenientes dos nossos impostos. Chacais e hienas, que dominam a cena em Brasília, já fazem aquecimento para entrar em campo e participar do butim.
 
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Eis o projeto do PT, em essência: pilhar o estado. E tal projeto não tem exatamente aliados, mas sim cúmplices. Até o tucano "conservador", que sabe que o ladrão só queria voltar à cena do crime, juntou-se ao bando. Era a senha para que os demais famintos aderissem, garantindo o verniz de republicanismo.

Já tem bispo arrependido e pedindo perdão ao PT, só para ser humilhado em praça pública com seu pedido rejeitado. Já tem "liberal" com discurso de que tem dívida histórica com a esquerda. O centrão fisiológico está em polvorosa com a possibilidade de avançar sobre nacos do Leviatã. A novidade era o máximo, um paradoxo estendido na areia, e os famintos querem seu rabo para a ceia.

A velha imprensa, que também mira nas torneiras fechadas por Bolsonaro, saliva de tanta fome, e já trocou o "orçamento secreto" por "emendas do relator", mentindo sobre suas "reportagens" passadas como quem mete uma foice na vítima. O apoio do centrão deixa de ser corrupção e tomá-lá-dá-cá para se tornar apenas "governabilidade".

Todos os oportunistas querem participar da festa, compartilhar da farra petista. E não faltam oportunistas em Brasília. 
Há só um detalhe: o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros, como sabia Thatcher
São parasitas demais para hospedeiros cada vez mais saturados e exaustos. A conta não fecha. Os chacais e hienas não se importam. Querem se lambuzar no mel enquanto for possível. Se virar Argentina, paciência. Não serão eles os miseráveis na fila do pão - a ser pago em três prestações numa inflação de 100%.

O Brasil cansa. A América Latina cansa muito.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Lula impõe última humilhação ao PSDB - O Estado de S.Paulo

J. R. Guzzo

A agonia do partido, até algum tempo atrás uma legenda de primeira grandeza na política brasileira, está sendo demorada, vergonhosa e miserável

A agonia do PSDB, até algum tempo atrás um partido de primeira grandeza na política brasileira, está sendo demorada, vergonhosa e miserável. Sua última humilhação acaba de acontecer, e veio pela boca de alguém que deveria, pelo menos, ter um pouco de dó dos antigos tucanos e de seus projetos de salvar a pátria através da “socialdemocracia”.  

O PSDB e os seus líderes estão fazendo qualquer coisa para dizer que o ex-presidente, seu ex-adversário supremo, é um santo consagrado da política brasileira, mas não adianta. Lula não é homem de ter pena, nem de comportar-se com gratidão - ou, pelo menos, com educação. Pronunciou, com gosto, a sentença de morte do partido do “equilíbrio”, da “modernidade” e da “civilização europeia”. Precisava? O PSDB já não tem onde cair morto; seu “candidato presidencial”, João Doria, virou suco, suas chances de ganhar alguma coisa importante estão entre mínimas e nulas, e seus líderes se tornaram peças de museu. Mas Lula não perdeu a oportunidade de esfregar sal na ferida.

O desprezo público do candidato é tanto mais notável quando se considera que um dos seus novos serviçais de maior destaque, o ex-governador Geraldo Alckmin, foi a mais cara esperança que o PSDB e o “Brasil moderado” tiveram para voltar ao governo neste século. Alckmin, há pouco, dizia que Lula se candidatou à Presidência da República para “voltar à cena do crime”. De um momento para o outro, vendo o seu mundo tucano ir a pique, esqueceu tudo e passou a ser o devoto número 1 da esquerda e do seu líder máximo. Hoje é candidato a vice na chapa petista, e já chama as pessoas de “companheiro” e de “companheira”.

O ex-presidente poderia pensar em Alckmin e ter um pouco de pena do PSDB e suas redondezas, mas faz o contrário - em vez de ficar grato à tucanada, mostra desprezo por ela. No mais, e além de Lula, é uma debandada geral. Raramente os ratos nadam na direção de um navio que está afundando.

J. R. Guzzo, colunista -  O Estado de S. Paulo

 

sexta-feira, 20 de maio de 2022

O golpe que nunca existiu - Revista Oeste

Silvio Navarro

Agora em parceria com senadores e ministros do STF, o consórcio de imprensa continua tentando emplacar a fantasia de que Bolsonaro ameaça a democracia brasileira 

Em agosto do ano passado, a Edição 75 de Oeste publicou um artigo de J.R. Guzzo intitulado “Manual Prático do Golpe”. O texto explicava por que dar um golpe de Estado, ao contrário do que acham os editoriais, os cientistas políticos de esquerda e alguns políticos, não é um negócio simples. A 90 dias do início oficial da campanha eleitoral, o consórcio de imprensa continua tentando emplacar a fantasia de que uma virada de mesa está em curso no país.
 
Ministros do STF entrando no plenário | Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO/Shutterstock
Ministros do STF entrando no plenário -  Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO/Shutterstock

Nas últimas semanas, manchetes de festim sobre a ameaça que Bolsonaro representa à democracia aumentaram em escala só comparada ao noticiário da covid. Foram dezenas de títulos sobre golpismo, planos secretos, temor internacional e desrespeito à Constituição. Alguns articulistas decretaram que o presidente não deixará o poder, seja qual for o resultado das urnas. Outros defendem abertamente a ideia de que é preciso tirá-lo de lá custe o que custar.

Uma premissa básica do texto jornalístico é responder a algumas perguntas logo nos primeiros parágrafos: o que, quem, quando, onde, como e por que. No caso do golpe iminente, nenhuma delas parece fazer sentido. A única base da histeria permanente é o #EleNão — ou seja, a ideia de que Bolsonaro não pode continuar. Trata-se de um golpe que só existe nas páginas dos jornais.

Na segunda-feira 16, por exemplo, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem com a teoria. Apenas alguns políticos de oposição, como Gleisi Hoffmann (PT), Carlos Lupi (PDT) e Carlos Siqueira (PSB) concordaram, o que era previsível. O tucano Bruno Araújo recusou o termo “golpe” e topou “ameaça ao Estado de Direito”. O jornal achou o silêncio da maioria um absurdo. Como não encontrou figuras representativas da sociedade dispostas a levar a tese a sério, o problema foi resolvido logo no título: Partidos veem risco de golpe de Bolsonaro, e autoridades se calam.

“A Folha procurou nos últimos dias os chefes dos três Poderes, de Tribunais Superiores, do Ministério Público Federal e dos principais partidos políticos, além dos presidenciáveis e de entidades representativas do empresariado e da sociedade civil”, dizia o texto, reproduzido com destaque pelo portal UOL. “Nenhuma das autoridades da República quis se manifestar sobre o assunto”

 

Das 13 entidades procuradas pelo jornal, só responderam a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), cuja militância de esquerda é conhecida, e o pastor Samuel Câmara, da Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB). As outras nem sequer quiseram participar da enquete. A pesquisa era composta de duas perguntas, elaboradas pelos editores do jornal. Foram apresentadas três alternativas de respostas.

Pergunta 1: Recentes declarações de Bolsonaro em tom de ameaça sobre as eleições e de ataques a ministros do STF e do TSE se encaixam melhor em qual cenário?

  1. a) Os ataques e as ameaças são um comportamento golpista que precisa ser levado a sério
  2. b) As declarações de Bolsonaro são apenas um blefe ou um discurso vazio sem consequências
  3. c) Bolsonaro faz críticas dentro de sua liberdade de expressão e assim o tema deve ser tratado

Pergunta 2: O país deve se preocupar com a possibilidade de Bolsonaro tentar melar as eleições antes e depois da votação?

  1. a) Eleições estão em risco e país deve se preocupar com possibilidade de Bolsonaro tentar melá-las
  2. b) Eleições não estão em risco, mas país deve se preocupar com possibilidade de Bolsonaro tentar melá-las
  3. c) Eleições não estão em risco e país não deve se preocupar com possibilidade de Bolsonaro tentar melá-las

Apesar de parecer a mais obcecada em comprovar que existe uma trama golpista em andamento, a Folha não está sozinha. O Estado de S. Paulo tem dedicado sucessivos editoriais ao tema. O último deles, na quinta-feira 19, dizia: “O clima no País está péssimo, mas poderia estar muito pior caso Bolsonaro tivesse logrado cooptar todas essas forças republicanas em prol de seu desiderato golpista. Mais cedo do que tarde, o presidente verá que derrubar a democracia consagrada pela Carta de 1988 estava muito além de suas forças”.

Festa estranha com gente esquisita
Desde que Brasília existe, é comum encontrar políticos, jornalistas e autoridades misturados em jantares no meio da semana. Foi o que ocorreu na quarta-feira 11 de maio, na casa da senadora Kátia Abreu (TO). Na mesa, os colegas Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Marcelo Castro (MDB-PI), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Weverton Rocha (PDT-MA) e o ex-governador de Alagoas Renan Filho (MDB).

O inusitado, porém, foram as presenças de três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), responsáveis, entre outras atribuições, por julgar processos contra os próprios parlamentares: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes. O último será o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de agosto, além de conduzir o inquérito perpétuo dos atos antidemocráticos.

Em resumo, o que esse consórcio autoproclamado esquadrão da democracia quer é que ninguém possa mais criticá-los

Segundo relatos, o propósito da reunião foi criar uma “frente em defesa do STF”, que deve ser ampliada com a participação de deputados. Renan chegou a propor que o grupo tivesse um nome para facilitar a divulgação na mídia. Pacheco resolveu se apresentar para ser o coordenador.

Um dos assuntos tratados durante a noite foi o incômodo do grupo, especialmente do próprio Pacheco, com as críticas feitas pelo programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.

No dia seguinte, o presidente do Senado discursou durante um evento para juízes em Salvador (BA), que teve palestras de ministros do STF. “É inimaginável pensar que a essa altura nós estejamos a defender instituições e o Poder Judiciário de ataques absolutamente sem fundamento algum, sem lastro probatório nem razoabilidade”, disse. “Esse ambiente que estamos hoje, de certa instabilidade, ataques antidemocráticos e arroubos parecem populares para um determinado grupo, mas na verdade são atentados muito nocivos à sociedade brasileira.”

Em resumo, o que esse consórcio autoproclamado esquadrão da democracia quer, com o apoio da velha imprensa, é que nem Bolsonaro nem ninguém possam mais criticá-los
Deve-se admitir que o sistema de votação brasileiro está acima de qualquer suspeita e ponto. 
Toda e qualquer manifestação contrária configura fake news e golpismo — e pode terminar em cadeia.

A fala de Pacheco é simbólica. O Senado é a única Casa com prerrogativa constitucional para impor algum freio ao ativismo político dos ministros do Supremo. Contudo, seguindo a cartilha dos seus antecessores, ele se recusa a pautar pedidos de impeachment contra os magistrados e vetou a convocação deles para responder questionamentos no Congresso.

Houve também uma mudança de tom em relação ao Palácio do Planalto. Antes avesso a entrevistas, agora ele tem se apresentado em diversos lugares para criticar Bolsonaro. Foi ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira 16. Sua assessoria passou a produzir material diário nos perfis das redes sociais e criou um podcast.

Nesta semana, Pacheco fez questão, por exemplo, de comentar o pedido de investigação feito por Bolsonaro ao Supremo e à Procuradoria-Geral da República contra o ministro Alexandre de Moraes — negado imediatamente pelo colega Dias Toffoli. “É mais um episódio de anormalidade institucional”, afirmou, durante uma entrevista coletiva.

A ampla maioria da imprensa tem adorado o novo papel do pacato presidente do Congresso como líder da “frente contra o golpe”. Desde que assumiu a cadeira, ele é bajulado pela mídia em Brasília. No ano passado, quando se filiou ao PSD, um colunista chegou a escrever que surgia um novo Tancredo Neves na política brasileira. Pacheco acreditou. O dono do partido, Gilberto Kassab, apressou-se em plantar a notícia de que ele seria candidato à Presidência, o que obviamente não se confirmou.

Ainda assim, o senador subiu à tribuna para fazer um pronunciamento à nação em março. “Meus compromissos como presidente do Senado e com o país são urgentes, inadiáveis e não permitem qualquer espaço para vaidades”, disse. “Por isso, afirmo ser impossível conciliar essa difícil missão, de presidir o Senado Federal e o Congresso Nacional, com uma campanha eleitoral presidencial.”

Figuras como Pacheco normalmente encontram a aposentadoria nas galerias de fotos dos ex-presidentes do Congresso em pouco tempo. Não têm vocação sequer para se tornar um Renan Calheiros. Se algum dia for lembrado, será como um dos heróis que combateram um golpe que nunca aconteceu.

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Silvio Navarro, jornalista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Bolsonaro ataca Doria: "Ele aumentou o ICMS de tudo, menos do Hipoglós"

Chefe do Executivo ainda citou as várias multas recebidas por ele no estado por não respeitar o uso de máscaras e chamou o tucano de "calcinha apertada"

O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou, nesta quarta-feira (19/1), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pré-candidato à Presidência nas eleições deste ano. Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo citou as várias multas recebidas no estado paulista por não respeitar o uso de máscaras e chamou o tucano de "calcinha apertada". "Recebi uma multa sem máscara num cemitério de Guaratinguetá. Nove multas do ‘calcinha apertada’", apontou.

Bolsonaro também acusou o tucano de aumentar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e disse, em tom irônico, que o único item deixado fora da lista por Doria teria sido o creme contra assaduras Hipoglós.

"Ele aumentou o ICMS de tudo, menos do Hipoglós", afirmou, arrancando risadas dos apoiadores e da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que estava ao lado do presidente. "Ele está ganhando para síndico agora, né", disse a deputada, completando que o governador paulista "está advogando em causa própria". Bolsonaro rebateu: "Fica quieta". E seguiu rindo da situação.

No último dia 10, o presidente alfinetou Doria dizendo que o tucano está "no mundo da lua", "sonhando" e "perde até para o Cabo Daciolo" na corrida presidencial.

Correio Braziliense

 


 

domingo, 28 de novembro de 2021

33 siglas infestam o deserto de partidos reais - Revista Oeste

Augusto Nunes
 

A farra das legendas irrelevantes também é financiada pelos pagadores de impostos

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Divulgação
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Divulgação

Meu pai foi filiado ao PTB, ao PTN, ao MDB e ao PMDB. O resultado da eleição teria sido o mesmo caso fosse candidato pelo BNDES ou pelo FBI. Brasileiro não vota em partido, sobretudo em eleições municipais. Escolhe uma pessoa, seja qual for a sigla que habite. Foi assim antes do bipartidarismo inventado pelo regime militar. Continuou a ser assim nos tempos em que grupos distintos tiveram de espremer-se em sublegendas da Arena e do MDB. E assim será até que apareçam partidos de verdade, como os que existem nas democracias maduras. Nessas paragens, os que efetivamente importam são dois ou três. Nos Estados Unidos, por exemplo, o eleitorado se dá por satisfeito com o permanente duelo entre o Partido Democrata e o Partido Republicano — o que não exclui a existência de legendas liliputianas nem proíbe o lançamento de candidaturas avulsas. Democratas e republicanos abrigam correntes que disputam nas eleições primárias o direito de indicar o candidato à Presidência. Consumada a escolha, os grupos desavindos se unem no esforço para derrotar o inimigo principal na corrida rumo à Casa Branca.

Tanto o PT quanto o PSDB fracassaram por excesso de corporativismo e falta de vergonha

O Brasil é um deserto de partidos reais infestado por 33 siglas. Duas delas quase conseguiram tornar-se adultas: o PT e o PSDB. Tanto o Partido dos Trabalhadores quanto o Partido da Social Democracia Brasileira fracassaram por excesso de corporativismo, falta de vergonha e escassez de condutores de multidões. Depois que os militantes engoliram sem engasgos a roubalheira do Mensalão e a ladroagem do Petrolão, o PT virou uma seita cujos devotos enxergam seu único deus num corrupto condenado duas vezes em segunda instância. Como o chefe é maior que a legenda por ele cavalgada, já não existe o petismo. O que há é o lulismo, da mesma forma que houve o janismo, o ademarismo ou o getulismo. Esses ismos acabam quando morre quem os gerou.

O PSDB assemelhou-se a um partido de verdade nos trabalhos de parto e durante a primeira infância. A escolha do tucano como símbolo inspirou-se no elefante dos republicanos ianques e no burro dos democratas. Fundado em junho de 1988 por dissidentes de um MDB submerso no pântano da corrupção, a sigla resultante da diáspora de políticos honestos deixou o partido de origem com cara de Quércia — e transformou-se numa espécie de opção pela honradez. Fortalecido pelos dois mandatos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso, o PSDB parecia a caminho da maioridade até dezembro de 2005, quando cometeu o primeiro de dois grandes equívocos que o tornariam igual a todos os outros. Confrontados com a descoberta do mensalão mineiro, os caciques do PSDB não tiveram suficiente coragem para afastar da presidência nacional do partido o ex-governador Eduardo Azeredo.

Dez anos depois, o desastre foi reprisado pela absolvição de Aécio Neves, no mesmo dia da divulgação da conversa telefônica com Joesley Batista que escancarou Mr. Hyde escondido sob o jaleco do Dr. Jekyll. Graças à desastrosa reincidência, o PSDB hoje é o partido que poderia ter sido e não foi. Jamais será, constatou-se neste 21 de novembro. Pode governar o país uma tribo incapaz de promover uma eleição doméstica com menos de 50 mil votantes? Não pode, responderia se soubesse falar qualquer tucano da linhagem que vive na mata e só abre o bico para alimentar-se. A variante loquaz e engravatada que é vista em cidades ainda acha que sim — e vai tentar concluir neste domingo a escolha do candidato ao terceiro lugar na eleição de 2022.

A votação foi interrompida ainda em seu início pelo colapso do aplicativo concebido por sumidades de uma universidade gaúcha. Nenhum dirigente fez a gentileza de esclarecer o que houve, ninguém tampouco procurou justificar o preço do fiasco: a modernidade consumiu R$ 1,5 milhão. Os grão-tucanos limitaram-se a encomendar um segundo aplicativo a outro especialista — e vida que segue. É compreensível que os partidos brasileiros torrem dinheiro sem remorso nem medo da polícia. Todas as contas são espetadas nos bolsos dos pagadores de impostos, forçados por lei a bancar também a farra das siglas inúteis.

Nas democracias modernas, partidos políticos e duelos eleitorais são financiados por eventos organizados pelos comitês e contribuições feitas às claras, sem truques nem camuflagens, por indivíduos ou empresas. O governo não desperdiça um único centavo. No País do Carnaval, duas brasileirices — o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral usam dinheiro dos pagadores de impostos para bancar as atividades e a sobrevivência de 33 sopas de letras. Entre janeiro e outubro, por exemplo, o Fundo Partidário distribuiu R$ 783 milhões entre 23 partidos. É compreensível que os tucanos, presenteados com quase R$ 49 milhões, não percam o sono com preços de aplicativos. A lista é liderada pelo PSL (R$ 93,5 milhões). Segundo colocado (com perto de R$ 80 milhões), o PT nem vistoriou a pequena fortuna que patrocinou o giro europeu de Lula, sua mulher e quatro companheiros. Sobra dinheiro. E em 2022 a verba anual do Fundo Partidário será engordada pelos bilhões doados a cada dois anos pelo Fundo Eleitoral.

Em 2020, uma chuva de mais de R$ 2 bilhões irrigou todas as siglas. A fila dos beneficiários foi puxada pelo PT (R$ 201 milhões) e molhou até o G-6 formado por meia dúzia de inutilidades, cada uma com direito a R$ 1,2 milhão. Nesse buquê de vogais e consoantes figuram o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), cujos simpatizantes, somados, caberiam numa van. Talvez até sobrasse lugar para os eleitores da Democracia Cristã (DC), controlada por José Maria Eymael — aquele mesmo da exasperante musiquinha ouvida no horário eleitoral nas cinco temporadas em que foi candidato à Presidência. Eymael já não sonha com o inquilinato no Palácio do Planalto. Agora prefere ficar em casa durante a campanha, decerto pensando na melhor maneira de gastar os R$ 4 milhões que o Fundo Eleitoral lhe reservou. Administrar partidos, reais ou inexistentes, virou um negócio e tanto.

Leia também “Lula inventou o impostour”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Doria descobre que é muito impopular no PSDB - Josias de Souza

Doria descobre que é muito impopular no PSDB... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/02/11/doria-descobre-que-e-muito-impopular-no-psdb.htm?cmpid=copiaecola

Num lance de rara ousadia, João Doria abriu a semana oferecendo um jantar a tucanos de fina plumagem. Durante o repasto, Doria expôs aos comensais uma agenda personalíssima. Manifestou o desejo de assumir a presidência do PSDB em maio, expulsar Aécio Neves do partido e deflagrar as costuras para colocar em pé sua própria candidatura à Presidência da República. O governador chega ao final de semana descobrindo que, em política, às vezes é melhor não fazer nada do que fazer qualquer coisa.

Na disputa pelo comando partidário, Doria tornou-se um cabo eleitoral involuntário do ex-deputado Bruno Araújo, que pleiteia a recondução à presidência do PSDB. Na queda de braço com Aécio, Doria descobriu que lhe falta companhia. Em relação à candidatura presidencial, Doria percebeu que não está só. Verificou-se que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também está no páreo.

O PSDB sempre foi uma agremiação de amigos 100% feita de inimigos. Mas o ninho já não é o mesmo. Virou um serpentário. Antes do jantar de Doria, eram tucanos trocando bicadas. Agora, são víboras que se envenenam entre si. Nesta fase viperina, a viscosidade da secreção venenosa dos tucanos indica que a coisa pode acabar num sinistro afogamento coletivo. 

Na confusão que se estabeleceu no serpentário, os planos do PSDB para o futuro voam junto com as penas. Antes de desafiar Bolsonaro, Doria precisa lidar com seus adversários domésticos. Imaginou que a CoronaVac, vacina anti-Covid, o tornaria mais popular no país. 
Descobriu que precisa imunizar-se contra o veneno que o torna impopular dentro do seu próprio partido. No momento, o principal rival de João Doria não é Bolsonaro. Chama-se Eduardo Leite.

Josias de Souza, jornalista -UOL

 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Justificativa de Covas consegue ser pior do que ato em si - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - Vozes

Abandonei meu descanso de domingo para escrever um texto em tom de desabafo após ver as cenas do prefeito Bruno Covas no Maracanã, ele que resolveu restringir o funcionamento de serviços na cidade em que administra. Na ocasião, disse que apenas um pedido de desculpas implorando perdão e seguido da sua renúncia teria alguma dignidade.

Mas tucano é tucano, vive numa bolha de arrogância, descolado da realidade do povo. Bruno Covas não fez nada disso. Ao contrário: preferiu bancar a vítima e ainda atacar a multidão que ficou revoltada com seu ato. Ainda por cima demonstrou não ter a menor noção do que seja hipocrisia, ao falar que as redes sociais estavam sendo hipócritas, não ele. Covas disse que, depois de "tantas incertezas sobre a vida", a felicidade de ir com o filho para ao estádio "tomou uma proporção diferente para mim". Disse que a "lacração da internet resolveu pegar pesado", mas que "se esse é o preço a pagar para passar algumas horas inesquecíveis com meu filho, pago com a consciência tranquila". Ele concluiu: "Ir ao jogo é direito meu. É usufruir de um pequeno prazer da vida. Mas a hipocrisia generalizada que virou nossa sociedade resolveu me julgar como se eu tivesse feito algo ilegal. Todos dentro do estádio poderiam estar lá. Menos eu. Quando decidi ir ao jogo tinha ciência que sofreria críticas. Mas se esse é o preço a pagar para passar algumas horas inesquecíveis com meu filho, pago com a consciência tranquila."

Ora, e o prazer dos outros que ele como prefeito usurpou? E o direito dos paulistanos de ter um prazer desses com seus filhos? E aqueles que não podem curtir os filhos pois estão desesperados demais sem seus empregos, sem poder abrir o restaurante, o bar?!

Covas é um hipócrita que ainda acusa os outros de hipócritas por apontarem sua hipocrisia. Ou é mesmo um idiota que não entende a revolta que produz ao impor algo ao cidadão da cidade que comanda e depois partir para o Rio como se não fosse nada demais. O prefeito alega que não fez nada ilegal, sem compreender que o problema é justamente isso ser ilegal para os outros na cidade que ele “administra”. Covas fez o que todo esquerdista sempre faz: bancou a vítima. Ele tinha um sonho de levar o filho num jogo de futebol. Que fofo! Que papai legal! E os trabalhadores que sonham apenas em trabalhar para sustentar a família, mas não podem por conta do arbítrio do prefeito tucano?!

Bolsonaro tinha apenas um sonho: dar um mergulho no mar com seus fãs, sentir-se livre e comum novamente. Mas a mídia o tratou como um sociopata. E agora protege Covas, age como sua assessoria de imprensa, dando destaque à sua "justificativa" como se nobre. Não dá mais para aceitar passivamente os desmandos de um governador e um prefeito que fecham o estado e a cidade e vão curtir a liberdade em Miami ou no Maracanã. Chega! Os dois tucanos perderam qualquer legitimidade no cargo, não devem mais ser respeitados como autoridades.

O povo também tem seus sonhos, também quer aproveitar os "pequenos prazeres da vida", também compreende que a vida pode ser curta ou efêmera, e por isso mesmo deseja o direito de viver com liberdade, algo que esses dois tucanos vêm impedindo com seu arbítrio em nome de uma ciência totalmente fake! Ou esses tucanos são dementes que sequer conseguem perceber a razão da fúria do povo diante de tanta hipocrisia; ou são eles os verdadeiros sociopatas, que entendem perfeitamente o que estão fazendo, mas não ligam. Diante desse descalabro, só restou mesmo a desobediência civil, como fez o dono do Ponto Chic:

"Tradicional restaurante de SP, Ponto Chic abre mesmo em meio à restrição.

Sócio afirma que tomou a decisão após ver que prefeito Bruno Covas foi a jogo no Rio"

Rodrigo Constantino, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes