Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador aritmética. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador aritmética. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Brasil - A fala de Lula e a histeria da mídia sobre a suposta agressão em Roma - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

A bancada feminina governista da esquerda está cobrando de Lula mais representatividade no governo, após a demissão da agora ex-presidente da Caixa Econômica, Rita Serrano, que aconteceu para colocar um presidente indicado pelo Centrão.

Já é a terceira mulher que Lula tira de um de seus ministérios: tirou a Ana Moser, do Ministério do Esporte, e tirou a ministra do Turismo, Daniela Carneiro. 
 Agora, em 38 ministérios, são apenas nove mulheres.  
Dá uma proporção assim: de uma mulher a cada quatro homens. 24% sendo mulheres.  
Lula respondeu que vai dar mais representatividade às mulheres. 
Eu não entendi essa aritmética. Tira três, será que vai botar quatro, cinco? Onde? [o mais certo é que saiam mais duas sumidades em nada = a ministra 'estepe' e a 'irmão da vereadora'.]
Que estranho.

O que disse Lula sobre a suposta agressão em Roma
Eu estava revendo aqui uma fala do presidente Lula, quando a maior parte da mídia noticiou com histeria que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e seu filho haviam sido agredidos no aeroporto de Roma Leonardo da Vinci.

O presidente Lula, indignado, acompanhou a “indignação da mídia” e disse que essa “gente agressora” - ou seja, a família Mantovani e o genro Alex Zanatta - devia ser “extirpada”. Isso é a linguagem do Hamas para os israelenses, né? 
Além disso, ele ainda disse que eles parecem “animais selvagens”. 
Sem ter informações. Indo na onda da histeria midiática. 
E as autoridades brasileiras, policiais e judiciais, foram no mesmo ritmo. A família Mantovani foi devassada, tiraram celulares, entraram na casa, revistaram computadores, tudo. Como se fossem “criminosos perigosíssimos”.
Bom, primeiro sai uma perícia, mas não de um perito da Polícia Federal, e sim de um agente dela, dizendo que a suposta agressão “parecia um tapa”. 
Eu olhei uma imagem estáticapor que congelaram a imagem, não sei.
As imagens dinâmicas, onde as pessoas aparecem se movimentando estão em segredo de justiça.

Na imagem estática a gente vê que há uma superposição do braço de uma pessoa com a cabeça de outra, mas no ângulo em que a gente olha para os pés, onde estão os indivíduos, dá para perceber que eles estão com uma distância de um metro e meio ou dois metros, não tem como um braço alcançar a cabeça.

O novo laudo pericial
Neste sábado (28) saiu um laudo da polícia italiana dizendo que pode ter havido apenas “um toque, um leve toque”.  
Ou seja, o que era um aparente tapa, agora tocou levemente os óculos do filho de Moraes. 
O mesmo filho que foi desenhado por um jornal do Rio de Janeiro como um menininho recebendo um tapa na cara com os óculos saltando longe. 
Tudo isso fazia parte da histeria. Ao que tudo indica, a polícia lá da Itália também não deu muita atenção para o caso.
 
Nesta sexta-feira (27), ficamos sabendo que o ministro do STF, Dias Toffoli, autorizou o ministro Moraes, "agredido", a ser o assistente da acusação
É incrível, a vítima é assistente da acusação.
Isso não é novidade, porque nos próprios julgamentos do STF, como o inquérito que o ex-ministro Marco Aurélio Mello chama de “fim do mundo”, o Supremo é a vítima. E além disso, ainda investiga, faz tudo. 
No julgamento dos invasores do 8/1, na Praça dos Três Poderes, invadiram também o Supremo. Nesse julgamento o Supremo também é vítima e está julgando e condenando as pessoas a 17 anos de prisão.

Se alguém me contasse que isso estaria acontecendo em algum país, eu diria: não, isso é impossível. Aquele que é a vítima acusar, investigar e julgar? Isso é impossível.

Mesmo com todos esses acontecimentos, continua escrito lá no inciso 37 do artigo 5º da Constituição Federal: não haverá juízo ou tribunal de exceção.


Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 29 de agosto de 2023

Lula quer inflar a importância econômica do Brasil no Brics, mas não faz contas direito - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

Como em geral acontece no programa de volta ao mundo do presidente Lula e de sua mulher, algum alto assessor analfabeto em aritmética lhe passou, nesta sua última viagem para a conferência dos BRICS, mais um número assombroso para o conhecimento da humanidade. Lula, é claro, repetiu direto. “Os BRICS representam 36% do PIB mundial”, disse ele, com o orgulho de quem está revelando uma extraordinária vantagem para o Brasil – 
ou como se o Brasil fosse sócio proprietário dessa dinheirama toda.  
Que beleza, não é? Não, não é. Na verdade, não é nada. Os BRICS podem ter tantos por cento do PIB mundial quanto lhe dizem, e Lula pode achar que isso faz dele um grande estadista mundial, mas o Brasil não tem nada a ver com o PIB dos BRICS
Cada um tem o seu; não pode mexer no dos outros. Também não tira proveito nenhum da soma total.
 
Os 36% anunciados por Lula, mesmo que a cifra esteja correta, são uma porcentagem – e uma porcentagem é algo perfeitamente inútil enquanto o sujeito não sabe quantos desses “por cento” cabem a ele. 
No caso, o número que interessa é o seguinte: o PIB mundial é de 95 trilhões de dólares, e o do Brasil não passa de 2 tri - o que não chega nem perto do valor de mercado da Apple. É esse o tamanho real do país; não fica maior porque se senta, de vez em quando, na mesa da China, ou da Índia ou de quem quer que seja. 
O fato é que o Brasil, em matéria de PIB per capita, está no 79º. lugar numa lista de 192 países pesquisados pelo FMI – abaixo da Guiné Equatorial, do Panamá e coisas parecidas. 
O PIB da China é de 18 trilhões de dólares? Sim, mas é da China, e não do governo Lula. 
 
Da mesma forma, o “Banco dos Brics”, do qual o presidente não para de falar, não é uma estatal brasileira. Tem mais quatro sócios, e sua função é financiar obras de infraestrutura – e não dar dinheiro para pagar a dívida da Argentina, como Lula quer. 
Não adianta nada enfiar Dilma Rousseff na presidência do banco; não é assim que funciona. Enfim, os BRICS não tomam decisões econômicas em conjunto; é cada um por si. A China não tem nenhuma obrigação de adotar medidas iguais às da Rússia, ou compatíveis com elas
a Índia não administra sua economia segundo as decisões da China, e assim por diante. Imagine-se, então, se algum dos BRICS está preocupado em se alinhar com o ministro Haddad.

É esse o tamanho real do país; não fica maior porque se senta, de vez em quando, na mesa da China, ou da Índia ou de quem quer que seja

Lula, naturalmente, aproveitou também esta viagem para engordar a sua crescente lista internacional de declarações cretinas; quase nunca vai e volta sem trazer alguma novidade. Desta vez, disse que o Conselho de Segurança da ONU, no qual o Brasil quer entrar de qualquer jeito, “não faz a paz, faz a guerra”. É falso: o CS da ONU nunca fez uma guerra.  
É, também, uma maneira especialmente idiota de apresentar a candidatura do Brasil. 
Lula acha que vai entrar no clube xingando a mãe da diretoria.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 1 de agosto de 2023

Sobre o tipo de personagem que a ministra oficial do Planejamento decidiu ser - J. R. Guzzo

VOZES - Gazeta do Povo 
 

     Foto: (ministra Tebet,alcunhada pelo seu chefe de 'estepe'.)Marcelo Camargo/Agência Brasil  
 
Ao pular para dentro do barco de Lula no segundo turno das eleições, depois de passar a campanha toda dizendo que defendia um programa oposto ao dele, a ministra oficial do Planejamento mostrou que é do tipo de personagem política que faz qualquer coisa para entrar no governo. Agora, ao engolir um nome que jamais passou pela sua cabeça para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, uma das poucas coisas que Lula e o PT não tiraram do seu ministério, mostrou que também faz qualquer coisa para não sair. 
Quando foi nomeada, aceitou sem dar um pio a demolição geral das atribuições que deveria ter; deixaram com ela uns trocados de quinto escalão como uma “Assessoria de Participação Social e Diversidade”, a Comissão Nacional de Cartografia e outras insignificâncias burocráticas da mesma natureza. 
 
Nos sete meses que se passaram desde então, não foi autorizada a resolver nem o planejamento da controladoria nacional dos carrinhos de pipoca
Com a imposição do novo magnata do IBGE, sem sequer uma consulta a que teria direito pelas regras elementares da boa educação, já está batendo no fundo-do-poço.

“Nada mais justo do que atender o presidente Lula”
, disse a ministra depois que o ministro da Comunicação anunciou à imprensa a escolha do novo estatístico-mor do Brasil. 
Mas, nesse caso, o presidente Lula não poderia, pelo menos, ter dito alguma coisa a ela uns dias antes, ou na véspera? 
É provável que o próprio Lula tenha se surpreendido com uma exibição de puxa-saquismo desse tamanho: quer dizer que ele trata a ministra como um pedaço de pano de estopa, e ela diz que é muito justo? 
O novo chefe do IBGE já estava despachando direto com Lula e outros peixes graúdos do governo antes, sequer, de ter uma primeira reunião com a sua suposta superiora hierárquica
Ela disse que iria marcar uma reunião com o suposto subordinado “na semana que vem” – há, inclusive, a possibilidade de que seja recebida. O resto da reação foi a mesma tristeza. “Agora que eu sei o nome dele, terei o maior prazer em atender ao presidente Lula”, disse a ministra. “Não faço pré-julgamentos. A conversa será técnica, e ele será muito bem-vindo.”

Quando foi nomeada, aceitou sem dar um pio a demolição geral das atribuições que deveria ter; deixaram com ela uns trocados de quinto escalão

O novo presidente do IBGE é tudo, menos um “técnico”.  
Não entende nada de estatística. 
Manda prender números que não o satisfazem. Acha que a aritmética tem de ser “social”, e servir para os interesses das lutas “progressistas”. Passou a vida de “instituto” em “instituto”, de emprego em governo a emprego em governo, sem contato com o mundo do trabalho real – não o trabalho como ele é entendido pelo brasileiro comum. Não se sabe de uma ideia sua que tenha sido vista com seriedade pelos círculos respeitados da ciência econômica – ou sequer percebida. 
 
Trata-se de um militante político da ala mais “esquerdista” do PT, e sua nomeação tem o propósito de fazer o IBGE produzir unicamente os números que Lula quer. 
Ele é contra o PIX, a favor da exploração do “espaço sideral” e se acha capaz de “zerar” a dívida pública expropriando a riqueza dos milionários. 
É tão qualificado para presidir o IBGE quando o rei Herodes seria qualificado para dirigir o serviço federal de creches. Mas e daí? 
O Estado brasileiro está sendo privatizado de alto a baixo em favor do PT. Podem contar para isso, de olhos fechados, com a ministra do Planejamento.

Veja Também: 
 Economia ficará estável – desde que não se coloque em prática as ideias de Lula
Em uma democracia séria, ministros do STF não se encontrariam com julgados pela Corte
Obsessão da esquerda totalitária é desarmar o brasileiro honesto


Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima
 
J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 
 
 

domingo, 30 de julho de 2023

Pochmann, o inimigo dos números, é o pior chefe que o IBGE poderia ter - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo 

Novo estatístico-mor do Brasil acha, desde sempre, que a aritmética não pode atrapalhar seus desejos políticos

O presidente Lula fez das nomeações para o seu ministério e para o “primeiro escalão” uma calamidade nacional – um concentrado inédito de incompetentes incuráveis, transmissores de ideias cretinas, gente enrolada com a Justiça penal e daí para baixo. 
Como alguém consegue juntar tanta gente ruim num mesmo governo? Não se sabe, mas isso já foi. A questão, agora, é saber se o nível pode cair ainda mais. É difícil – mas não é impossível.  
Como nos casos de “superação”, Lula consegue ir além dos seus próprios recordes: confirmou a nomeação, para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de um dos piores chefes para este tipo de serviço que se poderia encontrar em qualquer lugar do mundo.  
É simples: o novo estatístico-mor do Brasil é um inimigo dos números. Acha, desde sempre, que a aritmética não pode atrapalhar seus desejos políticos.
Como ex-presidente do IBGE, estou ofendido”, diz o economista Edmar Bacha, um dos participantes da equipe que montou o Plano Real.É um dia de luto para a estatística brasileira”, diz a economista Elena Landau. Marcio Pochmann, o nome imposto por Lula (a ministra do Planejamento, a quem cabe a escolha, foi a última a saber) é um militante da “ala esquerda” do PT; não tem nada a ver com as exigências técnicas do cargo. “Ele é um ideólogo e não terá problema nenhum de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia”, diz Bacha. “É uma pessoa que não entende de estatística e não tem preparo para presidir o IBGE”, diz Elena. O que se sabe de Pochmann não é edificante
Passou a vida no serviço público, do qual se aposentou aos 58 anos de idade nunca contribuiu para a produção de um único pedaço de rapadura neste país. Sua passagem por uma repartição federal de pesquisa econômica foi “desastrosa”, segundo Elena Landau – demitiu técnicos competentes e interferiu nos trabalhos por razões ideológicas. Fora isso, disputou três eleições, para prefeito de Campinas e deputado; conseguiu perder as três.
A ideologia de Pochmann não tem ideiasé apenas uma declaração de guerra a tudo o que o cidadão brasileiro acha bom. 
O homem é contra o PIX, que acaba de bater seu recorde: 135 milhões de transações num único dia. Afirma que a possibilidade de converter reais em dólares transformou o Brasil num “protetorado dos Estados Unidos”. Defende que o Imposto de Renda possa chegar a 60%. 
Diz que o Brasil deveria explorar “o espaço sideral” para a “geração de riqueza” – e por aí vamos. Mas e daí?  
Lula quer no IBGE um subalterno que dê um jeito nas suas estatísticas, fazendo sumir os números ruins e fabricando números bons. O consumo da picanha vai bombar.


J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 27 de abril de 2023

Deterioração mais rápida do que pessimistas esperavam - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Estamos terminando o primeiro quadrimestre do novo governo. 
Em pouco mais de cem dias, o estrago já é visível por todo canto. 
A deterioração do país tem sido acelerada demais, mesmo para aqueles, como eu, que sempre esperaram o pior quando a turma resolveu fazer o L.

Chega-se a questionar se não é intencional, para avançar com o projeto totalitário de poder, que demanda caos social para justificar mais e mais estado em todo lugar. Se, por um lado, uma tranquilidade econômica daria tempo ao PT para seu projeto de poder, esse clima de anomia serve como pretexto para mais controle ainda

Na área econômica, o governo apresentou seu "calabouço fiscal", e até o ministro Haddad, poste de Lula, já diz agora que "se economia continuar desacelerando, vamos ter problemas fiscais". As previsões começam a sinalizar graves crises à frente. [e só uma coisa para a desaceleração da economia: a saída do apedeuta petista.]

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, tucano que fez o L para "salvar a democracia", criticou duramente o arcabouço [calabouço.]  fiscal proposto pelo governo federal, em audiência no Senado nesta quinta-feira. Ele afirmou que a aritmética da proposta não fecha. Durante o debate sobre juros, Fraga também afirmou que 2023 é o ano da economia e que há um risco de o país "desembocar em um grande fiasco". Arminio está com medo?

No âmbito internacional é vergonha atrás de vergonha. Agora sim, o brasileiro vai saber o que é ser um pária mundial. 
 Lula resolveu atacar os Estados Unidos, a Ucrânia e até a ONU, enquanto sai em defesa das ditaduras comunistas da China, Venezuela, Cuba e Nicarágua. O desmatamento bate recordes, o presidente comete gafes contra Israel, é um verdadeiro show de horrores!

O MST voltou a invadir com vontade propriedades rurais, inclusive da Embrapa, e o governo propõe "diálogo". A Folha de SP diz que Lula estaria irritado com seus antigos aliados, mas é tudo mentira: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, condenou Arthur Lira por apoiar a CPI do MST, saindo em defesa do "movimento social". Tudo teatro: o MST invade pois tem companheiros no poder, e o intuito é espalhar o caos no campo mesmo, além de demandar mais verba estatal.

No quesito liberdade de expressão o Brasil lulista caminha a passos largos rumo ao totalitarismo comunista. O PL da Censura vem aí, criando o Ministério da Verdade
A narrativa dos blogueiros petistas segue espalhando... Fake News. A Lei de combate às Fake News vai "acabar com as mentiras nas redes sociais", assim como a Lei do Desarmamento acabou com as armas dos marginais nas favelas...
 
Analistas atentos sabiam que a volta de Lula ao poder significava enorme risco para o Brasil, mas mesmo os mais pessimistas pensavam que a destruição seria mais lenta.  
O PT chegou com vontade de destruir tudo de vez, ninguém pode negar. Lula não tem tempo a perder: ele sabe que se for aos poucos o sistema tucano pode se livrar dele novamente. Ou vai ou racha: o PT tentará transformar o Brasil numa Venezuela ainda no primeiro ano de governo!

domingo, 2 de abril de 2023

‘Arcabouço levará a uma alta brutal da carga tributária’, diz ex-presidente do Banco Central - O Estado de S. Paulo

Entrevista: Afonso Celso Pastore

Para Affonso Celso Pastore, medidas não permitem queda na relação entre dívida e PIB sem aumento de tributos

Ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore avalia que o governo vai precisar aumentar a carga tributária para que o arcabouço fiscal apresentado pela equipe economia dê conta de reduzir a relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB) do País. ”Se o governo aprovar esse arcabouço, ele obtém uma licença para aumentar gastos. Se ele não aumentar a carga tributária, o superávit primário não vai ser gerado”, disse Pastore.

Ao anunciar a regra fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que iria propor novas medidas para acabar com “jabutis tributários” e ampliar a arrecadação em R$ 150 bilhões – o novo arcabouço depende do aumento das receitas do governo para ter sucesso.”Nós vamos ter de aumentar a carga tributária e a pergunta que fica para, talvez, o ministro responder é quem ele vai escolher para subir a carga. Essa equação só fecha com aumento brutal de carga tributária”, disse Pastore.

A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão.

Qual é a avaliação do sr. em relação ao arcabouço fiscal apresentado pela equipe econômica?

O propósito do arcabouço é chegar a um superávit primário que permita reduzir a relação dívida/PIB. A única forma, com esse arcabouço, de alcançar resultados primários que reduzam essa relação é ter um enorme aumento de carga tributária. Estou pegando uma simulação feita pelo Marcos Lisboa e pelo Marcos Mendes (publicada no Brazil Journal) que aponta um aumento da ordem de 5,2 pontos de porcentagem do PIB. Isso não é factível. 
Esse arcabouço tem uma aritmética impecável, na qual o ministro Haddad conseguiu provar que, se a despesa crescer menos do que a receita, ele gera superávits primários, mas tem uma economia falha, que não garante o resultado.

Essa queda na relação dívida/PIB não será alcançada?

O objetivo do governo é aumentar gasto. Eu acho que esse objetivo ele atinge. Agora, não atinge o objetivo de reduzir a relação dívida/PIB.

Na leitura do senhor, esse arcabouço, então, não permite uma queda dos juros?

Em primeiro lugar, o simples fato de existir o arcabouço não leva a redução da taxa de juros. Ainda que o arcabouço fosse bom, o Banco Central não poderia fazer nenhum gesto. 
Ele teria de esperar que a inflação caísse para conseguir reduzir os juros. Não espero por parte do BC nenhum sinal nessa direção. 
 Eu só não entendo como é que o mercado financeiro teve uma reação positiva em relação a esse arcabouço. Isso eu não entendo. É uma coisa que nós vamos ver nas próximas semanas.

Vai haver uma decepção do mercado mais para frente?

Eu não sou psicólogo, não consigo interpretar como as pessoas têm a percepção dos eventos econômicos. Agora, eu digo o seguinte: para quem olha para aritmética, pode ter uma reação positiva, mas, para quem olha para a economia, a reação tem de ser extremamente negativa.

Por quê?

O ministro Haddad foi enfático em dizer que, se estão pensando em aumento de carga tributária, subindo as alíquotas dos impostos que já existem, não haverá aumento. Em segundo lugar, disse que iria buscar os jabutis. Um desses jabutis são os chamados fundos exclusivos. 
Não tenho nenhum problema com taxar fundos exclusivos. 
Agora, precisaria de uma arrecadação de 5% ao ano a mais nos anos seguinte. Aí teria de ir para as renúncias tributárias. Nós vamos ter de aumentar a carga tributária e a pergunta que fica para, talvez, o ministro responder é quem ele vai escolher para subir a carga.

Há um custo político grande de se mexer em renúncia tributária.

É complicado, mas tem de ser feito. Se ele quer levar esse arcabouço, vai ter de aumentar a carga, vai ter de dizer onde ele vai querer aumentar a carga. Eu estou dizendo que é melhor, em vez de subir um imposto que é regressivo na sua incidência, como é o imposto sobre o consumo, é melhor ir na renúncia tributária.

E o espaço é pequeno para aumentar a carga?

Se o governo aprovar esse arcabouço, ele obtém uma licença para aumentar gastos. Se ele não aumentar a carga tributária, o superávit primário não vai ser gerado
Se o superávit primário não for gerado, vamos para dois cenários: ou sobe a inflação que aumenta a receita e faz cair a despesa em termos reais ou vira uma desaceleração adicional do crescimento econômico, porque o Banco Central, mantendo a sua independência, continua com uma política restritiva.[ao que se sabe qualquer aumento da inflação - quaisquer que sejam as justificativas que criem para fundamentar o aumento  - vai ter consequências negativas e nenhum governo (especialmente um governo com a produtividade do atual = que em 92 dias produziu apenas um reajuste de R$ 18,00 no salário mínimo e inaugurou uma placa identificando a sede do Ministério da cultura)consegue resistir ao desastre causado por aquelas consequências.]

Qual cenário o sr. acha mais provável?

Qualquer cenário é possível. Se o governo conseguir aparelhar o Banco Central e gerar uma maioria de diretoria para executar a política monetária que eles querem que o BC execute, a inflação vai fácil para cima.

E qual é a projeção do sr. para a taxa de juros?

Eu não vejo queda neste ano. Eu vou ver queda lá na frente, em 2024.

E como fica a economia sem perspectiva de queda?

O PIB da agricultura vai crescer uma enormidade.  
A nossa agricultura é eficiente, somos um exportador de produtos agrícolas, os preços internacionais estão muito bons, e São Pedro nos ajudou. 
O clima foi perfeito. No Focus (pesquisa semanal do BC com projeções de analistas de mercado), tem a previsão de crescimento abaixo de 1%. Isso quer dizer o seguinte: serviços e comércio varejista sofrem muito mais do que a agricultura. É possível que a gente chegue na segunda metade do ano com taxas ligeiramente negativa de variação do PIB.

Qual será a força do governo numa conjuntura de economia fraca em que medidas difíceis precisam ser aprovados no Congresso?

Existe um conflito no campo da política econômica, entre a política fiscal e monetária. Esse conflito vai para um campo político, o governo contra o Banco Central. Qual é a repercussão que isso tem no plano político? E uma questão de a gente ver, mas eu acho que essa briga política vai prosseguir, escalar e crescer.

A alta de juros não piora a situação do crédito?

Não tem crise de crédito no País. Isso é conversa. Não tem crise de crédito no mundo. Não há crise bancária no mundo. Os Estados Unidos viveram uma corrida bancária. Corrida bancária se resolve garantindo depósitos, e inflação se combate com taxa de juros. Isso está sendo feito nos EUA e na Europa.  
E, no caso brasileiro, não teve nem corrida bancária. Houve um lamentável episódio de uma fraude gigantesca feita pela Americanas. Isso, no fundo, provocou um aumento de spread bancários na dúvida se esse cenário existe em outras empresas, que eu acho que não existe. Não vejo um aperto de crédito maior do que aquele que decorre de uma política monetária restritiva como essa que nós estamos assistindo.

Diante desse contexto internacional, qual deve ser o próximo passo do Fed?

O Fed anunciou que deve ter mais uma subida de 0,25. A economia americana está aquecida. Ou ele para com esse 0,25 ou promove mais uma alta de 0,25. Agora, nós vamos assistir a economia americana, ao longo do tempo, desacelerando o crescimento.

Affonso Celso Pastore - Ex-presidente do Banco Central. É economista e doutor pela USP

 

 

quinta-feira, 16 de março de 2023

Era o ano de 2016 - Percival Puggina

Era o ano de 2016. A Lava Jato havia exposto as vísceras da corrupção promovida pela exploração partidária dos recursos das grandes empresas controladas pelo governo federal. 
A prisão após condenação em 2ª instância estava em vigor. 
Corruptos e corruptores recolhiam as unhas. 
Muitos culpados e condenados iam sendo presos. 
A esperança de um país decente brilhava nos olhos das pessoas de bem (não vou explicar o conceito porque quem sabe sabe e a quem não sabe não adianta explicar). 
 
Nesse clima, um Congresso Nacional penitente aprovou a Lei das Estatais. Como consequência imediata de sua aplicação, do clima emocional do país e das ações penais em curso, acabou a corrupção e as estatais saltaram dos prejuízos cobertos com recursos da sociedade para os resultados operacionais positivos. Qual o motivo? Não podem mais ocupar cargos de direção ou integrar os conselhos dessas empresas os ocupantes de certos cargos públicos ou que tenham atuado na estrutura de partidos políticos, ou, ainda, em campanhas eleitorais.

É o ano de 2023. O petismo retornou à presidência da República, o país despenca e a esperança de sete anos passados exige, aos valentes de hoje, o mais aceso vigor moral para um imenso trabalho político.

O Estadão, que já foi um bom jornal até ficar parecido com a Folha de São Paulo, publicou em fevereiro um editorial criticando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo PCdoB para extrair do STF uma decisão que derrube dispositivos da Lei das Estatais. Sim, o PCdoB e o governo querem isso!

Nestas horas em que escrevo, aliás, os ministros do STF estão votando remotamente sobre a matéria. A Advocacia Geral da União se manifestou no processo em apoio à iniciativa dos camaradas que propuseram a ação.  
O governo precisa desses cargos para albergar companheiros que estejam numa pior, desempregados, ou como mimos aos partidos em recompensa por apoio parlamentar. 
Na aritmética financeira do governo há uma proporcionalidade numérica entre a força financeira do cargo oferecido e o número de votos acrescidos à sua base no Congresso.

O editorial do Estadão lembra que, antes da eleição, Lula dizia: Nós temos culpa de tanta judicialização. A gente perde uma coisa no Congresso Nacional e, ao invés de a gente aceitar a regra do jogo democrático de que a maioria vence e a minoria cumpre aquilo que foi aprovado, a gente recorre a uma outra instância para ver se a gente consegue ganhar”. Mas Lula a gente conhece. É muito superficial, quando não inamistosa a relação dele com o que diz.

O jornal vê a necessidade de “estancar a judicialização da política” e reprova o acolhimento de tantas ações de congressistas contra decisões do próprio Congresso, sugerindo ao Supremo, “em respeito à separação dos poderes”, que rejeite de modo liminar as Adins manifestamente improcedentes.

Observando o Brasil de hoje, o que se vê e o que não se vê, o que se diz e o que não se diz, é impossível não lembrar do Conselheiro Acácio, inesquecível personagem de Eça de Queiroz no livro “O primo Basílio”. Refinado cultor de obviedades, não diria diferente do Estadão. E jamais mencionaria que, para acabar com a judicialização da política, seria necessário, antes, acabar com a politização do Judiciário.  

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Lula falsifica debate sobre teto de gastos e continua na empulhação da campanha eleitoral - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Presidente eleito se recusa a entender que é impossível melhorar os indicadores sociais com desequilíbrio fiscal 

 Eis aí, mais uma vez, Lula e o PT dando provas de uma de suas doenças sem cura a incapacidade de aprender com a experiência. Não há jeito. Eles não admitem, nunca, que cometeram erros; o que deu errado, e que não pode ser jogado para baixo do tapete, é sempre culpa dos outros e não o resultado objetivo do que fizeram. 
Aí, em vez de agir de modo diferente na próxima vez, repetem as decisões que tomaram e não deram certo – e é claro que dá errado de novo, pois ninguém pode repetir as mesmas ações e esperar que as consequências sejam outras. De novo, quando o desastre aparece, a culpa é de todo mundo, menos deles.

Está acontecendo de novo, agora, em torno da necessidade de equilibrar arrecadação e despesa nas contas do governo. Lula continua convencido, ou pelo menos é o que mostra em público, de que não é possível executar “políticas sociais” e, ao mesmo tempo, manter a estabilidade fiscal; ou é uma coisa ou é a outra. 

Sua mensagem é clara: a ordem financeira impede a justiça social. O teto legal para os gastos públicos, instrumento essencial para a estabilidade, é denunciado por ele, então, como um “inimigo do povo”. Não pode haver teto, diz Lula; ele ameaça gastar o que for preciso” para ajudar “as pessoas”. 

Lula e o PT se recusam a entender que as duas coisas, avanço social e estabilidade financeira, têm de andar juntas, obrigatoriamente; na verdade, é impossível melhorar os indicadores sociais com desequilíbrio fiscal. Desordem nas contas públicas quer dizer, sempre, disparada na inflação – e inflação alta é o pior inimigo de quem trabalha para ganhar a vida e não tem sobras financeiras no fim do mês para se defender com aplicações no mercado. 
Como alguém pode se beneficiar com alta de preços diária e reajustes de ganhos uma vez por ano, semestre ou mês? 
Isso já foi tentado no Brasil durante décadas; jamais deu certo. Instabilidade na economia, além disso, trava na hora o investimento, barra o crescimento e produz desemprego direto na veia. 
 É exatamente tudo o que não interessa a quem tem pouco.

Em vez de reconhecer as realidades e trabalhar em cima delas, Lula foge da aritmética, falsifica o debate e continua na empulhação da campanha eleitoral.  

Além de escolher o teto de gastos como seu novo Judas, vive falando que precisa “combater a fome”. Engana um monte de gente, que acha admirável esta sua bondade com “os pobres”; mas “combater a fome” não gera um único emprego.  
Não gera, na verdade, nada que seja aproveitável – querem verba de “combate à fome”, mas quando não existe fome, o que fica é a verba. É disso, no fim das contas, que se trata.

 J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

 

terça-feira, 1 de novembro de 2022

A vitória de Pirro do consórcio da imprensa - Revista Oeste

Silvio Navarro

Tomada pela geração "progressista", a velha mídia rasgou manuais de redação para eleger Lula a qualquer custo — mesmo que o preço seja a censura 

Luiz Inácio Lula da Silva e William Bonner | Foto: Reprodução redes sociais.

 Luiz Inácio Lula da Silva e William Bonner | Foto: Reprodução redes sociais

“Obrigado à imprensa pelo tratamento que deu nesse processo eleitoral.”

Foi com essa frase que Luiz Inácio Lula da Silva encerrou neste domingo, 30, seu primeiro discurso depois da proclamação de sua vitória na disputa à Presidência da República. O petista estava cercado de dezenas de aliados, que pretendem embarcar juntos com destino ao passado. No palco, foram fotografados, filmados e aplaudidos pela ala majoritária de uma imprensa que envelheceu mal.

Pela primeira vez desde a redemocratização do país, as empresas tradicionais de comunicação se uniram para trabalhar em pool envernizado com o rótulo de consórcio. Os manuais de redação, a maioria redigida ainda na década de 1980, foram rasgados
Como as cartilhas sempre proibiram o compartilhamento de apurações entre jornalistas concorrentes, foi preciso encontrar uma justificativa: a pandemia. Era preciso manter a divulgação uniforme do número de mortos pela covid.

A formação do pool partiu da autoproclamada geração “progressista” dos profissionais da Folha de S.Paulo, do UOL, O Globo, G1, Extra e O Estado de S. Paulo. “A iniciativa surgiu em junho de 2020, após ameaça do governo federal de sonegar números da pandemia”, escreveu a Folha. “O consórcio coleta e publica diariamente dados de vacinas, casos e mortes provocados pelo coronavírus”, disse. Depois, o consórcio foi premiado pelo trabalho por associações formadas por jornalistas das próprias redações.

Ao longo dos últimos anos, é possível encontrar centenas de editoriais, artigos ou charges em defesa de Lula, mas ninguém superou o âncora da TV Globo William Bonner

As manchetes da covid inundaram o noticiário durante quase dois anos. No meio do caminho, o pool ganhou a adesão de um grupo de senadores, capitaneado pelo trio Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues e Omar Aziz, numa CPI formatada para ser um palanque eleitoral antecipado. Funcionou durante seis meses.

O último suspiro sobre a pandemia foi dado em 28 de outubro, a dois dias das urnas, mas passou despercebido — não fosse o calendário eleitoral, a manchete do jornal O Globo abaixo poderia causar uma nova onda de isolamento e uso de máscaras.

Foto: Reprodução

Se a aritmética justificava ou não a atuação em conjunto no período mais agudo da crise sanitária, o fato é que o consórcio inaugurado em 2020 nunca mais se desfez, porque tinha um objetivo comum: impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Do ‘despiora’ às manchetes adversativas

A imprensa em campanha também inovou na artilharia contra Bolsonaro. O auge ocorreu quando um colunista da Folha de S.Paulo cunhou o termo “despiora”, por não conseguir admitir a melhora da economia depois da pandemia.  
A aberração originou uma enxurrada de conjunções adversativas sobre o crescimento inesperado do PIB (Produto Interno Bruto), a redução do desemprego e a deflação (inflação negativa). No limite, uma apresentadora da CNN chegou a lamentar que, “infelizmente, vamos falar de uma notícia boa”.

 

As adversativas passaram a ser as melhores amigas dos jornalistas - 
Foto: Reprodução

Além do festival de manchetes distorcidas, o eleitor ainda acompanhou a atuação das redações para minimizar as barbeiragens de Lula nos discursos improvisados. Quando palavras como “gafe”, “escorregão” e “falha” estavam exauridas, um colunista do UOL inovou: “Lula pisa no tomate ao falar de Ku Klux Klan, que o povo nem sabe o que é”, escreveu Ricardo Kotscho, ex-secretário de imprensa no governo do petista.

Foto: Reprodução UOL
Fábrica de pesquisas
Um dos principais instrumentos usados pelo consórcio de mídia foi a usina de pesquisas. Mesmo com erros grotescos no primeiro turno, elas continuaram a ser publicadas. Na reta final, por exemplo, um grupo de jornalistas e analistas convidados debatia com ar de seriedade números do Ipec (ex-Ibope). O instituto contratado pela Globo mostrava que Lula venceria com 54% dos votos válidos, ante 46% de Bolsonaro. Um dos analistas previu que a distância poderia ser ainda maior, porque dificilmente Bolsonaro conseguiria melhorar seu desempenho em Minas Gerais — o resultado final no Estado foi de apenas 50 mil votos a favor do petista.

A equipe de comentaristas também discorreu animadamente sobre a corrida eleitoral em São Paulo. Uma jornalista da emissora chegou a dizer que o petista Fernando Haddad cresceu tanto que “estava dando um calor” em Tarcísio Gomes de Freitas. O Ipec, pago pela Globo indicava empate técnico (na margem de erro) entre os dois candidatos (52% a 48% em votos válidos). Tarcísio venceu por 55% a 44% no maior colégio do país.

A falência dos institutos de pesquisa foi tema de uma reportagem de Oeste publicada na edição especial do primeiro turno. Foi a sexta abordagem sobre o assunto desde 2020, ano em que Oeste decidiu não publicar nenhuma sondagem eleitoral, por causa das distorções nos questionários e da falta de transparência nos dados disponibilizados ao eleitor.

Aqui jaz um instituto de pesquisa

É provável que esses institutos, alguns rebatizados com novos nomes, no ano que vem voltem a comercializar porcentagens — especialmente aqueles ligados aos próprios grupos de mídia, como o Datafolha.

O consórcio absolveu Lula
Ao longo dos últimos anos, é possível encontrar centenas de editoriais, artigos ou charges em defesa de Lula, mas ninguém superou o âncora da TV Globo William Bonner. Aos 58 anos, o editor-chefe do Jornal Nacional será lembrado por afirmar durante uma sabatina que o petista “não deve nada à Justiça”.

A frase foi usada à exaustão pelos apoiadores de Lula. O PT gastou R$ 100 mil para divulgar um anúncio no Google e no YouTube, segundo o qual Lula não é corrupto. A banca de advogados da campanha chegou a pedir censura ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para quem tratasse o petista como “descondenado” e argumentasse que jamais houve absolvição por um erro burocrático de CEP, seu processo voltou para a primeira instância.

O papel de Bonner foi ainda mais patético durante o último debate da emissora, na antevéspera do pleito. Bolsonaro afirmou no palco que Lula fora absolvido por Bonner. O apresentador, então, se autoconcedeu um inédito direito de resposta. Como também fui citado pelo candidato Bolsonaro, me permita também fazer um esclarecimento muito breve”, disse. “Eu, de fato, disse que Lula não deve nada à Justiça, mas como jornalista não digo coisas tiradas da minha cabeça. Digo com base em decisões fundamentadas no Supremo Tribunal Federal.”

A fala de Bonner sobre seguir à risca as ordens do STF e do TSE, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, foi uma das balizas do consórcio da imprensa. O deputado gaúcho Marcel Van Hattem, um raro sobrevivente do Novo, sentiu isso na pele. Ele foi tratado com animosidade e chegou a ser interrompido pelos apresentadores da GloboNews, por criticar a censura imposta pelo TSE a veículos com linha editorial liberal-conservadora.

As redações da velha mídia amanheceram em festa nesta segunda-feira, 31, com o resultado das urnas. As eleições nos Estados, no Congresso Nacional ou nas Assembleias não importavam. Era preciso derrotar Bolsonaro a qualquer custo — mesmo que o preço fosse negociar a própria liberdade.

O custo mais alto pode ser ter de conviver no futuro com um tribunal que se acomodou no papel de censor da República — e a mordaça um dia pode bater à porta do consórcio. Ou de um presidente que não resistirá à tentação da esquerda de aplicar a prometida “regulação da mídia”. Nos dois casos, a ameaça à liberdade de expressão é uma realidade.

Uma das analogias mais utilizadas na História para descrever esse tipo de situação é a chamada vitória de Pirro — vitória com ar de derrota. Remete às Guerras Pírricas (280 a.C. e 275 a.C.), quando o exército do rei venceu uma batalha contra os romanos, mas deixou perdas irreparáveis pelo caminho. A vitória lhe custou o futuro.

Leia também “A chegada da tempestade”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

A bicicleta de academia e as beiradas do poder - Alon Feuerwerker

Análise Política

Já existe ao menos uma certeza após o primeiro turno da eleição presidencial: o renovado e vitaminado conservadorismo do Congresso Nacional atuaria como freio à elevação das temperaturas programáticas num eventual Planalto de Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo que o governo consiga formar uma base parlamentar, e não seria tão difícil, o caráter dessa base acabaria servindo de contrapeso a possíveis impulsos maximalistas da coalizão original em torno do PT. [importante ressaltar: caso DEUS resolva castigar os brasileiros e o descondenado petista vença, ele e sua corja vão ter que governar de quatro - com um Congresso Conservador e a favor do Brasil - e a soberania do Brasil é inegociável.]

Também porque o “centro democrático”, dizimado na eleição, enxerga na necessidade petista da frente ampla a oportunidade única de arrancar uma vitória política dos dentes da acachapante derrota eleitoral sofrida no primeiro turno. 
Faltaram-lhe votos para entrar no jogo como gente grande (quase tivemos um segundo turno no primeiro), mas sobra-lhe influência para colocar limites a que a política real reflita a aritmética crua das urnas.

E os movimentos recentes expressam com nitidez a excelente relação custo-benefício das (poucas) concessões necessárias para passar uma borracha no passado.
 

 Estilo petista, democrático,  de governar [inserido por Prontidão Total.]

Se Jair Bolsonaro virar o jogo e vencer, é razoável supor que as coisas continuarão mais ou menos na trilha atual. 
Executivo e Legislativo alinhados, com a orquestra parlamentar regida pelo atual presidente da Câmara (talvez venha a enfrentar agora alguma concorrência do novo/velho presidente do Senado). Mas em boa medida travados por um STF crescentemente ativista e por um TCU idem, ambos com bons operadores na opinião pública.[o hipotético travamento é algo a se ver,  já que STF e TCU estão sujeitos às leis - especialmente com um Legislativo conservador e coeso com o Executivo.]

Talvez o Senado mais bolsonarista que o atual mude um pouco as coisas a partir de fevereiro, mas seria precipitado garantir desde já uma mudança qualitativa. E é prudente aguardar para ver exatamente quem serão os dois novos integrantes do STF, para as vagas do ministro e da ministra que saem. A política também vai rodar um pouco por aí.[válido ter em conta que a indicação dos dois nomes continuará com o presidente da República e aprovação com o Senado.]

E se der Lula? Como ficará a governabilidade? A inércia levará a alguma acomodação com o Congresso, especialmente se o presidente da República conseguir vencer a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados. E sempre estará aberta a janela de oportunidade para a tentação de dar um gás adicional ao Supremo, e aliar-se aos ministros do lado oposto da Praça dos Três Poderes para enquadrar a turma do centro (da praça).

Uma única certeza: seja quem for o vencedor, a reconcentração de poder no Executivo continuará na ordem do dia.
 
É a tarefa de reedificar o que foi demolido nas crises que tragaram o governo Dilma Rousseff e transformaram Michel Temer num pato manco prematuro. 
Sem o poder moderador oficioso do Executivo, a política brasileira continuará como aquelas bicicletas de academia: o sujeito pedala, cansa-se, sua, mas não sai do lugar.

Um erro político de Jair Bolsonaro foi tentar levar essa parada no grito, sem fazer direito a conta de quantas divisões tinha para a empreitada. Acabou tomando o contra-ataque. Chega à eleição forte, mas enfrentando uma frente ampla de opositores.  
Talvez o temperamento e a autoconfiança do capitão o tenham impelido a isso. 
Lula, raposa velha, sabe que em Brasília a acumulação de poder não é corrida, é caminhada. Aqui, come-se pelas beiradas.
 
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Maioria política e maioria eleitoral - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os números são os números. Luiz Inácio Lula da Silva chegou na frente no primeiro turno da eleição presidencial e ficou perto de concluir a fatura. Mas no Congresso Nacional manteve-se, reforçada, a maioria esmagadora do centro para a direita. E, com exceção de quatro estados onde o PT já é governo (no Ceará informalmente), o desempenho da esquerda regionalmente não foi bom.

Como olhar esse paradoxo? Por que a esquerda lidera na majoritária nacional e enfrenta dificuldades nos demais níveis?   
Entre as possíveis explicações, uma parece imediata: a vantagem numérica de Lula na corrida federal até o momento decorre não propriamente de uma inclinação do eleitorado à esquerda, mas de dois outros fatores
1) a memória da prosperidade nos governos Lula e, principalmente,
 2) a rejeição pessoal a Jair Bolsonaro.
O presidente tenta enfraquecer o primeiro ponto estimulando a recordação das dificuldades econômicas surgidas no período Dilma Rousseff. Mas isso vem tendo um efeito apenas relativo, pois o PT tem operado com sucesso a separação entre os períodos Lula e Dilma. 
Ela ficou com o passivo, enquanto ele preservou o ativo eleitoral.

O flanco algo vulnerável da maioria numérica lulista é o segundo, a rejeição a Bolsonaro.

Se Bolsonaro conseguir relativizar sua rejeição no juízo do eleitor, e elevar a de Lula, pode fazer até eleitores do petista no primeiro turno concluírem que, apesar de não gostarem da figura do presidente, talvez valha a pena mantê-lo, pois afinal a economia está melhorando.  
É esse vaso comunicante que pode levar alguns eleitores de Lula no primeiro turno a mudar de lado. 
É raro e difícil de conseguir, mas vamos lembrar do que aconteceu em 2006.
 
Na aritmética, Lula está perto de levar a taça, mas eleição está mais para o tênis, ou o vôlei, do que para o futebol. 
Não basta esperar o tempo passar e administrar a vantagem, você tem de fechar o jogo. O que falta para Lula fechar o jogo? 
Evitar que Bolsonaro transforme a maioria política do centro para a direita em maioria eleitoral no segundo turno.  
Não parece tão difícil assim, mas não está tão fácil quanto indicam os números tomados pelo valor de face.
 
O risco para Bolsonaro está em Ciro e Simone garantirem a Lula uma transferência de votos suficiente para impedir que Bolsonaro transforme a maioria política em maioria eleitoral. 
O risco para Lula está em a esmagadora maioria política de Bolsonaro nas demais regiões, especialmente no Sudeste, acabar se transformando em uma maioria eleitoral capaz de neutralizar a resiliente vantagem do petista no Nordeste.

Pois no Nordeste Lula parece estar quase no teto, mais que Bolsonaro no Sudeste.

Alianças políticas costumam ser fundamentais em segundo turno, mas é preciso um certo cuidado para não as reduzir a alianças partidárias ou com candidatos derrotados no primeiro turno. Há muito tempo a política deixou de ser monopólio dos partidos.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
 
 ====================

Publicado na revista Veja de 12 de setembro de 2022, edição nº 2.806

domingo, 7 de agosto de 2022

Paraíso perdido - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Lula e o PT preferem a Petrobras que comprava micos como a refinaria de Pasadena

Uma das ideias fixas que o ex-presidente Lula exibe em sua campanha para a Presidência da República, junto com a volta do imposto sindical e a entrega de uma posição de “importância” para o MST no futuro governo petista, é “recuperar” a Petrobras. 
Na verdade, ele anuncia que vai “recuperar” todas as empresas estatais – que, segundo diz a cada cinco minutos, foram “destruídas” na presente administração. Como assim “recuperar”
À primeira vista não faz nexo. No seu tempo, Lula e a sua sucessora conseguiram um feito inédito na história mundial da indústria de combustíveis: quase quebraram uma empresa de petróleo e, pior ainda, uma empresa que tem o monopólio do setor no Brasil. 
Só não quebraram porque você e os demais pagadores de impostos deste país tiraram dinheiro do bolso para pagar os prejuízos e impedir a falência. À segunda vista, porém, é perfeitamente compreensível o projeto de fazer a Petrobras voltar “a ser o que era”.
 
A Petrobras de hoje dá lucro; em 2021, aliás, teve mais de R$ 100 bilhões de lucro, o maior dos seus quase 70 anos de história. Neste ano de 2022, só no primeiro semestre, já teve um lucro de quase outros R$ 100 bilhões – mais do que o dobro do que foi obtido no mesmo período do ano passado. O desagradável desta história, para quem quer voltar à Petrobras de antigamente, é que os lucros vão para os acionistas a começar pelo Tesouro Nacional, que é o maior acionista de todos. Qual é a graça disso? 
Lula, o PT e o “campo progressista” não estão interessados em estatal que dá dinheiro ao erário. 
 
Preferem, e estão dizendo isso em voz alta, a Petrobras que comprava micos de categoria mundial como o monte de ferro velho da refinaria americana de Pasadena
Querem voltar aos tempos da refinaria Abreu e Lima, que deveria ser construída por R$ 2 bilhões, já está custando mais de 20 e até hoje só opera parcialmente. 
Ou, ainda, estão com saudades de fornecedores como a empresa de sondas que recebia o preço das sondas, não entregava sonda nenhuma e acabou pedindo falência. 
Essa Petrobras era um desastre para o público pagante, mas uma bênção do céu para os amigos da diretoria, os amigos dos amigos e quem mais tirava proveito do prejuízo que ela tinha. 
É claro que essa gente está desesperada para recuperar o paraíso que perdeu.

As estatais da era petista deixaram um prejuízo de R$ 40 bilhões. 
Hoje é o contrário: só em 2021 o lucro ficou perto dos 190 bi, uma das razões pelas quais foi possível aumentar os gastos sociais, reduzir impostos e conseguir superávit das contas públicas. 
 A vontade de voltar ao passado é uma questão de aritmética.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo