Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cinema. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de maio de 2023

Os “Vingadores” de Lula - Gazeta do Povo

Vozes - Deltan Dallagnol

Justiça, política e fé

Os “Vingadores” de Lula
| Foto: EFE


Recentemente, o Ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, fez uma declaração comparando-se aos Vingadores. De fato, como parte da equipe de Lula, Dino faz parte de um time de vingadores, mas há uma diferença crucial entre os Vingadores da Marvel e os de Lula.

Na saga dos quadrinhos e do cinema, os Vingadores buscam justiça, protegem os mais fracos e combatem o mal. Como o Brasil é hoje o multiverso da inversão de valores, os vingadores de Lula fazem jus ao apelido por uma razão totalmente diversa: buscam e promovem vingança.

Veja-se o caso de Waldih Damous, secretário do Ministério de Dino. Damous, que já foi advogado de Lula, quando seu cliente foi condenado e preso, afirmou publicamente que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria ser fechado por vingança. É a lógica da retaliação pautada em interesses e avessa à justiça.

    Como o Brasil é hoje o multiverso da inversão de valores, os vingadores de Lula fazem jus ao apelido por uma razão totalmente diversa: buscam e promovem vingança

Lula, por sua vez, como líder do governo de vingadores, declarou abertamente que só ficaria satisfeito quando "ferrasse" Sergio Moro, um dos juízes responsáveis por sua condenação. Em vez de se engajar num debate construtivo contra a corrupção, algo de que entende muito, o que quer é vingança pessoal.

Por vingança, tudo que lembra a Lava Jato deve ser extirpado. O governo desativou, por exemplo, o setor anticorrupção da Controladoria da União, quer desfazer os acordos de leniência que recuperaram bilhões e o presidente da Petrobras desse time de vingadores quer se livrar do setor anticorrupção da estatal como se fosse um “entulho da Lava Jato”.

Nesse governo da vingança, quem apoiou a operação Lava Jato, aliás, não tem vez na ocupação de cargos de liderança, enquanto muitos envolvidos em escândalos, ou então investigados, processados ou até condenados ocupam altas posições em ministérios ou estatais.

A vingança de Lula mina também as instituições. Ataca reiteradamente os profissionais da Lava Jato e a credibilidade do sistema de justiça. Após ter criticado Bolsonaro por não seguir a lista tríplice para Procurador-Geral da República, paradoxalmente afirma que seguirá o mesmo caminho, repetindo o erro.

Lula demonstrou ainda insensibilidade diante de ameaças à vida de agentes da lei. Sua reação foi debochada e indiferente diante do sofrimento dos pais de duas famílias que descobriram que seus filhos estavam nas listas de alvos do Primeiro Comando da Capital (PCC), Isso contradiz os princípios dos verdadeiros heróis, aos quais Flávio Dino almejava se comparar.

Outro exemplo é a tentativa de cassar os mandatos dos agentes políticos eleitos, oriundos da Lava Jato, com base em argumentos absurdos e na influência política. 
 Até quando vai seguir a perseguição contra a Lava Jato e aos seus agentes? Em vez de cuidar do futuro dos brasileiros, o governo tem uma obsessão por reescrever o passado.

    Após ter criticado Bolsonaro por não seguir a lista tríplice para Procurador-Geral da República, paradoxalmente afirma que seguirá o mesmo caminho, repetindo o erro

É alarmante ainda a forma como o governo dos vingadores quer censurar a liberdade de expressão. O governo da vingança prometeu unir o país, mas busca isso pelo caminho errado: de supressão do dissenso, em vez de promover a tolerância com a pluralidade política e de pensamento.

O governo quer de todo modo controlar a narrativa,
seja por meio do ministério da verdade anunciado no início do seu governo, da mudança da lei das estatais para investir bilhões em publicidade na grande imprensa, ou então de um órgão com superpoderes para monitorar as redes sociais. E ai de quem se ousar se opor: os defensores da liberdade de expressão são tachados de assassinos de crianças.

Lula ataca ainda o setor agropecuário simplesmente porque em boa medida apoiou seu adversário político. Em entrevista ao Jornal Nacional, em agosto de 2022, Lula classificou parte do setor como "fascista" e "direitista". Culpou o “agronegócio maldoso” pelo 8 de janeiro de modo leviano. Atribuiu ao agro a responsabilidade pelo desmatamento. 

O que é esse ataque generalizador se não for um ato baixo de vingança política?

E Lula fez isso justamente contra um setor que merece grande reconhecimento pela sua contribuição para a economia e a segurança alimentar do país. O Brasil precisa do agro.  
Se há desmatamento, que os culpados sejam responsabilizados, mas o ataque a toda uma categoria, grande parte da qual nem possui terras nas regiões amazônicas, é deplorável. 
Ao fazer isso, ele legitima medidas protecionistas de países como a França. Assim, ele prejudica o próprio Brasil.

Um governo vingativo polariza ainda mais a sociedade. Ao buscar vingança contra seus oponentes políticos, Lula estimula um ambiente de hostilidade e divisão, de nós contra eles, de empregados contra patrões, de ricos contra pobres, de desarmamentistas contra armamentistas, de ambientalistas e sem-terra contra o agro.

É um país que não cabe no “todos”. Tem que ser dividido em todos, todas, todes, todus, todis e, com o tempo, faltarão letras no alfabeto. Os cidadãos são incentivados a tomar lados como inimigos, alimentando conflitos, prejudicando a coesão social e minando a confiança de uns nos outros e nas instituições democráticas.

A liderança de um país exige uma série de habilidades e qualidades, sendo uma delas a capacidade de unir as pessoas em torno de um projeto para o bem comum. Contudo, falta um discurso de união em torno de um projeto. E aí reside um problema gravíssimo: passados mais de 120 dias de governo, não há projeto para o desenvolvimento do país.     Não há projeto para vencermos nossos problemas e desafios.

Na campanha, Lula assegurou que sabia o caminho com frases que diziam “confiem em mim, eu sei o que fazer”, “vai chover picanha e cerveja”. Contudo, o único projeto que se viu, para além de slogans vazios, é um projeto de reabilitação política impregnado de vingança.

Flávio Dino está certo: um time de vingadores governa o país. O slogan “Brasil da Esperança” deveria ser mudado para o “Brasil da Vingança”. Dizem que o exemplo arrasta. Nesse caso, arrasta para o abismo vazio da divisão e da polarização, ou então para a instabilidade de um novo impeachment, que pode se tornar cada vez mais necessário.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol, deputado federal - Coluna Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 1 de abril de 2023

Bolsonaro, o retorno. - Percival Puggina


Como dizem os amantes de cinema, é “remake” de um clássico. A volta de Bolsonaro ao Brasil por algum tempo dará bilheteria adicional aos noticiários. Eles terão novamente seu alvo preferido ao alcance da pontaria.

A gente entende. Todos gostamos de jogos a que estamos habituados, treinados. No entanto, para algo a que se possa chamar jornalismo, a maior atenção deveria estar posta na coleta de prováveis consequências e de reações honestas àquilo que o governo vem dizendo. E o que é mais grave – fazendo.

Não é papel da imprensa ajudar o governo a governar, mas o jornalismo que ajudou o presidente a retornar ao Planalto poderia ter um pouco mais de consideração com seus leitores e elucidar o governo sobre o caminho que percorre e sobre o atoleiro para onde conduz a nação.

Como cidadão que quer o bem do país, só posso lamentar quando o jornalismo foge do principal e vai atrás do secundário. 
Uma coisa é registrar, no tom que cada veículo considerar interessante, a chegada do ex-presidente. 
Outra bem diferente é persistir no desvio de conduta pelo qual a mídia do consórcio andou durante os últimos quatro anos desconsiderando o governo para atacar o presidente.

Desatentar aos graves erros do governo Lula para o remake de sua cisma com Bolsonaro será mais um desserviço à sociedade. Um país com as deficiências culturais do nosso precisa muito de uma imprensa livre e responsável.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

*       Revisado em 01/04/2023

 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Alexandre de Moraes toma posse no TSE: talvez seja tudo exagero. Mas não é - VOZES

Paulo Polzonoff Jr.
 
Estava aqui pensando na felicidade algo histérica com que a esquerda e uns liberais ma non troppo acompanharam a posse de Alexandre de Moraes, El Grande Xerife de la Democracia, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 
Até escorreu uma lágrima. De raiva, mas ainda assim.
Por conta da Coroação, houve quem se prestasse ao papel de sommelier de aplauso, analisando a duração, o tom, o ritmo, o entusiasmo daqueles que ficaram com as mãos vermelhas de tanto prestar mesuras sonoras ao czar eleitoral. [um dos terrores causados por Saddam Hussein era nas reuniões do gabinetes,  em que mais de duas palavras, pronunciadas por Saddam, produziam calorosos, e demorados aplausos. 
As razões da demora era que qualquer um dos aplaudidores tinha medo de ser o primeiro a parar de aplaudir - demonstrava desrespeito ao tirano e a punição era IMPLACÁVEL - e medo de ser o último (poderia ser interpretado como deboche, com punição IMPLACÁVEL.]
 
A posse de Alexandre de Moraes no TSE foi marcada por elogios rasgados e aplausos entusiasmados. Mas o que ela prenuncia, afinal?| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Por coincidência, ao mesmo tempo em que uma jornalista exaltava a genialiade de Alexandre de Moraes e outro alguém se dizia com as esperanças democráticas renovadas (o que quer que signifique isso), apareceu em minha timeline uma frase atribuída a Simone Weil: “o futuro é feito da mesma matéria do presente”. Imediatamente pensei que, por lógica, o presente deve ser feito da mesma matéria que o passado. Isto é, de amor divino, mas também de homens falhos, de sofrimento e de soberba que sempre acompanha os tolos. Daí a começar a sentir o friozinho imaginário daquela Moscou de outubro de 1917 foi um pulo.

E não diga (ainda!) que é exagero. Talvez seja preguiça, mas não exagero. Afinal, poderia ter me esforçado um pouco mais, botado mais combustível na máquina do tempo e ido para a Paris de 1789. 
Mas calhou de ser Moscou e, sinceramente, estou levantando as mãos para o céu. Imagina se os neurônios resolvem se amotinar e me jogam na Pequim de 1949 ou na Havana de 1959! 
Tanto melhor que tenha sido num lugar onde, se eu deixar o cavanhaque crescer, posso ser até confundido com Lênin.

Por falar em Lênin, olha ele ali sobre o caixote, discursando para os camaradas. Ele fala em transformar o mundo, em proteger os pobres, em tornar a Rússia um lugar próspero e pacífico. É tudo mentira, mas quem liga?

(...)

Какое преувеличение!

Aplaudia e bajulava e chamava de “gênio” não só Lênin, mas também Trotsky, Stalin e vários outros líderes do segundo e terceiro escalão, todos com as mãos sujas de sangue. Rebeldes anônimos, burocratas com as facas nos dentes, cujas biografias marcadas pela nada espetaculosa perversidade cotidiana felizmente não chegou até nós. Também no глобус e na Лист de S. Павел da época havia defensores da liberdade e anticzaristas psicóticos que tinham certeza de que estavam “do lado certo da história”. E aqui talvez seja uma boa hora de explicar ao leitor que o lado certo e o lado vencedor da história nem sempre coincidem.

O que aconteceu com essa elite num primeiro momento apaixonada pelo humanismo puríssimo” da Revolução a gente sabe
Os que perceberam o erro a tempo deram um jeito de fugir. 
Os que insistiram no erro “só para ver no que vai dar” hoje jazem ao longo da ferrovia Transiberiana ou em covas coletivas abertas em lugares como Nazino
 
(...)
 
O cinema e a televisão carcomeram e pasteurizaram nosso imaginário, por isso muita gente só consegue conceber vilões absolutos ou revoluções comandadas por loucos de pedra dando aquela gargalhada espalhafatosa para a câmera. A realidade, infelizmente, é bem diferente disso. Não são raros os vilões que falam em democracia e até em amor cristão para justificar seus atos mais vis
E o mais louco à frente da Revolução sempre espera o dia seguinte à vitória para se livrar de quaisquer amarras morais que por ventura lhe restem.
 
O que vi na posse de Alexandre de Moraes no TSE foi um homem com um propósito, cercado por fãs cujos olhos brilham com essa fé macabra. Poucas coisas nesta vida me botam mais medo. 
Mas tomara que você e você e você (sim, você aí no fundo!) tenham razão e que tudo não passe de um (mais um) exagero de um cronista sem vergonha de se assumir como hiperbólico, hiperbolicíssimo.