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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Reação ao caso Ágatha - Leandro Colon

Folha de S. Paulo

Tragédia de Ágatha poderia enterrar proposta de Moro que protege policiais

Deputados deveriam homenagear menina morta e jogar fora ideia sobre excludente de ilicitude

O presidente Jair Bolsonaro se calou, e o ministro Sergio Moro (Justiça) divulgou uma nota protocolar sobre o trágico assassinato da menina Ágatha Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão, no Rio. [até o presente momento, NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, fundamenta a acusação que foram policiais militares os responsáveis pelo tragédia que vitimou uma criança inocente - nada, nenhuma motivação foi apontada para os policiais praticarem tal ato.
Os únicos que tinham, tem e sempre terão, a ganhar com tragédias da menina Ágatha são os traficantes.
A eles não interessa operações policiais nas favelas do Rio ou em qualquer outra região e a forma mais simples de dificultar ou mesmo acabar com tais operações:
- um deles, utilizando um fuzil dispara contra um veículo com várias pessoas, entre elas uma criança, mata a criança e logo todos - estranhamente todos - acusam a polícia.
 
Quem acreditou na imparcialidade do motorista do veículo que transportava a inocente Ágatha, quando acusou os policiais militares. Quem é capaz de achar que aquele cidadão teria, ou tem, coragem de acusar os traficantes?
Acusa a polícia e ganha a simpatia dos bandidos e o direito a viver.]

Moro lamentou a morte e disse confiar que “os fatos serão completamente esclarecidos pelas autoridades”. “O governo federal tem trabalhado duro para reduzir a violência e as mortes no país, e para que fatos dessa espécie não se repitam”. É de Moro a ideia em discussão na Câmara do excludente de ilicitude, uma espécie de imunidade para policiais e militares que matarem pessoas em serviço. Um “livre para matar”.

A proposta do ministro prevê que o juiz poderá reduzir pela metade ou deixar de aplicar a pena por morte cometida em legítima defesa se o “excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. A menina Ágatha foi baleada nas costas dentro de uma kombi, na companhia da mãe, quando estava a caminho de casa. Segundo parentes, ela foi alvo de disparo da polícia, que buscava atingir um motociclista. [os parentes vão continuar morando naquela favela e qual deles vai ter coragem de dizer que foi o tráfico que matou a criança? 
mais simples para eles - e a única alternativa para continuarem vivos - é acusar a polícia.
Agora a pretensão de punir os policiais que no legítimo exercício do DEVER LEGAL - o que inclui, sem limitar, a defesa se sua vida ou a de terceiros -  entrar em confronto com bandidos e abater um ou mesmo vários - é um inconcebível absurdo e equivale a dar carta branco para os bandidos matarem impunemente, com a certeza que os punidos serão os policiais que tentam trabalhar, cumprir o DEVER DE POLICIAL arriscando a própria vida.
 
Tudo indica que quando o BEM triunfa, o policial não morre, não se deve comemorar e sim lamentar - é o que se depreende da crítica ao governador do Rio quando comemorou a libertação incólume dos réfens de um sequestro enquanto o sequestrador foi abatido.]

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), desta vez não desceu de helicóptero dando murros no vento. Assim como Moro, ele optou por uma nota oficial, convencional, colocando a menina como mais uma vítima inocente de ação policial. Se a proposta de Moro valesse hoje, o assassino de Ágatha, sendo mesmo um policial, poderia ter a pachorra de alegar que agiu por medo, surpresa ou quem sabe uma violenta emoção ao alvejar do nada uma kombi. E, assim, um juiz, inspirado no colega que virou ministro de Bolsonaro ou no que agora é governador do Rio, livraria a pele desse agente. Ao comentar a tragédia de Ágatha, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu uma “avaliação muito cuidadosa e criteriosa” sobre o excludente de ilicitude. [o deputado Rodrigo Maia está entre os que votaram a favor de uma versão da Lei de Abuso de Autoridade,que cuidava de prender policiais, promotores e juízes que tentam combater a corrupção.]

Deputados já esvaziaram boa parte do pacote anticrime de Moro. Fariam uma homenagem à menina Ágatha se enterrassem de vez essa proposta que, se um dia for aprovada, poderá proteger policiais assassinos. [PODERÁ, destaque-se ser uma possibilidade;
já facilitar a vida de traficantes e de corruptos, enterrando o pacote anticrime, é e sempre será  uma certeza.]
 
Leandro Colon, Coluna na Folha de S. Paulo
 
 
 
 

Morte de menina no Alemão segue sem esclarecimentos da PM - O Globo


Corporação diz seguir "protocolos rígidos com a preocupação de preservar vidas", mas não esclarece se trocar tiros com suspeitos em fuga é procedimento mais adequado 

 Criticada por especialistas, artistas e políticos, a ação da Polícia Militar que resultou na morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão , permanece com inúmeras perguntas sem respostas. Apesar do resultado trágico da ação, o governo estadual afirmou, em nota enviada ontem, que o trabalho da polícia "segue protocolos rígidos de execução, sempre com a preocupação de preservar vidas". 
 
No entanto, até o momento, o Estado ainda não se pronunciou acerca do que, de fato, ocorreu no local: contrastando com a versão da PM — que diz ter sido atacada por traficantes moradores alegam que não havia troca de tiros entre policiais e traficantes na comunidade e, portanto, a rua estava movimentada. O governo também ainda não informou se trocar tiros com suspeitos em fuga é o procedimento mais indicado mesmo em uma rua cheia de inocentes.

[um esclarecimento indispensável: claro que a morte de qualquer inocente em um confronto é algo lamentável, especialmente quando a vítima tem oito anos de idade - uma criança inocente e indefesa.

Só que a polícia não pode ter suas ações pautadas pelos bandidos, ficar sujeita a ter policiais abatidos por bandidos armados com fuzis, para não trocar tiros, não realizar disparos.

Os bandidos a eles interessa duas coisas no que concerne a operações nas favelas;

- que elas cessem - e o clamor publico por vítimas inocentes é imenso e temuma força que precisa ser ignorada;

- ou então que os policiais subam nos morros sem revidas aos disparos.

Qual a forma mais eficiente para alcançar, ou pelo menos tentar, um dos dois objetivos citados?

Óbvio que produzindo vítimas inocentes e a favor dos bandidos, no que ajudados pela forte tendência dos moradores em acusar a polícia - talvez, até acusem por pressão dos traficantes.

Alguém acha que aqueles ônibus que são atravessados bloqueando as ruas é resultado de ação espontânea dos moradores? ou são obrigados pelos bandidos?

Fiquem certos que os bandidos são capazes de atirar contra moradores, inclusive crianças, durante um tiroteio, para que a polícia seja responsabilizada.

A polícia deve seguir rigorosamente os protocolos nessas operações nos morros - as operações necessitam continuar e até se intensificarem - evitando morte de inocentes, mas, lembrando que um dos primeiros itens dos protocolos é que o policial não morra.

Que Deus se apiede da população carioca, que inocentes não morram em confrontos bandidos x polícia, sendo conveniente até o estabelecimento de alguns padrões a serem seguidos pela população durante tiroteios.]


Tristeza: Elias César, tio de Ágatha, chora na porta do IML Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Tristeza: Elias César, tio de Ágatha, chora na porta do IML Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Caso Ágatha : Bala encontrada em corpo vai permitir comparação com armas de PMs
Também contrariando a versão dada pelos moradores, a Polícia Miitar diz que os agentes de segurança foram atacados por traficantes e, por isso, revidaram. Mas ainda não se sabe quantos policiais militares participaram da troca de tiros, quantos atiraram e nem se o tiro que atingiu a menina partiu de um fuzil. [os fuzis apesar de no papel serem armas de uso restrito, são usados sem restrições pelos bandidos, assim, se a criança foi atingida por um projétil de um fuzil, a principio, não indica se o disparo foi dos policiais ou dos bandidos.]
A corregedoria da PM informa que abriu um Inquérito Policial Militar  (IPM) para apurar a ação dos policiais envolvidos no episódio, sem detalhar quantos policiais responsáveis pelo patrulhamento da região serão ouvidos pela  Delegacia de Homicídios  (DH).
Outras perguntas que permanecem abrindo margem para dúvidas são a respeito da troca de tiros alegada pela PM: ainda não foi esclarecido se algum tiro supostamente disparado por traficantes acertou alguma viatura, e nem quantas viaturas estavam no local. [se percebe que há um interesse não disfarçado de encontrar indícios que lancem suspeitas sobre os policiais - desmoralizar a polícia, não parece ser objetivo apenas dos traficantes.]

Ontem, o porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess , disse ao "RJTV" que os números de homicídios estão em queda e, portanto, o estado "não vai recuar" no protocolo hoje seguido pela corporação. Procurada pelo GLOBO, a assessoria de imprensa da PM não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.

Uso de helicópteros
Marcus Vinícius Braga, secretário de Polícia Civil, revelou no dia 20 de agosto, detalhes do protocolo sigiloso da instituição para uso de helicópteros em operações da corporação. No último dia 8 de agosto, a Secretaria de Polícia Civil do Rio aprovou um manual operacional de uso das aeronaves da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), cujo conteúdo não foi revelado.

A aprovação foi publicada no Diário Oficial e assinada pelo secretário, que atribuiu grau secreto ao documento. Isso significa que o sigilo tem validade de 15 anos. O acesso é restrito a quem participou de sua elaboração, ao secretário e autoridades acima dele, como o governador Wilson Witzel.



O Globo

sábado, 25 de agosto de 2018

Ministro da Defesa prevê mais mortes na fase final da intervenção no Rio



Para Silva e Luna, resolução do caso Marielle vai influenciar na avaliação da intervenção

[a eficácia da intervenção não pode ser avaliada pela resolução de um caso de assassinato de um político - em mais de 60.000 ocorridos em apenas um ano e após e morte de três militares em operação de Garantia de Lei e Ordem e surpreende que essa escala peculiar, e injusta, de valorização seja da lavra de um general que também é ministro da Defesa.

A intervenção pode até fazer por merecer, até o final deste ano, uma melhor avaliação, desde que comece identificando e punindo os assassinos dos militares - que morreram no CUMPRIMENTO DO DEVER e não em uma reunião política ou algo do gênero  e convencendo a população que uma VIDA HUMANA tem o mesmo valor - pouco importa que seja a de um político, a de um empresário, de um morador de rua, de um militar (alguma diferença de valorização pode, e deve, ser considerada a depender das circunstâncias em que a morte ocorreu.]


A intervenção federal no Rio caminha para uma maior letalidade, tanto em razão de uma ampliação de confrontos entre grupos rivais quanto pela atuação mais efetiva da polícia. A percepção é do ministro da Defesa, o general do Exército Joaquim Silva e Luna, em entrevista ao GLOBO.
(Enfrentamentos entre grupos rivais) tendem a se intensificar e gerar mais mortes. Isso não é uma profecia. É uma conclusão — afirma o general, que acrescenta — Ao se defrontar com o criminoso, a tendência da polícia, por falta de meios, era se omitir. Agora, ela está disposta a enfrentar. Isso aí pode aumentar a letalidade.

A operação da intervenção federal no Complexo do Alemão na última segunda-feira, que deixou três militares mortos, foi a mais letal para o lado dos militares nas últimas décadas. Luna cita que houve mortes apenas na missão de paz no Haiti e isso em razão de terremotos, numa missão que durou 13 anos, entre 2004 e 2017 e numa ação de garantia da lei e da ordem (GLO) no complexo da Maré, em 2014, com um militar morto e 27 feridos. O ministro diz que não haverá vingança e que a estratégia militar manda trocar tropa e comando, para que não haja espaço para revanches.

Luna não admite que houve erro dos militares na prisão de cinco jovens no Alemão que, após quatro dias presos, foram soltos pela Justiça por falta de evidências de envolvimento em práticas criminosas. — O criminoso se sente reforçado e volta como herói.
O ministro diz que a intervenção ainda não sabe quem matou a vereadora Marielle Franco (PSOL), mas trabalha para que isso ocorra até o fim da presença dos militares no Rio, em 31 de dezembro. E admite:
O caso Marielle vai ser parte da percepção do êxito (da intervenção). Resolvido, é uma percepção. Não resolvido, é outra percepção. [a prioridade precisa ser, reiteramos, a identificação e punição dos assassinos dos três militares e dos seus cúmplices (incluindo eventuais moradores das favelas que apoiem, por qualquer meio, os traficantes); 
à identificação dos assassinos dos militares servirá, no mínimo, para 'convencer' os traficantes que o assassinato de um MILITAR ou qualquer autoridade policial - em missão ou em qualquer outra circunstância - significará PUNIÇÃO IMEDIATA para os assassinos.
Que se investigue qualquer uma das outras mais de 60.000 mortes, mas, SEM priorizar nenhuma.  
PRIORIZAR a investigação do assassinato de um MILITAR ou policial, é justificável pelo caráter exemplar que tem uma PUNIÇÃO IMEDIATA.] 
 
A seguir, os principais trechos da entrevista:
O senhor tem conhecimento de outra ação militar que tenha sido tão letal aos militares quanto esta na segunda-feira, no Complexo do Alemão, quando três morreram?
Ao entrar numa operação como essa, o risco já está posto. Ele faz parte da missão. Logicamente, tenta-se minimizar o risco. Aquele terreno era pouco conhecido pelos militares. O que afeta a um, afeta a todos. Todo mundo se sente pessoalmente atingido. Se não for assim, o comandante que deu ordem para que esses três soldados subissem o morro corre o risco de ouvir do soldado que ele não vai, que não se sente seguro. Na Maré, em 2014, houve uma morte e 27 feridos. No Haiti, 17 morreram, mas por causa do terremoto.

A letalidade em ações da intervenção vai ser maior a partir de agora?
A integração da polícia, que não existia, passou a ser feita. Uma quantidade muito grande de policiais que estavam em atividades administrativas já está incorporada ao trabalho. Existia uma quantidade grande de UPPs que não tinha finalidade alguma. Foram extintas e esse pessoal foi incorporado. Eles estavam despreparados. Tiveram que treinar, fazer tiro. Agora, essa resultante vai atuar contra o crime organizado. Os grupos começaram a se enfrentar entre eles. O tiroteio, o enfrentamento provocado por eles mesmos deverá ser crescente. Balas perdidas e policiais mortos reduziram bastante. Hoje, um único disparo é suficiente para inibir a ameaça.

Enfrentamentos entre grupos rivais podem se intensificar?
Tendem a se intensificar e gerar mais mortes. Isso não é uma profecia. É uma conclusão.

Houve um aumento de 40%, no entanto, da quantidade de mortes em decorrência de ações policiais: 636 entre março e julho deste ano, ante 460 no mesmo período do ano passado.
Os dados catalogados na época eram inconsistentes em razão de a polícia estar em greve. As notificações eram abaixo do que acontecia de fato. Além disso, ao se defrontar com o criminoso, a tendência da polícia, por falta de meios, era se omitir. Agora, ela está disposta a enfrentar. Isso aí pode aumentar a letalidade. A ação da polícia não é matar. Ela vai para tentar prender. Do enfrentamento pode surgir a morte.

Diante da morte de um PM, é comum no Rio que ocorra uma contraofensiva, muitas vezes motivada por vingança. Isso pode vir a acontecer agora, diante da morte dos três militares?
Eu diria que não. Uma forma que as Forças Armadas usam até como método é trocar a tropa empregada ali. Tira aquela tropa e coloca outra. Troca o efetivo, troca o comandante da operação. Se nos deixarmos dominar por isso, a missão acaba.

Na mesma operação no Alemão, cinco jovens da mesma família foram presos pelos militares e a Justiça entendeu que não havia razão para as prisões. Eles ficaram quatro dias presos.
O sentimento que passa é de impunidade. [o que leva a Justiça a 'atrapalhar' o combate a criminalidade é a facilidade com que qualquer advogado de porta de cadeia (tipo de advogado que avilta a profissão) consegue convencer um juiz (especialmente no recém criado - e desnecessário - procedimento 'audiência de custódia') da inocência do acusado.
Recentemente, em Brasília,  um individuo foi preso em flagrante sob acusação de desrespeitar medida protetiva a favor de sua companheira (que ele ameaçava matar) foi para a audiência, o juiz o liberou e do local da audiência ele se dirigiu a casa da companheira e a matou. É FATO.
Caso tivesse sido decretada sua prisão ele não teria cometido o crime.] Mas do outro lado está a Justiça, que fez sua avaliação e considerou que não era o caso de se criminalizar. A primeira percepção que passa é que estamos tirando com uma mão e colocando com outra. Ele se sente reforçado, se é que tem alguma culpa.

Ele quem, ministro?
O criminoso. Ele se sente reforçado e volta como herói. Passa a exercer uma liderança como herói dentro do seu universo.

A Justiça se equivocou?
Não tenho esses dados para avaliação. Estou falando da percepção que passa. Ele sendo abraçado, ele sendo festejado. Alguém que estava envolvido naquele ambiente é complicado. Estão dando exaltação ao crime em vez de a quem está combatendo o crime, em proveito da sociedade.

Como viu a morte de um adolescente de 14 anos a caminho da escola em junho, na Maré, usando o uniforme escolar? Um helicóptero sobrevoava a comunidade e efetuava disparos.
A gente vê com lamento. Já há versão de que o tiro não partiu do helicóptero, mas se for isso aí, é lamentável. [a primeira versão era que o garoto tinha sido atingido por tiros disparados de um blindado da Polícia Civil.
Vendo que a versão seria desmontada na reconstituição, os defensores dos 'direitos humanos' dos bandidos criaram uma nova: a do helicóptero.]
 
Já houve avanço em investigação sobre de onde partiram os disparos?
A trajetória da arma não veio do helicóptero.

A intervenção tem se preocupado em investigar esses casos?
Tem. Quando há um caso desse, ele é mais que apurado. Serve de estudo para se evitar que aconteça de novo. Se houve uma falha, o pessoal corta na carne e corrige, para evitar cometer erro velho. Isso aí foi um erro.

A vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, foram assassinados há 163 dias (completados na sexta-feira). Já se sabe quem matou os dois?
Não. Não se sabe. Isso é uma caminhada de aproximação a um objetivo, a um ponto. [Nesses 163 dias deve ter ocorrido, por baixo, uns 20.000 sido assassinatos  e se muito 100 foram objeto de alguma investigação e o VALOR de uma VIDA HUMANA, qualquer uma, TEM exatamente o MESMO VALOR DE QUALQUER OUTRA.
Priorizar a investigação de um policial morto em serviço é válido, haja vista o valor exemplar que a prisão e punição dos assassinos transmite.
Fora essa exceção nenhuma investigação de um HOMICÍDIO deve ter prioridade sobre a de outros.
O bandido aprende que POLICIAL MORTO = a BANDIDO PRESOU ou MORTO.]
 Nunca foi interrompida essa caminhada e sabe-se que se está aproximando desse ponto.

A gente vai saber quem matou Marielle até o fim previsto no decreto da intervenção, 31 de dezembro?
Este é o objetivo. Identificado o criminoso, essa pessoa, esse grupo, que se possa entregar todos os instrumentos à Justiça. Seria muito ruim identificar uma pessoa e no dia seguinte ela estar andando de short por Copacabana. Seria ruim que os dados para provar que ele é o criminoso sejam muito frágeis. Um advogado com pouca instrução consegue liberá-lo. A ansiedade da população brasileira é a minha também e do próprio interventor. O caso é emblemático, embora existam milhares de outros casos. Milhares são muito, mas outros casos também aconteceram. Era uma pessoa que parece que tinha vida política, perspectiva na sua área, no que ela defendia. É uma liderança que foi morta. Houve informações precipitadas, e isso acabou retardando.

Mas houve precipitação dentro do mesmo governo que o senhor integra, com diversas declarações do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.
Tem gente que tem ansiedade, carência de estar falando. Não vou nominar nada, mas talvez essas informações não tenham ajudado. Puxaram pela camisa o pessoal que estava avançando. Atrasou, e se perdeu tudo. É uma retomada. [o ministro Jungmann padece dessa carência.
Felizmente, ele ultimamente tem participado de poucos eventos o que facilita que nos prestigie com o seu obsequioso silêncio.]

A investigação vai de fato apontar para a atuação de milícia no assassinato? Ou vai haver surpresa nesse desfecho?
Eu confesso que não tenho essa perspectiva. A tendência seria o grupo que se tem ideia de que está envolvido com isso.

E a suspeita de participação direta de políticos do MDB do Rio?
São suspeitas e estão sendo investigadas.

O êxito ou fracasso da intervenção depende da solução desse caso?
O êxito da intervenção vai estar na reestruturação da polícia do Rio. O caso Marielle vai ser parte da percepção do êxito. Resolvido, é uma percepção. Não resolvido, é outra percepção.

O que a população do Rio pode esperar nesses quatro meses finais de intervenção?
O que se fez até agora foi plantar. Os resultados disso vão acontecer, já estão acontecendo. Os índices de criminalidade baixaram. O que aumentaram foram os homicídios por enfrentamentos. O que está aumentando é o enfrentamento de gangues, com risco de que se tenha um pico disso aí. Elas vão ficando cercadas, e a tendência é o desespero.

Essa intervenção acaba mesmo em dezembro? Ou acaba antes? O senhor tem conversado com o presidente sobre isso?
Tenho conversado. A tendência é acabar em dezembro, mesmo. O tempo político é um tempo diferente do tempo lógico. Joga com percepções. O que vale para hoje pode não valer para amanhã. Ela não acaba antes, vai até o dia 31.

É que no meio do caminho há uma eleição totalmente em aberto.
Há risco de um estresse grande nessas eleições. Talvez se empregue o maior efetivo de Forças Armadas numa eleição, em razão desse estado de ânimo da sociedade. Tirar a tropa do Rio neste momento seria muito ruim.

O presidente da República foi muito criticado pela maneira como fez a intervenção, de forma atropelada, uma crítica que surgiu nas próprias Forças Armadas. Os militares topariam um novo ano de intervenção?
A lei que prevê a garantia da lei e da ordem é muito cuidadosa. Há um tempo determinado, uma área bem definida e quando esgotados os meios naquela localidade. Uma intervenção por prazo longo é muito ruim, desvirtua o emprego das Forças Armadas, que estão ali fazendo um trabalho de polícia. O interesse de estender uma missão dessa é nenhum. Tem gente querendo se apropriar até do caso Marielle, quando percebe que o caso caminha para ser resolvido.

Como enxerga a queda de apoio da população do Rio à presença dos militares no estado, de 83% para 66%, conforme detectado por pesquisa do Datafolha?
Isso é um confronto da expectativa com a realidade. Havia a expectativa de que as Forças Armadas resolveriam tudo. A realidade encontrada é de um estado em regime de recuperação fiscal, zero de investimento, polícia em greve, salário atrasado, caos. Tudo isso tinha de ser recuperado para depois ser trabalhado alguma coisa. Ao confrontar tudo isso, a expectativa foi murchando. As pessoas se sentiram frustradas. Acharam que aquilo ali era um passeio na Praia de Copacabana.

O Ministério da Defesa tem alguma preocupação com radicalismos nas eleições, como o não reconhecimento do resultado das urnas, por exemplo?
Preocupação existe com o pleito eleitoral, com o dia da votação, apuração, capacidade de as pessoas se deslocarem com segurança. A chance é zero de não respeito ao resultado. Uma das missões das Forças Armadas é garantir as instituições.

Mas o candidato Jair Bolsonaro (PSL) questiona as urnas eletrônicas e evita dizer que respeitaria uma eventual derrota nas urnas.
Eu tenho impressão que as pessoas têm as suas estratégias de conversar com seus eleitores. Com a sua narrativa, desconstruir uma coisa e em cima dessa desconstrução construir uma outra realidade. Cada um usa o artíficio que quiser.

Vale para o lado oposto? O ex-presidente Lula (PT) está preso e registrou sua candidatura.
Ele aparece em tudo que é local. Está se impondo para a sociedade através da repetição. “Está preso mas não está preso.” Hoje, o candidato que tem mais tempo de exposição de mídia é o Lula. É um candidato que não existe. [general sendo Vossa Excelência o ministro da Defesa, talvez valha a pena esquecer um pouco a função política do Ministério de Defesa e partir para o lado prático.
NADA IMPEDE que sendo Lula um criminoso comum, condenado pela prática de CRIME COMUM, cumpra sua pena em um presídio comum.

Vale a pena transferir Lula até que ganhe liberdade condicional - de agora a no mínimo três anos - para um presídio comum.
Uma das opções previstas na Lei de Execução Penal é transferir o condenado para o seu estado de origem. Lula é pernambucano e em Pernambuco tem uma ótima penitenciária: a Aníbal Bruno.
Seria uma forma de fechar o comitê eleitoral que Lula mantém na PF de Curitiba.]
 
Isso incomoda o senhor?
Eu fico com pena do Brasil. É um país que não está estruturado ainda para definir alguma coisa e honrar aquilo que definiu, o que a lei está dizendo. Temos tolerância com o que não é legal.

Bolsonaro, capitão da reserva, representa o que o alto comando das Forças Armadas pensa?
Não. A gente tem buscado separar. Bolsonaro está na política há sete mandatos. Ele sempre foi uma pessoa independente em suas percepções. As Forças Armadas sempre foram apartidárias. Bolsonaro vai vendo os nichos de oportunidade que podem ser explorados e explora aquilo que a sociedade está carente.