Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador cosmopolita. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cosmopolita. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Como ser ao mesmo tempo cosmopolita, identitário, ambientalista, nacionalista, protecionista e desenvolvimentista?

Segue um resumo das urnas no Reino Unido. Os conservadores mantiveram a fatia dos votos da eleição anterior. Os trabalhistas perderam uns sete pontos percentuais. A diferença final foi cerca de dez pontos. O sistema de voto distrital permitiu aos conservadores formar uma maioria confortável no parlamento. Os trabalhistas perderam votos pró-Brexit para os conservadores e votos anti-Brexit para os Liberais-Democratas. Esse é o resumo.

Os votos operários pró-Brexit que os trabalhistas do RU perderam para a direita são parecidos com os do Rust Belt (cinturão da ferrugem, zonas de desindustrialização) que os 
democratas de Hillary Clinton perderam para Donald Trump. E esse movimento expõe o desafio fundamental enfrentado pelo discurso da esquerda nos países desenvolvidos. Como ser ao mesmo tempo cosmopolita, identitário, ambientalista, nacionalista, protecionista e desenvolvimentista?

Os três primeiros vetores costumam atrair os jovens,
 mas os três últimos falam ao coração dos nem tanto. E mesmo entre os jovens a bandeira do emprego tem forte potencial mobilizador. Daí verifica-se o desafio demográfico de uma esquerda cosmopolita e antenada, especialmente em países com crescimento populacional desacelerado ou negativo. O sujeito pode lacrar à vontade nas redes mas isso não garante uma coalizão social majoritária, e sem ela não se ganha eleição.

As pesquisas mais recentes mostram qualquer candidato democrata derrotando Trump no voto nacional, mas o presidente americano bateria qualquer candidato democrata no colégio eleitoral, 
se a eleição fosse hoje. O pedaço da classe trabalhadora perdido pelos liberais (esquerda nos Estados Unidos) para os republicanos nos estados volúveis continua vulnerável a Trump. Inclusive porque os empregos estão bombando. Protecionismo traz resultados ali.

Desemprego alto e/ou desconforto social são combustível para turbulências políticas e alternâncias de poder. Aqui, o governo Jair Bolsonaro aposta na retomada da economia, e em programas como a carteira verde-amarela. Iniciativas parecidas, como o Primeiro Emprego no mandato inicial de Luiz Inácio Lula da Silva, falharam. Na Argentina, Alberto Fernandez tenta medidas agressivas pró-emprego na largada. Não quer dar mole.

No fim a economia decide, na maioria das vezes. Mas é preciso uma leitura mais cuidadosa do que vem a ser
 “a economia”. As manchetes bonitas da imprensa especializada nem sempre se traduzem como satisfação social. Um exemplo? aumento da produtividade das empresas na saída da crise, notícia positivana outra ponta são menos empregos e mais produção pela mesma remuneração. Pois é, tudo tem dois lados.
Talvez esteja na hora de fazer a leitura político-eleitoral da economia levando mais em conta o bem-estar social, objetivo e subjetivo. O Chile ensina isso. O Reino Unido também. Mas os números frios continuarão tendo sua força, como mostra Donald Trump. 
Ele só consegue resistir ao cerco do impeachment porque a economia americana e os empregos ali estão bombando.
A única certeza? Só se ganha eleição falando ao povão. Isso nunca muda.

AnálisePolítica - Alon Feuerwerker, jornalista e analista político



quarta-feira, 16 de outubro de 2019

O fator 'Lula Livre' - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Bolsonaro criou agenda de antagonismos, mas não regularizou a quitanda do governo

Quando isso acontecer, alterará o medíocre cenário político

Lula deixará a carceragem de Curitiba. Talvez seja logo, talvez demore algumas semanas, ou poucos meses. Quando isso acontecer, alterará o medíocre cenário político que se instalou no país. Os problemas de Pindorama são bem maiores que o caixa do PSL e os bate-bocas do senador Major Olímpio chamando os filhos do presidente de “príncipes” e sendo chamado por um deles de bobo da corte”.
Daqui a uma semana completa-se um ano da vitória de Jair Bolsonaro e de uma espécie de amnésia em relação aos 47 milhões de votos (45%) obtidos pela chapa petista. Nem todo mundo que votou no capitão queria um governo como o que se instalou. 
[conveniente ter presente  a grande possibilidade do petista não ser solto.
VEJAMOS: 
- o STF pode até iniciar amanhã o exame da prisão em segunda instância,mas, nada garante que concluirá o assunto ainda este ano;

- a pretendida e absurda suspeição do então juiz Sergio Moro - um devaneio da defesa do condenado petista, não vai prosperar. As 'conversas' divulgadas pelo site 'intercept Brasil', também conhecido como intercePTação, sequer serão analisadas pela Corte Suprema brasileira; 

- a decisão do ministro Toffoli de quórum completo para decidir sobre quem é mais réu: o deletado ou o delator, pode postergar por anos uma decisão.
Ousamos considerar que se é necessário quórum completo para iniciar a discussão, tal quórum deve prevalecer pelo menos até o término dos debates.

Logo que se firme uma posição do STF, ainda que de adiamento sine die, o TRF-4 confirmará a segunda sentença condenando Lula e o tempo para receber beneficio dobrará = continuará preso.]
 
Livre ou, pelo menos, falando à vontade, Lula ocupará um espaço que há um ano seria impensável. Isso porque Bolsonaro conseguiu criar uma agenda de antagonismos incendiária e cosmopolita, porém incapaz de regularizar a venda de berinjelas pela quitanda do governo. O capitão alimenta contrariedades, mas não enfrenta algo que se possa chamar de oposição. Sergio Moro e a Lava-Jato não são mais o que foram, e o discurso da lei e da ordem desembocou numa constrangedora necropolítica. 

Num de seus telefonemas grampeados, falando com o então vice-presidente Michel Temer, Lula disse que o combate à corrupção, encarnado por Moro, “foi sempre um alimento para golpistas no mundo inteiro, e quem ganhou foi a negação da política”. Exagerava, mas horas depois Moro explodiu sua nomeação para a chefia da Casa Civil liberando impropriamente a gravação de um telefonema de Dilma Rousseff. (Moro determinara o fim do grampo às 11h12m daquele dia, e o telefonema de Dilma ocorreu às 13h22m. A conversa com Temer das 12h58m só foi revelada em setembro passado.)
(...)
 
Na Folha de S. Paulo e no  O Globo  MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista