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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Dólar comercializado a 4 reais nas casas de câmbio




Dólar vai as alturas com preocupações com China e quadro fiscal

Moeda já está sendo comercializada a 4 reais nas casas de câmbio; Ibovespa registra perdas acima de 2%

O dólar voltou a subir nesta terça-feira, chegando a ser cotado a 3,70 reais, pela primeira vez desde 2002. A moeda americana reage à aversão ao risco no exterior - com os dados frustrantes sobre a indústria na China e em outros países - e também à deterioração fiscal evidenciada na proposta orçamentária entregue nesta segunda-feira pelo governo Dilma ao Congresso. Às 16:15, o dólar avançava 1,86%, a 3,6945 reais na venda, após encerrar agosto com alta de 5,91% e acumular no ano valorização de 36%. Na máxima do dia, a divisa norte-americana alcançou 3,7040 reais, maior nível intradia desde 13 de dezembro de 2002 (3,7750 reais).


O setor industrial da China registrou, em agosto, uma queda maior que a prevista pelos analistas, sinalizando contração da atividade, segundo o índice dos gerentes de compra (PMI) oficial. Os PMIs da Índia e da Rússia também caíram consideravelmente no mês passado. Com isso, as bolsas da Europa amargam o sinal negativo, assim como os índices futuros em Nova York. Segundo analistas, o ajuste externo reflete o crescente temor de que a desaceleração além do esperado da economia chinesa prejudique o crescimento global e reduza as perspectivas de inflação, o que poderia levar a um adiamento do início do ciclo de alta nos juros nos Estados Unidos.


Na segunda-feira, o dólar terminou cotado a 3,6271 reais na venda, alta de 1,17%. A alta foi motivada por preocupações com a situação fiscal do país, após o governo prever um déficit de 30,5 bilhões de reais no Orçamento em 2016, o que representa 0,5% do PIB. A expectativa de rombo reforça a frustração de agentes econômicos com a condução do ajuste fiscal e agrava preocupações com a perda do grau de investimento do país.


Em relatório intitulado "Admitindo a Derrota", a estrategista para a América Latina do grupo financeiro Jefferies, Siobhan Morden, afirmou que, ao admitir déficit primário para o ano que vem, o governo "completamente paralisa o processo de ajuste". Ela ressaltou ainda que eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do governo não seria mais uma surpresa tão grande quanto há alguns meses.



Turismo - Em algumas casas de câmbio o dólar turismo ultrapassa os 4 reais. Nesta tarde, ele era oferecido a 4,05 reais no cartão pré-pago na AGK Corretora, e a 4,14 reais, na mesma modalidade na Ourominas. Em espécie, a moeda era comercializada a 3,87 reais na AGK e a 3,91 na Ourominas. Nas casas de câmbio o dólar é mais caro, pois inclui cotação, impostos e taxas.


Bovespa - O Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores de São Paulo (Bovespa), caía a 2,75% por volta das 16h06, puxado pelas ações da Petrobras e da Gol. O indicador acompanha a queda nos mercados acionários no exterior, onde o investidor foge dos ativos de risco de países emergentes. A piora dos fundamentos econômicos do Brasil com a previsão de orçamento deficitário e as incertezas no campo político também influenciam a bolsa.


Fonte: Revista VEJA 


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Dilma bate o maior recorde negativo de todos os negativos que já bateu: dólar alcança o maior preço em doze anos e IBOVESPA já acumula perdas em 2015

Revisão da meta fiscal leva dólar a R$ 3,296, maior valor de fechamento em 12 anos

Já o Ibovespa, ficou abaixo dos 50 mil pontos e passa a acumular perdas em 2015

Um dia após o anúncio da revisão da meta fiscal, o dólar comercial subiu com força à sinalização de uma piora nas contas do governo. A divisa fechou em alta de 2,16%, cotada a R$ 3,294 na compra e a R$ 3,296 na venda, esse é o maior valor do ano, já registrado em 19 de março, e também a maior cotação no fechamento desde os R$ 3,313 do dia 1º de abril de 2003, nos primeiros meses do governo Lula. Já o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário local, caiu 2,18%, aos 49.806 pontos, zerando os ganhos no ano — em 2015, o índice de referência acumula agora leve queda de 0,40%. 
 Na avaliação de Lauro Vilares, analista técnico da Guide Investimentos, o movimento de aversão ao risco é motivado pela redução da meta e pela sinalização de que nos próximos anos o esforço também pode ser menor. — A repercussão negativa se dá a essa sinalização. E agora o Ibovespa caiu para abaixo dos 50 mil pontos. Essa é uma barreira psicológica importante e se o índice ficar abaixo disso a percepção fica negativa para a Bolsa — avaliou.

Os analistas ainda estão tentando entender os reflexos do ajuste anunciado ontem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo João Medeiros, gerente de câmbio da corretora Pioneer a possibilidade de o novo ajuste permitir déficit primário já neste ano pode levar as agências de classificação de risco a rebaixarem as notas de crédito do país. O projeto de Lei que prevê a redução da meta fiscal será enviada ao Congresso nos próximos dias. 
Isso está criando uma aversão a risco em um momento muito delicado, de preços em alta e desaceleração econômica. Ou seja, o governo pode fechar o ano com um buraco em suas contas. Não se pode ganhar R$ 1 mil e querer gastar R$ 2mil. O que estamos vendo no mercado hoje é uma resposta ao pronunciamento do governo feito ontem — disse Medeiros. 
 BANCO PREVÊ DÓLAR A R$ 3,60
A incerteza também afeta o dólar turismo, superando a casa de R$ 3,50. Ontem, com a confirmação de que o governo federal iria reduzir a meta de superávit fiscal, que é a economia feita para o pagamento da dívida, a moeda americana subiu 1,63%, a R$ 3,22, na maior cotação desde o dia 30 de março (R$ 3,232).

Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para América Latina da Fitch, disse que o déficit fiscal vai continuar elevado e os encargos da dívida vão subir ainda mais em 2015. Em nota, ela disse que "a nova meta de superávit primário está abaixo do que a Fitch previu em abril deste ano. Além disso, a trajetória futura do superávit primário e do déficit fiscal terão de ser reavaliados.A trajetória de crescimento, o déficit fiscal e dinâmica da dívida vão continuar influenciado os ratings do Brasil".

Bernd Berg, estrategista do Société Générale em Londres, disse que o real deve chegar a R$ 3,60. Segundo ele, em nota enviada a clientes, "o enfraquecimento da moeda brasileira deve se intensificar nas próximas oito semanas em meio à deterioração da situação interna e um ambiente desafiador para moedas emergentes".

Já a agência de classificação de risco do Brasil Austin cortou a nota de crédito do país de "BBB-" para "BB+" em moeda estrangeira. Em comunicado, o agência disse que "o rebaixamento reflete acentuada e contínua piora dos resultados das contas públicas, com destaque para o baixo nível de superávit primário, que é incapaz de reduzir ou neutralizar o avanço do endividamento público que resulta no elevado nível de déficit nominal". A empresa citou ainda outros fatores que explicam a piora econômica do país, como o enfraquecimento das contas externas com forte queda do saldo comercial e forte elevação do déficit em transações correntes, além do aumento dos índices de inflação.

EXPORTADORAS SOBEM COM DÓLAR
O ambiente econômico interno não está bom, mas a alta do dólar beneficia diretamente as empresas exportadoras e isso já se reflete nas cotações das ações negociadas na Bolsa. Os papéis da Fibria subiram 3,69% e os da Suzano avançaram 4,37%.  Já entre as quedas, destaque para o desempenho da Petrobras. As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal caíram 1,83%, a R$ 10,17, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) recuaram 0,79%, a R$ 11,29. Mas queda mais expressiva teve a Eletrobras, que também virou alvo de investigação judicial nos Estados Unidos. As PNs recuaram 3,73% e as ordinárias registraram desvalorização de 1,91%.


Os bancos, que possuem o maior peso na composição do Ibovespa, também ajudaram na desvalorização do índice. As ações do Itaú Unibanco caíram 4,16% e as do Bradesco registraram queda de 4,43%. No caso do Banco do Brasil, a variação ficou negativa em 1,57%.  A queda no Brasil é muito mais acentuada do que a registrada nos demais mercados ocidentais. Nos Estados Unidos, o Dow Jones registra recuo de 0,46% e o S&P 500 cai 0,42%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em leve queda de 0,07% e o FTSE 100, de Londres, recuou 0,18%. Já o CAC 40, de Paris, ficou praticamente estável, com pequena variação positiva de 0,08%.

Na Ásia, a bolsa de Xangai fechou em alta de 2,43%, em seu sexto avanço seguido. No Japão, a Bolsa de Tóquio subiu 0,44%, assim como a Bolsa de Hong Kong, com alta de 0,46%. Segundo analistas, pesou o fato de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter conseguido conter a rebelião em seu partido, o Syriza, para conquistar a aprovação parlamentar nesta quinta-feira para o segundo pacote de reformas exigidas para o início das conversas sobre o acordo de resgate financeiro com a zona do Euro, que chegou a analisar a hipótese em retirar a Grécia da zona do euro por até cinco anos.

Fonte: O Globo