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quarta-feira, 16 de março de 2016

Petralhas estão apavorados - borrando nas calças. Marcos Valério traz de volta o MENSALÃO-PT e este traz de volta o cadáver insepulto do Celso Daniel

Delação de Delcídio poderá ‘ressuscitar’ mensalão [e junto com o MENSALÃO-PT vem o caso Celso Daniel.

Corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio são crimes leves quando comparados com homicídio.]

Operador Marcos Valério será chamado a depor à PGR sobre denúncia feita por Delcídio Amaral

 A Procuradoria-Geral da República vai chamar o lobista Marcos Valério Fernandes de Souza condenado a quase 40 anos no processo do mensalão, para depor sobre denúncias do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS,) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Num dos depoimentos da delação premiada, o senador acusou Lula de participar de uma manobra para comprar o silêncio de Valério. A iniciativa pode resultar na reabertura das investigações do mensalão, que levou à prisão do ex-ministro José Dirceu e outros ex-dirigentes do PT.
 
Em depoimento no dia 12 do mês passado, Delcídio sugeriu que Lula tomou conhecimento e avalizou uma manobra de líderes do PT para barrar uma possível delação de Marcos Valério durante as investigações da CPI dos Correios sobre o mensalão em 2006. O senador disse que Valério, um dos operadores do esquema, cobrou R$ 220 milhões para se manter calado e que, de fato, recebeu o dinheiro, não se sabe se em parte ou todo o montante exigido. O senador disse ainda que os pagamentos teriam sido feitos possivelmente no exterior por empreiteiras envolvidas em fraudes na Petrobras. [um dos segredos guardados por Marcos Valério se refere a chantagem contra Lula e Gilberto Carvalho feita por um empresário para não revelar quem mandou matar Celso Daniel.
Valério sabe muito pois foi um dos intermediários na negociação.]

Entre as possíveis pagadoras do suborno ele citou a Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão. O senador exclui da lista a Andrade Gutierrez que, para ele, seria tucana demais. O senador sustenta ainda que as ordens para pagamento no exterior teriam partido de José de Filippi Júnior, tesoureiro da campanha de Lula em 2006. Delcídio disse que soube dos pagamentos por pessoas do governo e do mercado, mas não revelou os nomes dos interlocutores. “Tal informação (pagamentos no exterior) surgiu de várias origens, de dentro e de fora do PT e inclusive no meio empresarial”, afirmou o senador, segundo transcrição do depoimento.

O suborno teria tido como ponto de partida um encontro secreto entre ele, Delcídio, Valério e Rogério Tolentino, sócio de Valério, na casa de Cleide, então secretária-geral das Comissões no Senado. Na reunião, ocorrida em fevereiro de 2006, Valério se queixou de problemas pessoais decorrentes do escândalo do mensalão. Os filhos estariam fora da escola e a mulher teria tentado suicídio. “Que Marcos Valério disse que precisava resolver aquilo e que queria que o PT ressarcisse o que devia a ele. Que o valor que o PT devia a ele chegaria a R$ 220 milhões”, teria dito o lobista.

Os valores seriam referentes a comissões que Valério cobrava para intermediar repasses do caixa dois ao PT. “Se estas coisas não forem resolvidas, se a situação está ruim, vai ficar pior ainda”, teria ameaçado o lobista. Valério já teria tratado do assunto com Paulo Okamotto, um dos principais auxiliares de Lula. No dia seguinte ao encontro, Delcídio levou a demanda a Lula, numa reunião sem testemunhas no Palácio do Planalto. Lula teria ouvido o relato do senador constrangido, mas sem fazer qualquer comentário.


Um dia depois da conversa com Lula, Delcídio teria recebido ligações dos ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça), já falecido, e Antônio Palocci (Fazenda). Os dois ministros teriam reprovado o senador por levar o pedido de Valério ao presidente da República e, a partir dali, entendeu que deveria sair de cena. Dois anos depois, ele soube que Valério recebeu o dinheiro, não se sabe se no todo ou em parte. Este teria sido um dos motivos pelos quais Valério se manteve em silêncio durante as investigações da CPI.  "Havia conversas muito fortes ao longo da campanha de 2008 de que os pagamentos estavam sendo feitos por Marcos Valério no exterior, em suas contas ou de terceiros. Ouviu que foi em torno de R$ 110 milhões", disse Delcídio, segundo registro da delação. “Que não sabe se os valores foram de R$ 220 milhões pois ouviu que foi em torno de R$ 110 milhões. Que possivelmente foram grandes empresas ligadas à Lava-Jato que fizeram os pagamentos”, acrescentou.

O lobista só decidiu colaborar com a Justiça depois de ter sido condenado no mensalão a quase 40 anos de prisão. As declarações de Valério ao então procurador-geral Roberto Gurgel foram consideradas extemporâneas e insuficientes para reabrir um processo que já estava em fase final. Mas agora, o caso pode sofrer reviravolta. Os procuradores vão chamar Valério para depor. Eles querem saber se o lobista confirma que vendeu o silêncio. Para os investigadores, se tiver informação relevante e quiser colaborar, Valério teria as portas abertas para também fazer acordo de delação premiada. Neste caso, ele poderia até pleitear redução da pena a que foi condenado no mensalão, quase 40 anos de prisão.
Fonte: O Globo
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quinta-feira, 3 de março de 2016

A delação de Delcídio



Delcidio conta tudo
Revelações do senador à força-tarefa da Lava Jato, obtidas por ISTOÉ, complicam de vez a situação da presidente Dilma e comprometem Lula
Pouco antes de deixar a prisão, no dia 19 de fevereiro, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. ISTOÉ teve acesso às revelações feitas pelo senador. Ocupam cerca de 400 páginas e formam o mais explosivo relato até agora revelado sobre o maior esquema de corrupção no Brasile outros escândalos que abalaram a República, como o mensalão.  

Com extraordinária riqueza de detalhes, o senador descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato. 

O senador Delcídio também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações - inclusive sendo o mandante do pagamento de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas. O relato de Delcídio é devastador e complica de vez Dilma e Lula, pois trata-se de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões em que decisões nada republicanas foram tomadas, como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas –a mando de Dilma e Lula, segundo ele. 

Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação. O acordo só não foi sacramentado até agora por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio. Apesar de avalizada por procuradores da Lava Jato, a condição imposta pelo petista não foi aceita por Zavascki, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República e concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência. Para o senador, os seis meses eram o tempo necessário para ele conseguir escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Agora, seus planos parecem comprometidos. 

As preocupações de Delcídio fazem sentido. Sobretudo porque suas revelações implicaram colegas de Senado, deputados, até da oposição, e têm potencial para apressar o processo de impeachment de Dilma no Congresso. O que ele revelou sobre a presidente é gravíssimo. Segundo Delcídio, Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação. 

A ação de uma presidente da República no sentido de nomear de um ministro para um tribunal superior em troca do seu compromisso de votar pela soltura de presos envolvidos num esquema de corrupção é inacreditável pela ousadia e presunção da impunidade. E joga por terra todo seu discurso de “liberdade de atuação da Lava Jato”, repetido como um mantra na campanha eleitoral. Só essa atitude tem potencial para ensejar um novo processo de impeachment contra ela por crime de responsabilidade.