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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Auxílio Brasil vai pagar R$ 415, mais que o dobro do Bolsa Família - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia     

Orçamento de 2022

Congresso Nacional aprovou projeto de lei orçamentária para 2022, que prevê um Auxílio Brasil no valor de R$ 415

Como sempre, os congressistas deixaram para a última hora a votação do Orçamento do ano que vem. Aí é aquela correria e a gente nunca sabe se saiu um bom orçamento ou não. Mas o que se sabe é que a Comissão Mista do Orçamento aprovou uma redução de R$ 800 milhões no tal fundão eleitoral, que passou de R$ 5,7 bilhões para R$ 4,9 bilhões. E esses R$ 800 milhões de diferença vão para a educação, pelo menos isso. O fundo eleitoral de R$ 5,7 bi chegou a ser vetado pelo presidente da República, mas o Congresso Nacional derrubou o veto.

Os congressistas ainda deram um jeito de atender uma promessa do presidente Jair Bolsonaro de dar reajuste para policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários federais. Para isso, reservaram R$ 1,7 bilhão. 
E também sobrou um pouquinho mais para o Auxílio Brasil, que em vez de R$ 400 vai pagar R$ 415 por mês, mais que o dobro do benefício médio que era pago pelo Bolsa Família. E vão poder aumentar também o salário mínimo em mais de 10%, coisa que não se via há mais de 6 anos. A partir de 1º de fevereiro será de R$ 1.210.

O Orçamento de 2022 destinou ainda R$ 16 bilhões para as emendas do relator. A metade disso vai praticamente para a saúde: R$ 7,3 bilhões.
 
Arrecadação recorde
E a propósito, a arrecadação federal, graças a nós, pagadores de impostos, registrou mais um recorde em novembro: R$ 157 bilhões. A arrecadação no ano de 2021 já é recorde, ainda sem contar dezembro, que é o mês de grande movimento comercial e que gera imposto. Até 30 de novembro, o governo da União arrecadou R$ 1,684 trilhão. É muito dinheiro, graças a nós, porque é parte do nosso trabalho. São os nossos impostos.

Comitê anti-Covid do Rio quer carnaval
O Comitê Especial de Enfrentamento à Covid do município do Rio de Janeiro aprovou duas medidas. A primeira é fazer o carnaval (?!?!), e a segunda é vacinar as crianças. 
Diz que o comitê é composto de médicos, cientistas, professores universitários, especialistas em saúde, integrantes da prefeitura municipal e o secretário de Saúde.

Ameaça a técnicos da Anvisa
A Polícia Federal já sabe quem foi que ameaçou o pessoal da Anvisa. O sujeito mandou um e-mail para lá dizendo que iria tirar o filho da escola se tentassem inocular nele essa "vacina experimental", e "quem atentar contra a segurança física do meu filho será morto. Isso não é uma ameaça, é um estabelecimento". Inclusive, vacina experimental é palavras dele, do e-mail.

A PF não pode indiciá-lo porque há uma orientação de 2016 que diz que em crime de menor potencial não há indiciamento.  
O crime de ameaça não é simplesmente ameaçar, dizer uma coisa para outra pessoa. 
Tem que comprovar que pode, que tem instrumento para isso e que tinha um objetivo nisso, de tirar uma vantagem disso.
(Nota do editor: A Procuradoria da República no Distrito Federal decidiu denunciar o suspeito à Justiça pelo crime de ameaça.)
 
Mortes estranhas
Cada vez mais jovens estão aparecendo com problemas que a gente nunca viu antes. Um menino de 10 anos em Igarapé (MG), perto de Belo Horizonte, foi arrancar um dente e morreu na cadeira do dentista.

Em Jaraguá do Sul (SC), que tem um belo corpo de bombeiros voluntário, um jovem de 25 anos, que era voluntário num hospital, foi receber a farda de bombeiro, porque tinha passado no concurso, e teve um ataque cardíaco.

Até um atleta olímpico, de Jogos Panamericanos, com 32 anos, e que praticava saltos ornamentais, morreu no Rio de Janeiro, depois de ficar internado um tempo, por causa de uma infecção pulmonar que começou com uma dor de garganta. São coisas chocantes.

Na torcida por Jabor
Ao mesmo tempo, estou na torcida para que se recupere o meu amigo e colega Arnaldo Jabor, que está internado no Hospital Sírio-Libanês, para se livrar de um coágulo que apareceu no cérebro. Ele, que é meu contemporâneo e ex-colega de televisão, já está sendo muito bem tratado.
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sábado, 23 de dezembro de 2017

Diplomata espancador

Com histórico de pelos menos 15 anos de agressões a mulheres, funcionário do Itamaraty é exonerado do cargo por “quebra de confiança”

A primeira denúncia contra Renato de Ávila Viana, 41 anos, depois de se tornar funcionário do Ministério das Relações Exteriores (MRE), foi feita em 2002, quando ele foi acusado de agredir outra funcionária. A queixa foi arquivada e, desde então, ao mesmo tempo em que acumulou outras graves acusações pelo menos mais cinco foram registradas – ele subiu na carreira de diplomata, sendo considerado funcionário exemplar e altamente gabaritado. Com a repercussão da última denúncia de agressão contra uma ex-namorada, feita há um ano mas que reverberou na semana passada por causa de uma mobilização on-line para ajudar a vítima, o Itamaraty decidiu exonerá-lo do cargo que ocupava. Isso não significa que ele foi expulso do quadro de funcionários, mas sim que perde um cargo comissionado. 

Para a instituição, a punição se deve à quebra de confiança por se envolver em um escândalo. “Quando ele quebrou meu dente em novembro de 2016, foi preso em flagrante e solto logo em seguida. Em janeiro deste ano, me procurou dizendo que queria me ressarcir, mas me agrediu de novo”, diz a vítima a ISTOÉ. Ela já moveu três processos contra o agressor. Por um deles, de julho de 2016, Viana foi condenado em primeira instância. Para ela, assim como para as mulheres diplomatas que vivem um cotidiano de assédios sexuais recorrentes, o caso é mais uma amostra da conivência com agressores e assediadores dentro de uma instituição que é exemplo de distinção intelectual no País.

Após o caso de Viana vir à tona, uma campanha na internet foi criada para arrecadar R$ 60 mil e ajudar a pagar o tratamento ortodôntico da mulher que ele agrediu. Na denúncia, feita em novembro de 2016, ele é acusado de dar uma cabeçada na ex-namorada, que perdeu um dente. A solidariedade à vítima nasceu de um coletivo informal criado dentro do Itamaraty, o Grupo de Mulheres Diplomatas, que existe desde 2014 e aponta não apenas casos de assédio, mas também as situações em que a capacidade profissional das mulheres dentro da instituição é subjugada — pouquíssimas ocupam cargos mais altos. 

Viana já respondia a três Processos Administrativos Disciplinares (PAD) na Corregedoria do Serviço Exterior do MRE, após registros de ataques a duas mulheres na Venezuela e a mais duas no Brasil. Agora, vai responder a mais um, por ter agredido a ex-namorada. Apesar dos processos, ele não sofreu nenhuma punição e ainda recebe salário de R$ 23 mil mensais. Uma fonte do Itamaraty consultada por ISTOÉ afirmou que o diplomata deve sofrer uma punição administrativa maior quando a investigação do último caso for concluída. A reportagem procurou o escritório de advocacia que o representa, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. “O fato de ele estar solto é assustador. Até hoje tenho medo dele”, afirma a vítima.

Sem providências
O Itamaraty se pronunciou dizendo que “não tolera nenhum tipo de violência e que todas as denúncias são investigadas”. Diplomatas mulheres questionam a afirmação. Dizem que a instituição trata o caso como pontual, quando ele é resultado de um ambiente em que assédios morais e sexuais contra mulheres acontecem com frequência e nenhuma medida drástica é tomada (confira no quadro ao lado). “Quando levamos reclamações sobre esses temas aos chefes, eles se mostram irritados, como se estivessem sendo inquiridos, e não tomam providências”, afirma uma funcionária. “Ao mesmo tempo que queremos muito que Viana seja punido e retirado da instituição, não entendemos isso como resolução do problema. Não é um episódio isolado, nem único. Existe uma cultura que permite esse comportamento.” 

Em novembro, o MRE publicou uma portaria instituindo a criação de uma comissão de prevenção e enfrentamento ao assédio moral, sexual e à discriminação.
108 denúncias de assédio sexual e moral foram compilados por um grupo de mulheres em 2015 e entregues ao então secretário geral do Itamaraty, Sérgio Danese. Há queixas que vão desde constrangimentos com comentários de cunho sexual ao caso de um embaixador que passava a mão nas pernas de diplomatas. Na época, Danese afirmou que medidas seriam tomadas. Segundo fontes ouvidas por ISTOÉ, nada foi feito.

Isto É