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quinta-feira, 19 de março de 2020

Coronavírus: como hipertensos e cardíacos devem se cuidar? Cardiologista responde - O Globo


Médicos orientam isolamento imediato e não descontinuar tratamento com medicamentos controlados

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No Brasil, a primeira vítima do novo coronavírus — um porteiro de 62 anos, em São Paulo, tinha doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão. Por isso, médicos reforçam a recomendação de que esse grupo fique em casa e se isole imediatamente em caso de sinais respiratórios. O cardiologista Cláudio Domênico ressalta que evitar o contato social é a melhor medida de prevenção.

Entenda:  Diabetes aumenta risco de complicações do novo coronavírus em até três vezes

Ele alerta que os pacientes não devem, de forma alguma, interromper o uso de medicamentos conhecidos como inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA), sem consultar um médico.

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Essas classes de drogas têm emprego no tratamento de insuficiência cardíaca e no controle da hipertensão. São remédios de amplo uso, como captopril, losartana e enalapril. Uma série de estudos recentes sugere que essas drogas poderiam agravar a Covid-19. Mas tanto a Sociedade Brasileira de Cardiologia quanto as demais sociedades internacionais da área não recomendam a interrupção sem prescrição.
— Esses estudos são preliminares e esses medicamentos fundamentais para o paciente cardíaco e os hipertensos de forma geral controlarem a doença. Interromper o uso agravará a condição que já têm e aumenta o risco de infarto e outros problemas graves — afirma Domênico.
Segundo ele, a aspirina também não deve ser descontinuada sem que um médico mande, a não ser em caso de dengue.

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A recomendação é que, se o paciente apresentar sinais de infecção respiratória, deve ligar para o médico para orientações. E só deve ir ao hospital se realmente tiver um quadro de agravamento de infecção respiratória, como falta de ar. Nesse caso, deve ir direto para a emergência: — Neste momento, essas pessoas têm que ficar em casa. Ir ao médico aumenta o risco de contrair o vírus. Só saia de casa se realmente tiver sinais de agravamento. Aí, a orientação é buscar a emergência — diz o médico.
Outra orientação é tomar a vacina contra a gripe. A campanha nacional começa em 23 de março. O cardiologista ressalta o cuidado em não cair na cilada das fake news:  — Fake news em saúde pode matar. Não confie no que lê nas redes sociais e grupos de Whatsapp —  destaca.

O Globo - Sociedade


domingo, 20 de agosto de 2017

UTILIDADE PÚBLICA: Colesterol, o limite mudou

Duas novidades dão maior rigor à prevenção de doenças cardíacas: a taxa do LDL tem que ser ainda menor para pacientes de risco e a perda de peso é obrigatória para todos. Não existe obesidade saudável

Duas novas medidas anunciadas na semana passada deixaram mais apertadas as metas a serem alcançadas para uma prevenção eficaz de doenças cardiovasculares. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou diretrizes segundo as quais os limites aceitáveis do colesterol ruim, o LDL, devem ser ainda mais baixos para pessoas de alto e altíssimo risco. O LDL é nocivo porque entope as artérias, contribuindo para a ocorrência de infarto ou de acidente vascular cerebral (AVC). De acordo com a entidade brasileira, indivíduos de alto risco são aqueles que apresentam mais de um fator de risco para essas doenças. Entre eles, hipertensão, diabetes e obesidade. Os pacientes de altíssimo risco já tiveram um desses eventos e/ou foram submetidos à colocação de pontes de safena ou de stents (artefato que mantém a artéria aberta).

Até agora, a taxa ideal de LDL para o primeiro grupo era de 100 mg/dL. O limite passou a ser de até 70 mg/dL. Nesses pacientes, o risco de morte por doença cardiovascular em dez anos supera os 20% (homens) e os 10% para mulheres. A nova recomendação para os indivíduos com maior chance de sofrerem algum problema é de LDL de no máximo 50 mg/dL. Antes, admitia-se uma concentração de até 70 mg/dL. Entre esse grupo, a probabilidade de morte nos próximos dez anos supera os 20% para ambos os sexos.

O rigor no controle do LDL nos casos de maior vulnerabilidade obedece a uma tendência mundial. “É preciso ser mais agressivo no trabalho de prevenção voltado para as pessoas de maior risco”, afirma o cardiologista Raul Dias dos Santos Filho, diretor científico da SBC e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Nos Estados Unidos, eles são ainda mais rigorosos.”  A mudança vem ancorada em evidências científicas recentes de que a redução nos níveis de LDL oferece benefícios importantes. Pacientes de altíssimo risco que chegam na marca dos 50 mg/dL manifestam uma diminuição de 15% na chance de serem vítimas de um novo evento cardiovascular ou de morrer.


A outra novidade na área da prevenção veio da Inglaterra. Um trabalho do Imperial College London e da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, derrubou o mito de que existe obesidade saudável. Segundo os cientistas, pessoas acima do peso com índices normais de colesterol, pressão arterial e de açúcar no sangue apresentam 28% mais chance de manifestar alguma doença cardíaca em comparação a um indivíduo no peso certo. Durante muito tempo, correu no meio científico a ideia de que era possível alguém ser obeso e, apesar disso, ser saudável. “Nossa pesquisa mostra que esse conceito não existe”, disse Ionna Tzoulaki, uma das coordenadoras do artigo, publicado na última edição do European Heart Journal.

VALE O ESFORÇO
O levantamento é o mais extenso feito até hoje sobre o tema. Os pesquisadores usaram os dados de 500 mil pessoas, de dez países europeus, acompanhados por doze anos. Após o período, 7,6 mil participantes tiveram algum problema cardíaco. A obesidade apareceu como uma ameaça importante, tendo elevado, sozinha, a chance de ocorrência dos eventos. “Se um paciente está com sobrepeso ou obeso, todos os esforços devem ser feitos para que ele volte ao peso saudável”, completou Camille Lassale, líder do trabalho. Isso é importante não só para minimizar os riscos cardíacos. “A obesidade eleva o risco para outras doenças, como o câncer e as dificuldades articulares”, explica a médica Maria Edna de Melo, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

NOVAS METAS
As taxas de colesterol ruim (LDL) aceitáveis segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia agora são:

• Até 130 mg/dL para pessoas de BAIXO RISCO (não apresentam fator de risco para doenças cardíacas)
• Até 100 mg/dL para indivíduos com MÉDIO RISCO (manifestam apenas um fator de risco)
• Até 70mg/dL para pacientes de ALTO RISCO (têm mais de um fator de risco)
• Até 50 mg/dL para indivíduos com ALTÍSSIMO RISCO (já tiveram infarto, AVC, colocação de ponte de safena ou stent)


O PERIGO DA BALANÇA
Pessoas acima do peso têm 28% maior chance de sofrer um infarto mesmo se apresentarem índices normais de pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue

 Fonte: Cilene Pereira - Isto É


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Elize pede para sair ao ver imagens de partes do corpo de Matsunaga

Uma jurada, que tem diabete, sentiu-se mal durante a exibição de partes do corpo de Marcos e foi advertida pelo juiz Adilson Paukoski Simoni. "Eu falei com senhora antes, se conseguia participar do júri que trata de esquartejamento", disse

 O júri de Elize Matsunaga, acusada de matar e esquartejar o ex-marido em 2012, foi interrompido por alguns minutos, na manhã desta terça-feira (29/11) após imagens das partes do corpo da vítima, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro da Yoki, ser expostas no plenário. Uma jurada passou mal e foi advertido pelo juiz. Elize começou a chorar e pediu para ser retirada do local.


No segundo dia de julgamento, é ouvido o delegado Mauro Gomes Dias, testemunha comum do Ministério Público Estadual (MPE) e da defesa no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Ele presidiu o inquérito do caso, investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Foi ao delegado que Elize confessou ter assassinado e depois retalhado do corpo de Marcos. A confissão foi filmada. O crime aconteceu na noite do dia 19 de maio de 2012, um sábado. "Ela conseguiu enganar a família inteira", disse.


Uma jurada, que tem diabete, sentiu-se mal durante a exibição de partes do corpo de Marcos e foi advertida pelo juiz Adilson Paukoski Simoni. "Eu falei com senhora antes, se conseguia participar do júri que trata de esquartejamento", disse. Depois, Elize começou a chorar e, através dos advogados, pediu para sair da sala. Elize havia acabado de voltar de uma viagem ao Paraná, quando cometeu o crime. Marcos foi buscar ela, a babá e a filha no aeroporto, depois todos foram para o apartamento do casal. Há duas versões para o que aconteceu na sequência.

À época, Elize narrou que Marcos desceu para buscar uma pizza. Na volta, ela teria contado que contratou um detetive para filmar a traição do marido e os dois teriam iniciado uma discussão. A ré contou que foi agredida com um tapa e alvo de xingamentos.  Ela teria tentado fugir do marido e alcançado a arma, uma pistola calibre 380 que havia recebido de presente de Marcos. "Você não tem coragem de atirar", teria dito a vítima, antes de ser alvejada no lado esquerdo do crânio. O delegado, no entanto, não acredita nessa versão.

"Quando chegou com a pizza, a vítima não teve tempo nem de dizer 'ai'", afirmou Gomes Dias. Segundo demonstração do policial, o disparo foi feito à curta distância, de cima para baixo. Elize também já estaria com a arma engatilhada. Para a promotoria, um indício de crime premeditado. "Ele não teve chance de se defender", disse o delegado. Gravações de câmeras de segurança mostram as quatro pessoas chegando ao apartamento. Depois, Marcos desce sozinho e, demonstrando irritação, chuta a porta do elevador. As imagens seguintes mostram Elize saindo do prédio com três malas, onde estava o corpo do marido, e voltando sem elas.


Segundo as investigações, Marcos era lutador de artes marciais, mais alto e mais forte do que Elize. Por sua vez, a ré é descrita como uma "exímia atiradora". "Na época dos fatos, ela estava carregada de ódio", afirmou o delegado.  Os laudos médicos apontam que Marcos começou a ser degolado quando ainda estava vivo, segundo o policial. Já as partes do corpo foram jogadas à beira de uma estrada em Cotia, na Grande São Paulo. "Os animais se alimentam da carne. Era uma forma de sumir com o corpo", disse.

Quebra do sigilo telefônico da ré mostrou que Elize esteve no local em que as partes foram achadas. Após o crime, ela também trocou o cano da arma e jogou a cápsula da bala no vaso sanitário. "Ela eliminou as possibilidades de perícia. Tinha conhecimento de tiro", disse.

Em depoimento, o delegado também contou que o reverendo Renè Henrique Gotz Licht, que era próximo ao casal, notou o comportamento estranho de Elize antes do crime. "Ele já havia alertado Marcos a quebrar a chave dentro do cofre onde guardavam as armas", afirmou Gomes Dias. "Marcos, ela pode te matar", teria dito.

Então casado e com uma filha, Marcos conheceu Elize por meio de um site de acompanhantes. Saíram juntos, trocaram telefone, viraram amantes. Marcos se separou. A cerimônia de casamento dos dois foi feita por Licht. Depois, o empresário começou a sair com outra mulher, do mesmo site de Elize. "Ela provou do próprio veneno", disse o delegado.

Fonte: Agência Estado


terça-feira, 21 de junho de 2016

Os falso doentes de R$ 9,5 milhões - fraudes no fornecimento de remédios de alto custo


Os falsos doentes de R$ 9,5 milhões


Os bastidores de uma das maiores fraudes já descobertas no Brasil envolvendo ações judiciais para fornecimento de remédios de alto custo 

Capítulo 1

Como o SUS gastou essa bolada com diagnósticos fajutos

O comerciante Gaspar Landim dos Reis, de 64 anos, não rasga dinheiro. Desde que abriu um boteco na esquina de casa, num bairro popular de São José dos Campos, no interior paulista, ele tratou de deixar bem claras as regras do estabelecimento. A plaqueta pregada numa das paredes vermelhas da birosca sem eira nem beira alerta: “Se você não tem vergonha de pedir fiado, não tenho vergonha de dizer não”. Enquanto servia uma dose de Jurubeba Leão do Norte a um cliente assíduo, ele contou a ÉPOCA como se viu envolvido num esquema que provocou um prejuízo de R$ 9,5 milhões à Secretaria Estadual de Saúde. Se não tivesse sido descoberto a tempo, o caso poderia ter consumido cerca de R$ 40 milhões. Bem mais complexo que o boteco de Reis, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido obrigado pela Justiça a rasgar dinheiro todos os dias.


O volume crescente de ações judiciais para fornecimento de medicamentos de alto custo (um fenômeno conhecido como judicialização) desorganiza o planejamento orçamentário das secretarias de Saúde nas três esferas de poder. É um problema para a União, os Estados e, principalmente, para os pequenos municípios. Não há milagre. Para atender às demandas urgentes de poucos pacientes que exigem tratamentos caríssimos (muitas vezes, sem benefício e com riscos inaceitáveis), os gestores deslocam verbas destinadas ao cuidado de milhares ou milhões de outros cidadãos

Assim como a corrupção e a má gestão, a judicialização da saúde é uma das importantes causas de desperdício de dinheiro público. Ela não pode mais ser ignorada, principalmente no momento em que se discute a redução de gastos sociais. Quando os médicos e a indústria farmacêutica estabelecem relações indevidas, quem perde é a população. Desta vez, elas viraram caso de polícia.

O metalúrgico aposentado que conta os trocados ganhos no bar decadente levou um susto quando foi intimado a dar explicações na delegacia. Lá, soube que havia obrigado o SUS a fornecer a ele um remédio importado para baixar o colesterol. Cada cápsula de Juxtapid (lomitapida), da empresa americana Aegerion Pharmaceuticals, custa cerca de US$ 1.000 por dia. São US$ 30 mil por mês e US$ 360 mil por ano. Mais de R$ 1 milhão por paciente. Não sabia que tinha processado o Estado”, disse Reis a ÉPOCA. “Minha consciência está limpa.” O depoimento dele e de outros cidadãos convenceu as autoridades. No Estado de São Paulo, 46 pessoas exigiram o fornecimento do Juxtapid. “A maioria não sabia que havia entrado com ação judicial e nem sequer tinha a doença”, afirma Ivan Agostinho, corregedor-geral da Administração do Estado de São Paulo. “Os juízes foram ludibriados pelos laudos assinados pelos médicos. É puro estelionato, pago pelo cidadão”, diz.


 >> Ivan Agostinho: "É puro estelionato pago pelo cidadão"



Não é de hoje que parte da indústria farmacêutica faz um jogo triplo: estimula os médicos a prescrever drogas de alto custo ainda não disponíveis no SUS; financia associações de pacientes para que elas ofereçam apoio jurídico gratuito aos interessados em processar o Estado; e, por fim, determina livremente o preço dos produtos (quase sempre importados) ao gestor pressionado pelo tempo e pela ameaça de prisão. Essa prática eticamente questionável drena os recursos do SUS, mas não é ilegal. O caso Juxtapid é um escândalo de outra natureza. Depois de dois anos de inquérito policial, o esquema pode levar ao inédito indiciamento de 13 médicos de sete municípios, de representantes da empresa Aegerion e demais envolvidos. É o resultado da Operação Asclépio, batizada com o nome do deus grego da medicina
.

O delegado Fernando Bardi, da divisão de investigações sobre crimes contra a administração, está convencido de que eles cometeram falsidade ideológica e crime contra a saúde pública.Os médicos assinaram laudos falsos e a empresa encontrou uma forma de obrigar o Estado a importar um medicamento, antes mesmo da aprovação dele no Brasil”, afirma Bardi. Enquanto não tiver o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a droga não pode ser vendida no Brasil nem promovida nos consultórios pelos representantes de vendas.

Os cardiologistas investigados assinaram laudos (muitos deles idênticos até nos erros de português) nos quais afirmavam que os doentes corriam risco de morte, caso não recebessem o remédio importado. O Juxtapid não se destina a combater o colesterol alto que 30% dos brasileiros têm. Ele foi aprovado nos Estados Unidos apenas para uso nos raros casos de uma doença genética chamada de hipercolesterolemia familiar homozigótica. Esse distúrbio acomete cerca de uma pessoa a cada 1 milhão, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para desenvolvê-lo, é preciso ter a infelicidade de herdar um gene defeituoso do pai e outro da mãe. Não é uma condição trivial, dessas que os especialistas veem muitas vezes na vida. “Em 40 anos de formado, vi meia dúzia de casos desse tipo”, diz Marcelo Bertolami, diretor da Divisão Científica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Essa condição gravíssima impede a remoção do colesterol ruim (LDL) do sangue. Em geral, os pacientes têm mais que 600 miligramas por decilitro de sangue (nível seis vezes superior ao considerado satisfatório). Não só isso. Ocorrem outras complicações, como entupimento prematuro e progressivo das artérias e extensos xantomas (tumores benignos de pele, compostos de gordura, que podem aparecer em qualquer parte do corpo). A maioria dos pacientes não alcança os 30 anos.

A descrição em nada se parece com a condição física do comerciante Reis. Aos 64 anos, ele se mantém produtivo. Usa bengala por causa de uma artrose no quadril. Dois stents cardíacos, colocados no ano passado, ajudam a manter as artérias desobstruídas. “Em 2013, quando o médico receitou o Juxtapid, meu colesterol estava um pouco mais alto, mas não muito”, diz. “Entendi que ele estava ajeitando para a gente pegar um medicamento mais em conta – não que eu estivesse processando o Estado”, afirma. Segundo Reis, o cardiologista José Eduardo Guimarães agendou um dia para que os pacientes conversassem, no próprio consultório, com um propagandista da Aegerion e assinassem um documento. Assim foi feito. Algum tempo depois, Reis recebeu um telefonema de Curitiba, no Paraná. Uma funcionária da Associação Nacional de Doenças Raras e Crônicas (Andora) avisava que o remédio já estava disponível para retirada num posto de atendimento da Secretaria Estadual de Saúde, em Taubaté, uma cidade vizinha.

Reis não viu vantagem em ter de se deslocar 40 quilômetros só para pegar umas cápsulas. Achou mais fácil continuar com os remédios que já usava: metformina para o diabetes e sinvastatina para o colesterol. Esse medicamento, considerado o tratamento-padrão nesses casos, custa menos de R$ 1 por dia. “Nunca fui buscar esse tal de Juxtapid”, diz. A ordem judicial obrigava o Estado a fornecer a Reis seis caixas de 5 miligramas e mais seis caixas de 10 miligramas. A cotação de preços feita em cinco importadoras foi infrutífera. A Aegerion mantinha acordo de exclusividade com uma única importadora e determinava o preço: US$ 28.600 foi o valor cobrado da Secretaria Estadual de Saúde por uma caixinha de 28 comprimidos, em agosto de 2014. Na ocasião, o dólar valia R$ 2,515. E assim o governo paulista gastou R$ 71.900 por mês com um redutor de colesterol que o paciente nunca foi buscar. Rasgou dinheiro público, mas acatou a ordem judicial. Se Reis não tivesse desistido, o tratamento completo determinado pelo juiz custaria R$ 914 mil por ano.




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