UTILIDADE PÚBLICA
Alvaro Avezum, médico do Hospital Oswaldo Cruz diz que problemas cardíacos precisam ser encarados com a mesma seriedade que o câncer
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O especialista explica que a vida regrada, embora pareça uma conversa pouco original, é justamente o atalho para anos bem vividos e para manter distância de problemas cardiovasculares sérios (leia-se infarto e o acidente vascular cerebral, o AVC, para ficar em dois exemplos). Único especialista brasileiro no recente estudo internacional, com 80 países, que avaliou os seis grupos de alimentos úteis para ficar longe do risco de doenças cardiovasculares, afirmou ainda que a pesquisa é importante para munir os brasileiros de informação. Conhecer, inclusive, os próprios indicadores de saúde é um caminho para ficar longe de complicações sérias, ele defende.
Veja os melhores trechos da entrevista:
O que há de novo neste estudo internacional que determina os alimentos cuja falta está associada à piora de doenças cardiovasculares?
Focando em infartos, AVC e insuficiência cardíaca, temos dez fatores que são responsáveis por 90% dos casos. São eles:
Independente da qualidade do ensino em cada país, em estudos assim avalia-se a quantidade de anos que a pessoa passou na escola. Esse gradiente passa entre baixa escolaridade — os não alfabetizados ou com menos de quatro anos na escola — em comparação com quem tem nível superior.
Aqui no Brasil, após o infarto, somente 30% dos pacientes que tiveram alta faz uso de aspirina (medicamento usado como anticoagulante) no caso da sinvastatina (para reduzir o colesterol), não chega a 10%.
Na minha época de residente, há uns 35 anos, o infarto era da quinta e sexta década da vida. O AVC, na sexta e sétima década.
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O risco de doenças cardiovasculares é diferente para homens e mulheres?
Hoje
a prevalência da hipertensão assola os dois sexos. O estilo de vida das
mulheres hoje, comparado há 30, 40 anos, mudou para pior. O risco está
empatando com o a gravidade para o homem. A prevalência de hipertensão é
ligeiramente maior neles, mas na passagem da menopausa, você começa a
ter similaridade na possibilidade de agravamento cardiovascular para
ambos. Isso porque há uma alteração hormonal, que faz as mulheres terem
mais gordura abdominal. Há ainda maior sedentarismo, estresse e
depressão o que aumenta o risco de agravamento de doenças. É um tempo da
vida que requer uma atenção maior para elas.
Quando falamos de ciência da longevidade não estou falando só de aumento de anos de vida, mas de mais anos com qualidade.
Ser espiritualizado ajuda em tratamentos, mas a ausência de espiritualidade pesa pro lado negativo?
Sem
dúvida. Quando falamos, porém, em espiritualidade, cada uma analisa com
seu viés. Aqui consideramos os valores morais, mentais, emocionais que
todos têm. Que norteiam o que pensamos e nossas atitudes. Como lidamos a
gente mesmo e com os outros. Para chegar a essas conclusões avaliamos
coisas passíveis de observação e de mensurar. Usamos questionários
aprovados sobre, por exemplo, altruísmo e propósitos de vida.
Ou seja, indivíduos que tem proposito, satisfação com a própria vida, disposição ao perdão, gratidão e integração social, viverão melhor. A ausência disso vai na direção oposta.
Medicina - Saúde - O Globo