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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Ômicron e vacinas: O que se sabe sobre a eficácia da Pfizer, AstraZeneca e Coronavac contra a cepa - O Estado de S. Paulo

Considerada uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi identificada primeiro na África do Sul em 24 de novembro. Até esta quarta-feira, já estava em 57 países, incluindo o Brasil.  Com isso, farmacêuticas e pesquisadores independentes fazem uma corrida para descobrir respostas. 

Ao mesmo tempo em que a variante Ômicron do coronavírus avança pelo mundo, pesquisas tentam medir o quanto as vacinas usadas até agora são capazes de proteger a população. Os estudos, ainda preliminares, mostram que a nova cepa pode escapar parcialmente de uma primeira barreira de proteção oferecida pelos imunizantes. As pesquisas sugerem um caminho para conter a Ômicron: doses de reforço.


Ômicron
Cientista sequencia amostra de variante Ômicron na África do Sul. Foto: Jerome Delay/AP - 08/12/2021

O temor sobre a Ômicron tem relação não só com o número de mutações, mas com a localização dessas variações dentro do vírus. Das 50 alterações genéticas na cepa, 32 estão na proteína spike, aquela que permite a entrada do vírus nas células humanas. Boa parte das vacinas usa a proteína spike para induzir a resposta imune - por isso alterações nessa parte do vírus preocupam tanto. 

As primeiras pesquisas para testar o impacto da variante na proteção das vacinas ainda são preliminares, não foram revisadas por outros cientistas e coletaram poucos dados. Esses estudos são realizados em laboratório: cientistas analisam a interação entre amostras de sangue de pessoas vacinadas (com anticorpos) e a nova variante. As primeiras conclusões são de que há queda na capacidade da vacina de produzir anticorpos que neutralizam a Ômicron - o que os cientistas já esperavam.

Segundo uma pesquisa realizada na África do Sul com 12 pessoas, houve declínio de 41 vezes nos níveis de anticorpos neutralizantes contra a nova variante em vacinados com a Pfizer. O estudo, do Instituto de Pesquisa em Saúde de Durban, também apontou que a proteção parece ser maior entre os que já tinham se infectado antes de tomar a vacina.

Para Alex Sigal, virologista que conduziu o estudo, os dados trazem boas notícias, apesar de ser preocupante a queda de anticorpos. Ele temia que as vacinas pudessem não fornecer qualquer proteção contra a variante, mas isso não ocorreu. Havia o risco de que a Ômicron tivesse encontrado uma nova "porta" para entrar nas células - o que tornaria os anticorpos de vacinas inúteis. “Todo o nosso esforço iria para o lixo”, disse, ao anunciar os resultados.

Outra pesquisa preliminar, realizada por cientistas ligados ao Instituto Karolinska, na Suécia, e à Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, mostrou que a redução na capacidade de neutralização dos anticorpos é variável. Em algumas amostras, quase não houve diminuição e, em outras, houve queda de 25 vezes em relação ao “vírus original”. "A neutralização não é completamente perdida, o que é positivo", afirmou Ben Murrell, pesquisador do Instituto Karolinska, nas redes sociais.

Nesta quarta, um novo estudo, realizado pela Pfizer e a BioNtech, indicou que, com um esquema de duas doses, a quantidade de anticorpos neutralizantes contra a variante Ômicron diminui, em média, 25 vezes em relação aos produzidos contra o vírus original. E que “duas doses podem não ser suficientes para proteger contra a infecção" pela nova variante, conforme informaram as empresas. A pesquisa analisou 39 amostras.

Essa queda em anticorpos neutralizantes era esperada pelos cientistas - justamente por causa do número de mutações da Ômicron - e deve ocorrer com outras marcas de vacinas. Stéphane Bancel, CEO da Moderna, imunizante aplicado nos Estados Unidos, já havia previsto “queda significativa” na proteção das vacinas existentes contra a Ômicron. A declaração causou mau humor no mercado: bolsas de todo o mundo caíram após a fala.

Mas as últimas pesquisas não significam que as vacinas são ineficazes contra a Ômicron. Especialistas ponderam que os anticorpos analisados até agora em laboratórios não são a única barreira proporcionada pelos imunizantes. As vacinas também induzem outros tipos de resposta imune, como as células T, que matam células infectadas e são importantes para evitar que uma pessoa infectada adoeça.“A Ômicron escapa mais do que as outras (variantes). Isso tudo é esperado. Mas, provavelmente, ainda vamos ter proteção em termos de hospitalização, de doença sintomática”, diz Cristina Bonorino, imunologista e membro dos comitês científico e clínico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI). A expectativa é de que a vacinação evite a forma grave da covid-19, mesmo diante da Ômicron. Cientistas, no entanto, só poderão confirmar isso com análises de como as vacinas se comportam no mundo real.

Nesta quarta, a Pfizer anunciou que os vacinados “ainda devem estar protegidos contra formas graves da doença”, já que o mecanismo de ativação das células T não parece ter sido afetado pelas mutações da Ômicron. “Já observamos isso. Sabemos que temos uma proteção clínica (com as vacinas), mas não em relação à infecção e transmissão”, diz o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica.Br, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

A pesquisa realizada pela Pfizer também apontou que pessoas que receberam uma 3ª dose há um mês tiveram níveis de anticorpos neutralizantes contra a Ômicron compatíveis às taxas verificadas após duas doses da vacina contra outras variantes. “Está claro com esses dados preliminares que a proteção é aumentada com uma 3ª dose da nossa vacina, disse Albert Bourla, CEO da Pfizer. Ele também disse que é possível que a população venha a precisar de uma 4ª dose. 

Teste da Coronavac mede efeitos após 3ª dose
Na mesma linha, o cientista Xiangxi Wang, pesquisador principal do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, afirmou nesta quarta que uma 3ª dose da Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, produz anticorpos capazes de reconhecer a Ômicron.

Ele citou uma triagem de mais de 500 unidades de anticorpos neutralizantes obtidos após a 3ª dose. “Cerca de um terço dos anticorpos apresentou grande afinidade de ligação com a proteína spike das cepas de preocupação, incluindo a Ômicron”, afirmou. Segundo o Butantan, os cientistas ainda vão testar a capacidade de neutralização desses anticorpos contra o vírus para confirmar a sua eficácia. Esses dados não foram detalhados ou publicados em revista científica. “Dar a terceira dose é o que temos agora”, afirma Jorge Kalil, imunologista da Faculdade de Medicina da Faculdade da Universidade de São Paulo (USP). Ele lembra que o desenvolvimento, a testagem e a aprovação de uma vacina completamente adaptada à Ômicron pode levar meses - tempo que os países não devem estar dispostos a esperar diante da nova variante.

Uma vacina adaptada da Pfizer, por exemplo, estaria disponível "até março", segundo a farmacêutica. Apesar de apontar o benefício da dose de reforço, a Pfizer afirmou que continua avançando no desenvolvimento de um imunizante específico para a Ômicron, “caso uma adaptação seja necessária para aumentar ainda mais o nível e a duração da proteção”.

Outras farmacêuticas ainda não publicaram dados sobre a proteção das vacinas diante da Ômicron, mas dizem estar pesquisando. A AstraZeneca, fabricante do imunizante largamente usado no Brasil, informou que a plataforma de vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford “permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir”.

Disse ainda que já iniciou pesquisas em locais onde a variante foi identificada, nos países africanos Botsuana e Essuatíni, “que nos permitirá recolher dados do mundo real da vacina contra esta nova variante do vírus”. A Johnson & Johnson informou que também está testando amostras para medir a atividade neutralizante da Janssen contra a Ômicron. Paralelamente, a companhia busca uma vacina específica para a variante “e irá desenvolvê-la, conforme for necessário”, afirmou.

Enquanto novas pesquisas não são publicadas, a recomendação de especialistas e autoridades de saúde é vacinar - com as vacinas que temos - o maior número de pessoas. “Esses resultados são mais um estímulo para a vacinação, para as pessoas buscarem o reforço”, diz Spilki. "Se não vacinarmos as pessoas, vão surgir variantes que escaparão da vacina. Por enquanto, quem se vacinou está razoavelmente protegido e quem não se vacinou deve se vacinar, mesmo tendo tido a doença", completa Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. 

Nesta quarta, a OMS afirmou que a Ômicron pode mudar o curso da pandemia e pediu aos países que vacinem o mais rapidamente possível.

Saúde -  O Estado de S. Paulo

 


quarta-feira, 18 de agosto de 2021

PGR isenta Bolsonaro de supostos crimes contra a saúde pública

PT e Psol foram ao Supremo Tribunal Federal argumentando que o presidente incentiva aglomerações e não usa máscaras

[já se tornou recorrente que partidecos sem noção, sem votos, sem programa de governo, sem representatividade tentem mostrar serviço sobrecarregando o Poder Judiciária com ações que não se sustentam e deveriam ser tratadas com desrespeito à inteligência dos membros do Poder Judiciário = são ações que apresentam acusações vazias, sem provas. O nocivo costume está sendo seguido por alguns parlamentares, especialmente senadores, que a falta de criatividade para apresentar projetos que favoreçam o Brasil e aos estados que representam, usam a prática de denunciar o nosso Presidente como passatempo.] 

A subprocuradora da República, Lindôra Araújo, enviou dois pareceres ao Supremo Tribunal Federal isentando o presidente Jair Bolsonaro de supostos crimes contra a saúde pública. PT e Psol foram à Justiça para punir o chefe do Executivo por suposto incentivo a aglomerações e a falta do uso de máscaras. Os documentos de Lindôra chegaram ao STF na terça-feira 17. “Essa conduta não se reveste da gravidade própria de um crime, por não ser possível afirmar que, por si só, deixe realmente de impedir introdução ou propagação da covid-19”, argumentou Lindôra, ao mencionar que há incertezas sobre o uso de máscaras. “Não é possível realizar testes rigorosos, que comprovem a medida exata da eficácia da máscara.”

Em e-mails vazados no início da pandemia de coronavírus, Anthony Fauci, virologista e atual conselheiro médico da Casa Branca, afirma que a utilização do equipamento era pouco no enfrentamento da covid-19. “A máscara típica que você compra na farmácia não é realmente eficaz para impedir a entrada de vírus, que é pequeno o suficiente para passar através do material.”

 Leia também: “Ciência, ciência e silêncio”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 72 da Revista Oeste

 Revista Oeste


domingo, 12 de julho de 2020

Covid-19 no Brasil: mortes se estabilizam em platô nas alturas

Número de óbitos por covid-19 no Brasil interrompe escalada acelerada, mas alcança um patamar muito elevado, na avaliação de especialistas. As atualizações diárias estão na casa de 40 mil casos e mil vidas perdidas. Analistas não enxergam diminuição sustentada

Previsto para agosto pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o pico da covid-19 no Brasil preocupa autoridades, pesquisadores e, também, a população. No entanto, especialistas indicam ser possível que o país não tenha um pico característico como o de outras nações afetadas pela pandemia. Sem um controle efetivo do isolamento social e com a flexibilização precoce das atividades comerciais, o Brasil vê os números se estabilizarem em uma curva achatada por um maior período. O problema é que o chamado platô (estabilização), visto atualmente na curva de mortes pela doença, ocorre em um alto patamar, com atualizações diárias na casa de mil óbitos. Para Rodrigo José, plantonista de uma unidade de terapia intensiva (UTI) que atende a pacientes com covid-19 em Curvelo (MG), “estamos tendendo a ter um platô com um número muito alto de mortes por dia. Será que nossas medidas estão sendo efetivas ou, na verdade, a gente está estabilizando por uma ineficácia do que a gente deveria ter feito e não fizemos?”

[O Brasil está em um platô, mas tudo indica próximo da imunidade de rebanho.
Saiba mais, clicando aqui - estudo técnico explicando o funcionamento da imunidade de rebanho e como se comprova.
Duas situações não podemos esquecer:
O isolamento social de Manaus foi praticamente inexistente, testagem mínima, cadáveres enterrados em covas coletivas e agora já está desativando até hospital = tudo indica atingiu a imunidade de rebanho;
Distrito Federal, está em um pico de infecções - fez uma ridícula quarentena meia boca e agora segue uma política do abre, fecha abre -  mas por três dias o número de recuperados supera o de infectados = indicio de uma provável imunidade de rebanho.]
Segundo o médico do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Imaculada Conceição, a estabilização na casa das mil fatalidades reflete negligência com a quarentena. “A gente vai vendo que há um relaxamento de isolamento social e isso, de certa forma, vai mudando a característica da transmissão da infecção do vírus no Brasil. Consequentemente, dificulta para fazer a previsão de quando será esse pico, se é que nós vamos ter um”, afirma. Ele lembra que o pico da doença corresponde àquele período em que o país apresenta o maior número de casos e mortes e, logo após, uma queda sustentada. É determinado, portanto, posteriormente ao seu ocorrido.“Tem que haver uma queda sustentada para definir que houve um pico. Dessa forma, ele pode ser determinado de uma forma retrógrada, porque você vai defini-lo depois que você passa por ele”, ressalta. Já o platô seria uma fase posterior ao pico epidemiológico, no qual a curva apresenta queda e faz um achatamento, mantendo uma constância. 

Ao analisar a curva do Brasil por semana epidemiológica, especialistas ainda não conseguem ver uma queda sustentada — nem em relação aos óbitos, nem em relação aos casos. Com o encerramento da 28ª semana epidemiológica, ontem, o país mantém a média de registro das semanas anteriores, não mostrando uma variação considerada significativa para definir uma alteração na curva da pandemia. No entanto, é possível observar que, enquanto se nota uma estabilização no número de óbitos há algumas semanas, a quantidade de infectados continuou em crescimento, ainda que em desaceleração. A primeira recessão ocorreu justamente entre a semana 27 e 28, com queda de 0,2% em relação ao acumulado de novos casos semanais, o que, ainda, não caracteriza uma tendência de platô.  

Transmissão 
Na avaliação do secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia, a dinâmica das novas confirmações é um reflexo do aumento da realização de testes da covid-19. “O número de casos novos tem aumentado e isso pode ser reflexo da capacidade de testagem do Brasil, que vem aumentando nas últimas semanas”, disse em coletiva de imprensa, na quarta-feira. Outro fator importante para avaliar em que estágio o país se encontra na pandemia é a taxa de reprodução de vírus, chamada de Rt. O dado é relevante porque ajuda governantes a definirem qual a melhor hora para optar pela flexibilização do isolamento social. “O recomendado é que essa taxa esteja abaixo de 1, mas o ideal, mesmo, é abaixo de 0,8. Quando Wuhan reabriu, na China, ela estava com a taxa em torno de 0,3. Na Alemanha, a retomada aconteceu com a taxa de 0,75”, explica o plantonista do Hospital Imaculada Conceição, Rodrigo José.

Em meio à onda de flexibilização brasileira, as taxas de contágio (Rt) da covid voltaram a subir. Na nova avaliação do Imperial College de Londres, o Brasil, que na semana passada chegou perto de atingir níveis considerados controlados da transmissão, sofreu um retrocesso e aumentou a Rt para 1,11, ou seja, cada grupo de cem pessoas infectadas transmite o vírus para outras 111.

Em abril, com Rt de 2,3, o país chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking de nações com maior descontrole da doença. Já no fechamento da 26ª semana, chegou próximo de sair do rol de disseminação ativa, com Rt de 1,03. Taxas acima de 1 significam que o contágio está descontrolado, não sendo possível rastrear com precisão o caminho do vírus. Com a atualização, o Brasil se mantém pela 11ª semana entre os países com transmissão ativa, sendo os Estados Unidos o país com mais longa permanência neste patamar.

Por outro lado, o Brasil tem apresentado melhoras graduais em relação às subnotificações, um dos critérios necessários para conseguir identificar e conter a transmissão da covid-19. Com o fechamento da semana 27, de 28 de junho a 4 de julho, o Imperial College calcula que a nação reporta 43,9% dos casos. No balanço anterior, o índice estava em 36,3%. Em relação ao início de abril, o avanço foi significativo, já que, à época, o país só registrava 10,4% das infecções.
 
Testagem A testagem é, ainda, uma das principais estratégias para alcançar infectados, tratando precocemente o paciente e evitando a continuidade de contágio com o correto isolamento. No entanto, sem a articulação dos outros elementos, como distanciamento social e completo isolamento dos infectados, os esforços das autoridades de saúde com ampliação de testagem não garantem o controle. “É necessário manter uma vigilância clínica e laboratorial. Do contrário, podemos ser surpreendidos por novos surtos, ainda que em um momento de estabilização ou queda”, afirma a médica Nancy Bellei, infectologista e virologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Dizer que o país vive uma única curva, para a especialista, não retrata a realidade continental do Brasil, que observa diferentes etapas de contágio no momento. Sem vacina, no entanto, todas as localidades estão sujeitas a novas elevações da curva, se não houver cuidado. “Em pouco tempo, países já estão experimentando algumas recrudescências e fazem intervenções. Não necessariamente voltarão os picos com tantas mortes, já que uma parcela da população já se infectou. Estamos iniciando um momento novo, mas a pandemia não acabou. Teremos que aprender a conviver com o vírus, porque ele vai continuar circulando. Conviver com esse vírus é não relaxar nas medidas, fazer a nossa parte”, orienta a infectologista. 

Correio Braziliense


quinta-feira, 19 de março de 2020

Coronavírus: como hipertensos e cardíacos devem se cuidar? Cardiologista responde - O Globo


Médicos orientam isolamento imediato e não descontinuar tratamento com medicamentos controlados

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No Brasil, a primeira vítima do novo coronavírus — um porteiro de 62 anos, em São Paulo, tinha doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão. Por isso, médicos reforçam a recomendação de que esse grupo fique em casa e se isole imediatamente em caso de sinais respiratórios. O cardiologista Cláudio Domênico ressalta que evitar o contato social é a melhor medida de prevenção.

Entenda:  Diabetes aumenta risco de complicações do novo coronavírus em até três vezes

Ele alerta que os pacientes não devem, de forma alguma, interromper o uso de medicamentos conhecidos como inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA), sem consultar um médico.

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Essas classes de drogas têm emprego no tratamento de insuficiência cardíaca e no controle da hipertensão. São remédios de amplo uso, como captopril, losartana e enalapril. Uma série de estudos recentes sugere que essas drogas poderiam agravar a Covid-19. Mas tanto a Sociedade Brasileira de Cardiologia quanto as demais sociedades internacionais da área não recomendam a interrupção sem prescrição.
— Esses estudos são preliminares e esses medicamentos fundamentais para o paciente cardíaco e os hipertensos de forma geral controlarem a doença. Interromper o uso agravará a condição que já têm e aumenta o risco de infarto e outros problemas graves — afirma Domênico.
Segundo ele, a aspirina também não deve ser descontinuada sem que um médico mande, a não ser em caso de dengue.

Leia mais'Coronavírus é imprevisível, mas pode ser vencido', diz virologista que investigou as epidemias do HIV e ebola

A recomendação é que, se o paciente apresentar sinais de infecção respiratória, deve ligar para o médico para orientações. E só deve ir ao hospital se realmente tiver um quadro de agravamento de infecção respiratória, como falta de ar. Nesse caso, deve ir direto para a emergência: — Neste momento, essas pessoas têm que ficar em casa. Ir ao médico aumenta o risco de contrair o vírus. Só saia de casa se realmente tiver sinais de agravamento. Aí, a orientação é buscar a emergência — diz o médico.
Outra orientação é tomar a vacina contra a gripe. A campanha nacional começa em 23 de março. O cardiologista ressalta o cuidado em não cair na cilada das fake news:  — Fake news em saúde pode matar. Não confie no que lê nas redes sociais e grupos de Whatsapp —  destaca.

O Globo - Sociedade


domingo, 9 de fevereiro de 2020

Velhas doenças ainda ameaçam mais do que coronavírus - O Globo

Ana Lucia Azevedo, Célia Costa e Constança Tatsch

No Brasil, especialistas temem queda na atenção dada ao combate a dengue, zika, chicungunha, febre amarela e sarampo

A médica Patrícia Rosseti chega às 8h no Centro Municipal de Saúde (CMS) Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, Zona Sul do Rio, e com mais duas pessoas atende a cerca de 50 pacientes todos os dias, muitos com dengue. Desde o início do ano, o CMS também realiza, pelo menos uma vez por dia, bloqueios vacinais contra o sarampo, quando pessoas do entorno de um paciente devem ser imunizadas.
Mas, nos corredores, conta a médica, os pacientes já se preocupam mais com o coronavírus: — Ficamos muito frustrados. Parece que você orienta as pessoas mas tudo fica do mesmo jeito — diz, em referência aos cuidados necessários para se combater o mosquito Aedes aegypti ou manter a carteira de vacinação em dia. Talvez o governo precisasse falar mais, incrementar as campanhas, divulgar mais os números. Até para nós fica difícil saber qual a realidade dos casos aqui no Rio, por exemplo.
Leia mais:Vacina contra zika criada pelos EUA mostra bons resultados em humanos
O pânico global em relação ao novo coronavírus pode ser grande, mas, para o Brasil, pelo menos nesse momento, muito maior é a ameaça de velhas doenças, garantem especialistas. Os vírus da dengue, da chicungunha, da febre amarela e do sarampo são aqueles que o brasileiro realmente deveria temer e contra os quais se proteger.
Vejo com pessimismo o cenário para dengue e chicungunha, apesar dos esforços do Ministério da Saúde. Enquanto não tiver saneamento básico, as doenças do Aedes aegypti vão nos acometer — destaca o virologista Pedro Vasconcelos, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que conclui: — Haverá um ano com mais casos, outros com menos, mas a tendência de crescimento será mantida.

Marzia Puccioni-Sohler, professora da UFRJ e da UniRio, lembra que o mosquito prefere água suja, mas, se encontrar oportunidade dentro das casas, vai infestá-las também. E não adianta cuidar da casa e ter esgoto a céu aberto na porta.
A chicungunha é uma doença incapacitante, causa limitações físicas, impede muitas pessoas de trabalhar. Embora o vírus seja menos comum, a parcela dos infectados que adoece é muito maior que a da dengue, por exemplo. Estima-se que 70% dos infectados desenvolvam sintomas, que nunca são brandos e podem se prolongar por meses, às vezes por anos. E 16% dos doentes podem apresentar complicações neurológicas. Já a dengue pode levar a doenças autoimune.Como toda novidade, o coronavírus desperta curiosidade e prende a atenção. Mas, para o Brasil, agora, problema mesmo são as nossas doenças conhecidas, que são graves— diz Marzia.

Para Ligia Bahia, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em saúde pública e colunista do GLOBO, o coronavírus é “um desafio que se soma, e as estruturas da saúde já estão fragilizadas”. Segundo ela, para combater a dengue, por exemplo, seria necessário fazer um conjunto de ações, incluindo inquéritos sorológicos (pesquisa com uma amostra da população para saber se já teve dengue e qual tipo), além de desenvolver uma vacina, processo em que o Brasil “não está na vanguarda” pela “descontinuidade de investimentos”. — O coronavírus vai fazer sombra [às outras doenças] porque o mundo inteiro está apavorado e é uma ameaça que vem de fora, enquanto a dengue nos é familiar — afirma. — Na realidade, é quase uma competição de mau gosto entre os vírus.

Vacinas
Apesar das campanhas, o Brasil ainda não atingiu a cobertura vacinal adequada contra a febre amarela, e o vírus tem avançado para a Região Sul. Vasconcelos observa que, enquanto não tivermos a cobertura vacinal superior a 90% da população, haverá risco de o vírus voltar a se urbanizar. O sarampo, como a febre amarela, não precisaria mais existir se as pessoas se vacinassem, acrescenta: - Quem não se vacinou e tem medo de coronavírus deveria tomar as vacinas disponíveis e se livrar de perigos bem mais imediatos. São dessas doenças virais que temos que ter mais medo no Brasil — diz.

(.....)

Na semana passada, o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, fez um alerta: se as metas de vacinação contra o sarampo não forem atingidas, o estado pode ultrapassar os 10 mil casos da doença. Em 2019, a cobertura vacinal foi de 74%, a meta é ultrapassar os 95%.
Já o enfrentamento da dengue é para evitar uma epidemia tão grave como a de 2008, quando foram registrados 235.064 casos e 271 mortes:
— Com a volta do sorotipo 2, há risco de epidemia. A maior preocupação é que, normalmente, o tipo 2 evolui para casos graves — diz o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde , Alexandre Chieppe.  O Ministério da Saúde deve gastar R$ 140 milhões com equipamentos de proteção individual contra o coronavírus. Também estima despender entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões por mês com a instalação de 1.000 novos leitos de UTI. Mas garante em nota que as “ações para as demais doenças não vão deixar de acontecer’’.

Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA