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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Homem é diagnosticado com covid, varíola dos macacos e HIV ao mesmo tempo

Um italiano de 36 anos foi infectado simultaneamente com os vírus da covid-19, do HIV e da varíola dos macacos, segundo reportou um estudo publicado na revista científica Journal Of Infection
 
O paciente é o primeiro caso relatado de uma pessoa que contraiu os três vírus ao mesmo tempo. Segundo o artigo, o homem passou cinco dias na Espanha em junho de 2022 e começou a apresentar sintomas nove dias após a viagem. O paciente relatou ter febre, dor de garganta e fadiga.

 
Homem recebeu diagnóstico para HIV, monkeypox e covid-19 simultaneamente após uma viagem Imagem: iStock

Ao realizar o teste da covid-19, o homem recebeu um diagnóstico positivo para a doença. No entanto, um outro sintoma chamou atenção no mesmo dia: uma erupção na pele começou a se desenvolver no braço esquerdo dele.

(...)

"Ele também enfatiza que a relação sexual pode ser a forma predominante de transmissão. Portanto, a triagem completa de IST é recomendada após o diagnóstico de varíola dos macacos. De fato, nosso paciente testou positivo para HIV-1 e, dada sua contagem de CD4 [células do sistema imunológico] preservada, poderíamos supor que a infecção era relativamente recente."

O estudo ainda aponta para o fato que o paciente tinha diagnóstico positivo para a varíola dos macacos 20 dias após a primeira detecção, o que sugere que os indivíduos infectados "podem ser contagiosos por vários dias após a remissão clínica."

Apesar da tripla infecção, os médicos relataram que ainda não há evidências suficientes que apoiem que a sobreposição dos vírus possa agravar a condição do paciente.

UOL  - Notícias - Internacional - MATÉRIA COMPLETA
 
Um italiano de 36 anos foi infectado simultaneamente com os vírus da covid-19, do HIV e da varíola dos macacos, segundo reportou um estudo publicado na revista científica Journal Of Infection. O paciente é o primeiro caso relatado de uma pessoa que contraiu os três vírus ao mesmo tempo. Segundo o artigo, o homem passou cinco dias na Espanha em junho de 2022 e começou a apresentar sintomas nove dias após a viagem. O paciente relatou ter febre, dor de garganta e fadiga.... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2022/08/25/homem-covid-19-hiv-monkeypox.htm?cmpid=copiaecola

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

O medo do Dr. Fauci - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Se a ameaça nazista se desse hoje, temo pela reação ocidental: não faltariam lideranças recomendando o “apaziguamento” com o inimigo

Doutor Anthony Fauci | Foto: Aaron Clamage/Milken Institute
Doutor Anthony Fauci | Foto: Aaron Clamage/Milken Institute

Condição necessária para isso foi a coragem de enfrentar riscos. Imagina o nosso antepassado apavorado diante de feras terríveis, e enclausurado numa caverna até o perigo passar. Não estaríamos aqui refletindo sobre a vida. Ou seja, parte inexorável de nossas conquistas foi a tolerância ao risco da morte. Não quer dizer comportamento suicida, irresponsável ou imprudente, mas, sim, um ato de volição para desafiar todas as ameaças que a pura existência num planeta hostil traz.

Ocorre que, por diversos motivos, estamos nos tornando mais medrosos. O sucesso planta algumas sementes do fracasso, torna as próximas gerações mais “suaves”, como “flocos de neve”. Se a ameaça nazista se desse hoje, com Hitler liderando sua turba de fanáticos, temo pela reação ocidental: não faltariam lideranças recomendando o “apaziguamento” com o inimigo, entregando nossas liberdades de bandeja. Não se faz mais Churchill como antigamente.

Essa pandemia de covid-19 veio comprovar isso. Países ocidentais resolveram espalhar medo e oferecer soluções “mágicas”, ainda que draconianas e autoritárias. O controle social passou a ser enorme, tudo em nome da saúde, da proteção à vida. Os mais acovardados nem pestanejam na hora de delegar cada decisão aos “especialistas”. Foi assim que o Dr. Fauci virou uma celebridade mundial, a “voz da ciência”, acumulando um poder inimaginável para reis medievais. Dr. Fauci soube explorar muito bem o medo dos outros.

E não é algo novo. Era o mesmo Dr. Fauci o responsável pelo combate ao HIV, vírus da aids. E não faltam críticos de que lá, assim como agora, o médico ajudou a espalhar um medo exagerado que afetou a vida de milhões de pessoas. Ele foi “cobrado” recentemente numa das centenas de entrevistas que tem concedido — haja tempo para tanto holofote! — à CNN, mas o apresentador não foi lá tão duro assim. Ele leu a denúncia do senador republicano Ron Johnson, de que Fauci espalhou pânico desnecessário antes e agora, e logo depois ridicularizou a crítica, levantando a bola e cedendo a palavra ao entrevistado. Fauci, então, disse: “Como responder a algo tão absurdo assim?”

Mencionar isso é “politicamente incorreto”, mas a ciência e o vírus não ligam para seus sentimentos

Bem, talvez… respondendo? Mas Fauci adotou outra estratégia: “Exagerar a aids? Matou mais de 750.000 americanos e 36 milhões de pessoas em todo o mundo. Como você exagera isso? Exagerar a covid? Já matou 780.000 americanos e mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. Então, eu não tenho nenhuma ideia do que ele está falando”. Excelente resposta, caso a pergunta tivesse sido outra. O senador nunca alegou que morreu pouca gente com aids ou covid, e sim que o Dr. Fauci criou um pânico geral bastante desproporcional, ainda mais sabendo-se que ambos afetavam de maneira bem desigual grupos de risco específicos.

Ann Coulter escreveu uma coluna no Townhall detonando a postura de Fauci, e lembrando que acidentes de carro já mataram mais de 3,6 milhões de americanos e centenas de milhões no mundo todo, e que as propostas do “especialista” seriam análogas a recomendar que todos dirigissem de olhos vendados — ou nunca mais pegassem num volante. Idosos e obesos correm um risco infinitamente maior do que jovens saudáveis com a covid, mas Fauci e sua trupe mentiram, trataram todos basicamente da mesma forma, assim como Fauci mentiu sobre a aids ser um risco equivalente para heterossexuais, muito tempo depois de ficar claro que era quase inteiramente um problema para gays e usuários de drogas intravenosas.

Mencionar isso hoje já é “politicamente incorreto”, mas a ciência e o vírus não ligam para seus sentimentos. “Em vez de dedicar recursos maciços ao fechamento de casas de banho e pontos de drogas para impedir a disseminação da aids, e proteger os americanos mais velhos no caso do covid, Fauci afirmou repetidamente que todos estavam em risco”, acusa Coulter. Ela continua: “Parece que Fauci acredita em ‘ciência’ — exceto quando precisa aterrorizar os heterossexuais para não estigmatizar os gays, ou amedrontar toda a população para não estigmatizar os idosos e obesos”.

A aids apareceu pela primeira vez em 1981, em comunidades gays em Nova Iorque, Los Angeles e São Francisco. Dois anos depois, 72% dos casos envolviam gays e 90% das vítimas não homossexuais da aids eram usuários de drogas intravenosas
A maior parte do restante era de crianças nascidas de mães infectadas com aids ou vítimas de transfusões de sangue contaminadas com aids. 
 Esse não era um grande segredo. De acordo com o CDC, em junho de 1983, de 1.552 vítimas de aids, apenas 37 não eram gays, usuários de drogas ou hemofílicos. Médicos da linha de frente aconselhavam que não havia motivo para tanto pânico, mas Fauci estava lá alarmando o mundo todo. Em 1983, ele disse: “Com o passar dos meses, vemos mais e mais grupos… A aids está saindo de limites epidemiológicos bem definidos”.
 
Em 1985 — quatro anos após o aparecimento da aids —, 73% dos casos eram em homens gays, 17% em usuários de drogas intravenosas, 3% em haitianos, 2,2% naqueles que receberam sangue e 1% em parceiros sexuais de pacientes com aids
Menos de 4% não se enquadravam em nenhuma dessas categorias. 
Com zero casos provados de transmissão heterossexual, em fevereiro de 1985,  Fauci alegou estar preocupado com esse risco. Numa fala de 1987, ele chegou a afirmar que o vírus podia ser transmitido pela saliva num simples beijo.

Hoje, segundo Coulter, Fauci está fazendo exatamente a mesma coisa com a covid, tratando os adolescentes como se eles enfrentassem perigo tanto quanto pessoas na faixa dos 70 anos, apesar de estas terem uma chance 300 vezes maior de morrer de covid do que menores de 20 anos. Para essa faixa etária, as chances de morrer de covid são menores do que o risco de morrer de insolação ao longo de suas vidas inteiras. Mesmo para aqueles na casa dos 30 anos, as chances são quase as mesmas que o risco de morrer engasgado.

Ann Coulter conclui que, se Fauci fosse entrevistado por um jornalista sério, ele bem que poderia explicar por que sua ideia de “ciência” é evitar que certos grupos se sintam estigmatizados, e não salvar vidas ou falar a verdade.

Leia também “Correlação e causalidade”


Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 15 de julho de 2021

Dr. Fauci e sua indignação petulante - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Agora o Dr. Fauci não está mais sendo tratado como o Deus da Ciência, apesar de muitos jornalistas terem fugido de seus e-mails divulgados como o diabo foge da Cruz, para preservar o mito. Mas vale a pena voltar ao passado para conhecer um pouco melhor dessa figura-chave da pandemia. Faço isso com a ajuda de Charles Ortleb, jornalista que acompanha Dr. Fauci desde os tempos do HIV.

Ele é autor de vários livros sobre o assunto, mostrando principalmente como a postura arrogante de Fauci interditou o debate científico. “Eu acredito que quando cientistas honestos e corajosos finalmente derem ao trabalho de Fauci a devida diligência que merece, eles reconhecerão que ele tem essencialmente conduzido um esquema científico de Ponzi por décadas”, afirma Ortleb. “A ciência agora tem seu próprio Bernie Madoff”, conclui, fazendo alusão ao criminoso que foi capaz de manter um esquema de pirâmide por décadas no mercado financeiro.

Fauci, diz Ortleb, não era conhecido como um cientista brilhante e tinha pouca experiência em gerenciamento de uma grande burocracia. Mas Fauci tinha ambição de sobra. Este cientista sem brilho estava prestes a encontrar sua verdadeira vocação: construir um império. A maior parte do mundo científico não estava ciente do grau em que esse “elenco maluco de personagens” estava improvisando uma ciência inovadora questionável à medida que avançava. E tudo estava sendo feito no estilo Fauci de "indignação petulante", ou seja, com ataques violentos a quem ousasse questionar.

O que Ortleb aponta é o que muitos cientistas à época questionavam sobre a epidemiologia:  e se eles tivessem sido independentes o suficiente para notar que a epidemiologia estava exagerando com sua mão arrogante e tendenciosa e que, na realidade, é um empreendimento subjetivo vulnerável à manipulação política? 
O verdadeiro problema de Fauci eram os jornalistas que não só sabiam soletrar "retrovírus", mas também ouviam muito bem o que ele dizia. 
O tipo de jornalista que também sabia coisas sobre retrovírus e ouvia o que ele dizia tão atentamente e criticamente que podiam tornar a vida desagradável para Fauci e seus poderosos camaradas fazendo perguntas inconvenientes.

Dr. Peter Duesberg era um deles. O biólogo molecular da Universidade de Berkeley, na Califórnia, tinha pesquisas respeitadas sobre a genética do câncer, e trouxe à tona aspectos sobre a AIDS que batiam de frente com a narrativa da equipe de Fauci. Ele não estava dizendo algo semelhante àqueles que dizem que o pouso na lua foi apenas encenado com adereços e uma câmera. Ele era um especialista do calibre Nobel em retrovírus, apontando as deficiências da teoria do HIV na AIDS usando a lógica básica e analisando as evidências disponíveis.

Ali começava, porém, o uso do rótulo “negacionista” para desqualificar cientistas com perguntas incômodas. E ele não estava sozinho: culpar a mídia pela credibilidade dada às ideias de Duesberg ignorou todos os cientistas (eventualmente incluindo dois ganhadores do Prêmio Nobel), que publicamente apoiaram o ceticismo de Duesberg.

Ninguém estava questionando a "integridade como cientista" de Fauci, mas assim ele percebeu a coisa. Sua própria irmã estava simplesmente perguntando se era possível que ele estivesse errado, e a resposta que teria mostrado alguma integridade científica seria: "Sim, minha querida Denise, é sempre possível que eu esteja errado, embora eu ache que o as evidências sugerem que estou certo”. O fato de Fauci ter levado isso de forma totalmente pessoal diz muito sobre os problemas de atitude petulante dos responsáveis pelo combate da AIDS. Questionar suas conclusões era uma ameaça ao seu próprio ser.

O próprio tom de Fauci, sua extraordinária imperiosidade e presunção sobre a estupidez do público, aponta para o problema fundamental de uma sociedade em que comunidades científicas de elite arrogantes e desonestas têm cada vez mais poder. Fauci não seria apenas o juiz e júri do que era verdadeiro na ciência, mas também queria decidir quem merecia escrever sobre isso e o que deveria escrever. Fauci estava basicamente dizendo que ele e seus comparsas só prestariam contas a si mesmos, o que é a essência da comunidade hermeticamente fechada do que deveria ser chamado, para Ortleb, de ciência totalitária, anormal e, em última análise, sociopata. Uma seita!

De certa forma, muito do que aconteceu na conferência sobre a AIDS foi baseado em apelos de autoridade. As autoridades petulantes basicamente disseram: “Nada aqui, pessoal. Por favor, sigam em frente”. E, infelizmente, a comunidade científica e a mídia (com algumas exceções notáveis) fizeram exatamente isso. Anthony Fauci pediu que todos os casos de AIDS com HIV negativo fossem relatados a ele. A equipe de Ortleb reportou treze milhões de casos americanos. Essa é a estimativa do número de casos de Fadiga Crônica e Disfunção Imunológica, uma condição que a pesquisa (se alguém se der ao trabalho de ler) sugere que é essencialmente AIDS HIV-negativa. “Fauci sabia como manipular as alavancas do poder institucional e da criação de imagens de maneiras que Bernie Madoff invejaria”, afirma Ortleb. Para que um esquema Ponzi científico prevaleça na América e na Europa, ninguém deve reconhecer que concordou com uma grande fraude médica e científica. O castelo de cartas do HIV e a parede que separa a AIDS e a Síndrome da Fadiga Crônica são o legado de Fauci, segundo o jornalista.

LEIA TAMBÉM: Proibição a “supersalários” no serviço público aprovada na Câmara pode não prosperar

 

Não é necessário entrar aqui na questão de quem estava certo nesse caso. O mais importante é observar que a postura arrogante e autoritária de Fauci vem de longe, e na pandemia foi exacerbada ao extremo. Para a religião secular do cientificismo, era precisa ter um papa, um deus, e Fauci assumiu esse papel com gosto. Os holofotes midiáticos o colocaram em evidência de popstar, saindo em tudo que é capa de revista sobre os mais diversos assuntos, dando entrevistas diariamente. O que ele falava era a voz da ciência, ignorando-se o fato de que ele dizia coisas erráticas, como a própria OMS.

Todo ser humano é falível, suscetível a paixões. Ainda mais alguém como Fauci que era um tecnocrata poderoso, com interesses em jogo, com o mais alto salário do governo federal, e que já havia demonstrado forte ambição e um ego inflado. Ao alçar alguém assim ao patamar de deus da ciência, a mídia ajudou a criar um monstro. A politização da ciência significa a morte da ciência, que clama por questionamentos incômodos, por perguntas difíceis, por refutação de teses. O grande perigo é justamente essa petulância de certos “cientistas”, que encontra eco em parte da imprensa. É uma combinação explosiva.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo


quinta-feira, 17 de junho de 2021

Pandemia nos EUA: O que revelam os e-mails de Anthony Fauci

Gazeta do Povo

Pandemia: o que você precisa saber sobre os e-mails do Dr. Fauci

Milhares de e-mails envolvendo o infectologista Anthony Fauci - diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos EUA e consultor da Casa Branca para a pandemia - e Francis Collins - chefe dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA - foram publicados após serem obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação do país norte-americano. Milhares de páginas, algumas delas com grandes trechos eliminados para manter a confidencialidade, estão disponíveis no site BuzzFeed e são uma espécie de teste de Rorschach.

Tendo escrito recentemente o artigo "A Queda do Santo Anthony Fauci", li muitos desses e-mails e achei que eles são bastante condenatórios tanto para Fauci quanto para a resposta americana à pandemia. Mas, obviamente, o Washington Post vê neles um homem que está simplesmente sobrecarregado pelo que está acontecendo ao seu redor e que trabalha o tempo todo para manter o fluxo de informações.

Vazamento de laboratório
Nós temos alguma pista sobre a hipótese de que o vírus vazou de um laboratório nesta coleção de documentos? Bem, sim. Temos evidências que podem ser interpretadas de várias maneiras.  Por exemplo, um e-mail de 21 de janeiro de 2020 de Kristian G. Anderson procura "pistas para o surto" e não descarta um vazamento de laboratório. Mas, desde então, Anderson e sua equipe se tornaram muito mais céticos em relação à hipótese do vírus criado em laboratório. Peter Daszak, o líder da EcoHealthNYC e um defensor da pesquisa sobre ganho de função, agora tem defendido o artigo produzido pela equipe de Anderson.

Uma troca de e-mail entre Fauci e Collins ocorrida em 2 de fevereiro de 2020 faz referência a um artigo sensacionalista do blog ZeroHedge que exagerava temores de que inserções de HIV mostram que a Covid-19 é uma arma biológica criada artificialmente. Fauci pede para continuar a conversa por telefone. Este é o artigo que fez com que o ZeroHedge fosse banido do Twitter.

Um e-mail de 17 de fevereiro de 2020, de Collins para Fauci, tem um link para uma matéria da Fox News sobre a ideia de um vazamento de laboratório. A resposta de Fauci foi totalmente omitida no documento público. O assunto do e-mail é "conspiração ganha impulso", o que talvez indique que os dois estavam tratando essa ideia como tal. Mas outros e-mails nos quais essa teoria surge mostram o interesse dos participantes em parar com a conversa por e-mail e continuar em telefonemas.

Uma enxurrada de perguntas de jornalistas e de usuários do Twitter está chegando aos interlocutores de Fauci para determinar o significado dos e-mails deles e fornecer um contexto mais amplo para compreendê-los. Existem muitos e-mails que podem parecer incriminadores à primeira vista, mas têm explicações inocentes. Por exemplo, um e-mail de 4 de fevereiro de 2020, de Trevor Bedford, um cientista da Fred Hutch, parece dizer que certas evidências oferecidas sobre as hipóteses de surgimento natural ou de vazamento de laboratório são inconclusivas, embora ele descarte um cenário em que o vírus foi criado em laboratório. Ele então sugere ao seu interlocutor que eles mudem para "meios de comunicação mais seguros".

Questionado sobre isso no Twitter, Trevor disse temer vazamentos seletivos para a imprensa, ou possivelmente a espionagem da inteligência chinesa. Isso é razoável.  No entanto, também temos um e-mail de Daszak - cuja própria empresa subcontratou o Instituto de Virologia de Wuhan - enviado a Fauci em fevereiro em que ele agradece ao infectologista por emprestar sua credibilidade ao se pronunciar contra a teoria do vazamento de laboratório. Uma parte desse e-mail foi omitida. Daszak já falava incansavelmente contra a teoria do vazamento de laboratório antes que a OMS o designasse, com o consentimento da China, para a equipe que investigou as origens do vírus.

Ainda assim, mesmo com todos os incentivos do mundo para encerrar a hipótese de vazamento de laboratório, o diretor da OMS não a descartou. Sua opinião sobre este e-mail dependerá inteiramente de como você vê as opiniões de Daszak, se acredita que elas são genuinamente sustentadas ou não. Acho que o e-mail mais interessante sobre a questão é o de Hugh Auchincloss para Fauci em 1º de fevereiro de 2021, no qual parece que o NIH está tentando determinar por si mesmo se "temos laços distantes com esse trabalho no exterior". Fauci responde mais tarde dizendo como é essencial que ele e Hugh falem ao telefone naquela manhã e que Hugh terá tarefas a cumprir.  Isso foi enviado poucas horas depois de Anderson sugerir pela primeira vez a Fauci que havia características no vírus que "(potencialmente) parecem projetadas".

Máscaras, tratamentos
Aqui está uma questão em que eu realmente acho que o registro privado fará a diferença em nossa compreensão dos eventos. Em 5 de fevereiro de 2020, Fauci envia um e-mail em que desaconselha o uso de máscaras e faz a recomendação de que o tipo de máscara que se compra em farmácias "não é muito eficaz para impedir a entrada de vírus, que são pequenos o suficiente para passar pelo material". Esta conclusão só poderia ter sido reforçada quando os cientistas convergiram para a conclusão de que a Covid-19 é transmitida por aerossóis. Isso foi consistente com as declarações que Fauci fez em público na época, mesmo no programa de televisão 60 Minutos, de que as máscaras podiam ser prejudiciais.

Mais tarde, quando passou a adotar uma posição pró-máscara, Fauci afirmou que nunca aconselhou ao público que as máscaras não podiam ajudar, apenas que eles não deveriam comprá-las. Isso não era verdade. Ele disse que deu este conselho para economizar equipamentos de proteção individual para os trabalhadores da linha de frente. Embora tenhamos visto muitos casos em que autoridades de saúde pública mentiram deliberadamente para o público para manipulá-los em direção a um resultado - uma prática que considero moralmente repulsiva e politicamente inconsistente com o autogoverno - não encontramos evidências de que houve um esforço deliberado e consciente para proteger os suprimentos de EPI com essa mentira. (Contudo, vimos um dos colegas chineses de Fauci pedindo desculpas por ter sido citado na Science chamando a posição de Fauci sobre as máscaras de "um grande erro".)

Em 1º de março de 2020, Fauci recomenda o uso de máscaras N95, ao explicar que a transmissão do coronavírus é semelhante à da gripe, mas que ocorre mais em forma de aerossol do que de gotículas. A recomendação que ele faz sobre as máscaras N95s faz sentido com sua objeção anterior sobre máscaras compradas em farmácias, e está de acordo com estudos que mostram que alguns dos tipos de máscara popularmente usados ​​podem na verdade aumentar a disseminação de gotículas.

Em 31 de março de 2020, Fauci está defendendo as máscaras menos eficazes com base em "alguns dados do NIH que indicam que o mero falar sem tossir produz aerossóis que se dispersam por até mais de meio metro". Fauci conclui: "Se for esse o caso, então talvez o uso universal de máscaras seja a a ação mais prática a ser adotada." Não tenho certeza se isso é realmente verdade, já que, na melhor das hipóteses, as máscaras de tecido redirecionam ligeiramente os aerossóis que transmitem Covid-19.

No entanto, Fauci ocasionalmente dizia coisas como, por exemplo, como ele queria que as máscaras "fossem um símbolo" para o tipo de medida que você deveria tomar. Ou seja, ele parecia trair a visão que tinha sobre a utilidade médica das máscaras ao se apoiar fortemente em sua utilidade psicológica. E espero que a defesa das máscaras de tecido compradas em loja vá para esse campo. Talvez eles digam que é verdade que o vírus passa facilmente pela máscara, mas que a máscara faz algum trabalho de redirecionamento e que essa pequena utilidade se combina com seu uso como um lembrete físico constante do comportamento para mitigação da Covid, como o distanciamento social para diminuir a propagação.

Para mim, uma dos diálogos mais interessantes vem do Dr. Josh Backon, da Universidade Hebraica, que ficou furioso porque Fauci estava minimizando o uso de medicamentos baratos e bem testados, como cloroquina e ivermectina, para tratar Covid-19. Backon enviou um e-mail inicial propondo a lógica por trás desses tratamentos e, mais tarde, enviou o e-mail novamente com um link para um estudo que fundamentava suas afirmações, com a breve provocação: "Continue me ignorando". Fauci recusou a provocação, dizendo: "Você não está sendo ignorado", e prometeu que alguém daria uma olhada em sua pesquisa.

Imprensa
Em seguida, houve um longo e-mail elogioso de Mark Zuckerberg agradecendo Fauci por sua liderança durante a pandemia e oferecendo ajuda para divulgar boas mensagens. Um desses e-mails faz algum tipo de apelo final a Fauci, que foi cortado do documento, e se oferece para discutir por telefone.

Veja Também: O novo coronavírus escapou do laboratório? As evidências que reforçam esta hipótese
 Cientistas de Wuhan buscaram tratamento em hospital um mês antes do 1º registro da Covid

Existem tantos pequenos detalhes para serem descobertos, que é hilário. Um dos meus favoritos até agora é do jornalista veterano Donald McNeil, do New York Times, que escreve a Fauci para elogiar a decência e o heroísmo do cidadão comum chinês diante da Covid, em comparação aos porcos americanos egoístas. Isso é apenas a romantização de um país estrangeiro para denegrir seus próprios concidadãos, e é uma visão de mundo juvenil. Um ponto a favor de Fauci é que ele estava pelo menos um pouco perturbado pela "febre de Fauci".

De qualquer forma, como a maioria das grandes divulgações de dados que sofrem remoções cuidadosas, o tesouro dos e-mails de Fauci não tem provas cabais de irregularidades. Você poderia argumentar, como eu e outros fizemos, que Fauci tinha certos preconceitos e pré-disposições que foram profundamente inúteis em sua liderança na resposta à pandemia - e você encontrará evidências disso aqui. Ele tinha uma tendência muito forte contra os medicamentos existentes e a favor dos novos e experimentais. Ele tem sido inconsistente com relação às máscaras e claramente estava disposto a dizer coisas em público que ele achava que "ajudavam" na resposta, mesmo que não fossem estritamente verdadeiras.

Gazeta do Povo - Michael Brendan Dougherty - National Review

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Mutações no Sars-CoV-2 na Inglaterra: devemos nos preocupar? - Blog Letra de Médico

Adriana Dias Lopes - VEJA

O novo coronavírus não começou a mudar o seu código genético agora. Ele sofre cerca de duas mutações por mês, metade em relação ao vírus influenza

O aumento súbito do número de casos de COVID-19 nas últimas semanas na Inglaterra levou a uma investigação epidemiológica mais profunda. A Inglaterra é um dos países que mais tem investido no sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 como ferramenta de vigilância epidemiológica, e analisa profundamente mais de 10% de todos os casos de infecção, um número impressionante. Graças a esta avançada tecnologia, os ingleses conseguiram detectar o aumento rápido de uma linhagem genética do SARS-CoV-2 que está sendo chamada de B.1.1.7. ou de VUI 202012/01 (Variant Under Investigation, year 2020, month 12, variant 01).

SARS-CoV-2 começou a mutar agora?
Importante entender que o SARS-CoV-2 não começou a mudar o seu código genético agora. Já se sabe que em SARS-CoV-2 acontecem cerca de 1-2 mutações por mês, uma taxa que é metade da taxa de mutação do vírus influenza e um quarto da taxa do HIV, de modo que até agora apenas 11 locais do RNAm do SARS-CoV-2 diferiam em mais de 5% das sequências conhecidas. 
 
Estas mutações vêm sendo acompanhadas de maneira pioneira por um consórcio de pesquisadores mundiais, a iniciativa GISAID (https://www.gisaid.org), que inclui o Brasil, e a grande maioria destas variantes não exerce nenhum efeito maléfico nem benéfico sobre o hospedeiro humano. Todos os dias informações sobre centenas de sequências do SARS-CoV-2 são transmitidas para a base de dados deste consórcio GISAID, de modo que há uma vigilância epidemiológica molecular constante sobre o SARS-CoV-2 desde o início da pandemia em 10 de Janeiro de 2020. Por exemplo, foi detectado alguns meses atrás que uma mutação chamada D614G aumentou muito a sua frequência, mas aparentemente não trouxe maior vantagem ao coronavirus. O que chama a atenção especial sobre esta linhagem inglesa é que ela aumentou de frequência rapidamente e que contém várias mutações ao mesmo tempo, o que a difere das linhagens anteriores que tem, em cada linhagem, uma ou poucas mutações.
 
(.......)

Destas 10 mutações em Spike, três requerem maior atenção dos pesquisadores;

1) A mutação N501Y, que ocorre dentro do domínio de ligação ao receptor (RBD) na região S1 de Spike, e que pode gerar uma afinidade maior desta linhagem com o receptor ACE2, que é a chave para a entrada do SARS-CoV-2 na célula humana. Esta mutação é a que está sendo considerada como a mais preocupante entre todas, provavelmente a responsável pela maior transmissibilidade de toda a linhagem. N501Y foi detectada agora também na África do Sul, mas por origem independente, não por transmissão por viajantes. Este dado, trazido pelo consórcio GISAID, tem importância, pois demonstra que o exato local desta mutação no genoma do SARS-CoV-2, pode favorecê-lo de alguma maneira;

2) A deleção 69-70del, que leva a perda de dois aminoácidos na proteína Spike, se situa no domínio terminal N de S1 de Spike, numa alça exposta na superfície da proteína Spike, que pode representar lugar de ligação de anticorpos contra o Coronavírus, e, portanto, uma mutação ali pode alterar a estrutura de Spike e impactar no reconhecimento por anticorpos. Junto com outras mutações esta é uma que já foi demonstrado que pode escapar da resposta imune quando o paciente é tratado com plasma de convalescentes, ou seja, de pessoas que já tiveram e se recuperaram da COVID-19. “In vitro” ela tem o dobro da capacidade de infecção, “in vivo” ainda não sabemos;

3) Mutação P681H, que se localiza imediatamente adjacente ao sitio de clivagem para a Furina entre S1 e S2 de Spike, lembrando que o SARS-CoV-2 usa este sitio de clivagem para aumentar a efetividade do processo de ligação com o receptor ACE2 e fusão de membranas para penetração na célula humana;

(...........)

Em Letra de Médico - VEJA, MATÉRIA COMPLETA -  Por Salmo Raskin

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Vazamento de senha do Ministério da Saúde expõe dados de 16 milhões de pacientes de covid-19 = autoridades como Bolsonaro e Doria tiveram privacidade violada

Fabiana Cambricoli, O Estado de S. Paulo

Senha vaza e dados de 16 milhões de pacientes de covid são expostos

Funcionário do Albert Einstein divulgou na internet acesso aos bancos de dados do Ministério da Saúde; autoridades como Bolsonaro e Doria tiveram privacidade violada

Funcionário do Albert Einstein divulgou na internet lista com usuários e senhas que davam acesso aos bancos de dados de testados, diagnosticados e internados. Ao menos 16 milhões de brasileiros que tiveram diagnóstico suspeito ou confirmado de covid-19 ficaram com seus dados pessoais e médicos expostos na internet durante quase um mês por causa de um vazamento de senhas de sistemas do Ministério da Saúde.

TCU cobra do Ministério da Saúde 'liderança' e explicações sobre testes encalhados [TCU anda a reboque do noticiário e cobra  assunto já resolvido, tempestivamente,  pelo Ministério da Saúde.]

Entre as pessoas que tiveram a privacidade violada, com exposição de informações como CPF, endereço, telefone e doenças pré-existentes, estão o presidente Jair Bolsonaro e familiares; o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; outros seis titulares de ministérios, como Onyx Lorenzoni e Damares Alves; o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e mais 16 governadores, além dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A exposição de dados não foi causada por ataque hacker nem por falha de segurança do sistema. Eles ficaram abertos para consulta após um funcionário do Hospital Albert Einstein divulgar uma lista com usuários e senhas que davam acesso aos bancos de dados de pessoas testadas, diagnosticadas e internadas por covid nos 27 Estados. Conforme o Einstein, o hospital tem acesso aos dados porque está trabalhando em um projeto com o ministério.

Com essas senhas, era possível acessar os registros de covid-19 lançados em dois sistemas federais: o E-SUS-VE, no qual são notificados casos suspeitos e confirmados da doença quando o paciente tem quadro leve ou moderado, e o Sivep-Gripe, em que são registradas todas as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, os pacientes mais graves.

A exposição dos dados foi descoberta pelo Estadão após uma denúncia recebida pela reportagem com o link para a página onde as senhas dos sistemas estavam disponíveis. A planilha com as informações foi publicada em 28 de outubro no perfil pessoal de Wagner Santos, cientista de dados do Einstein, na plataforma github, usada por programadores para hospedar códigos e arquivos.

A reportagem acessou o sistema para checar a veracidade dos dados. Ao verificar que as senhas eram válidas, buscou registros de autoridades que já haviam divulgado publicamente diagnóstico ou suspeita de covid e confirmou que os dados estavam corretos. Os bancos de dados do ministério trazem, além das informações pessoais dos pacientes, detalhes considerados confidenciais sobre o histórico clínico, como a existência de doenças ou condições pré-existentes, entre elas diabete, problemas cardíacos, câncer e HIV.

Alguns registros de pacientes internados traziam até informações do prontuário, como quais medicamentos foram administrados durante a hospitalização. No registro de Pazuello, por exemplo, era possível saber em qual andar do Hospital das Forças Armadas ele ficou internado e qual profissional deu baixa em sua internação.Tanto pacientes da rede pública quanto da privada tiveram seus dados expostos. Isso porque a notificação de casos suspeitos ou confirmados de covid ao Ministério da Saúde é obrigatória a todos os hospitais.

Para o advogado Juliano Madalena, professor de Direito Digital e fundador do fórum direitodigital.io, o vazamento das senhas e exposição dos dados que deveriam ser resguardados pelo poder público é preocupante. De acordo com o especialista, as informações podem ser usadas para fins comerciais por diferentes empresas. “Dados de saúde podem ser usados por empresas do ramo que queiram criar produtos específicos voltados para um público, por empresas de seguro de vida ou planos de saúde de forma indevida, muitas vezes até com aspecto discriminatório, pois você tem as informações sobre o histórico de saúde da pessoa”, diz.

O advogado diz que, considerando a Lei Geral de Proteção de Dados, é dever de quem controla e acessa os dados adotar medidas que evitem vazamentos. Nesse caso, tanto o Einstein e seu funcionário quanto o Ministério da Saúde podem ser responsabilizados por dano coletivo por terem exposto informações de milhões de pessoas. Mesmo quando não agem de forma proposital, responsáveis por vazamento de dados pessoais e sensíveis podem ser obrigados judicialmente a pagar indenizações por dano coletivo.

Ministério da Saúde e Einstein vão investigar responsabilidade
Após serem comunicados pelo Estadão sobre o vazamento das senhas de sistemas federais, o Hospital Albert Einstein e o Ministério da Saúde disseram que as chaves de acesso foram removidas da internet e trocadas nos sistemas, informações confirmadas pela reportagem. Afirmaram ainda que uma investigação interna será aberta pelo Einstein para apurar as responsabilidades.

O Einstein afirmou que foi comunicado somente na tarde de ontem, após contato da reportagem, que “um colaborador teria arquivado informações de acesso a determinados sistemas sem a proteção adequada”. O hospital diz ter comunicado o Ministério da Saúde para que “fossem tomadas as medidas para assegurar a proteção das referidas informações”.

O Einstein afirmou ainda que todos os seus funcionários passam por treinamento de segurança digital e que “tomará as medidas administrativas cabíveis”. Questionado sobre o tipo de serviço que prestava para o ministério, o hospital informou que trata-se de um projeto do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) em que dados epidemiológicos eram usados para fazer análise preditiva da pandemia.

A reportagem questionou a instituição o motivo de ela ter acesso aos dados pessoais e não apenas informações sem identificação e foi informada que o banco de dados não fica disponível para o Einstein e somente ao funcionário do hospital que ficava baseado no próprio Ministério da Saúde.Já o órgão federal confirmou a parceria e disse que realizou reunião com o Einstein para esclarecimento dos fatos. Disse que o profissional Wagner Santos, que publicou as senhas, é contratado pelo Einstein e atua no ministério desde setembro como cientista de dados. “No âmbito das medidas de segurança do ministério e em atendimento aos protocolos de compliance e confidencialidade, ele assinou termo de responsabilidade antes do acesso à base de dados do e-SUS Notifica”, disse a pasta federal.

De acordo com o ministério, o Einstein confirmou que houve falha humana de um dos seus colaboradores - e não do sistema e informou que iniciou processo de apuração dos fatos. O órgão disse que está realizando “o rastreamento de possíveis sites ou ciberespaços onde os dados podem ter sido replicados”.

A pasta disse também que o Departamento de Informática do SUS (DataSUS) revogou imediatamente todos os acessos dos logins e das senhas que estavam contidos na referida planilha divulgada pelo funcionário do Einstein. “O Ministério da Saúde ressalta que todos os técnicos que têm acesso aos seus sistemas de informação assinam termo de responsabilidade para uso das informações e todos estão cientes de que a divulgação de informações pessoais está sujeita a sanções penais e administrativas.”

Também procurado pela reportagem, o funcionário Wagner Santos, do Einstein, confirmou que publicou a planilha de senhas em seu perfil na plataforma github para a realização de um teste na implementação de um modelo, porém esqueceu de remover o arquivo da página pública.

Notícias - O Estado de S. Paulo

 

sexta-feira, 31 de julho de 2020

A importância do SUS - Editorial

O Estado de S. Paulo

A grandeza do Sistema Único de Saúde vai além de seu papel central no socorro à esmagadora maioria dos infectados pelo novo coronavírus


Já havia razões de sobra para que todos os brasileiros pudessem se orgulhar do Sistema Único de Saúde (SUS), seguramente uma das maiores conquistas civilizatórias da sociedade no século passado. A pandemia de covid-19, a mais grave emergência sanitária que se abateu sobre o País desde a gripe espanhola de 1918-1920, só realçou a essencialidade de um sistema de saúde público e universal, sobretudo em um país com desigualdades sociais e econômicas tão profundas como o Brasil. Mas a grandeza do SUS vai além do papel central do sistema no socorro à esmagadora maioria dos infectados pelo novo coronavírus.

Se a covid-19 ainda é uma doença por ser totalmente decifrada pela ciência, é consensual entre leigos e especialistas a certeza de que a trajetória da pandemia no Brasil seria outra não fosse a existência do SUS. Mesmo havendo um sistema público de saúde que cobre todo o território nacional e está à disposição de qualquer cidadão, mais de 90 mil vidas já foram perdidas em pouco mais de quatro meses, uma catástrofe que levará tempo até ser totalmente assimilada pela Nação. Sem o SUS, só é possível imaginar o quadro tétrico: pilhas de corpos nas ruas e nas portas dos hospitais de brasileiros que sucumbiriam à falta de atendimento médico por não terem condições de arcar com seus custos.

Há mais de 30 anos, o SUS é o único refúgio para 7 em cada 10 brasileiros que precisam de cuidados médicos, um número que deve aumentar em decorrência dos efeitos econômicos da pandemia. Trata-se do maior sistema de saúde universal e gratuito do mundo, assim reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). O SUS é corolário do processo de redemocratização do País e está inscrito na Constituição de 1988, que em seu artigo 196 dispõe que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”, e determina que “as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”, como se lê no artigo 198 da Lei Maior.

As duas singelas disposições constitucionais, inteligíveis por qualquer cidadão alfabetizado, representaram uma verdadeira revolução na visão que se tem do sistema de saúde do País ao retirá-lo da lógica de mercado até então prevalente, vale dizer, o acesso aos cuidados com a saúde como um produto comercializável, e alçá-lo à categoria de direito fundamental. O sistema privado de saúde jamais seria capaz de dar conta de um atendimento médico da magnitude do que tem sido exigido desde a eclosão da pandemia de covid-19, e tampouco das necessidades da imensa maioria de brasileiros que todos os dias acorrem aos hospitais, muitas vezes para tratar de problemas complexos.

É do SUS, por exemplo, o maior programa público de transplantes de órgãos do mundo. Cerca de 96% destas cirurgias no País são realizadas gratuitamente pelo SUS, de acordo com o Ministério da Saúde. Desde a organização da fila de espera por um órgão - gerida com seriedade - até o fornecimento de medicações imunossupressoras, essenciais para a vida dos transplantados, todo o processo é gerido pelo SUS, sem qualquer custo para os pacientes. Imprescindível também é a presença do SUS na produção e distribuição das drogas que compõem o “coquetel” antiviral que dá suporte à vida dos cerca de 900 mil brasileiros portadores do HIV. Sem falar nas campanhas de prevenção.

Não menos importante, é do SUS o maior programa de imunização de que se tem notícia. São cerca de 300 milhões de doses incluídas no Calendário Nacional de Vacinação, protegendo os brasileiros contra mais de 20 doenças. Laboratórios vinculados ao SUS estão participando ativamente de pesquisas para desenvolvimento e produção da tão esperada vacina contra o Sars-Cov-2.  Não resta a menor dúvida de que o SUS é um bem público a ser valorizado e protegido. Mas é hora de o SUS receber das autoridades uma atenção proporcional à sua importância para a vida de milhões de brasileiros, o que não vem acontecendo.

Editorial - O Estado de S. Paulo



quinta-feira, 19 de março de 2020

Coronavírus: como hipertensos e cardíacos devem se cuidar? Cardiologista responde - O Globo


Médicos orientam isolamento imediato e não descontinuar tratamento com medicamentos controlados

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No Brasil, a primeira vítima do novo coronavírus — um porteiro de 62 anos, em São Paulo, tinha doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão. Por isso, médicos reforçam a recomendação de que esse grupo fique em casa e se isole imediatamente em caso de sinais respiratórios. O cardiologista Cláudio Domênico ressalta que evitar o contato social é a melhor medida de prevenção.

Entenda:  Diabetes aumenta risco de complicações do novo coronavírus em até três vezes

Ele alerta que os pacientes não devem, de forma alguma, interromper o uso de medicamentos conhecidos como inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA), sem consultar um médico.

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Essas classes de drogas têm emprego no tratamento de insuficiência cardíaca e no controle da hipertensão. São remédios de amplo uso, como captopril, losartana e enalapril. Uma série de estudos recentes sugere que essas drogas poderiam agravar a Covid-19. Mas tanto a Sociedade Brasileira de Cardiologia quanto as demais sociedades internacionais da área não recomendam a interrupção sem prescrição.
— Esses estudos são preliminares e esses medicamentos fundamentais para o paciente cardíaco e os hipertensos de forma geral controlarem a doença. Interromper o uso agravará a condição que já têm e aumenta o risco de infarto e outros problemas graves — afirma Domênico.
Segundo ele, a aspirina também não deve ser descontinuada sem que um médico mande, a não ser em caso de dengue.

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A recomendação é que, se o paciente apresentar sinais de infecção respiratória, deve ligar para o médico para orientações. E só deve ir ao hospital se realmente tiver um quadro de agravamento de infecção respiratória, como falta de ar. Nesse caso, deve ir direto para a emergência: — Neste momento, essas pessoas têm que ficar em casa. Ir ao médico aumenta o risco de contrair o vírus. Só saia de casa se realmente tiver sinais de agravamento. Aí, a orientação é buscar a emergência — diz o médico.
Outra orientação é tomar a vacina contra a gripe. A campanha nacional começa em 23 de março. O cardiologista ressalta o cuidado em não cair na cilada das fake news:  — Fake news em saúde pode matar. Não confie no que lê nas redes sociais e grupos de Whatsapp —  destaca.

O Globo - Sociedade


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A Desumanização - O Estado de S.Paulo

Elena Landau

Este governo teima em separar, desunir e antagonizar

A Desumanização é o título de um lindo livro de Valter Hugo Mãe. Em tempos de discussão sobre gravidez precoce, sua leitura é imperdível. Mostra numa escrita quase poética as consequências cruéis da falta de acolhimento familiar nesses casos. [fica a dúvida se a falta de acolhimento familiar é da mãe que quer ter o filho ou é a recusa em acolher a aborteira = assassina.] Roubei para usar aqui no seu sentido literal. Cai como uma luva para ilustrar a falta de humanidade deste governo, intolerante aos diferentes dele.

Presidente, filhos, ministros e colaboradores perderam a censura e com ela a cortesia. Pode ser bom que revelem o que realmente pensam, sem disfarces. Mas choca porque estão no comando de políticas públicas para todos os brasileiros, e não apenas seus eleitores. Políticas que deveriam ser desenhadas para integrar, unir, gerar oportunidades a quem não tem. Essa é a essência do liberalismo. Mas este governo teima em separar, desunir e antagonizar. Cada vez parecem se sentir mais à vontade para suas impropriedades, e vão subindo o tom. Não é só o conteúdo que ofende, mas a forma, que amplifica a ofensa. Gestos impróprios na porta do Palácio, # com palavrões, xingamentos a seguidores nas redes sociais. A agressividade dos seus apoiadores é estimulada pelo exemplo de cima, transformando a internet em uma praça de guerra.

Não deveria ser surpresa. Afinal, Bolsonaro começou sua campanha na votação do impeachment homenageando Ustra. Nada mais desumano e covarde que a tortura.

Todo dia é um 7 a 1. Compartilham ataque covarde e sexista a uma jornalista. Outra foi mandada de volta para o Japão. Debocham das aparências das mulheres. Aplaudem vídeos nos quais o homossexualismo é apresentado como origem de perversidades e dizem que portadores de HIV pesam no orçamento. Se divertem quando jornalista do “círculo do poder” faz chacota de brasileiro em palestra. [houve alguma confusão no comentário, já que HIV e homossexualismo não estão relacionados.]

O Goebbels tupiniquim só foi demitido, a contragosto do chefe, porque se sentiu tão à vontade que saiu do armário. Na Fundação Palmares está alguém que acha que a escravidão foi uma bênção para os negros. [mais um fato que a interpretação escolhida é sempre a  que pode induzir o leitor a considerar racista o comentáiro.
1º  - Ver racismo no comentário do a época titular da Fundação Palmares, não tem o menor sentido -  por ele ser um afrodescendente.
Além do que se nos despirmos de preconceitos de qualquer natureza, constataremos que os afrodescendentes que vivem no Brasil, majoritariamente os aqui nascidos,  são em sua quase totalidade descendentes de escravos - não fosse a realidade, as cotar já sem sentido, discriminatórias, perderiam toda e qualquer razão de existirem, ainda que tal razão seja mínima.
Comparem a vida que levam no Brasil com a de grande parte da população dos países africanos dos quais vieram seus antepassados. A deles, aqui, é superior - educação, saúde, emprego,as vezes, devido as cotas, até mais vantajosas que a de muitos descendentes de outras raças; 
2º - Os compradores de escravos não eram quem  capturavam os futuros escravos, que eram capturados por seus irmãos de raça, em guerras tribais e vendidos como escravos a quem oferecesse o menor preço.]
 Um ministro, que nos remete ao personagem Justo Veríssimo, acha que pobre não sabe poupar, destrói o meio ambiente e não pode ir a Miami. Vivem numa bolha. E partilham das mesmas ideias.

Tudo isso é condenável, não porque atrapalha andamento das reformas ou nos faz passar vergonha em fóruns internacionais. A falta de empatia, combinada com uma tendência autoritária, é perigosa.Os exemplos desses despautérios são muitos. Vou me concentrar na questão da Aids, porque revela não só preconceito, mas total falta de preparo para analisar e implementar políticas públicas

O programa brasileiro de prevenção e tratamento da Aids é reconhecido mundialmente pela sua excelência. Iniciado em meados dos anos 90, permitiu reverter as projeções mais pessimistas do início daquela década. O plano se baseia em distribuição gratuita de medicamentos e camisinha; testes gratuitos; profilaxia para a pré-exposição de pessoas que se relacionam com infectados. Há muito preconceito nessa área. A testagem é importante para reduzir o risco de transmissão e fundamental para melhorar a qualidade e expectativa de vida do portador. Exames para diabetes e colesterol são feitos com naturalidade, já HIV não faz parte da rotina, mas deveria. A prevenção é a chave.

Quando o coquetel foi descoberto, em 1995, o Brasil e a África do Sul tinham a mesma porcentagem de sua população infectada pelo HIV. Os dois países seguiram estratégias diferentes. Hoje são 10% de sul-africanos, maiores de 15 anos, portadores. Porcentual que aplicado ao Brasil equivaleria a 17 milhões, em lugar dos 800 mil brasileiros infectados hoje. É resultado da distribuição gratuita de medicamentos, que reduzem a carga viral e a transmissão. São milhões de vidas poupadas. A distribuição de medicamentos custa aos cofres públicos apenas R$ 1,8 bilhão ao ano. Seria importante registrar também as despesas evitadas para tratamento da doença no SUS. A quebra de patentes e o uso de genéricos permitiu a redução sistemática do custo dos medicamentos antirretrovirais, que significa hoje menos de 0,06% dos gastos públicos anuais.

Apesar disso, o presidente Bolsonaro declarou em entrevista que “pessoa com HIV é despesa para todo o Brasil”. Faz dobradinha com o ataque ao jornalista com “cara de homossexual terrível”. [insistimos que a mídia sempre que noticia algum comentário do presidente Bolsonaro, procura apresentar com a roupagem mais prejudicial ao Governo Federal.
FATO: qualquer doente, seja de uma simples gripe a outra moléstia mais grave (não estamos esquecendo que nem sempre uma gripe é uma doença simples) incluindo HIV, problemas cardíacos, diabetes, etc, atendido pela saúde pública é uma despesa para todo o Brasil - já que despesa pública é coberta com recursos públicos = dinheiro de todos os brasileiros.
Mas, sendo possível, apresentar a versão que possa  comprometer a imagem do presidente Bolsonaro, junto aos brasileiros incautos, se apresenta.]

Todo tratamento, de qualquer doença, é despesa, seja pressão alta, diabetes ou sarampo. Com sua forma peculiar de fazer política pública, a declaração foi baseada no relato de uma obstetra amiga. Palpite caseiro. Ao ser cobrado pela imprensa, deu uma banana para os jornalistas. Por todo conjunto de sua obra, parece evidente que o problema do presidente com o HIV não é o custo do tratamento. Já é lugar comum apontar as impropriedades ditas por este governo. Às vezes, voltam atrás, mas, na maioria dos casos, colocam a responsabilidade na imprensa. As falas são sempre retiradas do contexto. A culpa é sempre dos outros.

Mas as palavras ficam. [e a interpretação pode mudar todo o sentido da mensagem, que o autor quis transmitir.

Elena Landau, economista e advogada  - Economia - O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Proibindo a proibição - Folha de S. Paulo

Hélio Schwartsman

A pauta de 2020 do STF é fraca em costumes, mas a questão da doação de sangue dará o que falar

O presidente do STF, Dias Toffoli, não parece muito disposto a entrar nas guerras culturais neste ano. A pauta dos próximos julgamentos que foi divulgada há pouco é forte em questões penais e tributárias e fraca em costumes. A notável exceção é a retomada do juízo sobre a constitucionalidade da proibição de doação de sangue por gays. Sou simpático ao desejo de homossexuais de não se sentirem discriminados, mas não dá para esquecer que, do outro lado, está o direito de pacientes de ter acesso a sangue com o melhor mix possível de segurança e custo.(*2)
[o tema é bem complexo; afinal, existe uma suprema decisão que  proíbe o cidadão em território brasileiro expressar qualquer rejeição aos homossexuais - caso não goste dos mesmos, guarde o não gostar em seus pensamentos. Declarar rejeição aos homossexuais foi declarado ato criminoso equivalente ao racismo.
Mas, vamos tentar abordar, de forma imparcial, isenta e não técnica - não trabalho na área de saúde.
Deixando bem claro, que não está em análise a conduta sexual do doador e sim os riscos de uma doença que caso ele seja portador, não é por vontade própria. E que todos estão sujeitos ao HIV e outras doenças não controladas por vacinas, independente dos hábitos de vida. Algumas práticas podem até aumentar os riscos - mas, é pacífico que o HIV também é transmitido por vias não sexuais. 
Por diversas razões, doenças graves e sem cunho sexual, acidentes, qualquer ser humano está sujeito a necessitar de uma transfusão de sangue. Pela sua natureza o sangue é um dos melhores condutores de vírus, bactérias, etc, e com o agravante que permite uma rápido contágio. Uma doença venérea circulando no sangue do doador será imediatamente transmitida a quem receba a doação, 'saltando' várias etapas, já que a moléstia contida no sangue se integra imediatamente a corrente sanguínea do receptor.

Assim, além de uma rigoroso exame do sangue a ser doado, uma anamnese criteriosa do candidato a doador, são essenciais. Apesar do HIV atingir não homossexuais(não é uma moléstia exclusiva dos homossexuais) pelas razões expostas pelo articulista no penúltimo parágrafo da matéria em comento, há uma alta prevalência de HIV entre homossexuais.

Só que ao se candidatar a doador alguns gays se sentem discriminados com as perguntas que lhe são feitas e com a rejeição da doação se a resposta for positiva para algumas delas. 
O DIREITO à SAÚDE é essencial - ninguém adquire HIV, sífilis, hepatite, câncer ou qualquer outra doença por vontade (as doenças não discriminam) nem necessita de uma transfusão de sangue por querer. Da mesma forma, o normal, o justo é  o Supremo Tribunal Federal não ter autoridade para ao buscar impedir uma  suposta violação a um direito de um gay (*1), casse de uma vítima involuntária de uma doença o direito de ter acesso a sangue nas melhores condições possíveis de segurança e custo (*2)  buscando impedir
Nada mais justo que se mantenha as normas restritivas atuais e até mesmo seja majorada a pena para o candidato a doador que omita ou falseie respostas as perguntas do questionário da anamnese - visto a necessidade de se detectar eventual janela imunológica.]

Todo sangue doado é testado, para o HIV e outras doenças. O problema está nos falsos negativos e na janela imunológica, que podem fazer com que sangue contaminado não seja detectado. Como as taxas de infecção por HIV são maiores em homossexuais masculinos do que na população geral19 vezes maior—, o Brasil, a exemplo de vários outros países, prefere excluir do pool de doadores homens que fizeram sexo com homens no último ano.

Se isso fosse tudo, eu penderia para o lado dos técnicos. Bancos de sangue não são o melhor lugar para travar batalhas de direitos civis, se é que a doação pode ser considerada um direito.(*1) Acredito, porém, que é possível buscar soluções alternativas.

Uma possibilidade é trocar o critério de exclusão de ter feito sexo com outros homens nos últimos 12 meses por ter feito sexo anal no mesmo período. Com isso, a pergunta se tornaria mais republicana, pois deixaria de dizer respeito só a gays, abarcando toda a população. A segurança estaria em certa medida preservada, já que a mecânica do sexo anal (microlesões que facilitam o contato entre esperma e sangue) é o principal fator a explicar a alta prevalência de HIV entre homossexuais.

Como a tendência do STF é proibir a proibição, é bom já ir testando a segurança dessa e outras variações no questionário, para ninguém ser apanhado de calças curtas. [calças abaixadas talvez seja o termo mais adequado.]

Hélio Schwartsman, colunista - Folha de S. Paulo