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sexta-feira, 14 de maio de 2021

CPI do Ódio - Ernesto Caruso


Tem nome, Otto Randolph Aziz Calheiros.
O relator da CPI, senador Calheiros
demonstrou a incoerência entre o que prega e pratica no seu discurso de abertura, a destacar que “não desenha alvos para atirar flechas”. Foi o exatamente o que fez, sem o mínimo pudor, para quem se dispuser a ler o que lá consta. O depoimento do ex-ministro Mandetta foi o que se esperava em consonância com a postura do ódio explícito, mas, que por vezes, tinha que responder em defesa do governo, para se livrar pessoalmente, pois era o ministro da Saúde, também alvo das flechadas.


Duro acreditar, que Randolph, criado na militância socialista, filiado ao PT, eleito para o Senado pelo PSOL e agora na Rede, da Marina Silva, tivesse dúvida entre livrar Mandetta ou se preferisse atingi-lo “mortalmente” junto ao governo Bolsonaro. Mesmo assim, Mandetta foi usado prioritariamente para ajudar a “fritar” o presidente. O pior aconteceu com o ex-ministro Nelson Teich, que foi bastante fustigado e até desconsiderado o pouco tempo que exerceu a função, apenas 29 dias. Como afirmou, saiu por se sentir, “essencialmente sem autonomia”, a cloroquina foi pontual.

Mas, a carga explosiva presente nos questionamentos do ódio se refere à cloroquina e, como se o presidente Bolsonaro fosse o responsável por prescrever algum medicamento que provocasse a morte de qualquer pessoa. As perguntas da inquisição tinham que ser respondidas, sim ou não, cobradas com arrogância. O senador Aziz, diante de uma resposta do ex-ministro sobre a prescrição da cloroquina que Teich considera errada, reforça a questão, “se uma médica que faz a paciente aspirar cloroquina, faz uma coisa errada, complementa de forma no mínimo embaraçosa. “Quer dizer, se um médico prescreve veneno de rato e dizer que aquilo cura, não é crime?”, ao que Teich se defende, não estou dizendo que seja crime, pois eu não tenho conhecimento jurídico a respeito.

Daí, Aziz dá uma resposta incisiva ao senador Eduardo, “tenho direito de falar porque sou o presidente, e, só quero ajudar”. Prossegue com a reprimenda, “o ex-ministro Teich está levando a comissão (balançando os braços...)... nada é objetivo... eu não me lembro... Vou fazer algumas perguntas e ele não se lembrar. Não adianta trazer uma pessoa que não se lembra e diz..., que houve... que saiu... se houve intervenção, que não sabe quem “interviu”, fica difícil pra gente, e ele está sob juramento aqui...”.  (Como a desqualificar o depoente, por dubiedade, hesitação, mas que todas as torcidas sabem que a CPI do ódio deseja respostas que incriminem o ex-ministro Pazuello e o presidente Bolsonaro.)

O Sen Marcos Rogério conclui o seu questionamento com a seguinte expressão, “a narrativa que está sendo buscada aqui, é que há um esforço para criminalizar a cloroquina”.  Perguntado, Teich respondeu que pediu demissão, pois tinha posição diferente do presidente quanto ao emprego da cloroquina, mas que estava amparado por outras opiniões médicas e do Conselho Nacional de Medicina, que naquele momento autorizou a extensão do uso.  Sobre o então secretário-geral, Eduardo Pazuello, o seu depoimento é favorável quando trata da logística em especial aos respiradores e equipamentos de proteção individual (EPI).


Em intervenção do Senador Otto, a destacar algumas observações na sua oração, “... queria prestar solidariedade ao meu colega que entrou numa fria aceitando ser ministro da Saúde e passando um mês sendo demitido (?!) porque não aceitou que fosse receitado uma droga pelo presidente da República para todo o Brasil... quando o Nelson (Teich) entrou aqui... fiquei com pena do meu colega... quando vi o seu rosto na televisão eu ficava com pena do que se passava ali... eu vi que você não aceitava o palavrão e agressão daquela natureza...”  Não ficou com pena do colega diante das palavras dos inquisidores que fizeram de tudo para que o depoente incriminasse Pazuelo e Bolsonaro.

O presidente Bolsonaro assinou alguma receita de qualquer medicamento como cloroquina, para tomar ou aspirar?  Se o fez, transgrediu a lei, que seja processado. Mas, se não o fez, que se investigue qual o médico que prescreveu e trouxe consequências danosas a qualquer pessoa, como a morte de algumas, tão citadas na CPI.[citadas de forma genérica, sem que nunca tenha sido citada uma vítima comprovada.]  Nenhum desses senadores citou nomes de quem prescreveu. Mera divagação, como narrativas para atacar o governo, que se espera não ser alvo desenhado para ser flechado por Calheiros e seu grupo.

Em comentário sobre o depoimento de Nelson Teich, a imprensa adestrada registra que o depoimento foi fraco em relação ao que pretendiam em termos de acusação a Bolsonaro, mas “Tentar inocentar a cloroquina e afins, não parece promissor”.  Interessante. 

Esqueceram ou não consideram emblemática a receita que o médico David Uip, renomado infectologista, que então era o Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do Governo do Estado de São Paulo, prescreveu a si próprio, como paciente e, testado positivo para o vírus chinês:Uso interno Difosfato de cloroquina, 250mg.... 30 cápsulas. Tomar pela manhã 1 cápsula por 30 dias. São Paulo, 13/03/2020”.


 
© Governo do Estado de São Paulo - 8.abr.2020 O médico infectologista David Uip, então coordenador do Centro de Contingência contra a covid-19 em São Paulo, discursa no Palácio dos Bandeirantes 

Não é fakenews, pois o médico está processando quem vazou a sua receita. Se o paciente David Uip cumpriu a receita do médico David Uip não se sabe. Mas, ninguém o condenou, criticou, orquestrou. Por que?

Altamente conceituado, onde se lê no portal da clínica que tem o seu nome: “Médico infectologista, professor titular da Faculdade de Medicina do ABC e Professor Livre Docente da Universidade de São Paulo. Foi diretor técnico do Serviço de Saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Foi fundador e diretor da Casa da Aids por oito anos. Assessor especial do Governador Mario Covas, também foi diretor executivo do Incor, diretor presidente da Fundação Zerbini e diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Coordenador do programa de Assessoria Aids e Endemias de Angola.”

Se David Uip prescreveu para si próprio, deve ter sido para a sua recuperação. Ou não?


Ora, o tribunal vermelho, na CPI e fora dela, em todas as argumentações abordadas, criminaliza a cloroquina. O remédio, a caneta, a pistola fazem o bem, se bem empregadas. O médico que comete erro médico, o político/servidor corrupto que usa a caneta desviando recursos públicos em qualquer tempo (na pandemia mais grave), qualquer um que usa a pistola indevidamente, são julgados e condenados, se culpados.

Será que dessa farsa, pretendem moldar “crime de responsabilidade”, como a mídia faz coro com a CPI, à guisa de cobertura.  Todo o cuidado é pouco. O cenário está sendo montado com os vários depoimentos: “alvos desenhados para serem flechados”.  Há que se imaginar que estudos da situação, hipóteses com as variantes admissíveis, elementos essenciais de informação/inteligência, já estejam prontos para o esperado depoimento do ex-ministro Pazuello, que será muito provocado, até para ser preso.

Do STF já se conhece a cor.
O governo não pode deixar de amparar/proteger com todos os meios possíveis para que isso não ocorra.

Alerta Total - Jorge Serrão

Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado-Maior, reformado.

 

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ministro da Saúde contorna perguntas e deixa de orientar a população - Míriam Leitão

O Globo

O ministro Nelson Teich abusa do direito de ser vago. Ele contorna perguntas, dá respostas oscilantes num momento dramático da vida do país. Teich assumiu o cargo há duas semanas. Ele sabia que seria exigido dele mais decisão durante a pandemia. Na sessão com senadores, na quarta-feira, o ministro passou o tempo todo contornando as perguntasOs parlamentares ficaram negativamente surpresos com a participação de Teich 

[Não somos peritos em combate a pandemias, mas gostamos de observar e tirar conclusões:
1ª - Japão não adotou distanciamento social, isolamento social e medidas do gênero e tem um índice de 2 mortes por milhão;
2º - Brasil é o segundo do mundo em novos casos e o 4º em mortes,  na frente só os EUA,  e a curva nunca se achata.
São Paulo iniciou as mortes e foi o primeiro estado a implantar isolamento, distanciamento, ameaçar com prisão e continua liderando o número de casos e de mortos.

Rio, idem, idem.

Convenhamos que a tentação de seguir o Japão é irresistível.
Brasília, até que aparenta a situação estar sob controle - o que nos deixa felizes, tanto como brasilienses quanto como seres humanos.
Mas, os dados do DF despertam algumas dúvidas.

O jornalista Bernardo Mello Franco, do GLOBO, faz um relato da sessão. Em certo momento, o ministro foi questionado se a recomendação é para ficar em casa. Simplesmente perguntar se fica em casa ou não é resposta simplista para um problema que é heterogêneo.” Ora, era simples responder. Quem puder fique em casa e quem tiver que sair deve adotar tais medidas de proteção. O país espera uma orientação do Ministério da Saúde.  

É claro que o problema é heterogêneo, no mundo, no país e nas cidades. O secretário-executivo da pasta, Eduardo Pazuello, repete que o Brasil é grande, tem tamanho continental. Isso aprendemos no ensino primário. Em um momento, perguntam sobre a posição do presidente, que é contra o isolamento social"Não vou discutir o comportamento. Mas posso dizer que ele está preocupado com as pessoas e com a sociedade”, disse o ministro.  

Teich pode até não entrar em conflito com o Jair Bolsonaro, ele pode encontrar outra resposta para a pergunta que é uma saia justa. Mas ele tem que orientar as pessoas. O desempenho é muito ruim. O momento é de crise, exige do ministro respostas mais positivas.  Além disso, há a questão da linguagem corporal. Teich há duas semanas chegou ao Palácio de máscara, e hoje não a usa maisEle está dizendo, pelo exemplo, que não é preciso usar a proteção, que cada vez mais estados estão exigindoTeich foi lá cumprir um mandato: não incomodar o presidente manter no ar a dubiedade que o governo sempre teve sobre as medidas de proteção nesta pandemia. 

Míriam Leitão, jornalista - O Globo