O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, adota tom institucional e reconhece
força dos protestos, mas Miguel Rossetto, da Secretaria
Geral da Presidência, fala como manifestante inflamado
O governo escalou os
ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da
Presidência) para responder às manifestações contra a
presidente Dilma Rousseff e o PT deste domingo (15), mas não conseguiu
evidenciar qual a estratégia do Planalto para lidar com a crise. Enquanto Cardozo fez uma fala institucional e buscou o
equilíbrio entre os interesses do Planalto e a insatisfação dos milhares de
brasileiros que foram às ruas, Rossetto adotou a
postura de um militante petista indignado com os eventos.
Cardozo foi o primeiro a falar, antes de começar a entrevista coletiva. Ele reconheceu a
legitimidade dos protestos, não
minimizou nem ridicularizou os manifestantes, não insistiu no famoso "nós
contra eles" do PT, e disse
que Dilma quer o diálogo. "Estamos abertos a ouvir
propostas". O ministro da Justiça também reforçou o combate à
corrupção como bandeira do Planalto e a necessidade de uma reforma política. “O governo está aberto a ouvir as vozes
daqueles que protestam e daqueles que aplaudem”, disse.
O discurso de Cardozo marcou uma inflexão
importante na postura adotada pelo PT e pelo governo na semana passada,
após o “panelaço” em protesto ao
pronunciamento de Dilma no domingo (8) pelo Dia Internacional da Mulher. Na
ocasião, os dirigentes petistas chegaram a acusar a
oposição de ter “financiado” o
panelaço.
Protestos
escancaram desgaste do PT
Imediatamente após a fala de Cardozo, no entanto, Rossetto subiu o
tom e atacou o que chamou de “golpismo”
e de “intolerância”. Segundo ele, os
protestos deste domingo (15) reuniram
apenas manifestantes que não votaram em Dilma no ano passado. Ele também
insistiu na tecla de que o Planalto está empenhado no combate à corrupção e que
não vê necessidade de grandes mudanças. Por fim, pregou a necessidade da
reforma política como solução para todos os males que hoje afligem o governo.
No jargão do marketing político, Cardozo “falou para fora”, para os
“não convertidos”, e Rossetto falou “para
dentro”, para a militância que precisa de combustível para continuar
defendendo Dilma. O resultado final foi ruim. Conforme apurou ÉPOCA,
no saldo final, o Planalto considerou
que a iniciativa de colocar os dois ministros, lado a lado, para dar
respostas aos protestos fracassou porque
gerou mais ruído num momento em que o país espera uma mensagem clara do que
pretende a presidente Dilma e seu governo.
Fonte: Época OnLine
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