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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Ministro questiona OMS - Em blog, Ernesto Araújo escreve que coronavírus desperta para 'pesadelo comunista' - Folha de S.Paulo - Coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas

Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU

Ministro questiona OMS e diz que obra de Slavoj Zizek estimula propagação do 'comunavírus'  

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu, nesta quarta-feira (22), a ideia de que a pandemia de coronavírus responsável por quase 180 mil mortes em todo o mundo pode fazer parte de um "projeto globalista" que é o "novo caminho do comunismo".

Segundo texto publicado em seu blog pessoal, Ernesto afirma que tal projeto "já se vinha executando por meio do climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente correto, do imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo princípio da raça, do antinacionalismo, do cientificismo".
"São instrumentos eficientes, mas a pandemia, colocando indivíduos e sociedades diante do pânico da morte iminente, representa a exponencialização de todos eles."
Agora, de acordo com o ministro, o "comunavírus", "vírus ideológico" que se sobrepõe ao coronavírus, faz "despertar para o pesadelo comunista".

Analisando um livro escrito pelo filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek, o líder do Itamaraty questiona entidades internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para o ministro, "transferir poderes" à entidade internacional esperando que ela seja mais "eficiente para lidar com os problemas do que os países agindo individualmente" é um pretexto "jamais comprovado" e "o primeiro passo na construção da solidariedade comunista planetária".
Nesta terça-feira (21), a Folha mostrou que o Brasil seguiu os EUA ao não endossar uma resolução da Assembleia Geral da ONU que pede cooperação internacional contra a pandemia do coronavírus.

A reportagem apurou que os EUA buscaram uma articulação com outros Estados-membros para não serem o único país a deixar de patrocinar a resolução. O Brasil foi um dos convocados para aderir a essa coalizão. O motivo teria sido as divergências entre o presidente Donald Trump e a OMS, cujo "papel de liderança crucial" contra o coronavírus é defendido pela resolução da ONU endossada por 179 dos 193 países-membros. [qual a utilidade da OMS para o mundo e que justifique o recebimento de bilhões de dólares?
Fazer reuniões e o ex-guerrilheiro que a preside expedir mensagens alarmistas?]

Em nota, o Itamaraty, órgão chefiado por Ernesto, informou que a "referida resolução foi aprovada por procedimento silencioso, sem objeção da delegação brasileira". Na prática, segundo diplomatas ouvidos pela Folha, deixar de expressar uma posição clara sobre a questão demonstra falta de entusiasmo pela causa e, no contexto atual, representa uma aceitação de mau grado.

Para o chanceler brasileiro, "o globalismo substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo" e Zizek vê na pandemia de coronavírus a "oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade".  Sob o pretexto de uma afirmação do filósofo esloveno em que o autor afirma que os nazistas fizeram um "péssimo uso" do lema "o trabalho liberta", gravado em alemão na porta do campo de concentração em Auschwitz, Ernesto afirma que "o nazista é um comunista que não se deu ao trabalho de enganar as suas vítimas".
"Aqueles que ainda não acreditam que o nazismo é simplesmente um desvio de rota da utopia comunista, e não o seu oposto, encontrarão aqui [na obra de Zizek] talvez um importante elemento de reflexão".

Em 2019, durante visita a Jerusalém, o ministro afirmou que uma nova vertente de pesquisadores vê semelhanças entre o movimento nazista e a extrema esquerda e sugeriu que as pessoas “estudem” e “leiam a história de uma perspectiva mais profunda”. No mesmo dia, o chanceler visitou, junto com o presidente Jair Bolsonaro, o Museu do Holocausto, que atribuiu a criação do Partido Nazista a "grupos radicais de direita na Alemanha". Ernesto afirma ainda, em seu texto, que a esquerda aproveita o momento de fragilidade gerado pela pandemia para "sequestrar e perverter" o conceito de solidariedade "para servir aos seus propósitos liberticidas".
"Já fizeram ou tentaram fazer o mesmo com os conceitos de justiça, tolerância, direitos humanos, com o próprio conceito de liberdade."

Sem mencionar Bolsonaro, Ernesto faz a defesa de tópicos que são caros ao presidente na gestão da pandemia, como o relaxamento das medidas de contenção do coronavírus. Segundo o ministro, "a destruição dos empregos que permitem a sobrevivência digna e minimamente autônoma de milhões e milhões de pessoas" faz parte de um projeto de "emancipação comunista". Ele também defende que "o politicamente correto" incorporou o "sanitariamente correto", que além de "mais poderoso", "agarra", "algema" e "ameaça". "Controlar a linguagem para matar o espírito, eis a essência do comunismo atual, esse comunismo que de repente encontrou no coronavírus um tesouro de opressão", escreve o ministro.

Folha de S. Paulo - UOL


Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU
David Beasley, diretor do WFP (Programa Mundial de Alimentos da ONU), alertou que a crise econômica gerada pelo novo coronavírus pode levar mais dezenas de milhões de pessoas a passar fome.
"Se não nos prepararmos e agirmos agora, para garantir acesso a alimentos, evitar a falta de recursos e a ruptura no comércio, nós poderemos encarar múltiplas crises de fome de proporções bíblicas em poucos meses", alertou, em discurso ao Conselho de Segurança da ONU.

Beasley disse que, atualmente, 821 milhões de pessoas ao redor do mundo vão dormir com fome diariamente, pois não enfrentam a falta de alimentos de forma crônica, e outras 135 milhões estão à beira de ficar completamente sem comida, tendo alimentos em alguns dias e em outros não.
Segundo um estudo feito pelo WFP, mais 130 milhões de pessoas correm risco de passar fome devido à crise econômica gerada pelo novo coronavírus.
A paralisação do comércio e do turismo, a recessão econômica e a crise no preço do petróleo retirarão dinheiro dos mais pobres. Com isso, eles não poderão comprar comida, disse Beasley. Ele estima que, no pior cenário, mais de 30 países poderão ser duramente afetados, como Haiti, Nepal e Somália. (

Rafael Balago - Folha de S.Paulo/UOL








quarta-feira, 15 de abril de 2020

O mundo pós pandemia (por Hubert Alquéres) - VEJA - Blog do Noblat

A crise terminal do capitalismo vem sendo preconizada desde a deflagração da Primeira Guerra Mundial. 

Já há um grande debate sobre o redesenho da ordem mundial, quando a crise do coronavírus passar. Há projeções para todos os gostos. As mais catastrofistas vão do fim do capitalismo ao surgimento de um “comunismo redesenhado”, como avalia o filósofo esloveno Slavoj Žižek.

Sem chegar a tanto, outros enxergam o fim da globalização e da União Europeia. Também se especula sobre o fortalecimento do autoritarismo; como se Victor Orban primeiro ministro da Hungria – fosse a regra e não a exceção das tendências que vão se impor com o fim da pandemia.
É bom desconfiar dos profetas do caos. A crise terminal do capitalismo vem sendo preconizada desde a deflagração da Primeira Guerra Mundial. Ressuscitada em todas as crises mundiais, sua morte jamais se confirmou, para desespero dos marxistas, estes sim cada vez mais minoritários. Não será diferente agora. O mundo também não vai retroagir para a era da segunda revolução industrial quando inexistiam as cadeias produtivas globais.

Isso não quer dizer que tudo será como dantes no quartel de Abrantes. A pandemia vai acelerar tendências que já estavam em curso. Antes mesmo da crise, o Fórum Econômico Mundial descortinava um “capitalismo de parte interessadas”, que não se guiaria apenas pela lógica implacável do lucro. Assim, as empresas teriam também responsabilidades sociais e ambientais. A desigualdade e a sustentabilidade já estavam na agenda planetária, com a crise assumiram caráter de urgência.

A pandemia tornou mais visível a desigualdade. Explicitou a necessidade de ser enfrentada por meio de um novo contrato social entre Estado, sociedade e mercado. A globalização desregulada levou à crise do Estado de Bem Estar Social, enfraquecendo serviços vitais para a população. Na Inglaterra, o sistema público de saúde , nos últimos anos dos conservadores no poder NHS – perdeu 17 mil leitos e 43 mil enfermeiros. Não foi muito diferente em outros países desenvolvidos.

Os ingleses redescobriram o quanto é importante ter um sistema de saúde fortalecido. O próprio Boris Johnson descobriu isso quando estava numa UTI. Saiu de lá fazendo declaração de amor ao NHS e a dois enfermeiros, imigrantes da Nova Zelândia e de Portugal.  Os países desenvolvidos estão valorizando os imigrantes. São eles que tocam parte de vários serviços essenciais. O reforço do liberalismo associado ao Estado de Bem Estar Social é uma tendência. No novo contrato social a ser estabelecido, determinados bens e serviços – saúde e segurança, por exemplo – terão uma forte presença do Estado, não sendo ditados apenas pelas leis do mercado. O desafio é encontrar novas fontes de financiamento para assegurar aos cidadãos uma renda mínima e serviços públicos.

A ideia do Estado-Nação também ressurge com força. Não que os países vão se fechar em copas, econômica e politicamente, mas a configuração da União Europeia terá de se reinventar, assim como a divisão de trabalho internacional. A dependência de um só produtor de equipamentos médicos gerou uma questão de soberania. Os países buscarão formas de se proteger, sobretudo se não houver uma resposta global ao desafio atual. A reindustrialização com cada país produzindo tudo seria um anacronismo que jogaria por terra os ganhos de produtividade decorrentes da automação e do advento das cadeias globais. A solução estará na regulamentação do mercado de itens sensíveis para evitar guerras de aquisição e na qual falará mais alto o poder do dinheiro dos países mais fortes.

Certamente a geopolítica mundial também passará por mudanças, com a China aumentando o seu protagonismo por meio do soft power. Os Estados Unidos não deixarão de ser a principal potência mundial econômica e militar, ao menos no curto prazo. Mas cada vez mais a Europa olhará mais para a China. Foi ela que veio em socorro de outros países, quando a pandemia ceifou milhares de vida no velho continente.
As grandes crises sempre tiveram o poder de fazer o mundo se reinventar. Na maioria das vezes para melhor. Foi assim na Segunda Guerra Mundial. Não será diferente agora.

Hubert Alquéres é membro da Academia Paulista de Educação, da Câmara Brasileira do Livro e do Conselho Estadual de Educação. Escreve às 4as feiras no Blog do Noblat. 

Ricardo Noblat, jornalista - VEJA