Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU
Ministro questiona OMS e diz que obra de Slavoj Zizek estimula propagação do 'comunavírus'
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu, nesta quarta-feira (22), a ideia de que a pandemia de coronavírus
responsável por quase 180 mil mortes em todo o mundo pode fazer parte
de um "projeto globalista" que é o "novo caminho do comunismo".
Segundo texto publicado em seu
blog pessoal, Ernesto afirma que tal projeto
"já se vinha executando por meio do climatismo ou alarmismo climático,
da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente correto, do
imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo
princípio da raça, do antinacionalismo, do cientificismo".
"São instrumentos eficientes, mas a pandemia, colocando indivíduos e
sociedades diante do pânico da morte iminente, representa a
exponencialização de todos eles."
Agora, de acordo com o ministro, o
"comunavírus", "vírus ideológico"
que se sobrepõe ao coronavírus, faz
"despertar para o pesadelo
comunista".
Analisando um livro escrito pelo
filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek, o líder do Itamaraty questiona entidades internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para o ministro,
"transferir poderes" à entidade internacional
esperando que ela seja mais
"eficiente para lidar com os problemas do
que os países agindo individualmente" é um pretexto "
jamais comprovado" e
"o primeiro passo na construção da solidariedade comunista planetária".
Nesta terça-feira (21), a
Folha mostrou que o
Brasil seguiu os EUA ao não endossar uma resolução da Assembleia Geral da ONU que pede cooperação internacional contra a pandemia do coronavírus.
A reportagem apurou que os
EUA buscaram uma articulação com outros
Estados-membros para não serem o único país a deixar de patrocinar a
resolução. O Brasil foi um dos convocados para aderir a essa coalizão. O motivo teria sido as
divergências entre o presidente Donald Trump e a OMS,
cujo
"papel de liderança crucial" contra o coronavírus é defendido pela
resolução da ONU endossada por 179 dos 193 países-membros.
[qual a utilidade da OMS para o mundo e que justifique o recebimento de bilhões de dólares?
Fazer reuniões e o ex-guerrilheiro que a preside expedir mensagens alarmistas?]
Em nota, o Itamaraty, órgão chefiado por Ernesto, informou que a
"referida resolução foi aprovada por procedimento silencioso, sem
objeção da delegação brasileira". Na prática, segundo diplomatas ouvidos pela
Folha,
deixar de expressar uma posição clara sobre a questão demonstra falta de
entusiasmo pela causa e, no contexto atual, representa uma aceitação de
mau grado.
Para o chanceler brasileiro,
"o globalismo substitui o socialismo
como estágio preparatório ao comunismo" e Zizek vê na pandemia de
coronavírus a
"oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e
sem liberdade". Sob o pretexto de uma afirmação do filósofo esloveno em que o autor
afirma que os nazistas fizeram um "
péssimo uso" do lema "
o trabalho
liberta", gravado em alemão na porta do campo de concentração em
Auschwitz, Ernesto afirma que
"o nazista é um comunista que não se deu
ao trabalho de enganar as suas vítimas".
"Aqueles que ainda não acreditam que o nazismo é simplesmente um
desvio de rota da utopia comunista, e não o seu oposto, encontrarão aqui
[na obra de Zizek]
talvez um importante elemento de reflexão".
Em 2019, durante visita a Jerusalém, o ministro afirmou que uma nova
vertente de pesquisadores vê semelhanças entre o movimento nazista e a
extrema esquerda e
sugeriu que as pessoas “estudem” e “leiam a história de uma perspectiva mais profunda”. No mesmo dia, o chanceler visitou, junto com o presidente Jair Bolsonaro, o Museu do Holocausto, que
atribuiu a criação do Partido Nazista a "grupos radicais de direita na Alemanha". Ernesto afirma ainda, em seu texto, que
a esquerda aproveita o
momento de fragilidade gerado pela pandemia para
"sequestrar e
perverter" o conceito de solidariedade "para servir aos seus propósitos
liberticidas".
"Já fizeram ou tentaram fazer o mesmo com os conceitos de justiça,
tolerância, direitos humanos, com o próprio conceito de liberdade."
Sem mencionar Bolsonaro, Ernesto faz a defesa de tópicos que são caros ao presidente na gestão da pandemia, como o
relaxamento das medidas de contenção do coronavírus. Segundo o ministro,
"a destruição dos empregos que permitem a
sobrevivência digna e minimamente autônoma de milhões e milhões de
pessoas" faz parte de um projeto de
"emancipação comunista". Ele também defende que
"o politicamente correto" incorporou o
"sanitariamente correto", que além de
"mais poderoso", "agarra",
"algema" e "ameaça". "Controlar a linguagem para matar o espírito, eis a essência do
comunismo atual, esse comunismo que de repente encontrou no coronavírus
um tesouro de opressão", escreve o ministro.
Folha de S. Paulo - UOL
Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU
David Beasley, diretor do WFP (Programa Mundial de Alimentos da ONU), alertou que a crise econômica gerada pelo novo coronavírus pode levar mais dezenas de milhões de pessoas a passar fome.
"Se não nos prepararmos e agirmos agora, para garantir acesso a alimentos, evitar a falta de recursos e a ruptura no comércio, nós poderemos encarar múltiplas crises de fome de proporções bíblicas em poucos meses", alertou, em discurso ao Conselho de Segurança da ONU.
Beasley disse que, atualmente
, 821 milhões de pessoas ao redor do mundo vão dormir com fome diariamente, pois não enfrentam a falta de alimentos de forma crônica, e outras
135 milhões estão à beira de ficar completamente sem comida, tendo alimentos em alguns dias e em outros não.
Segundo um estudo feito pelo WFP, mais 130 milhões de pessoas correm risco de passar fome devido à crise econômica gerada pelo novo coronavírus.
A paralisação do comércio e do turismo, a recessão econômica e a crise no preço do petróleo retirarão dinheiro dos mais pobres. Com isso, eles não poderão comprar comida, disse Beasley. Ele estima que, no pior cenário,
mais de 30 países poderão ser duramente afetados, como Haiti, Nepal e Somália. (
Rafael Balago - Folha de S.Paulo/UOL