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quarta-feira, 19 de maio de 2021

"Explica ou confunde" - Correio Brazilliense

Coluna do Alexandre Garcia

"Bolsonaro já está decidido a concorrer à reeleição; Lula é que ainda está sondando as chances. (...) Ainda está assuntando, desconfiado"

Depois de quatro anos e meio preso, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB) falou por 50 minutos na CNN sobre o passado (impeachment de Dilma e Lava-jato), sobre o presente (comparação entre Lira e Maia na presidência da Câmara) e sobre o futuro da CPI e eleição do ano que vem. Os anos de isolamento serviram para produzir um livro e analisar a distância o evoluir da política. E tornar mais lúcida sua bola de cristal.
Sobre a CPI que tirou o tempo do noticiário pandêmico, o ex-presidente da Câmara tem visão semelhante à do observador atento e isento: um palanque eleitoral, com o ativismo de Renan Calheiros, que procura recuperar o poder perdido. [o relator Calheiros que,  politicamente já estava praticamente morto, agora será sepultado - morte política - e sem direito a velório = covid-19.
Hoje ele levou mais uma enquadrada e desta vez de um general, que proibiu a apresentação de perguntas simplórias - medida oportuna, os adeptos em perguntas com resposta do tipo sim ou nação, passa ou repassa, devem procurar no terreno adequado: programas de auditório.
Um LEMBRETE:
Regulamento Disciplinar do Exército:
DECRETO Nº 4.346, DE 26 DE AGOSTO DE 2002

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e de acordo com o art. 47 da Lei no 6.880, de 9 de dezembro de 1980,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DAS Disposições Gerais

Seção I

Da Finalidade e do Âmbito de Aplicação

Art. 1o
O Regulamento Disciplinar do Exército (R-4) tem por finalidade especificar as transgressões disciplinares e estabelecer normas relativas a punições disciplinares, comportamento militar das praças, recursos e recompensas.
.........

ANEXO I

RELAÇÃO DE TRANSGRESSÕES
1. Faltar à verdade ou omitir deliberadamente informações que possam conduzir à apuração de uma transgressão disciplinar; 
2...................." 
Nos regulamentos de conduta dos políticos, não há proibição de faltar com a verdade .
Consta que nos das PRÁTICAS POLÍTICAS - oficioso, informal, mas na prática seguido por 99% dos políticos, o artigo 1º tem a seguinte redação:
1: mentir sempre que possível - na falta de oportunidade ou necessidade de faltar com a verdade, MENTIR, a título de treinamento para não perder o hábito....."]

Ele reforça a opinião de quem percebe que vai dar em nada, porque precisa produzir algo que possa ser levado ao Ministério Público. No alvo federal, mais tiros serão dados esta semana. Ontem, no ex-ministro Ernesto Araújo e, hoje, o ponto alto será o interrogatório do ex-ministro da Saúde general Pazuello.

Sobre a eleição presidencial, o ex-deputado não vê futuro para uma terceira via. Ele lembra que a eleição está polarizada desde a primeira direta da redemocratização, que teve Collor x Lula. Desde então, foi PT x PSDB, até que Bolsonaro substituiu os tucanos no antipetismo e ganhou a eleição. Ele prevê enfrentamento entre Bolsonaro e Lula, bem distantes de uma eventual terceira via. E que um lado terá os bolsonaristas e os antipetistas. De outro, os petistas e os antibolsonaro.

Bolsonaro já está decidido a concorrer à reeleição; Lula é que ainda está sondando as chances. [a principal sondagem de Lula é fruto da INSEGURANÇA JURÍDICA que tanto o tem beneficiado - o petista sabe que de repente, sem explicação lógica ou suporte jurídico,  sopra um vento contrário e tudo que o Supremo decidiu recentemente pode ser revogado.
Sem contar que os pontos abaixo destacados em nada favorecem o possível, ex, futuro, candidato do perda total = pt.
Embora esteja com um olho nas pesquisas que o dão como vencedor, ele deve estar com o outro olho no 1º de Maio da Av. Paulista e nas cidades brasileiras e na demonstração de força pró-Bolsonaro do agro, no último sábado em Brasília. Ainda está assuntando, desconfiado. Para onde irá a terceira via no segundo turno? Para que lado vai o centro? Eduardo Cunha deve estar se divertindo com o que ele fez pensar com essa entrevista à CNN. Faz lembrar Chacrinha: “Eu vim para confundir e não para explicar”.
 

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense 

 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Governo não vê risco na ameaça de greve dos caminhoneiros - Mourão sabe como poucos irritar Bolsonaro! - VEJA

Blog Radar

Ministério da Infraestrutura, comandado por Tarcísio de Freitas, monitora a situação do movimento

A pasta de Tarcísio de Freitas tranquilizou o Planalto ao descartar qualquer risco de o país vir a sofrer em fevereiro com paralisações de caminhoneiros.

Com a safra a pino nas lavouras do país, avalia o governo, é hora de os caminhoneiros faturarem transportando grãos, não de estacionarem na estrada para criar uma crise política. A conferir.

  A última do vice

Nada tira o presidente do sério como ver alguém antecipando decisões que ele deve tomar

Nada irrita mais Jair Bolsonaro do que ver alguém tentar antecipar suas decisões, como fez o vice Hamilton Mourão falando na queda de Ernesto Araújo do Itamaraty.

“Com essa fala, Mourão garantiu ao Araújo mais um tempo no cargo”, diz um ministro.

O presidente, como se sabe, passou os últimos dias destruindo o vice em declarações nas redes.

Robson Bonin - Blog Radar - Veja 


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

ITAMARATY - Chanceler do Brasil tira férias na posse de Biden - O Globo

Ernesto Araújo resolveu tirar férias entre os dias 18 e 22 de janeiro. No dia 20, Joe Biden toma posse na Casa Branca.

[não vemos motivos para espanto, críticas ou outras manifestações - férias são um direito de todos os trabalhadores e só devem ser adiadas por motivos relevantes.
o cidadão que tomará posse no próximo dia 20 na Presidência dos Estados Unidos, ainda candidato e já fazia ameaças ao Brasil.
Ainda que tenha ameaçado nossa Pátria mais para fins políticos, jogando para a plateia, sua atitude o credenciou a ter em sua posse, representando o Brasil, Nestor Forster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Assim, ficará claro que não há planos belicosos do Brasil contra os EUA, mas seu futuro presidente não está entre os nossos aliados. Oportuno lembrar que Ernesto Araújo não está entre os ministros que tem nossa admiração. Mas, ao nosso ver, no caso presente ele está certíssimo.]

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Ministro questiona OMS - Em blog, Ernesto Araújo escreve que coronavírus desperta para 'pesadelo comunista' - Folha de S.Paulo - Coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas

Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU

Ministro questiona OMS e diz que obra de Slavoj Zizek estimula propagação do 'comunavírus'  

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu, nesta quarta-feira (22), a ideia de que a pandemia de coronavírus responsável por quase 180 mil mortes em todo o mundo pode fazer parte de um "projeto globalista" que é o "novo caminho do comunismo".

Segundo texto publicado em seu blog pessoal, Ernesto afirma que tal projeto "já se vinha executando por meio do climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente correto, do imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo princípio da raça, do antinacionalismo, do cientificismo".
"São instrumentos eficientes, mas a pandemia, colocando indivíduos e sociedades diante do pânico da morte iminente, representa a exponencialização de todos eles."
Agora, de acordo com o ministro, o "comunavírus", "vírus ideológico" que se sobrepõe ao coronavírus, faz "despertar para o pesadelo comunista".

Analisando um livro escrito pelo filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek, o líder do Itamaraty questiona entidades internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para o ministro, "transferir poderes" à entidade internacional esperando que ela seja mais "eficiente para lidar com os problemas do que os países agindo individualmente" é um pretexto "jamais comprovado" e "o primeiro passo na construção da solidariedade comunista planetária".
Nesta terça-feira (21), a Folha mostrou que o Brasil seguiu os EUA ao não endossar uma resolução da Assembleia Geral da ONU que pede cooperação internacional contra a pandemia do coronavírus.

A reportagem apurou que os EUA buscaram uma articulação com outros Estados-membros para não serem o único país a deixar de patrocinar a resolução. O Brasil foi um dos convocados para aderir a essa coalizão. O motivo teria sido as divergências entre o presidente Donald Trump e a OMS, cujo "papel de liderança crucial" contra o coronavírus é defendido pela resolução da ONU endossada por 179 dos 193 países-membros. [qual a utilidade da OMS para o mundo e que justifique o recebimento de bilhões de dólares?
Fazer reuniões e o ex-guerrilheiro que a preside expedir mensagens alarmistas?]

Em nota, o Itamaraty, órgão chefiado por Ernesto, informou que a "referida resolução foi aprovada por procedimento silencioso, sem objeção da delegação brasileira". Na prática, segundo diplomatas ouvidos pela Folha, deixar de expressar uma posição clara sobre a questão demonstra falta de entusiasmo pela causa e, no contexto atual, representa uma aceitação de mau grado.

Para o chanceler brasileiro, "o globalismo substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo" e Zizek vê na pandemia de coronavírus a "oportunidade de construir uma ordem mundial sem nações e sem liberdade".  Sob o pretexto de uma afirmação do filósofo esloveno em que o autor afirma que os nazistas fizeram um "péssimo uso" do lema "o trabalho liberta", gravado em alemão na porta do campo de concentração em Auschwitz, Ernesto afirma que "o nazista é um comunista que não se deu ao trabalho de enganar as suas vítimas".
"Aqueles que ainda não acreditam que o nazismo é simplesmente um desvio de rota da utopia comunista, e não o seu oposto, encontrarão aqui [na obra de Zizek] talvez um importante elemento de reflexão".

Em 2019, durante visita a Jerusalém, o ministro afirmou que uma nova vertente de pesquisadores vê semelhanças entre o movimento nazista e a extrema esquerda e sugeriu que as pessoas “estudem” e “leiam a história de uma perspectiva mais profunda”. No mesmo dia, o chanceler visitou, junto com o presidente Jair Bolsonaro, o Museu do Holocausto, que atribuiu a criação do Partido Nazista a "grupos radicais de direita na Alemanha". Ernesto afirma ainda, em seu texto, que a esquerda aproveita o momento de fragilidade gerado pela pandemia para "sequestrar e perverter" o conceito de solidariedade "para servir aos seus propósitos liberticidas".
"Já fizeram ou tentaram fazer o mesmo com os conceitos de justiça, tolerância, direitos humanos, com o próprio conceito de liberdade."

Sem mencionar Bolsonaro, Ernesto faz a defesa de tópicos que são caros ao presidente na gestão da pandemia, como o relaxamento das medidas de contenção do coronavírus. Segundo o ministro, "a destruição dos empregos que permitem a sobrevivência digna e minimamente autônoma de milhões e milhões de pessoas" faz parte de um projeto de "emancipação comunista". Ele também defende que "o politicamente correto" incorporou o "sanitariamente correto", que além de "mais poderoso", "agarra", "algema" e "ameaça". "Controlar a linguagem para matar o espírito, eis a essência do comunismo atual, esse comunismo que de repente encontrou no coronavírus um tesouro de opressão", escreve o ministro.

Folha de S. Paulo - UOL


Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU
David Beasley, diretor do WFP (Programa Mundial de Alimentos da ONU), alertou que a crise econômica gerada pelo novo coronavírus pode levar mais dezenas de milhões de pessoas a passar fome.
"Se não nos prepararmos e agirmos agora, para garantir acesso a alimentos, evitar a falta de recursos e a ruptura no comércio, nós poderemos encarar múltiplas crises de fome de proporções bíblicas em poucos meses", alertou, em discurso ao Conselho de Segurança da ONU.

Beasley disse que, atualmente, 821 milhões de pessoas ao redor do mundo vão dormir com fome diariamente, pois não enfrentam a falta de alimentos de forma crônica, e outras 135 milhões estão à beira de ficar completamente sem comida, tendo alimentos em alguns dias e em outros não.
Segundo um estudo feito pelo WFP, mais 130 milhões de pessoas correm risco de passar fome devido à crise econômica gerada pelo novo coronavírus.
A paralisação do comércio e do turismo, a recessão econômica e a crise no preço do petróleo retirarão dinheiro dos mais pobres. Com isso, eles não poderão comprar comida, disse Beasley. Ele estima que, no pior cenário, mais de 30 países poderão ser duramente afetados, como Haiti, Nepal e Somália. (

Rafael Balago - Folha de S.Paulo/UOL








sábado, 11 de janeiro de 2020

A guerra da empulhação - Editorial - IstoÉ

Sejamos pragmáticos: essa é a guerra que o endiabrado Trump sonhava para desviar a atenção sobre o seu processo de impeachment. A guerra da empulhação. E todo mundo caiu nessa. Até o bajulador mandatário dos trópicos, o Messias Bolsonaro, que não entendeu nada das reais intenções do ídolo — ou entendeu e se deixou levar, típico dele! Um conflito armado contra os inimigos terroristas (o marketing nesse sentido pega bem) poderá, torce e imagina Trump, levar ao alinhamento automático dos conterrâneos em torno de sua liderança, às vésperas da eleição. E aí acabam as resistências e a batelada de denúncias, que ganham o rumo do escanteio, do quase esquecimento. É o que o beligerante chefe do mundo livre precisa no momento. Trump tem razões políticas pessoais, mais do que de qualquer outra natureza, para essa provocação desmedida ao regime dos aiatolás. 


E leva o mundo junto. Ingleses enviaram navios para a região do Golfo. Chineses, russos e demais europeus também entraram na praça de combate. Alertas, ameaças, críticas partem de lado a lado e no xadrez da diplomacia as peças vão se movendo estrategicamente. O único peão suicida a pular casas na frente, de improviso, sem qualquer noção do que está em jogo em seu prejuízo, é o governo brasileiro. Bolsonaro no papel de estafeta foi logo emprestando apoio e incentivo às ações fora de tom do presidente americano — criticadas inclusive por seu staff militar e por aliados políticos. Sem nenhuma razão concreta para tanto, o capitão do Planalto voltou a prestar vassalagem incondicional ao líder yankee. E foi repreendido. Inclusive pelos parceiros iranianos, que pediram explicações. Diplomatas tiveram de, em seu nome, contemporizar. Remendar o estrago. E nem poderia ser diferente. Alguns dirão que a opção de Bolsonaro de tomar um lado é correta. Apelam à visão desvirtuada e maniqueísta de uma disputa entre o bem e o mal para sustentar o argumento.
[Bolsonaro e o próprio Trump aprenderam que uma guerra, especialmente se não for de defesa - o Irão não tem a menor condição de atacar território brasileiro ou americano - só começa se quem for participar (os militares) concordarem.] 
 
Ingenuidade pura. Lamentavelmente não é tão binário e cristalino o quadro. Há diversas nuances e questões na mesa. Para o Brasil, por exemplo: o Irã não pode ser encarado como esse vilão implacável que a tudo destrói e nada acrescenta. 
 No ano passado acumulou-se um saldo de US$ 2 bilhões de superávit na balança com o Irã. Lucro líquido na veia. 
Mais de 20% das receitas comerciais de exportação nacional tiveram origem na região do Golfo e é preciso ficar atento a essa variável que pode, de uma hora para outra, virar, a depender dos humores e precipitações irascíveis do capitão e de seu chanceler sem freio, Ernesto Araújo. O Itamaraty já errou feio em liderar uma manifestação contra o Irã recentemente, classificando generais de terroristas. [Presidente Bolsonaro o senhor classificou, corretamente, o Brasil como 'pequeno demais para essa guerra'.
O Ernesto Araújo falou bobagem e fica dificil até explicar sua crise verborrágica, falou muito para dizer o que ficaria melhor não sendo dito - tenta posar de 'falcão' sem medir as consequências.
Um diplomata, especialmente o chefe dos diplomatas, precisa antes de tudo ser diplomata.
Talvez já passe da hora de trocar um pseudo falcão por um diplomata autêntico.]

Renunciou a histórica imparcialidade — também entendida como esperta ambiguidade — prevista na Constituição, para trabalhar abertamente a favor da causa trumpista. A chancelaria orquestrou de maneira direta e apelou, durante encontro em Bogotá na Conferência Hemisférica contra o Terrorismo, para que os países latinos cerrassem fileiras, ombro a ombro, com os EUA em uma eventual ofensiva contra o regime iraniano. O que isso quer dizer não ficou claro. Teriam os brasileiros de pegar também em armas? Vai saber! O certo é que o propalado viés pacífico, de isenção da Nação, foi para as calendas. Até aqui, em mais de um ano de gestões e aproximações com o time de Trump, Bolsonaro não angariou sequer um único intento ou vantagem efetiva em troca dos afagos que fez ao aliado. Liberou da necessidade de vistos os americanos, sem contrapartidas. [medida que ainda está atravessada na garganta de milhões de brasileiros.]

Renunciou a vantagens na OMC numa desastrada manobra, também não ganhando nada de volta. Acatou preços competitivos de produtores de combustíveis dos EUA para vender com facilidades por aqui, em detrimento dos fornecedores locais. Em suma, incorporou uma subserviência despropositada e irresponsável. Seria por mera admiração ou tática ideológica? Em Washington, os seguidores mais fanáticos aplaudiram a audácia do líder Trump, tomaram conta da legenda republicana e abafaram a ira do velho e experiente establishment do partido. Mas as derrapagens do presidente estão a causar estupor em todo o planeta. Anos atrás, antes que Trump alcançasse o poder, França, Grã-Bretanha, Alemanha, China e Rússia, alem dos EUA, em um histórico acordo, amarraram um entendimento nuclear com os persas para frear a corrida armamentista já em franca escalada na região. Trump entrou e mandou tudo às favas. O risco bélico retornou com potencial destruidor, em um nível incomparável desde a Segunda Grande Guerra. Agora é torcer para não acontecer o pior. [não haverá guerra.]

 Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três - IstoÉ


quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Itamaraty em estado de choque

O ministro maluquinho

Nem entre bolsonaristas de raiz pegou bem o discurso feito pelo embaixador Ernesto Araújo ao assumir, ontem, o cargo de ministro das Relações Exteriores. Foi um desempenho, o dele, capaz de deixar chocados diplomatas tupiniquins e estrangeiros.

Consolida-se a imagem de um homem que leu muito, misturou tudo que conseguiu reter, bateu num liquidificador e oferece agora aos obrigados a ouvi-lo da maneira a mais confusa possível, quase incompreensível. Arrota conhecimentos e colhe perplexidade.

É uma enciclopédia viva com tudo fora do lugar.
[enquanto isso, Magno Malta,  se considera feliz por 'arrependimento não matar'.]
Chare do Amarildo
 
 Blog do Noblat - Revista Veja

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Brasil convidou e desconvidou Cuba e Venezuela para posse

Bolsonaro: “Ele (Maduro) com certeza não vai receber (um convite para a posse)”.


Maduro não foi convidado para posse de Bolsonaro, diz futuro chanceler

O governo brasileiro convidou e desconvidou Cuba e Venezuela para a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).  

 Em nota, o Itamaraty afirmou que recebeu a recomendação para convidar todos os chefes de Estado e de Governo dos países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas. Em um segundo momento, foi recebida a recomendação de que Cuba e Venezuela não deveriam mais constar da lista, o que exigiu uma nova comunicação a esses dois governos. 
"Em respeito ao povo venezuelano, não convidamos Nicolás Maduro para a posse do presidente Bolsonaro. Não há lugar para Maduro numa celebração da democracia", escreveu, pelo Twitter, Ernesto Araújo

Sem considerar o imbróglio, Bolsonaro afirmou no domingo (16) que não os convidaria.
"Ele (Maduro) com certeza não vai receber (um convite para a posse). Nem ele, nem o ditador que substitui Fidel Castro... Fidel Castro não, Raúl Castro."
Segundo o presidente eleito, a razão é a ditadura. "Não podemos admitir ditadura. O povo lá não tem liberdade."



O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou hoje (16), em sua conta no Twitter, que o presidente venezuelano Nicolás Maduro não foi convidado para a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no dia 1º de janeiro. São esperados chefes de Estado e de governo para a posse.
“Em respeito ao povo venezuelano, não convidamos Nicolás Maduro para a posse do PR Bolsonaro. Não há lugar para Maduro numa celebração da democracia e do triunfo da vontade popular brasileira. Todos os países do mundo devem deixar de apoiá-lo e unir-se para libertar a Venezuela, escreveu em um post na rede social.
Bolsonaro e Araújo já criticaram o regime do presidente Maduro em outras ocasiões, mas disseram que o Brasil vai continuar a acolher os venezuelanos que entrarem no país.

Horas após a fala de Bolsonaro, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, publicou no Twitter as imagens do convite e afirmou que o presidente Nicolás Maduro nunca considerou participar da posse "de um presidente que é a expressão da intolerância, do fascismo e da entrega a interesses contrários à integração da América Latina e Caribe".

O Itamaraty, entretanto, destaca que a organização da posse é feita em coordenação com o governo eleito. "Os atos são formalizados pelo governo atual (até primeiro de janeiro de 2019, como previsto na Constituição), após consulta à equipe que assumirá na ocasião", diz trecho da nota.  

O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Medo da Ursal

O assunto é sério: o misticismo está no poder

O Brasil já temeu a mula sem cabeça, o boitatá, a cuca, o corpo-seco, a iara e o curupira. Hoje, teme a Ursal. Os medos antigos assombravam o universo rural de caipiras e caboclos. O medo atual assombra o novo governo que, para dormir em paz, entregou dois ministérios estratégicos a apóstolos do Bruxo da Virgínia, um astrólogo repaginado como filósofo místico. Daqui em diante, a superstição norteará nossas políticas externa e educacional. Não adianta dizer que a Ursal não existe, pois ela existe na mente dos que nos governarão.

A Ursal, União das Repúblicas Socialistas da América Latina, ganhou popularidade pela voz do Cabo Daciolo. A evocação da sigla exprime a crença de que uma conspiração comunista internacional ameaça a pátria brasileira. O Bruxo da Virgínia e seus evangelistas compartilham o credo de Daciolo, mas o vestem em peças de estilistas. Na linguagem arcana que preferem, a conspiração é conduzida por uma liga constituída por “liberais globalistas” e “marxistas”. Armados com as teses de Antonio Gramsci, os maléficos conspiradores apropriam-se silenciosamente tanto das chaves do poder quanto das mentes dos indivíduos por meio de uma prolongada guerra cultural. É Ursal, em versão de butique. [A Ursal é bem mais antiga do que o Cabo Daciolo - na verdade foi criada pelo Foro de São Paulo, famigerada organização esquerdista fundada por Lula e Fidel Castro e que pretendia transformar a América Latina em 'substituta' da extinta URSS;
o nome UNASUL foi escolhido para dar uma aparência 'inocente'  - o comunismo, a esquerda, são tão nojentas que sempre procuram camuflar seus planos de expansão com nomes inocentes, limpos.


De acordo com as superstições do Bruxo da Virgínia, a China lidera o tentáculo marxista da conspiração mundial. Ernesto Araújo, futuro ministro das Relações Exteriores, dá indícios de que submeterá as relações com a China ao “Deus de Trump”, engajando o Brasil na guerra comercial deflagrada pelos EUA. O medo da Ursal ameaça degradar uma de nossas principais parcerias econômicas, fonte de quase um terço do superávit brasileiro no comércio exterior e de vultosos investimentos externos diretos.

Segundo as crendices do Bruxo da Virgínia, a escola funciona como palco de uma doutrinação dos jovens destinada a destruir a família e a religião. Ricardo Vélez, futuro ministro da Educação, declara que enfrentará o perigo por meio do projeto de lei Escola Sem Partido — ou seja, pelo uso do poder público como polícia pedagógica destinada a perseguir professores “desviantes”. O medo da Ursal ameaça bloquear os caminhos para a reforma e qualificação da educação no Brasil. No lugar dessa tarefa inadiável, o Estado anuncia uma estratégia de “contrainsurgência cultural” nas escolas.

As teocracias medievais e os regimes totalitários do século passado imaginavam-se como representações de uma verdade suprema, oriunda de Deus, do Destino Nacional ou da História. A separação entre Estado e Igreja (isto é, a laicidade estatal) e a separação entre Estado e partido (isto é, o princípio do pluralismo político) formam dois pilares estruturais dos sistemas democráticos. [lembrem que  Churchill dizia que a 'democracia é o pior sistema de Governo', mas, não há nenhum melhor que ela'; 
sendo o pior sistema tem muitos defeitos, sendo um deles a separação entre Estado e Igreja, que abre caminho para a institucionalização do ateísmo como 'religião' do Estado, situação esta que abre caminho para a destruição de todos os valores, começando pela religião e família.] Nas democracias, o Estado administra as coisas, não as mentes. Os dois ministérios ocupados por acólitos do Bruxo da Virgínia ambicionam administrar as mentes, libertando-as das forças alienígenas da Ursal. Há fortes doses de ridículo nisso, mas o assunto é sério: o misticismo está no poder.

Um paralelo apropriado é com a Arábia Saudita. O reino nasceu de uma longa jihad (“guerra santa”) empreendida pela aliança do clã guerreiro dos Saud com a seita islâmica puritana Wahab. Na base da monarquia saudita, encontra-se o pacto original entre esses componentes, que se exprime pela entrega dos ministérios da Educação e das Comunicações à facção religiosa. A seita liderada pelo Bruxo da Virgínia ocupa, no governo Bolsonaro, um lugar semelhante ao dos wahabitas no reino dos Saud. A diferença é que sua doutrina não repousa sobre a leitura literal de um livro sagrado, mas sobre crendices cozidas no forno de uma espécie de ocultismo pós-moderno.

A “confluência entre História e Mito” alardeada por Ernesto Araújo, o combate sem trincheiras à “revolução cultural gramsciana” pregado por Ricardo Vélez são piadas que saltaram de túneis escuros das redes sociais para o aparelho de Estado. Uma festa estranha, com gente esquisita — nisso transformaram-se o Itamaraty e o Ministério da Educação. A Ursal passeia entre nós. Deus não é brasileiro.

Demétrio Magnoli - O Globo