Ao surgirem dados sobre fome e miséria, olhe com atenção
Alguns anos
atrás, antes de ser presidente, Lula participou de um evento, na
Europa, e lá pelas tantas disparou: "No Brasil há 25 milhões de crianças
de rua". Foi aplaudido por uma plateia de desinformados. Anos depois,
rindo, falou sobre a "proeza", após levar uma chamada do ex-prefeito e
ex-governador do Paraná Jaime Lerner: "Lula, a gente não conseguiria
andar nas cidades se tivéssemos tantas crianças morando nas ruas".
Mas
como na cabeça do sujeito impera a malandragem (basta lembrar do
episódio da mala de dinheiro encontrada no banheiro do aeroporto de
Brasília), Lula optou por contar vantagem: "A gente inventava e saia
dizendo número". Lula, neste caso, é um bom professor.
Nesta
semana, em Davos, na Suíça, foi a vez da ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, iniciar o desmatamento da verdade e a queimada do bom
senso.
Sem ficar ruborizada, Marina lascou que 120 milhões de
brasileiros passam fome.
É, obviamente, algo que não encontra respaldo
na realidade.
Significa que mais da metade do país não conseguiria se
alimentar como deveria, ou seja, trata-se de mais um episódio que nos
ensina que duvidar é preciso.
Durante a
campanha eleitoral, difundiu-se a informação de que no Brasil havia 33
milhões de pessoas passando por insegurança alimentar – um conceito um
tanto difuso.
Você sabe de onde saiu o número? Da Rede Penssan.
O leitor
já havia ouvido falar sobre o grupo? Não fique preocupado.
Quase
ninguém conhece, o histórico da turma é mínimo, mas a imprensa difundiu o
dado produzido pela Penssan como se fosse uma verdade absoluta, algo
que serviu para ajudar a campanha lulista a vender a tese de que o país
estava na pior.
Marina
Silva não tirou 120 milhões de famintos da própria cabeça.
O número saiu
de um levantamento coordenado pelo (preste atenção ao nome) Grupo de
Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades
Alimentares na Bioeconomia.
Uma sigla que pretende muito, diz quase nada
e, ao final, nos perguntamos: esse pessoal é o famoso "quem", mesmo?
Pois é. Se quisermos um dado concreto, mais próximo da realidade,
podemos e devemos buscar outras fontes.
O Banco
Mundial, no final de 2022, revelou aquilo que muita gente já sentia. O
indicador de brasileiros vivendo na extrema pobreza despencou de 5,4%,
em 2019, para 1,9%, em 2020.
Em números absolutos, estamos falando de
uma queda de 7,2 milhões de pessoas (de 11,3 milhões para 4,1 milhões).
Querem mais?
Em novembro de 2022, o índice de desemprego no Brasil havia
caído para o menor nível desde 2014, recuando para 8,3%, e com algumas
unidades da federação gozando do pleno emprego, como Santa Catarina –
coincidência ou não, Estado que nunca foi governado pelo PT ou pela
esquerda.
Quando
surgirem dados sobre fome e miséria, olhe com atenção. Citei alguns
grupos acima, mas existem outros ainda mais inexpressivos, com coisa
produzida em "fundo de quintal", por gente louca por alguns minutos de
fama e holofote.
Em momentos assim, o melhor a se fazer é olhar para o
retrovisor e revisitar a história.
Os episódios relacionados à fome
estão relacionados, na sua maioria, a guerras ou governos de esquerda. A
Grande Fome de Mao (que matou mais de 40 milhões de chineses); o
Holodomor, também conhecido como a "Grande Fome", que varreu do mapa ao
menos quatro milhões de ucranianos; ou ainda a Venezuela atual, em que a
população há anos não se alimenta como deveria. E nem vou citar Cuba.
Do Site Percival Puggina - Publicado originalmente no Correio do Povo