Não raro,
leitores petistas me sugerem temas importantes. É o que fez um leitor
que, comentando meu artigo “O silêncio de uma nação”, escreveu:
Professor
faça um texto com uma reflexão sobre as joias e o Cid e o general pai,
enfim, as muambas que se desvendam diariamente. Este assunto que o sr.
passa à margem não condiz com uma pessoa que se diz intelectual e de
bem.
Muito mais
importante do que responder ao leitor, é explicar como uma pessoa “de
bem” se conduz, em sua comunicação social, perante casos como esse em
que ele gostaria de colher minha opinião.
Apenas uma
vez na vida cometi o erro que o leitor deseja que eu repita. Há trinta
anos, embarquei, ingenuamente, na campanha de difamação movida pelo PT
contra Alceni Guerra, ministro da Saúde no governo de Collor de Mello. [quando a mídia militante, TV Globo à frente, começou a veicular narrativas tentando comprometer o ex-presidente Bolsonaro - que o caso da covardia orquestrada pelo PERDA TOTAL = pt = contra o então ministro da Saúde, Alceni Guerra, com ampla divulgação por aquela emissora nos veio à lembrança; restou provada e comprovada a inocência de ALCENI GUERRA, hoje com 78 anos.]
A
mídia companheira triturava o governo, já em decadência rumo ao
impeachment.
Denúncias de corrupção pipocavam envolvendo a pessoa do
presidente e o caso contra Alceni (superfaturamento na compra de
bicicletas para agentes de saúde) era um prato cheio para minhas ironias
e sarcasmos.
A vítima
daquela difamação trilhou um longo caminho até o reconhecimento de sua
inocência, restauração de sua vida como prefeito de sua cidade e como
parlamentar honrado e respeitado. Passadas três décadas, esse caso pesa
em minha consciência, deixando uma linha divisória que nunca mais
ultrapassei: não conjeturar sobre a honra alheia e não verbalizar um
conceito antes de decisão judicial que o estabeleça. Jamais pelo
noticiário da hora!
A vida me
ensinou quanto são afobados, instrumentalizados e irresponsáveis os
juízos prévios na vida pública.
E como são hipócritas os espalhafatosos
censores da conduta alheia. São hipócritas porque especulam sobre a
honra dos adversários, mas votam em ladrões, se os ladrões forem
companheiros.
Esclareço.
Suponhamos que ao cabo das investigações, dos trabalhos de acusação e
defesa, se acumulem contra o ex-presidente provas como as que levaram às
condenações do atual presidente da República.
Bolsonaro nunca mais terá
meu voto.
Então, e só então, me sentirei autorizado a emitir um juízo
moral e verbalizar minha indignada decepção.
Jamais gastarei meu pobre
português para escrever textos como os do noticiário de hoje, nos quais,
em meio às gravíssimas suspeitas investigadas, se entremeiam adjetivos
como “supostos”, “possíveis”, etc., usados por salvaguarda de uma
prudência que talvez esteja em falta no almoxarifado dos fatos.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.