PT tem direito a seus argumentos sobre motivos do impeachment de Dilma, mas o tema só abastece o discurso bolsonarista [lembrando que foi Lewandowski, indicado pelo atual presidente para ministro do STF, quem presidiu o julgamento da presidente 'escarrada'; Lewandowski foi golpista?]
O primeiro mês de governo de Luiz Inácio Lula da Silva veio permeado de acontecimentos. O ataque aos prédios dos Três Poderes em Brasília, o embate com as Forças Armadas, a dramática crise humanitária vivida pelos povos ianomâmi. [o que a jornalista afirma adiante é conclusão da cabeça dela - não existe nenhuma prova de que os fatos que aponta foram praticados por bolsonaristas = muitos aspectos apontam para uma ação de esquerdistas infiltrados.] Esses fatos têm algo em comum: jogam contra o bolsonarismo. O que torna ainda menos compreensível Lula agora dar munição ao adversário ao reacender a tese de que Dilma Rousseff foi vítima de um “golpe”.
Este é e vai continuar sendo um lema do PT. O partido tem direito a seus argumentos sobre os motivos que embasaram o processo de impeachment. Mas, daí para isso entrar no centro do discurso do novo governo, é outra história. Primeiro, a tese passou a figurar em comunicações oficiais. Depois, foi mencionada pelo próprio Lula durante a viagem oficial que fez à Argentina nesta semana.
Na manhã desta quinta-feira, Carlos Bolsonaro já sapateava nas redes sociais. Tomou por base prints de posts de aliados de Lula defendendo que houve sim golpe contra Dilma, como Érica Kokay (PT) e Ivan Valente (PSOL). Parlamentares e blogueiros bolsonaristas se esbaldaram ao falar em “ataque às instituições”, atentado contra a Constituição e crime de responsabilidade, pedindo que ele seja incluído no inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre atos antidemocráticos.[CONFIRA EM VEJA: Deputado bolsonarista diz que pedirá impeachment de Lula.]
Clarissa Oliveira - Coluna Revista VEJA