Presidente discursou nesta quarta (2) na cerimônia de transmissão de cargo do Ministério da Defesa.
General Fernando Azevedo e Silva recebeu o cargo do antecessor no Clube do Exército.
O presidente Jair Bolsonaro
afirmou nesta quarta-feira (2), ao discursar na cerimônia de
transmissão de cargo do "Ministério da Defesa", que a situação a qual o
país chegou, atualmente, é "uma prova inconteste de que o povo, em sua
grande maioria, quer hierarquia, respeito, ordem e progresso".
Capitão da reserva, Bolsonaro fez questão de participar da solenidade
realizada no Clube do Exército na qual o general Fernando Azevedo e
Silva – que já foi chefe do Estado-Maior – recebeu simbolicamente o comando do Ministério da Defesa do general Joaquim Silva e Luna. Para prestigiar a cerimônia da área militar, ele não compareceu à
transmissão de cargo do Ministério da Economia, que ocorreu praticamente
no mesmo horário. Pela manhã, Bolsonaro participou da solenidade de
passagem dos cargos dos quatro ministros que têm gabinetes no Palácio do
Planalto.
Foto: Marcos Corrêa - Presidência da República
Ao longo dos oito minutos de discurso, o novo presidente, egresso da
caserna, relembrou o episódio da criação do Ministério da Defesa em 1999 –
durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) –, ressaltando
que ele foi um dos três deputados que votou contra a proposta na Câmara
por acreditar que se tratava de uma iniciativa meramente política.
"O tempo passou, as nossas Forças Armadas sofreram um brutal desgaste
com a classe política, mas não junto ao povo brasileiro, que continuou
acreditando em nós. [...] Hoje em dia, a situação a que o Brasil chegou é
uma prova inconteste de que o povo, em sua grande maioria, quer
hierarquia, quer respeito, quer ordem e quer progresso", disse Bolsonaro
à plateia formada majoritariamente de militares.
"Todo aquele nosso trabalho, ao longo de quatro anos buscando
viabilizar a possibilidade de uma eleição, eu cumpri escolhendo
ministros técnicos para as suas respectivas áreas, e a Defesa não
poderia fugir à regra", complementou. Na visão do novo chefe do Executivo, as Forças Armadas foram "um tanto
quanto esquecidas" ao longo das últimas décadas porque "são um obstáculo
para aqueles que querem usurpar do poder".
Em outro trecho do discurso, o novo presidente da República disse que
uma das provas da importância que ele dá para as Forças Armadas é o fato
de ele ter escolhido para vice em sua chapa presidencial um general da
reserva do Exército, referindo-se ao ex-comandante militar do sul
Hamilton Mourão. Neste momento, Bolsonaro bateu continência e brincou com o
vice-presidente, dizendo que, agora, a continência tem que ser
simultânea, apesar de Mourão ser general.
"A continência tem que ser simultânea porque eu digo para ele [Mourão]
que não sou mais capitão, nem ele é general, nós somos soldados do
Brasil”, brincou.
Governos anteriores
Bolsonaro usou parte do discurso para relembrar atos de governos
anteriores em favor do Exército. Ele contou relembrou uma sessão solene
do Senado em que saudou o então presidente José Sarney por sempre
arranjar no final do ano "uma maneira para conseguir recursos extras
para contemplar as Forças Armadas".
Dirigindo-se ao ex-presidente da República Fernando Collor, um dos
convidados presentes à cerimônia, Bolsonaro disse que atual senador de
Alagoas foi o responsável pela criação da classificação de atividade
militar.
Ele destacou ainda que, na gestão de Itamar Franco os militares
obtiveram isonomia salarial.
Ao mencionar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o
atual chefe do Executivo ressaltou que teve diferenças com o tucano.
"Tivemos alguns problemas, em especial comigo, mas seguimos nossa
jornada”, admitiu Bolsonaro, arrancando risadas dos convidados. O novo ministro da Defesa afirmou ao discursar na cerimônia de
transmissão de cargo que as ações das Forças Armadas no governo
Bolsonaro serão pautadas pela Constituição.
"As ações das Forças Armadas serão pautadas pela Constituição Federal
de 1988 e as leis infraconstitucionais. Como organismos de Estado, as
Forças devem atuar nas coisas de soldado e cooperar com o poder civil
onde forem demandadas, respeitadas as suas capacidades e competências.
Internamente, no Ministério da Defesa, o foco será orientado para
integração sistêmica das Forças na doutrina estratégico-operacional
militar, nos planejamentos, nos projetos, nos equipamentos e nos
treinamentos conjuntos", declarou o novo titular da Defesa.
Fernando Azevedo e Silva é o 12º ministro a assumir a pasta desde sua criação, em 1999. Ele é general de Exército desde 2014.
Prestigiaram a cerimônia de transmissão de cargo da Defesa, entre
outros, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias
Toffoli, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro
José Otávio de Noronha, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e
os novos ministros Ricardo Sales (Meio Ambiente), general Augusto
Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).