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domingo, 22 de outubro de 2023

Eleição na Argentina: Como a disputa entre Milei e o peronismo mexe com o país de norte a sul - Estadão

Em duas semanas, ‘Estadão’ percorreu 4 mil km em quatro províncias argentinas e testemunhou o descontentamento com a crise econômica e política que abala o país

Do deserto mineiro de Salta, onde a pobreza e o descaso do Estado são uma realidade há décadas, ao sul da Patagônia governado com mão de ferro pela família Kirchner há 30 anos, a Argentina terá neste domingo, 22, uma eleição definidora em sua história.

A reportagem do Estadão percorreu nas últimas duas semanas mais de 4 mil quilômetros ouvindo o que pensam os eleitores, questionando políticos locais e observando o cenário pré-eleitoral na Argentina. E de norte a sul do país, desde as terras secas e ricas em minerais dos Andes à gélida e ensolarada Patagônia, o que se vê é um rompimento com os velhos nomes da política.

Mesmo em lugares nos quais pautas como dolarização e venda de órgãos parecem desconectadas da realidade local, Javier Milei encontrou um clima de abandono, frustração e uma certa vontade de ‘explodir tudo’. Essa nova versão do ‘se vayan todos’ criou um terreno fértil inédito para o colapso de uma lógica clientelista operada há décadas pelo peronismo no interior da Argentina.

Parte do sucesso de Milei se deve ao rechaço ao peronismo em consequência do mal avaliado governo de Alberto Fernández e de seu ministro da Economia, Sergio Massa, candidato da situação. Quem vota no libertário, fala em romper com a ‘velha política’ que, na avaliação da maioria, colocou a Argentina em uma crise econômica profunda, com uma inflação de quase 140%, pobreza acima de 40% e desvalorização da moeda.

Enquanto isso, a candidata de oposição macrista, Patricia Bullrich, tem enfrentado dificuldades. 
No clima de polarização entre peronismo e anti-peronismo, o argentino não encontra espaço para uma direita alternativa a Milei. 
O vínculo de Bullrich com o establishment - sua família é abastada e tradicional na política argentina - tira as credenciais para executar a mudança drástica que o país necessita, argumentam os eleitores.

A febre Milei no norte pobre da Argentina

A província de Salta, no norte da Argentina, aglutinou o sentimento de bronca que os argentinos vivem da política: nas primárias, metade da província elegeu Milei. Em povoados mais distantes da capital, essa votação chegou a passar de 60%.

A cor predominante nas ruas da capital saltenha é o amarelo da coalizão A Liberdade Avança e do padrinho político de Milei na província, Alfredo Olmedo. Pela cidade toda, cartazes de apoio aos libertários Milei, Olmedo e Orozco - a candidata a deputada federal, viraram febre. Nas ruas, jovens se vestem como o “Peluca” (apelido de Milei que significa ‘peruca’) e fazem uma festa ao pedir votos pelo libertário.

Perto da praça 9 de Julio, um stand de Bullrich, com direito a um pato gigante - o apelido de Patricia é Pato Bullrich - fica quase apagado em meio ao mar de amarelo.

Aníbal Franco, 30, é um dos que se vê cansado de ver peronistas no poder e dessa vez vai votar em Milei. Morador de San Antonio de Los Cobras, cidade de Salta onde 63% votou em Milei, ele trabalha com a mineração e conta que, ainda que não seja um emprego ruim, o salário já não lhe é suficiente.

“Tenho um salário de 300 mil a 350 mil pesos mensais, mas com a inflação e a disparada do dólar é o suficiente para cobrir a cesta básica”, comenta. “Mas ainda tenho que pagar aluguel, pagar a luz, o gás, a internet ou qualquer outro serviço, só com isso já se foi tudo. E ainda tenho que levar os filhos na escola, comprar roupas. Então, onde está a igualdade e a justiça social que dizem? Não existe”.

Rechaço ao peronismo

Já no centro do país, na província de San Luís, o sentimento de cansaço foi traduzido não só em um apoio em massa a Milei na primária de agosto - a província foi a segunda que mais o votou - mas também tirando do poder velhos nomes da administração local. Pela primeira vez desde a redemocratização do país, há 40 anos, a província não será governada por alguém da família Rodríguez Saá.

Personagens importantes do peronismo pós-redemocratização, os irmãos Adolfo e Alberto Rodríguez Saá mantiveram por 40 anos a hegemonia na pequena província agrícola da Argentina. Mas dessa vez, o candidato apoiado pelo atual governador, Alberto, perdeu a corrida para um candidato de dentro da coalizão do Juntos pela Mudança.

Menos amarela que Salta, mas definitivamente com muitas imagens e cartazes da campanha de Milei, San Luís vivia um clima intenso pré-eleitoral. Na praça Pringles, jovens tentavam fazer campanha por Sergio Massa em uma pequena tenda no canto, mas não eram muitos os que se aproximavam. Já Patricia Bullrich, escolheu a cidade como um dos pontos para finalizar a sua campanha.

Ana Paula Pereyra, 24, se preocupa pelas falas de Milei e ainda não estava certa em que votaria, mas não deixava de demonstrar insatisfação com a política que vem sendo tocada em sua cidade desde sempre. “Do jeito que estamos, com essa crise, sem perspectiva de ter um emprego, tendo que sair do país para trabalhar, isso não dá para continuar. Mas Milei ainda me deixa insegura”, afirma.

Maioria silenciosa no berço kirchnerista

No sul do país, a temperatura política, ao menos na superfície, parece diferente. Em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, cidade natal de Néstor Kirchner e o berço do kirchnerismo, quase não se vê campanhas a favor de Milei. No máximo alguns panfletos do A Liberdade Avança são vistos nas calçadas e folhas de sulfite rasgadas coladas em postes com o rosto do libertário.

Ainda assim, ele também foi o mais votado na província nas primárias, para surpresa absoluta dos kirchneristas. Dentro do círculo político próximo de Alicia Kirchner, governadora em retirada da província e irmã de Nestor, o voto expressivo de Milei veio como um choque.

Nas ruas, quase ninguém fala em quem se pretende votar. No máximo, a população demonstra algum descontentamento e diz que o país precisa de uma mudança de rumo.

Mas Milei levou a província considerada um bastião dos Kirchner nas primárias com 28% dos votos, seguido pela coalizão peronista com 21%. O clima de silêncio faz analistas acreditarem que ali houve um “voto de vergonha” no libertário, em que se vota, mas não se admite. Os números são ainda mais impressionantes quando considerado que Milei não fez campanha ali, nem ao menos teve candidatos provinciais para governo ou legislativo.

A isso acrescenta-se o fato de que, pela primeira vez em 30 anos, nenhum kirchnerista estará no governo. Alicia, que concorre para o Senado, não conseguiu eleger seu candidato e a oposição macrista venceu a corrida. Amplificando o sentimento de cansaço na terra dos pinguins.

O que esperar

Embora sejam eleições definidoras na história da Argentina, o consultor político Pedro Buttazzoni reluta em classificá-la como uma das mais importantes, especialmente frente a um baixo engajamento a ir votar. O voto é obrigatório, mas nas primárias, mais de 30% decidiu não participar, um dos números mais altos dos últimos 40 anos.

As eleições nacionais costumam ter um nível de participação maior que as primárias, mas não se sabe até onde o eleitor desencantado ficou convencido com alguma das candidaturas.

“Ninguém se aventura em ser contundente em um prognóstico, os cidadãos tem uma enorme resistência a responder pesquisas, o que dificulta realizar estudos e na hora de construir cenários possíveis há uma conclusão generalizada: pode ocorrer de tudo”, afirma o analista e co-diretor da Droit Consultores.

“Talvez o cenário mais provável seja de um segundo turno entre Milei e Massa. Tudo indica que com a fragmentação eleitoral será difícil que algum candidato tenha mais de 40% ou ter uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo. Milei é o favorito e dentro de seu diretório as opções são somente de vitória. Em geral, todos esperam que ele termine em primeiro, a questão será a diferença”, completa.

Em sua avaliação, se Milei obtiver menos que 35% com uma diferença pequena para Massa, ainda que seja uma vitória, será vista como menos contundente que a esperada, e pode dar ao peronismo chances de sonhar com uma virada. Já uma vitória acima de 35% com uma diferença maior que 6 pontos será uma consolidação de seu favoritismo. O último cenário é o da vitória em primeiro turno. Improvável, mas possível, se de fato existir um voto envergonhado.

“O alto número de indecisos e de pessoas que se negam a responder as pesquisas nos obrigam a manter a hipótese de uma nova espiral de silêncio. Muitas pessoas preferem não expressar seu voto para não serem julgadas. Se essa massa de indecisos se voltar para Milei, o primeiro turno é uma possibilidade”, pontua Buttazzoni.

Ainda que haja a possibilidade de se definir tudo em primeiro turno, analistas são céticos quanto a isso. Pela regra, para um presidente já sair definido neste domingo, é necessário obter mais de 45% dos votos, ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo colocado. Milei, porém, tem um teto baixo, segundo análises de pesquisas de intenção de votos, e não deve crescer a ponto de ultrapassar essas barreiras.

Mas independentemente do resultado de hoje, essas eleições já causaram um terremoto no sistema político tradicional da Argentina, forçando os grandes partidos a repensarem suas estratégias de comunicação e busca de votos, e com eleitores das províncias mais distantes demonstrando seu descontentamento frente à prioridade que tem Buenos Aires na agenda política.

 

Carolina Marins - O Estado de S. Paulo

 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Louco e despreparado? - Gilberto Simões Pires

LOUCO, DESPREPARADO E FASCISTA???

Tão logo o candidato Javier Milei foi declarado vencedor nas eleições primárias da Argentina, muitos brasileiros correram para as redes sociais para festejar a vitória do libertário enquanto outros tantos, fortemente influenciados pela preocupada MÍDIA-COMUNISTA, trataram de demonizar o candidato dizendo, resumidamente, que além de LOUCO E NÃO TER EXPERIÊNCIA EM CARGOS PÚBLICOS, Milei é uma AMEAÇA FASCISTA. Que tal?

INÍCIO DE CONVERSA

Pois, para início de conversa o que se sabe até agora, para desespero da mídia, é que MILEI ganhou as PRIMÁRIAS.  

Como tal ganhou o direito de disputar a ELEIÇÃO PRESIDENCIAL marcada para 22 de outubro próximo. 

 CANSAÇO

Mais: O resultado das PRIMÁRIAS nada mais é do que uma clara manifestação, através do VOTO, de que grande parte do povo argentino CANSOU do POPULISMO e, por consequênciada fantástica, duradoura e excessiva MÁ ADMINISTRAÇÃO misturada com DOSES EXAGERADAS DE MUITA MÁ FÉ. 

 SANIDADE MENTAL

Quanto aos INSATISFEITOS BRASILEIROS, do tipo que afirmam que MILEI É LOUCO, fica a pergunta: - No Brasil a grande maioria dos políticos, assim como o presidente da República e ministros do STF são EQUILIBRADOS? 

 Por tudo que fazem e/ou decidem são dotados de BOA SANIDADE MENTAL?  

 FALTA DE EXPERIÊNCIA

Já no tocante à FALTA DE EXPERIÊNCIA DE MILEI, a pergunta é a seguinte: - No Brasil, os EXPERIENTES POLÍTICOS dão demonstrações de que tomam decisões acertadas? 
A EXPERIÊNCIA tem sido capaz de produzir algo positivo, notadamente nas questões que envolvem DESPESAS PÚBLICAS, IMPOSTOS E REFORMAS? Estou ansioso para saber as respostas...
 
Gilberto Simões Pires - Ponto Critico  
 

sábado, 29 de outubro de 2022

Legalização de drogas, soltar presos e desmilitarizar a polícia: as resoluções do PT [ quem quiser isto, vote no perda total = PT.]

Revista Oeste - Cristyan Costa

Partido excluiu posts com os documentos sobre discussões internas de encontro de grupo de Direitos Humanos da legenda

PT ainda não divulgou todos os elementos do plano de governo
PT ainda não divulgou todos os elementos do plano de governo | Foto: Divulgação [nem vai divulgar; vai perder feito sem divulgar e pior será se divulgar.]

Resoluções aprovadas em um encontro de direitos humanos do PT apoiam uma série de propostas polêmicas. Divulgado em dezembro de 2021, os documentos mostram que a legenda defende a legalização das drogas, a soltura de presos provisórios e até a desmilitarização da polícia. A legenda tirou o conteúdo do ar.

Sobre entorpecentes, o PT comunica, na resolução, que pretende “regular, descriminalizar e estabelecer redução de danos, além de fortalecer a saúde”.

No que diz respeito aos detentos, a legenda sugere “reverter o encarceramento em massa de pretos e pobres, a começar por desencarcerar milhares de presos provisórios”, vistos pela legenda como vítimas da sociedade capitalista.

Em outro trecho da resolução, o PT ataca os militares e propõe mudanças para eles. “Defendemos alterações estruturais nas instituições políticas, entre as quais o papel das Forças Armadas nas suas relações com a sociedade e com Estado e o governo”, diz trecho do documento. “O desafio das esquerdas é fundir as bandeiras da luta democrática com uma visão programática.”

Adiante, o PT defende promover a pauta LGBT, ampliando “direitos do grupo” e garantindo dinheiro para ativismo e criação da “transcidadania”. A sigla quer ainda um Estado “socialista, feminista, antirracista, ambientalista e libertário”.[lembrando que no feminismo proposto pelo perda total = PT = as mulheres serão denominadas pessoas com vagina.]

A resolução também quer criar tribunais especiais e perseguição da livre expressão com justificativas de “defesa dos direitos humanos”.

No documento, o PT ameaça perseguir e “julgar Bolsonaro e seus cúmplices, ao instituir uma política de reparação e punição”. “Memória, Verdade e Justiça. Processar e punir os responsáveis pelo genocídio, criar uma política de promoção da memória, da verdade, com a criação de uma Justiça de transição”, promete o PT. “Tribunal de Manaus para julgar Bolsonaro e seus cúmplices.”

Resoluções do PT são citadas por Bolsonaro em debate
Durante o debate da Globo, o presidente Jair Bolsonaro interpelou Lula sobre os documentos. O petista esquivou-se da pergunta, ao mencionar que as resoluções são definidas pelos diretórios e não, necessariamente, fazem parte do plano de governo enviado ao Tribunal Superior Eleitoral. Até o momento, contudo, o PT ainda não publicou todas as promessas do texto, tampouco os nomes dos ministros, informando divulgará “quando vencer a eleição”.

Leia também: “O PT coloca em prática o plano de amordaçar a imprensa”, artigo de Paula Leal publicado na Edição 134 da Revista Oeste