Informação foi confirmada pelo senador durante depoimento em inquérito que apura a prática de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio

[o inquérito contra Fabrício Queiroz, cuida da investigação de movimentações atípicas (que não são, necessariamente, ilegais) em
contas bancárias do ex-assessor.

Ocorre que todas ações de investigação parecem ter um único objetivo: acusar alguém da família Bolsonaro.
O normal seria primeiro investigar se houve crime = provar que Queiroz cometeu crimes na movimentação de suas contas bancárias;
uma vez provado tal crime - até agora nada foi provado, nos parece que as movimentações foram investigadas superficialmente, o objetivo é encontrar o beneficiário de um suposto crime e após investigar se o suposto crime ocorreu - investigar os beneficiários, motivação, etc.

Comprar imóveis e iniciar o processo com “instrumento particular de compra e venda” é algo normal, usual, o registro em cartório sendo realizado posteriormente e o recolhimento de eventual tributação e taxas.

Normal também é que empréstimos entre familiares ocorram sem registro de valores, forma de pagamento, datas,etc.

Acusar alguém de lavar dinheiro utilizando uma franquia é falta de noção, visto que a franqueadora controla tudo.
Cada centavo que entra na movimentação do franqueado implica em  contrapartida de compra do produto objeto da franquia - se entra em uma franquia de chocolate um valor equivalente à venda de 1.000 kg de chocolate, tem que entrar nos cofres da franqueadora valor correspondente ao fornecimento ao franqueado de 1.000 kg do produto.
Movimentar elevados volumes de dinheiro obrigariam o 'lavador' a formar um estoque fora de qualquer noção.
O objetivo é prejudicar o presidente Bolsonaro, mas inteligência e ter noção são essenciais para o alcance da meta.]

No relato, o parlamentar afirmou aos promotores que pediu os valores emprestados para o pai, o presidente Jair Bolsonaro, e um irmão — sem identificar qual deles. Flávio também citou a possível ajuda de Jorge Francisco, pai do ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, e chefe de gabinete de Jair Bolsonaro de janeiro de 2001 a março de 2018, quando faleceu.

Entenda: O que se sabe sobre os repasses de R$ 72 mil feitos por Queiroz a Michelle Bolsonaro

Os relatos do senador ocorreram em 7 de julho para o promotor Luis Fernando Ferreira Gomes no inquérito que apura a prática de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. No depoimento, Gomes relatou a Flavio que a Cyrella e a TG Brooksfield informaram ao MP que ele pagou R$ 86.779,43 com dinheiro em espécie, por meio de depósitos bancários, no ano de 2008, para a compra de 12 salas comerciais no Barra Prime Offices — um centro comercial de alto padrão na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

A venda foi registrada em cartório em 16 de setembro de 2010, mas Flávio e as corretoras fizeram um contrato de “instrumento particular de compra e venda” em 5 de dezembro de 2008. Outros valores foram quitados com cheques e com boletos bancários. Flávio foi questionado pelos promotores sobre a origem do dinheiro em espécie. — Eu saí pedindo emprestado para o meu irmão, para o meu pai, eles me emprestaram esse dinheiro. Tá tudo declarado no meu imposto de renda, que foi comprado dessa forma (por meio de empréstimo). Depois eu fui pagando a eles esses empréstimos. Acho que o Jorge (Francisco), que era chefe de gabinete do meu pai, também me ajudou — respondeu Flávio aos promotores.

Negociações
As salas acabaram revendidas por Flávio 43 dias depois do registro em cartório, de 2010. Segundo reportagens do portal UOL e do jornal “Folha de S.Paulo”, os imóveis foram formalmente adquiridos por valores entre R$ 192,5 mil e R$ 342,5 mil cada. No total declarado, as salas chegavam a R$ 2,6 milhões. Antes de revender, Flávio pagou apenas 12% do financiamento. Menos de dois meses depois, no dia 29 de outubro, o senador vendeu as salas e cedeu o restante do financiamento a uma empresa chamada MCA, obtendo um lucro R$ 318 mil.

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Ao longo do depoimento, o promotor também questionou Flávio sobre como foram pagos os empréstimos feitos junto a seus familiares para custear as salas. O senador disse que também retornou os valores em dinheiro vivo. — Não. Era em espécie, em dinheiro — afirmou Flávio, quando lhe foi perguntado se recebeu o empréstimo integralmente e se o pagou integralmente ou parcelado.

O senador disse que não se recordava: — Como era em família, não lembro agora exatamente como foi feito. Se foi parcelado ou uma vez só.
Em entrevista ao GLOBO, o senador confirmou que seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, pagava mensalidades escolares e planos de saúde da sua família e que reembolsou em espécie um sargento da PM que pagou a parcela de um financiamento da sua esposa. Flávio nega irregularidades nas transações. Ele também nega que sua loja de chocolates tenha sido utilizada para lavagem de dinheiro, como suspeita o MP, e diz que a franquia é alvo de controle da matriz.

Relação com Santini
No depoimento ao MP, Flávio também afirmou, pela primeira vez, que Alexandre Santini, seu sócio na loja de chocolates, foi quem “apresentou sim as pessoas que vieram comprar as salas” no Barra Prime Offices em 2010. O senador relatou: “Conheci ele (Santini) dessa forma, ele oferecendo imóveis para mim”. Os promotores questionaram Flávio sobre um cheque no valor de R$ 200 mil feito por ele e nominal para o Barra Prime que foi localizado na casa de Santini durante a busca e apreensão em dezembro do ano passado.
— Pode ser porque ele ia entregar o cheque para alguém e não entregou, né? Pelo que eu me lembro, para Prime, eu fazia os pagamentos direto da minha conta. Não lembro desse cheque não. Mas certamente não foi entregue — disse Flávio, ao dizer que pagava às construtoras diretamente. — Não recordo. Pode ser que eu tenha dado para ele entregar para alguém lá na corretora para pagar uma parcela do financiamento.

Para os promotores, além da suspeita sobre a negociação em si, também “chama atenção o fato de a pessoa jurídica adquirente (a MCA) ter como sócia outra empresa com sede no Panamá”, a Listel S.A. O país é considerado um paraíso fiscal e rota de esquemas de lavagem de dinheiro.

Nota dos advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires, Juliana Bierrenbach e Renata Azevedo:

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O Globo - Brasil - Exclusivo