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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Lula, Fausto e a esfinge do petróleo - Alon Feuerwerker

A tática de Luiz Inácio Lula da Silva no intrincado xadrez do clima parece clara. Segue a receita tradicional: bater bumbo para a narrativa do momento, buscar articulações que ampliem a superfície política de contato, reduzindo assim a pressão exercida sobre o Brasil pelas forças externas, e, entrementes, ir tocando a vida de acordo com as necessidades práticas, preenchendo o tempo com ataques continuados aos adversários políticos do momento.

Posto que a realidade material nunca consegue ficar circunscrita aos discursos, alguma hora os fatos terão, porém, de se impor.   
Logo o governo brasileiro terá de decidir a autorização ou não para explorar o petróleo na foz do Amazonas. 
E autorizar trará necessariamente custo reputacional [em nossa opinião 'custo reputacional' é um valor que só incide sobre boa reputação - qualidade que a folha corrida do cidadão mostra ser ele desprovido.]que  para um presidente empenhado em se apresentar como liderança planetária nos assuntos do momento, entre os quais brilha o clima.

E tem pelo menos outro nó aí. A reindustrialização, agora repaginada como neoindustrialização (também para reduzir a área de atrito com os antidesenvolvimentistas), ocupa lugar central nos planos governamentais, sem ela vai ser difícil reduzir estruturalmente as altas taxas de desemprego. [neo industrialização com  as  taxas extorsivas de impostos que nos alcançarão nos próximos dias?] O PIB projetado é bom, mas a beleza dos números deve-se na maior parte ao agronegócio, cuja vocação não é empregar. Serviços e indústria comem poeira.

Qual é a real, então? Não haverá reindustrialização sem energia barata. Aliás, encarecimento da energia causa desindustrialização. Que o diga a Alemanha.  
E, posto que o preço nunca está imune à lei da oferta e da demanda, fica claro que é ficção reindustrializar sem energia abundante. 
O papel e o Power Point aceitam tudo, mas alguma hora governos têm de entregar o que projetaram para o futuro.

Pois se há algo certo sobre o futuro é que ele sempre chega.

O Brasil tem um dos perfis energéticos mais limpos, graças principalmente às hidrelétricas. Mas o potencial hídrico ainda inexplorado concentra-se na Amazônia, a construção das barragens ali enfrenta oposição cerrada
. [afinal, uma imensidão das terras localizadas na Amazônia é reserva indígena - o governo Bolsonaro acabou em 31 dezembro 2022, mas, a declaração '
‘Hoje, o maior latifundiário do País é o índio’, diz Nabhan', permanece atual e os indígenas são especialistas em cobrar pedágio de tudo.]   Ah, há também o etanol, mas a cana sofre a concorrência dos alimentos pela área plantada. Um desafio adicional para o país que aceitou o dogma de, também para ajudar a salvar o planeta, congelar a fronteira agrícola.

As energias eólica e solar vêm em franca expansão, mas não deixam de ter impacto sócio-ambiental. 
 Seus custos estão caindo rapidamente, mas a oferta nem de longe será capaz de atender a demanda imediata. 
O mesmo vale para a energia nuclear. Ou o Brasil acelera a exploração de petróleo e gás, ou a reindustrialização acelerada continuará confinada aos discursos e às apresentações.
 
É provável que, com o tempo, as soluções pragmáticas acabem se impondo, e o presidente sempre terá à mão o argumento de, afinal, estarmos um período de transição energética, daí precisarmos usar todas as fontes disponíveis. 
Mas Lula neste tema não joga em casa, não tem com ele a torcida incondicional dos mecanismos construtores de opinião pública nem a simpatia da arbitragem.
 
Mais um detalhe. Em 2014, a acusação de que adversários parariam a exploração do pré-sal e privilegiariam as energias limpas foi decisiva na reeleição de Dilma Rousseff.  
Agora, Mefistófeles aparentemente veio acertar a fatura. 
A ver se Lula, como Fausto, consegue escapar de ter de pagar toda a conta. 
 
Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político

sábado, 27 de maio de 2023

Eles querem o petróleo - Carlos Alberto Sardenberg

Petrobras quer explorar a Margem Equatorial Brenno Carvalho

Há meio PIB brasileiro depositado na nossa Margem Equatorial. Encontram-se ali, numa boa estimativa, 15 bilhões de barris de petróleo. 
A US$ 70 o barril, temos US$ 1,05 trilhão, ou cerca de R$ 5 trilhões — metade do valor de tudo que se produziu no Brasil no ano passado. Meio PIB.

Claro que seria um dinheiro obtido ao longo de anos de exploração, mas também seria preciso acrescentar o valor dos investimentos a fazer nos estados — instalação de bases terrestres e marítimas, portos e aeroportos, aquisição de barcos e aviões. E empregos numa região, incluindo o Norte e parte do Nordeste, bastante pobre.

É preciso ter uma sólida convicção ambientalista para desistir dessa que era a grande riqueza do século passado, o motor das economias todas. Mas como continua dando dinheiro e movendo boa parte do mundo, e ainda moverá por algumas décadas, seria preciso também uma clara visão do futuro para desistir daqueles R$ 5 trilhões.

O que nos mostra essa visão? Energia verde, o emprego digital, dependente do cérebro, não dos braços, escola pública de qualidade, a riqueza dos softwares, inteligência artificial, o motor elétrico
Encontram-se essa convicção ambientalista e essa visão de futuro no governo Lula?

Considerem o programa do carro popular anunciado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin: redução de impostos para baratear carros movidos a motor a combustão. A coisa inclui regras como “eficiência energética”, condição para receber a isenção. Mas não diz do que se trata. Etanol? Ora, praticamente não tem motor só a etanol, é tudo flex, a petróleo, pois. Carro elétrico está excluído. 

Só haverá benefício fiscal para carros abaixo de R$ 120 mil, e por aqui não tem elétrico por menos de R$ 200 mil. 
O programa exigirá também componentes nacionais, mas não diz em qual proporção. 
Tudo considerado, a ideia básica é oferecer ao público um carro de R$ 60 mil, chamado de popular. 
 
Como notou Zeina Latif, 70% dos brasileiros ganham até dois salários mínimos.  
A manutenção de um carro, incluindo licenciamento, IPVA, combustível, estacionamento, troca de óleo, e mais a prestação, claro, fica em torno de R$ 1.500 por mês. Popular para quem? 
E notem que o benefício fiscal também vai para ricos que compram carro de R$ 120 mil. 
 
Sim, o setor automobilístico emprega. Mas o programa anunciado por Alckmin não inclui compromisso com a geração de novas vagas, nem mesmo com a manutenção das já existentes.  
Fica assim, portanto: uma mãozinha para a velha indústria automobilística, campeã de subsídios e proteções. 
E que está longe de produzir carros modernos. O melhor que se tem é o motor flex, que Lula e Alckmin querem exportar para a África. Sabe como é... Eles também são assim como nós.

Nessa visão, precisa do petróleo, não é mesmo?

Dirão: mas mesmo países já encaminhados para a economia verde continuam produzindo petróleo.

Verdade, parcial.

Considerem a Noruega. Está aumentando a produção e a exportação de petróleo. Mas todo o incentivo local vai para o ouro lado: 80% dos carros novos vendidos no ano passado são elétricos. Em 2025, serão todos. A política principal é de transporte público sustentável.

Ok, trata-se de um país pequeno e já rico. Mesmo assim, proporciona lições úteis para nós. A produção de petróleo é estatal. Mas não se gasta o dinheiro obtido diretamente com a venda do óleo. Essa renda engorda um fundo de investimentos do governo, que aplica em negócios no mundo todo. A renda desse fundo é usada nos programas locais. Muito especialmente em boas escolas e boa saúde — e em programas de economia verde. O dinheirão do petróleo fica lá, para financiar aposentadorias daqui a uns 20 anos.

Aqui, estados como o Rio de Janeiro já gastaram os royalties do petróleo que receberão em dez anos. E a última coisa em que se pensa no governo federal é na formação de alguma reserva para o futuro

Por isso precisam do óleo da Margem Equatorial. O do pré-sal? Já estão torrando. 

Coluna em O Globo 

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista


terça-feira, 14 de março de 2023

[pt = Perda Total, governando] - Gasolina sobe 9% e fica mais cara em todas as regiões

 Revista Oeste

Levantamento mostra que o preço do combustível disparou com a volta da cobrança de impostos federais [aos que reclamavam que o ex-presidiário estava demorando a iniciar seu governo, informamos que ele começou hoje.
Relaxem, que vai piorar  e para não doer demais, o remédio é relaxar.]

O preço médio do litro da gasolina foi comercializado à média de R$ 5,88 na primeira quinzena de março (1 a 13), um aumento de mais de 9%, quando comparado a fevereiro, de acordo com o Índice de Preços Ticket Log (IPTL). Esse índice é calculado com base nos abastecimentos realizados nos 21 mil postos credenciados da Ticket Log, que administra 1 milhão de veículos, com uma média de oito transações por segundo.

Esse é o primeiro levantamento da Ticket Log depois da volta da cobrança dos tributos federais sobre combustíveis. A desoneração começou no governo de Jair Bolsonaro, para reduzir a inflação, e foi prorrogada por dois meses no governo Lula. Em nota, o diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil, Douglas Pina, afirmou que a última redução no preço da gasolina, de 3,93%, anunciada pela Petrobras em 28 de fevereiro, não foi suficiente para frear os acréscimos constatados nos postos de todos os Estados e do Distrito Federal.

Na análise regional, as altas vão de 8,5% no Sudeste, onde a gasolina fechou a R$ 5,65, com a menor média entre as regiões, a 9,85% na Região Norte, onde o combustível foi comercializado a R$ 6,23, maior preço médio nacional.

Na análise por Estado, os aumentos foram superiores a 4% em todas as unidades da federação. A maior alta foi no Amazonas, onde o combustível aumentou 16,25% e passou de R$ 5,63 para R$ 6,55. Ainda assim, o preço médio mais elevado foi identificado em Roraima, a R$ 6,63, e o mais baixo, na Paraíba, a R$ 5,40.[mesmo assim, superior em mais de 10% ao preço de DEZ/2022, último mês do governo Bolsonaro.]

O preço médio do etanol também ficou mais alto e fechou a quinzena a uma média de R$ 4,60, com acréscimo de 3,81%, em relação ao mês anterior. Os aumentos por região chegaram a 5,16%, como é o caso do Norte, onde o combustível fechou a R$ 5,01, maior preço médio entre as regiões.
 
Redação - Revista Oeste

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Os reais e perversos agentes do mal - Gilberto Simões Pires

INFLAÇÃO - EXPANSÃO MONETÁRIA

Não foram poucos os editoriais que escrevi -explicando- tim tim por tim tim, que INFLAÇÃO é a EXPANSÃO MONETÁRIA -decorrente da impressão de moeda ou aumento da oferta de crédito ACIMA da QUANTIDADE DE BENS E SERVIÇOS DISPONÍVEIS. Ou seja: enquanto a economia estiver sendo pressionada pela EXPANSÃO EXCESSIVA DE MOEDA, os preços dos produtos e serviços, inevitavelmente, vão continuar subindo, na mesma proporção, em busca do necessário equilíbrio MOEDA/PRODUTOS.  

OSCILAÇÃO DE PREÇOS

Ainda que a MÍDIA -erradamente- insista a todo momento dizendo que INFLAÇÃO é AUMENTO GENERALIZADO DE PREÇOS, o fato é que SEM EXPANSÃO MONETÁRIA o que leva à OSCILAÇÃO DE PREÇOS de bens e serviços é a OFERTA E DEMANDA
Ou seja: quando há escassez de OFERTA por qualquer motivo, os preços tendem a subir. Da mesma forma, quando há retração de DEMANDA, o equilíbrio se dá por redução de preços. Simples assim.

AGENTES DO MAL

Pois, a título de melhor esclarecimento faço aqui um necessário e importante reparo: os MAUS GOVERNANTES, assumindo o lamentável papel de REAIS E PERVERSOS -AGENTES DO MAL-, notadamente Chefes do Poder Executivo da -UNIÃO e dos ESTADOS- além de serem responsáveis pela INFLAÇÃO, pelos exaustivos motivos acima descritos, estão prontos para DEFLAGRARINFLAÇÃO TRIBUTÁRIA. Explico: enquanto a UNIÃO quer por que quer o FIM DA DESONERAÇÃO de impostos federais (PIS/Pasep e Cofins), que impõe uma alta imediata em torno de R$ 0,70/litro dos combustíveis, os GOVERNADORES ESTADUAIS querem por que querem voltar a tributar -combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo, considerados -BENS ESSENCIAIS-, com as escandalosas alíquotas que vão de 25% a 34% para a gasolina e de 13% a 32% no caso do etanol.

INFLAÇÃO QUALITATIVA

Este tipo nojento de AUMENTO DE PREÇOS GOVERNAMENTAIS já ganhou fama como -INFLAÇÃO QUALITATIVA-. Fenômeno estúpido que ocorre quando os governantes provocam o AUMENTO DOS PREÇOS por força da criação e/ou elevação de impostos sobre produtos e serviços
É isto que os governadores estão querendo, às claras, sem demonstrar o mínimo remorso. Vejam que em nenhum momento disseram o quanto arrecadaram a mais, durante a pandemia, por conta da ALTA DO DÓLAR combinado com o AUMENTO DO PREÇO DO BARRIL DE PETRÓLEO. O que mais fizeram foi lamentar a perda de arrecadação motivada pela redução das alíquotas do ICMS para 17 ou 18%. Na real, o que fizeram foi TRIBUTAR A DESGRAÇA. 
 
PONTO CRITICO -  Gilberto Simões Pires
 

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

O que a nova presidente do STF fará com o inquérito ilegal da Corte - Gazeta do Povo

Vozes -  Alexandre Garcia

A partir de hoje já está aberta uma consulta popular da Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica
Querem ouvir, de todos os consumidores de energia elétrica, se gostariam que a concessionária oferecesse também pagamento da conta mensal de eletricidade pelo Pix, que é essa grande novidade brasileira que outros países estão incorporando, e que deixou os bancos sem a taxa, a comissão de transferência
Porque só 15% das concessionárias disseram que estão permitindo pagamento por Pix, as outras nem se envolveram nisso. 
Então, se essa consulta que vai durar um mês e meio, quarenta e cinco dias, provar a ideia do Pix, a Agência Nacional de Energia Elétrica vai obrigar todas as concessionárias a aceitar pagamento por Pix. 
Claro que não exclusivamente, quem quiser continuar pagando por débito em conta, ou qualquer outra forma, pode pagar, está livre. 
Mas a concessionária vai ser obrigada a aceitar o pagamento pelo Pix.

Está facilitando a vida das pessoas, assim como abrir empresa. Milhões de brasileiros, que ficaram desempregados na pandemia, abriram milhões de pequenas empresas porque está fácil agora abrir empresa. Era uma tragédia, agora está muito fácil.

E a outra boa notícia nessa área econômica é que de novo baixou o gás de cozinha, a gasolina continuou baixando, o etanol também. Minha mulher mencionou, na última vez que encheu o tanque, que pagou quase R$500 e que agora pagou R$300 ou algo assim, de gasolina. Eu ainda estou pagando caro o diesel.

Mudando um pouco de assunto, naquele discurso de posse da ministra Rosa Weber, no Supremo, como presidente, ela reafirma uma grande vontade de cumprir a Constituição. Óbvio, ela é obrigada a isso, todos nós somos obrigados. Ainda mais ministro de Supremo, que é o guardião da Constituição. E falou também em obedecer ao devido processo legal, reafirmou que o judiciário não age de ofício, ou seja, por iniciativa própria. [a ministra já convocou ministros que desconhecem, ou ignoram, esse 'pequeno' detalhe???]

Aí eu fico esperançoso, ela tem apenas um ano, mas que cumpra isso. Tirando o judiciário dos seus desvios, botando de novo nos trilhos. Porque tem lá um inquérito, que começou com Toffoli, que está baseado no regimento interno, que já foi derrubado. 

O artigo em que se baseou pela Constituição de 1988, que obriga a ter Ministério Público em qualquer inquérito.  
É essencial, porque se o Ministério Público ou a polícia não tomam iniciativa de um inquérito, um juiz jamais pode tomar a iniciativa, isso não faz sentido. 
Com o agravante de que no caso desse inquérito, o juiz é o suposto agredido. 
Imagina que coisa incrível, só numa monarquia absoluta seria possível ao rei fazer tudo: é ofendido, investiga, policia, julga, acusa, enforca. O que ela vai fazer em relação a isso?
 
O devido processo legal que engloba o sistema é o seguinte: quando o acusador, agente do judiciário, cuja função é acusar, não encontra nenhum crime num determinado inquérito, e avisa a juíza que não vai acusar, porque não tem crime, é óbvio que o juiz arquiva, acabou. 
Mas um juiz do Supremo não está fazendo isso. 
Continua insistindo com processo depois da Procuradoria Geral da República informar que não encontrou crime nos oito empresários que estavam conversando, exercendo seu livre direito, garantido pela Constituição, numa cláusula pétrea, no artigo 5º, no artigo 220, isso é garantido pela Constituição. 
Então, eu gostaria muito de saber o que ela vai fazer com isso. Tomara que consiga fazer alguma coisa, porque o ministro Fux, quando tomou posse na presidência, anunciou que o Supremo estava sofrendo críticas, sofrendo uma destruição por ser usado por pequenos partidos sem voto na Câmara e no Senado como instrumento. 
Não tem voto na Câmara para resolver, então coloca o Supremo para resolver, e aí se mete numa questão que é política e não é constitucional. E ele não conseguiu, em dois anos. 
Ela só vai ter tempo até 2 de outubro do ano que vem, pois ela se aposenta. 
Tomara que consiga, mas eu não encontrei no discurso uma firme de vontade de resolver. 
Pelo menos não no discurso.
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Milho, na mesa e no tanque de combustível - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

O versátil cereal mais plantado do planeta é um caso de sucesso no agronegócio nacional

O milho, o cereal mais plantado no planeta, dá o que falar, aqui e no mundo. Sua cotação na Bolsa de Chicago segue com sucessivas altas, junto com a valorização do trigo, da soja e até do petróleo. 
Com diversos usos, o milho é matéria-prima da alimentação animal à indústria de alta tecnologia. 
Mais de 70% dos grãos são destinados a rações para suínos, aves, gado leiteiro e até à piscicultura. 
E é também matéria-prima para biocombustíveis. 
O milho serve para abastecer os automóveis, graças à produção de etanol combustível. 
Essa novidade do carro movido a milho cresce no Brasil e também ajuda a aumentar a produção de carne, a diversificar a agropecuária e a ampliar o desenvolvimento regional!
Despejando grãos de milho no reboque do trator após a colheita | Foto: Shutterstock

Apenas 5% do milho produzido se destina ao consumo humano direto, sob a forma de farinhas, fubás, angu, mingaus, pamonha, canjica, cuscuz, polenta, cremes, bolos, pipoca ou simplesmente milho cozido e assado. 
Na indústria agroalimentar, ele entra na composição de biscoitos, pães, chocolates, doces, geleias, sorvetes, maioneses, uísques e cervejas. A cerveja brasileira contém 45% de milho, em vez de cevada. 
E o milho não é transformado em álcool apenas na cerveja.
 
 O aumento mundial e generalizado dos preços dos combustíveis suscitou um interesse renovado pela alternativa dos biocombustíveis. Países como Índia, China, Indonésia, França e EUA ampliam o uso do etanol e do biodiesel. 
E desenham novos programas nacionais de produção e utilização dos biocombustíveis. 
No Brasil, o etanol e o biodiesel já são programas consolidados e de sucesso. 
O biodiesel é produzido essencialmente com óleo de soja e sebo de boi. E o etanol, a partir da cana-de-açúcar.

Desde da década de 1920, o álcool já era testado como combustível automobilístico. O grande salto ocorreu na década de 1970, quando havia também uma crise internacional de petróleo. O Brasil criou o Programa Nacional do Álcool, ou Proálcool, em 14 de novembro de 1975, pelo Decreto n° 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, atender às necessidades do mercado interno e externo e a política de combustíveis automotivos. O Proálcool abrangeu a produção agrícola, as destilarias, os motores, a frota automobilística, as refinarias e a distribuição.

De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. O programa também introduziu uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) na gasolina pura consumida por mais de 10 milhões de veículos. Nesse período, reduziu as emissões de gás carbônico por combustíveis fósseis na ordem de 110 milhões de toneladas de carbono e a importação de aproximadamente 550 milhões de barris de petróleo, e proporcionou uma economia de divisas da ordem de US$ 11,5 bilhões. Por ser menos poluente, a qualidade do ar de grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, melhorou muito graças ao uso do etanol nos veículos ou incorporado na gasolina. Agora, um novo desenvolvimento ocorre nos biocombustíveis brasileiros: a produção de etanol a partir do milho.

A produção de etanol a partir do milho traz diversas vantagens. Com 1 tonelada de milho é possível produzir mais de 400 litros de etanol. Na cana-de-açúcar, são cerca de 85 litros por tonelada.

Há muito tempo, os EUA produzem etanol de milho, em grandes quantidades. Mais da metade do etanol do mundo (55%) é produzida nos EUA. Eles exportam cerca de 5 bilhões de litros anualmente, inclusive para o Brasil, tradicional produtor de etanol a partir de cana-de-açúcar
Aqui, a produção de etanol de milho é recente.
 

A primeira usina para produzir etanol a partir de milho foi instalada em Mato Grosso em 2012. Dez anos depois, 17 usinas de etanol de milho estão em operação: dez em Mato Grosso, cinco em Goiás, uma no Paraná e outra em São Paulo. Desse total de unidades em operação, dez são flex (tanto processam cana-de-açúcar como milho para produzir etanol) e sete são full (processam apenas milho).

A produção de etanol a partir do milho traz diversas vantagens. Com 1 tonelada de milho é possível produzir mais de 400 litros de etanol. 
Na cana-de-açúcar, são cerca de 85 litros por tonelada. 
As usinas de cana-de-açúcar só operam em parte do ano, a maioria entre maio e setembro. 
Quando a colheita da cana-de-açúcar acontece, a matéria-prima precisa ser logo transportada e processada na usina. 
Não há hipótese de armazenar cana-de-açúcar. Isso não ocorre com o milho.
 
O grão pode ser armazenado por longos períodos. Seu processamento fracionado ocorre ao longo do ano, com utilização plena dos equipamentos industriais. Em termos comparativos, uma usina de etanol de milho bem menor em capacidade de processamento produzirá tanto quanto uma maior de cana-de-açúcar por operar o ano todo
E as novas usinas flex, capazes de produzir etanol de milho e de cana-de-açúcar, trarão novas e grandes oportunidades, desenvolvimento e transformações regionais.

Com a cana, a usina tradicional produz ou etanol ou açúcar. Cerca de 140 quilos de açúcar ou 85 litros de etanol por tonelada de cana. Em geral, com exceção das destilarias, as usinas destinam aproximadamente metade de sua produção ao etanol e a outra ao açúcar, com variações em função de preços e mercados.

O processamento do milho para a geração de biocombustível não elimina a produção de coprodutos de interesse alimentar.  
As usinas de etanol de milho também produzem bioeletricidade, óleo de milho e, sobretudo, o DDG (Dried Distillers Grains), composto proteico de grande interesse comercial para uso industrial em rações animais. Esse coproduto é altamente digestível e palatável nas rações animais, e ideal para uso em confinamentos.

Com o expressivo aumento na disponibilidade desse insumo, a tendência é de queda no preço, como aconteceu nos Estados Unidos. O DDG estará cada vez mais presente nos cochos dos animais, como fonte proteica e energética em rações e concentrados.

Por ser a produção do DDG tão relevante, em diversas regiões tradicionais de produção de grãos em Mato Grosso, a implantação dessas usinas de etanol atrai a atividade pecuária, principalmente em confinamentos. 
Eles se beneficiam da proximidade com as unidades processadoras de grãos e algodão. 
Valorizam os resíduos da produção vegetal e da limpeza dos grãos e fibras (restos de vagens, folhas, capulhos de algodão, etc.) e, sobretudo, esse coproduto excepcional da produção de etanol de milho pelas usinas, o DDG. Além de poderem adquirir em excelentes condições o próprio milho e a soja para compor a alimentação do gado.

Segundo estimativas da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção de etanol de milho deverá superar 4 bilhões de litros nesta safra. Nos próximos dez anos, o país deverá ter mais nove unidades flex e 24 full. Com os projetos de construção de novas usinas de etanol é possível atingir 10 bilhões de litros por safra em 2030, um processamento da ordem de 22 milhões de toneladas de milho.

Para os agricultores localizados em regiões onde se instalaram as usinas de etanol de milho, estas são mais uma alternativa interessante de mercado. O milho, até então disputado internamente pelas indústrias agroalimentares, de ração animal e pelas traders, a fim de destiná-lo à exportação, passa agora a ser também procurado pelos produtores de etanol. O segmento do etanol de milho é muito organizado. E ampliou sua capacidade de armazenagem para garantir a continuidade na produção de etanol. Muitas usinas já compraram dos produtores a safra de milho ainda a ser plantada em 2023, para garantir a produção de etanol e de seus coprodutos.

Outro fator favorável à sustentabilidade do etanol de milho é sua incorporação ao Programa RenovaBio. Ele busca expandir a produção de biocombustíveis, fundamentada na previsibilidade e na sustentabilidade ambiental, econômica e social. É mais um incentivo à descarbonização da economia por meio do uso de biocombustíveis. O milho colabora na redução das emissões de gases de efeito estufa e o de segunda safra, dita safrinha, ainda ajuda a acumular carbono nos solos e a limitar a degradação das terras com sua cobertura vegetal no outono e no inverno.

               Milho pronto para a colheita | Foto: Shutterstock

O crescimento da produção do etanol de milho e dos coprodutos derivados é mais um caso de sucesso no agronegócio nacional. Isso produz novas oportunidades na economia, na geração e no crescimento da renda no campo e no crescimento mais sustentável em várias regiões do Brasil. Haverá cada vez mais etanol de milho no mercado. Seu carro será movido, também, por etanol de milho, além do da cana-de-açúcar. O milho, além de nos alimentar, agora nos move e dá o que falar.

[Tenham presente que se o descondenado fosse eleito uma das suas primeiras metas seria acabar com o agro negócio =  transformar o Brasil em uma Cuba, com uma passagem pela Venezuela - o péssimo e que seria uma parada de adaptação para Cuba = o horror.]

Leia também “O mundo tem fome e o Brasil, alimentos”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste 

 

sábado, 30 de julho de 2022

Preço médio da gasolina no Brasil é o menor em um ano

Segundo levantamento da ANP, valor do litro no país caiu de R$ 5,89 para R$ 5,74, uma diminuição de 2,5%. Foi o quinto recuo seguido [importante considerar que a redução acima é a quinta; no mês de junho o preço da gasolina no DF, raspava os    R$ 8 e agora, após o presidente Bolsonaro tomar as rédeas da situação,  é encontrada por até R$ 5,48.]

A queda no preço da gasolina nas refinarias duas em menos de 10 diastem chegado as bombas dos postos de combustíveis. Os preços caíram 2,74% na semana encerrada neste sábado, 30. O valor médio do litro foi de 5,89 reais para 5,74 reais no país. Foi a quinta semana consecutiva na redução dos preços.

O valor é o menor registrado desde julho do ano passado, quando o litro do combustível era encontrado por 5,81 reais, em média.

O etanol também teve redução de 2,5%, passando de 4,32 reais na última semana para 4,21 reais agora. O diesel variou perto da estabilidade, com redução de 0,3% entre a semana passada e essa. A redução foi de 7,44 reais para 7,42 reais. 

Quedas

As variações para baixo no preço dos combustíveis tem o impacto da lei que estabeleceu um teto para o ICMS dos combustíveis nos estados e zerou tributos federais até dezembro deste ano. 
A redução dos preços tem impacto direto na inflação brasileira, já que os transportes tem o principal preço na cesta de composição dos preços, a frente até mesmo dos alimentos. 

Economia - Revista VEJA
 
 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

A VIGARICE HISTÓRICA NO PREÇO DO ETANOL - Sérgio Alves de Oliveira

Lendo os jornais de hoje me deparei com a notícia da redução do preço do etanol em virtude da perda de mercado para a "concorrência" dos combustíveis fósseis,especialmente a gasolina,forçando os "usineiros" a rapidamente baixar os´preços desse combustível.

A primeira pergunta que se impõe é no sentido de saber qual a razão do etanol ficar sempre "colado" aos preços internacionais dos combustíveis fósseis e às suas intermináveis "crises" mundiais ?  Em resumo: o que tem a ver a cana de açúcar, plantada no Brasil, com o petróleo de todos os países produtores, desde o momento em que um é plantado por aqui mesmo, e o outro extraído das profundezas da terra em vários pontos do Planeta? [comentando: dizem as más línguas - não é fake news e sim um mero comentário - que a razão dos preços atrelados decorre da cana de açúcar,  quando  não vira álcool,  é transformada em açúcar - preços em dólar e sempre altos.Se o etanol for pago em real, se torna bem mais vantajoso aumentar a produção de açúcar e reduzir a de etanol. E, infelizmente, não estamos no tempo em que o presidente da República era o general Ernesto Geisel - se ele tossisse e fizesse uma expressão de quero que mais álcool no mercado e a menor preço, o álcool aparecia e o preço caía.]

Mas quem não tem memória curta e já contar com alguns anos de vida deve lembrar da "vigarice" que fizeram com o consumidor brasileiro, desde o momento em que "descobriram", ainda no século "passado",que o etanol, de origem vegetal poderia substituir perfeitamente os combustíveis oriundos do petróleo, com imensas vantagem para o "bolso" do consumidor,  o que incentivou "meio mundo" a comprar carros movidos a etanol, somado a outros incentivos agregados, qual não foi a surpresa quando de repente todas as "ex" vantagens desapareceram, com os consumidores totalmente enganados com a migração que fizeram para os carros movidos a álcool. Ou seja: os consumidores foram vítimas de "propaganda enganosa" dos próprios governos,vítimas de "jogo sujo".

É claro que a introdução do sistema "flex" de combustível fez com que desaparecesse o "drama" de escolher um carro movido a gasolina ou etanol. Mas todas as outras "vigarices" persistiram.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Guedes, ouça o silêncio de Simonsen - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

O pior para uma economia sonâmbula é a explosão de um posto de gasolina

Ministro se amarrou em convicções inviáveis (a CPMF) e promessas visionárias (zerar o déficit primário ao fim deste ano)

O repórter Ancelmo Gois contou: o ministro Paulo Guedes caminhava pela orla do Leblon quando foi interpelado por alguns cidadãos. Nada como o que acontecia a ministros petistas em restaurantes, mas, compreensivelmente, ele se incomodou: “Na terceira abordagem como essa, eu largo tudo e vou embora. Aí vocês vão ver o que é bom, como é que fica.” 

Dias depois, o secretário da Receita, Marcos Cintra, foi defenestrado. Essa era uma pedra cantada, pois o doutor era um monotemático defensor de uma nova CPMF, mesmo sabendo que o presidente da República detestava a ideia. O chamado “mercado” fingiu acreditar que o episódio estava circunscrito a essa divergência, mas o problema ia muito além. Guedes também foi um defensor do imposto sobre transações e sabia há meses que essa girafa não passa no Congresso. Até aí, nada demais, desde que o “Posto Ipiranga”, além de vender a gasolina da CPMF, venda também diesel, etanol, aditivos, refrigerantes e Aspirinas.
 
Só Guedes sabe o tamanho do seu desconforto, mas a pior coisa que pode acontecer a uma economia sonâmbula é uma explosão de posto de gasolina, porque irá junto o quarteirão: “Aí vocês vão ver o que é bom, como é que fica.” Fica ruim, mas foi Guedes quem se amarrou em convicções inviáveis (a CPMF) e promessas visionárias (zerar o déficit primário ao fim deste ano). As calçadas do Rio têm história. Guedes rogou sua praga a poucas centenas de metros das areias onde, num fim de semana de agosto de 1979, apareceu a alva figura do professor Mário Henrique Simonsen, que acabara de se libertar do Ministério da Fazenda do general João Baptista Figueiredo. 

Simonsen nunca ameaçou. Avisou que ia embora no dia 2, chamou o caminhão da mudança, demitiu-se no dia 9, tomou o avião e foi para a praia. Essa é a liturgia da saída, mas desde que o país voltou à democracia, sabe-se que a questão está sobretudo na liturgia da entrada de um novo ministro. Paulo Guedes é o 20º ministro da Economia desse período. Três deles foram marcantes (Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan e Antonio Palocci). Somados, ficaram 12 anos na cadeira. Dos 17 outros, alguns tinham uma perigosa característica: pouca biografia para o cargo e muita confiança pessoal do presidente que os escolheu. É aí que mora o perigo. Ao mandatário, pareciam a melhor solução para a hora, sobretudo porque não lhe trariam maiores problemas. Basta olhar para trás e lá está a ruína que produziram. 

A ideia segundo a qual os ministros são sábios que sabem fazer contas é uma lenda urbana. Para ficar num exemplo estrangeiro e passado, durante alguns anos da Depressão do anos 30 o mundo parecia estar nas mãos dos três gênios que comandavam as economias de Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. O único que tinha a cabeça no lugar era o nazista Hjalmar Schacht. O americano Benjamin Strong estava mal de saúde, pendurado em doses de morfina. O inglês Montagu Norman achava que tinha o poder de atravessar paredes. Doidos existem, e conseguem ser convincentes, sobretudo quando do outro lado do balcão está alguém que se sente pressionado por maus números e pela falta de projeto. Nessa hora, tentam-se até rezas ou poções.

Publicado Folha de S. Paulo e O Globo - Elio Gaspari, jornalista

 

sábado, 29 de junho de 2019

Bolsonaro fecha acordo que retira o Mercosul do isolacionismo

 Vencer o velho isolamento

Acordo com a União Europeia tira o Mercosul do isolacionismo e significa a vitória da ala pragmática do atual governo
 
É uma grande vitória o acordo comercial União Europeia e Mercosul. Ainda é rascunho, os detalhes são pouco conhecidos, mas a dimensão política de um aprofundamento das relações com a Europa é forte. Vai demorar ainda uns dois anos, segundo fontes do próprio governo, para virar realidade. Há o processo de fechamento dos textos, traduções em todas as línguas e aprovação pelos parlamentos. Mas o efeito na expectativa acontece já e vários fatores ajudaram a levar a esse momento, que é histórico.

Os analistas de fora do governo explicam que as negociações foram retomadas durante o governo Temer, nas gestões de José Serra e Aloysio Nunes no Itamaraty, depois de uma longa hibernação nas administrações Lula e Dilma. Negociadores do atual governo, com quem eu falei, defendem que o desfecho só foi possível agora porque houve um alinhamento entre a política econômica e a política comercial, quando as duas áreas passaram a fazer parte do mesmo ministério.

Um acordo dessa complexidade não se faz em apenas seis meses, evidentemente. Mas o que se diz no governo é que as concessões em áreas como propriedade intelectual, regra de origem e navegação de cabotagem permitiram o salto que levou ao acordo. E que isso só foi possível porque na Argentina o governo é de Mauricio Macri, e porque aqui venceu a ala mais pragmática da atual administração. — Não é só um acordo de livre comercio, é um acordo de associação econômica. Então ele tem aspectos de investimentos, de serviços financeiros, de padrões ambientais. É uma grande vitória de uma vertente mais pragmática sobre a área mais protecionista, mais isolacionista, que não quer se vincular a regras internacionais. E foi uma loucura o trabalho técnico. Estamos falando de 92%, 93% de toda a economia do Mercosul e da União Europeia. São dezenas de milhares de produtos e serviços e para cada um deles é uma regra diferente — me disse um dos negociadores brasileiros.

Em linhas gerais, haverá dois tempos de redução de tarifas. Um mais rápido para eles, um mais demorado para nós. Há produtos em que a tarifa irá a zero em três anos nas exportações nossas para eles. Mas nas importações o prazo será de dez a doze anos. Portanto, é uma abertura com gradualismo. Nas commodities agrícolas nós teremos que aceitar as cotas, mas dentro delas a tarifa será zero. Ou seja, até um certo volume de vendas, não se pagará tarifa. Já é assim em alguns produtos, como carne bovina e frango, mas essa limitação quantitativa será muito alargada. Houve avanços em vários produtos como açúcar, etanol e suco de laranja.

O embaixador Rubens Barbosa lembra que as primeiras conversas começaram em 1995, mas ao longo do tempo, principalmente nos governos do PT, o assunto ficou em banho-maria. As conversas foram retomadas há três anos e tiveram um salto agora, o que ele comemora. — Termina um período de isolamento do Brasil e do Mercosul que durou 20 anos. Só fizemos acordos com Israel, Egito e Autoridade Palestina. Agora estamos fechando um acordo com o segundo maior parceiro comercial, um bloco de 27 países. Isso é muito relevante. O Brasil precisa acelerar as reformas que nos tornem mais competitivos. O mercado está lá, mas o Brasil precisa ter produto e também tem que ter preço — diz ele.

Na CNI a reação foi positiva, ainda que até recentemente a indústria tenha mostrado preocupação em relação à entrada de produtos remanufaturados.
— Essa é uma indústria deles que está com um volume muito grande. Nós não queríamos que entrassem remanufaturados que não atendessem às nossas especificações técnicas. Esse produto é, por exemplo, um motor que dura dez anos anos, estraga, devolve-se para a fábrica e ela reaproveita as partes que estejam boas e refaz um produto com um tempo menor de vida. Pedimos para isso não entrar. E fomos ouvidos. A redução das tarifas dos produtos industriais será devagar e isso vai nos dar mais acesso a tecnologias — diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.

Muitos eventos ajudaram a esse desfecho. Um deles, o fato de que houve eleições recentes na Europa e muitos comissários estão terminando seus mandatos. Era a chance de deixar uma marca. E esse acordo para eles é o segundo mais importante depois do que foi fechado com o Japão. Assim, a Europa também responde à política comercial protecionista e de conflito do governo Trump.
 
 
 
 
 

segunda-feira, 8 de abril de 2019

As dúvidas do BC sobre a recuperação da atividade

Estímulo monetário se transmite à economia da forma esperada

O Banco Central investiga as causas do baixo crescimento da economia. O diagnóstico final não é para agora - dependerá do exame de dados que serão divulgados ao longo do tempo. Quando ficar pronto, terá um peso importante na definição da direção da taxa básica de juros, hoje fixada em 6,5% ao ano. Para fins de entendimento, é útil dividir os estudos do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em dois grupos. Um deles procura verificar se os choques que atingiram a economia no ano passado levaram a uma desaceleração temporária da atividade. O outro tema é observar se os estímulos monetários injetados pelo BC entre 2016 e 2018 estão se transmitindo à economia pelos canais esperados.

A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, de 1,1%, ficou abaixo do 1,3% previsto pelo Banco Central. A autoridade monetária rebaixou a sua projeção de expansão do PIB para 2019, de 2,4% para 2%. Além disso, reconheceu em documentos oficiais que "indicadores recentes de atividade econômica apontam ritmo aquém do esperado". A avaliação do BC, porém, é que, apesar de tudo, a economia segue se recuperando num ritmo gradual. As projeções do BC e dos analistas econômicos do mercado para a expansão do PIB de 2019 foram reduzidas basicamente para se adequar ao fato de que, no ano de 2018, a economia terminou em um nível mais baixo - o que se chama tecnicamente de efeito carregamento. O Banco Central e o mercado, segundo essa linha de raciocínio, teriam mantido suas previsões para a expansão da economia trimestre a trimestre. Um dado ilustrativo é que, ao mesmo tempo em que reduziu de 2,5% para 2% as projeções de crescimento para 2019, o mercado financeiro elevou de 2,5% para 2,75% a projeção de expansão para 2020.

Apesar de ter ratificado que a economia segue se expandindo num ritmo gradual, o Copom indicou que está aberto a mudar de opinião. Por isso vai se dedicar, durante um período que extrapola o curto prazo, a fazer estudos e observar as novas informações. Uma tese do BC que deverá ser testada é se, de fato, o crescimento abaixo do esperado em fins de 2018 e começo de 2019 é reflexo de choques e incertezas que atingiram a economia brasileira no ano passado. A lista de fatores é imensa: o estresse no mercado provocado pela processo de alta de juros nos Estados Unidos; a greve dos caminhoneiros; a crise que afetou a Argentina; as incertezas das eleições presidenciais; e a desaceleração da economia mundial.

Ao longo do tempo, o BC tem se empenhado em estimar, quantitativamente, os efeitos de alguns desses eventos na economia. Há um ano, o Copom divulgou um estudo no seu Relatório de Inflação tentando destrinchar como episódios de incerteza econômica afetam a inflação. O modelo econômico apresentado explora dois canais: a alta do dólar leva a uma pressão inflacionária quase imediata; mas num prazo mais longo ocorre um pequeno efeito desinflacionário, refletindo os impactos das incertezas sobre a atividade.

Gráficos apresentados nesse estudo mostram uma relação inversa entre dois indicadores, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) e o Indicador de Incerteza Econômica (IIE-Br). A relação é a esperada e um tanto óbvia - a incerteza leva a maior capacidade ociosa -, mas o estudo ainda assim é relevante para explorar a intensidade e as defasagens com que esses fenômenos ocorrem, dois aspectos importantes para cálculos sobre como a política monetária deve reagir. A indústria foi, do lado da oferta, uma das maiores frustrações no desempenho da economia em 2018. O ano começou bem, com um crescimento de 4,5% no primeiro trimestre, mas o quadro mudou em meados do ano. Um evento importante foi a greve dos caminhoneiros, que levou a uma forte queda na produção em maio, seguida de uma alta em junho. Mas, a partir daí, o desempenho foi frustrante, chegando no ultimo trimestre com uma expansão de 1,8%.

Outro estudo, publicado na edição do Relatório de Inflação divulgado há duas semanas, tenta entender como dois fatores em especial prejudicaram o desempenho da indústria em 2018 - a crise na Argentina e a decisão dos produtores de destinar a cana-de-açúcar à produção de etanol em vez da de açúcar. O BC estima que a queda das exportações para a Argentina teve um impacto de 0,38 ponto percentual sobre a indústria; a destinação da cana para o etanol em vez de açúcar teve um impacto de 0,58 ponto. O BC diz que esse eventos não explicam toda a frustração da indústria, mas têm um peso relevante.

Ao mesmo tempo em que junta indícios de que o baixo crescimento recente pode estar influenciado por choques e incertezas, que tendem a afetar a economia de forma temporária, o Banco Central tem colhido sinais convincentes de que o estímulo monetário tem se transmitido. No Relatório de Inflação, o BC informa que aumentou a sua projeção para a expansão do estoque de crédito em 2019, de 6% para 7,2%. A alta será particularmente mais acentuada no segmento de crédito livre, com um avanço de 12,5%, ante 10,5% estimados em dezembro. Essa é a parte do mercado mais sensível aos estímulos monetários. As famílias passaram por um processo de desalavancagem e suas dívidas são historicamente baixas.

O BC não divulga projeções sobre o crescimento das concessões de crédito, cuja velocidade de crescimento tem oscilado mês a mês. Mas, na apresentação do Relatório de Inflação, o diretor de política econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, destacou a tendência de aumento das concessões dessazonalizadas desde o começo de 2017. Outro fator de sustentação do PIB que tem sido citado pelo Banco Central é o aumento da massa salarial real. Embora o crescimento do nível de emprego tenha sido mais baixo, houve uma contribuição importante dos baixos níveis de inflação.

O BC, porém, pode estar enganado no seu diagnóstico sobre a atividade. Nessa hipótese, os sinais são de que cortará mais os juros, se os demais condicionantes da política monetária permitirem: expectativas de inflação, balanço de riscos (incluindo a reforma da Previdência e o ambiente externo) e projeções de inflação.
 
Alex Ribeiro - Valor Econômico
 

sábado, 26 de maio de 2018

Preço do diesel sobe na bomba mesmo com paralisação de caminhoneiros



No país, o litro do combustível teve aumento de 5,36%

Os preços do óleo diesel nos postos do Brasil aumentaram, em média, 5,36% nesta semana. Esse impacto nas bombas ocorreu mesmo após a Petrobras ter reduzido os preços de venda do produto em 10% em suas refinarias, desde o último dia 25. Segundo dados da pesquisa mais recente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana de 13 a 19 de maio, o óleo diesel era comercializado a R$ 3,595 nos postos. Já no período entre 20 a 26 de maio, o preço passou para R$ 3,788: quase R$ 0,20 a mais.

Em nível estadual, o combustível também apresentou aumento no Rio nesta semana. O diesel, que até 19 de maio era comercializado a R$ 3,748, passou a ser vendido por 
R$ 3,888: um aumento de 3,73%.  A Petrobras também vem anunciando reduções diárias nos preços da gasolina desde o último dia 23. O combustível, desde este sábado, dia 26, está sendo comercializado a R$ R$ 2,0096, o litro, nas refinarias: uma redução de 0,31% em relação ao valor anterior, R$ 2,0160. Entretanto, na semana de 20 a 26 de maio, o combustível apresentou aumento nas bombas, a nível nacional.

A gasolina era vendida a R$ 4,284, mas foi comercializada a R$ 4,435 na semana que se encerrou neste dia 26. Essa alteração representou um aumento de 3,52%.  No Estado do Rio, a situação não era diferente. o preço subiu de R$ 4,765 para R$ 4,435: elevação de 1,55% no preço pago pelo consumidor.  Por sua vez, o etanol teve alta em nível nacional, mas queda no Estado do Rio. No país, o combustível foi de R$ 2,784 para R$ 2,818: aumento de 1,22%. Já no Rio, a situação foi o inverso. O etanol caiu de R$ 3,533 para R$ 3,483: diminuição de 1,41% no preço na bomba.

ACORDO ENTRE GOVERNO E GREVISTAS
Uma das questões acertadas no acordo feito na última quinta-feira, entre o governo e representantes dos caminhoneiros, foi a garantia de que os preços do diesel passariam a ter reajustes, nas refinarias, a cada 30 dias.  A Petrobras também se comprometeu em manter os atuais preços durante 15 dias, o que representará uma perda na receita da companhia da ordem de R$ 350 milhões. Ao fim desses 15 dias, a estatal voltaria a praticar sua política de preços de revisões diárias, cujos valores serão contabilizados para ressarcimento pelo governo a cada 30 dias.

O Globo