Rogério Rosso pede acesso a delações da Operação Panatenaico
Para preparar sua defesa, o deputado, citado nas investigações, requereu ao STF a íntegra dos documentos que vinculam seu nome. Ele nega qualquer envolvimento em irregularidades na obra do Mané Garrincha
Horas após a deflagração da Operação Panatenaico, que investiga um
rombo milionário nas obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, o
deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) requisitou ao Supremo Tribunal
Federal (STF) acesso à íntegra dos documentos que vinculam seu nome a
irregularidades — a Corte, porém, ainda não emitiu uma decisão.
Segundo
delação premiada do ex-executivo da Construtora Andrade Gutierrez
Rodrigo Ferreira Lopes, um emissário pediu à empreiteira, em nome do
ex-governador — que assumiu mandato tampão em 2010 —, propina de R$ 12
milhões. O deputado nega qualquer envolvimento com o esquema e afirma
que as citações são “caluniosas e ofensivas”.
O STF divulgou um depoimento da empresa, no entanto, há outras
delações sob sigilo. Na petição inicial entregue à Corte, Rogério Rosso
requer “vistas dos procedimentos apuratórios em que, eventualmente,
figure como investigado ou tenha seu nome citado como suposto envolvido
em atos ilícitos”. Apesar da citação, a Procuradoria-Geral da República
ainda não pediu autorização ao STF para investigar o deputado federal.
Deflagrada
em 23 de maio, a Operação Panatenaico investiga um sobrepreço de R$ 900
milhões na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha. Segundo o
Ministério Público Federal (MPF), nas obras da arena esportiva, há
indícios de formação de cartel, fraude em licitação, corrupção ativa e
passiva, formação de organização criminosa, falsidade ideológica e
lavagem de dinheiro. A operação resultou na prisão temporária dos
ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), além do
ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). Os três cumpriram 9 dias de
reclusão.
Fonte: Correio Braziliense
Em
depoimento, Rodrigo Ferreira Lopes alegou que, em 2010, houve uma
reunião na casa de Rosso, então governador, para a condução de
discussões relativas ao andamento da licitação da arena esportiva. À
época, ele teria designado André Motta, que estava à frente do ramo de
Parcerias Público-Privadas (PPP) do governo, para conduzir as
tratativas. Ainda naquele ano, o delator relata
que uma pessoa “de fisionomia clara e calva” compareceu ao escritório
da Andrade Gutierrez para, em nome de Rosso, pedir os R$ 12 milhões. A
proposta, no entanto, teria sido rejeitada pela empreiteira.
Posteriormente, André Motta teria requisitado, também em nome do
ex-governador, R$ 500 mil em valores indevidos.
Segundo
o depoimento, a construtora quitou o valor em 2011, após a assinatura
do contrato referente ao Mané Garrincha, quando Rosso já havia deixado o
Executivo local. O responsável pelo pagamento seria Carlos José de
Souza, outro executivo da Andrade Gutierrez, cuja delação permanece em
sigilo. Rodrigo Ferreira Lopes ainda afirmou
que a Via Engenharia, segunda integrante do consórcio responsável pelas
obras, deveria pagar o mesmo valor, mas não sabe dizer se a quitação
ocorreu.
Atualmente, devido à indicação do PSD,
partido de Rosso, André Motta é presidente do Postalis, instituto de
previdência complementar vinculado aos Correios. Antes disso, porém, ele
ocupou outros cargos públicos em Brasília, graças ao apadrinhamento
político. Esteve no comando da Companhia de Planejamento do DF
(Codeplan); foi secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento
Tecnológico, da Agência de Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior
e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Defesa
Em
nota, Rosso negou as denúncias e disse estar profundamente consternado e
indignado com o que classifica como “mentiras, citações caluniosas e
ofensivas” envolvendo seu nome. E acrescentou: “A licitação da obra da
arena já estava em andamento, com análise e avaliação pelos órgãos de
fiscalização e controle e, apenas mediante autorização, houve
continuidade no certame pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital
(Novacap), responsável pela obra e por seus desdobramentos
administrativos técnicos e administrativos”.
Em
nota enviada pela assessoria do Postalis, André Motta negou as
acusações e informou que “já está tomando as medidas judiciais cabíveis
com relação ao caso”.
Memória
Rombo de R$ 900 milhões
Fonte: Correio Braziliense