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sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Manual do Linchador Moderno - Guilherme Fiuza

Ilustração: Montagem/Shutterstock
Ilustração: Montagem/Shutterstock

Acusar alguém de homofóbico é pouco. Você precisa ir além. Pode continuar catando pretextos para afetar preocupações raciais, sexuais, ambientais, etc, mas cuidado para não terminar o serviço antes da hora. Hoje em dia, frases lindas contra o preconceito e a favor das minorias podem até soar como gafe — se você não conseguir prejudicar alguém com isso.

Para facilitar a atualização da sua conduta inclusiva (que inclui você nas panelas certas), segue aqui uma lista de cinco princípios éticos fundamentais ao alpinista moderno: 

Vigie seus vizinhos obsessivamente. Assim você aumentará suas chances de flagrá-lo indo do carro até o elevador sem máscara, ou jogando um papel fora da cesta de lixo, ou comendo carne vermelha na segunda-feira. Colha sua munição para denunciá-lo. Se você conseguir expulsá-lo do condomínio por motivos idiotas pode até virar herói do bairro; 


Fique atento ao que dizem os seus colegas de trabalho nos momentos de descontração. Você pode dar a sorte de flagrar um deles contando como foi sua dieta de emagrecimento e denunciá-lo por gordofobia. Não se esqueça de gravar a conversa. Aí você expõe na sua rede social e diz que a empresa não pode manter no quadro de funcionários uma pessoa horrível como aquela. Uma horda de linchadores educadíssimos com certeza vai aderir ao seu chamado e com certeza algum diretor covarde da empresa demitirá o seu colega, te transformando no herói do mês;

Vasculhe o passado dos seus amigos. Você haverá de encontrar algum registro — nem que seja um bilhete — com algum tipo de manifestação gravíssima para os dias de hoje, tipo “virei a noite e fui para o trabalho que nem um zumbi” (você pode transformar isso em declaração racista) ou então “cheguei em casa bêbado que nem um gambá” (você pode denunciar seu amigo por preconceito contra os gambás, desafiando-o a provar que esse animal gracioso e inofensivo para as mudanças climáticas tenha hábitos alcoólicos). Só descanse quando tiver espalhado geral que esse amigo querido por tanta gente era na verdade um ser abjeto, ou seja, só considere a sua missão cumprida quando ele não tiver mais ninguém na vida. Yes!

 Reserve pelo menos meia hora diária antes de dormir para bisbilhotar pessoas públicas e o que elas andaram dizendo (bisbilhotar relaxa). Nesse território está a sua Mega-Sena. E lembre-se: quem procura acha. Você pode alegar que há uma multidão nesse garimpo e não é muito provável que você, logo você, vá encontrar a pepita de ouro. Engano seu. Hoje em dia tem ouro pra todo mundo. Basta ter paciência — e não desanimar na primeira esquina do Facebook. “Fulana está linda.” Pronto! 
Se essa frase tiver sido postada, por exemplo, por um companheiro de time do Maurício Souza, você já sabe o caminho: avisa correndo à Fiat e à Gerdau que o meliante misógino foi pego em flagrante de assédio sexual e moral, portanto não merece mais viver em sociedade. 
Se for da seleção, conta logo ao Renan também, que ele desconvoca na hora. 
Fim de papo. Mais um CPF cancelado. Ai, que delícia de linchamento!

Por questão de ética, não vamos te esconder a verdade: um dia o linchado pode ser você. Quando isso acontecer, não hesite: bata o pé, esperneie e chore bem alto. Com um pouco de sorte, mamãe te escuta e te salva desse mundo mau.

Leia também “A repressão identitária”
 
Guilherme Fiuza,  colunista - Revista Oeste

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Panelas, pra que te quero?



Chamou a atenção o parco número de manifestantes em Brasília, na saída (temporária) de Dilma do Planalto. Por que será?
Quando há golpe de estado, não se combate apenas com panelaço contra uma entrevista no Fantástico. Nunca vi, em lugar nenhum, golpe sem protesto de centenas de milhares ou até de milhões. Golpes são seguidos não só de manifestações, mas de repressão. Golpes de estado - militares ou civis - costumam deslanchar uma imensa onda de indignação. As ameaças à democracia são rebatidas com as massas nas ruas. É da natureza da ruptura democrática...ou não? 

Chamou a atenção o parco número de manifestantes em Brasília, na saída (temporária) de Dilma do Planalto. Por que será? Onde está a comoção com o afastamento da presidente? Onde estão a consciência e a mobilização do povo brasileiro? O poder não emana do povo? O Brasil deixou de ser alienado, hoje respira política (além de ar poluído).

Lembro-me de 2013, quando tudo começou. A explosão das emoções. As famílias inteiras nas ruas, insatisfeitas com os rumos da fraude dos sonhos. Lembro-me da rejeição a bandeiras de todos (todos) os partidos, contra a corrupção e a favor de reformas profundas e de dignidade nos serviços públicos - especialmente hospitais, transporte e escolas. Já se rejeitavam slogans partidários e até a presença física de políticos.

E penso que, em algum momento, se não houver uma retomada da Ética, se se quiser resolver a crise apenas com arrecadação de mais impostos, se as investigações da Lava Jato pararem, se não forem adiante as investigações a todos os políticos, incluindo alguns novos ministros, incluindo Lula, incluindo Aécio Neves, se o corte for somente na carne do povo e não dos Três Poderes, o Brasil voltará a se insurgir.

Mas, convenhamos, 200 pessoas gritando Fora Temer em frente ao Palácio em Brasília, num domingo...é pouco. Muito pouco. Menos de 10 mil na Av Paulista é pouco. Muito pouco para um golpe de estado. A maioria da população acha mesmo que houve um golpe e está contra o impeachment? Onde estão os 54 milhões de eleitores de Dilma? Onde? Por que eles não se rebelam? Por quê? Você sabe?

Dilmistas dizem que é cedo para julgar. Estão extasiados com o panelaço. Mas, sem querer insuflar ninguém a sair do sofá e da janela, está claro que a reação foi muito aquém do que se espera em um país governado há 13 anos pelo PT, eleito e reeleito legitimamente. Talvez porque Dilma Rousseff nem fosse mais reconhecida pelo povão como representante legítima dos trabalhadores - apenas como a estranha no ninho.

Fonte: Revista Época







terça-feira, 10 de março de 2015

Após panelaço, Dilma diz que é preciso aceitar o jogo democrático

Aloizio Mercadante minimiza protestos que, segundo ele, coincidiram com o locais em que a presidenta sofreu derrota eleitoral. 

Para PT, manifestações tiveram viés golpista

O dia seguinte à batidas de panelas contra a presidenta Dilma Rousseff não passou em brancas nuvens no Planalto, como era de se esperar. Coube ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, minimizar as manifestações, logo na manhã desta segunda-feira, durante uma coletiva para tratar dos assuntos pertinentes ao ajuste fiscal. Segundo Mercadante, os protestos coincidiram com o locais em que a presidenta sofreu derrota eleitoral em outubro do ano passado. Horas mais tarde, Dilma também se pronunciou sobre o assunto e disse que os protestos são legítimos, mas que a defesa de um "terceiro turno" seria uma "ruptura da democracia".

"Eu acho que há que se caracterizar as razões para o impeachment e não o terceiro turno das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente não aceitar as regras do jogo democrático", afirmou a presidenta após evento no Palácio do Planalto para sancionar a lei do feminicídio,que prevê penas mais duras para crimes de gênero contra as mulheres. "A eleição acabou, houve primeiro e houve segundo turno. Terceiro turno das eleições, para qualquer cidadão brasileiro, não pode ocorrer, a não ser que você queira uma ruptura democrática", completou. [aceitar as regras do jogo democrático é dever dos brasileiros; o que é INACEITÁVEL é que em nome da aceitação do jogo democrático, tenhamos que aceitar um desgoverno Dilma/PT.
Um desgoverno como o atual torna legitima até mesmo a ruptura da democracia, já que se trata de, no mínimo, salvar o Brasil.]

Assim como o ministro, dirigentes do PT avaliaram o panelaço como um movimento que fracassou.  O secretário nacional de comunicação do partido, José Américo Dias, afirmou que a reação ao discurso foi uma "orquestração com viés golpista" restrito a setores da "burguesia e da classe média alta". “Tem circulado clipes eletrônicos sofisticados nas redes, o que indica a presença e o financiamento de partidos de oposição a essa mobilização”, afirmou José Américo. "Mas foi um movimento restrito que não se ampliou como queriam seus organizadores", completou.

Apesar do partido ter relativizado o panelaço, o movimento gerou preocupação no Governo. O Planalto tem monitorado o movimento nas redes, e principalmente as confirmações que têm sido feitas para os eventos anti-Dilma, marcados para o próximo dia 15. O número de pessoas que prometem engrossar os protestos neste domingo cresceu rapidamente nas últimas semanas, e com o panelaço deste domingo, ganham ainda mais audiência. Em meio ao temor que o ato contra a presidenta tome proporção maior que a esperada, Dilma vai se reunir com o ex-presidente Lula, nesta terça-feira, em São Paulo. 

Continuar lendo.............El País