O Globo
Impeachment de Bolsonaro
[a liderança do capitão é de tal de ordem que o criticam quando exige o voto impresso - dizem que defende o atraso, que quer voltar no tempo; só que imitam o capitão quando pretendem se valer da mediunidade = recurso bem antigo = em uma inútil tentativa para conseguir o impeachment do presidente.
Prezado articulista! antes de iniciar a sessão com os mortos, dê graças a DEUS pelos quase 17.000.000 que se recuperaram. Também renda graças a DEUS pelos mais de 90% dos brasileiros que não foram contaminados ou tiveram a maldita peste na forma mais branca.]
Quantos milhares de mortos mais teremos
que enterrar antes que nos convençamos de que um governo que, por
incúria ou projeto, deixou morrer mais de 500 mil pessoas, não pode
continuar tendo o comando do país em meio a essa verdadeira guerra que
estamos perdendo por falta de comando ?. Em pouco mais de um ano, o
Brasil perdeu para a COVID-19 o equivalente ao número de vidas que perde
para violência a cada dez anos, um dos nossos maiores problemas
sociais.
Somos também o segundo país, atrás só do Peru, com maior
número de mortes por milhão entre os com população acima de dez milhões
de habitantes, o que tira da classificação distorções por questão de
escala. Mas corremos o risco de passar o numero de mortos dos Estados
Unidos, que tem uma população maior. Um gráfico com base nos
dados do Our World in Data mostra que a vacinação começou em 15 de
dezembro de 2020 em países como Israel, Canadá, Rússia e China. O Brasil
só começou a vacinar quando Estados Unidos e China já tinham vacinado
cerca de 30 milhões de doses cada um, Reino Unido já alcançava 10
milhões e Israel e Índia chegavam a cerca de 5 milhões de doses.
Brasil já vacinou um número equivalente à soma da população total
de Israel + República Dominicana + Chile;
A CPI da Covid-19, apesar de excessos em alguns momentos e
de uma certa desorganização nos interrogatórios, está conseguindo
montar um quebra-cabeças que revela um quadro aterrador. [imaginar - já que provas não existem; ] Todos os 14
nomes incluídos na lista de investigados da CPI da COVID recentemente,
depois de depoimentos pífios, mentiram muito, esconderam deliberadamente
ações internas do ministério da Saúde, como o “gabinete paralelo”, as
decisões para forçar a imunidade de rebanho e de atrasar a compra das
vacinas, a insistência no tratamento precoce com cloroquina e outros
medicamentos, mesmo depois que a polêmica sobre suas validades no
combate à pandemia foi encerrada por declaração oficial da Organização
Mundial da Saúde.
Mas, para os bolsonaristas, todos os organismos
internacionais são dominados por comunistas, e a orientação da OMS não
tem valor, pois a soberania do país deve prevalecer sobre as regras
gerais. A política de governo, contra o distanciamento social, contra o
uso de máscara, contra a vacinação em massa, matou mais do que o número
de mortes inevitáveis pela pandemia. [o governo tem uma opinião contrária ao uso de máscaras, contra a política de vacinação = sem vacinas (só no inicio de 2021 é que as vacinas começaram a aparecer, tanto que em quatro meses incompletos o Governo já aplicou mais de 80.00.000 de doses) mas, não adotou nenhuma medida de força para que sua opinião fosse imposta à população.]
Enquanto o presidente
Bolsonaro, irresponsavelmente, chancela um estudo paralelo
desqualificado em termos científicos que apontava para uma
superestimação do número de mortes, estudos acadêmicos apontam em outra
direção. Haveria, na realidade, uma subnotificação de mortes, que pode
chegar a 20%. Esse é um caso exemplar de improbidade administrativa.
Essas decisões conjuntas representam um erro de avaliação, ou uma
política criminosa ?
É uma definição que a CPI pode ajudar a
dar. Se um governo tem projeto de combate a uma pandemia que vai contra
todas as recomendações dos órgãos oficiais, desde a OMS até organizações
cientificas internas e externas, não é um simples erro. É um projeto
político, uma atitude criminosa. As autoridades tinham todas as
informações e sabiam o que poderia acontecer.
Pode-se dizer que
não é um crime doloso, com a intenção de matar, mas pode ser enquadrado
como dolo eventual, que é aquele em que o autor conhece o risco, e mesmo
assim age temerariamente. Ou, no mínimo, crime culposo. Que houve
crime, já não há dúvida. O caminho para a abertura do processo
de impeachment é amplo, as mais de 500 mil mortes exigem ações urgentes,
e as ruas estão advertindo o presidente da Câmara, Arthur Lira, de que
não há mais tempo a ganhar à espera de uma melhora econômica, que não
recuperará nossos mortos.[as mortes são lamentáveis, sejam as decorrentes da covid-19 e as de outras causas, até as que vitimam os inimigos do Brasil e dos brasileiros, mas jamais conseguirão atribuir que foram causadas pelo governo do presidente Bolsonaro, e a razão é simples: ter opinião não é crime.]
Merval Pereira, colunista - O Globo