Ex-procurador e deputado federal eleito disse que políticos corruptos não deveriam ocupar cargos públicos
A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República simboliza a volta da bandidolatria ao país, afirmou, nesta terça-feira, 6, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-RS). Durante entrevista ao programa Oeste Sem Filtro, o deputado federal eleito disse que políticos comprovadamente corruptos não poderiam ocupar cargos públicos.
“Estou frustrado com o fato de alguém condenado, com amplas provas do cometimento de corrupção e lavagem de dinheiro, assumir uma posição política importante”, destacou Dallagnol, ao comentar os processos que envolvem Lula. “Pessoas que praticam crimes têm de ser afastadas de posições políticas relevantes. Isso gera uma percepção nas pessoas de que o crime compensa. Perdeu-se a vergonha de praticar corrupção.”
O ex-procurador também comentou a anulação do acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que o condenou a ressarcir os cofres públicos por gastos com passagens e diárias. Esses gastos foram registrados na época em que Dallagnol era coordenador da Operação Lava Jato. Se fosse condenado, o deputado eleito teria de pagar uma multa de R$ 2,8 milhões.
“Houve uma clara perseguição política”, ressaltou Dallagnol. “Quando me procuraram para cobrar esses valores, toda a área técnica do TCU entendeu que a situação era absurda. Não ganhei nenhuma das passagens que estão sendo cobradas. Foram outros procuradores que ganharam as passagens para vir a Curitiba e trabalhar na Operação Lava Jato.”
O deputado eleito ainda criticou a atuação do Judiciário brasileiro, especialmente seu “ativismo”. “Vivemos um momento difícil, em que há um ativismo judicial”, observou. “Há abuso de poder judicial, insegurança jurídica.”
Para lidar com esses excessos, segundo Dallagnol, é preciso que o Senado atue. “O Congresso pode, por meio das leis, alterar esse cenário”, considerou. “É possível limitar o número de casos que os ministros do STF julgam. A Suprema Corte brasileira julga praticamente tudo. São 100 mil casos por ano. A Corte Suprema dos EUA, por sua vez, julga apenas cem casos anuais.”
O deputado eleito disse que, em razão das represálias do Judiciário, os procuradores da República estão com receio de investigar os corruptos. “Há perseguição de condenados contra os investigadores”, revelou. “Esse clima de medo invadiu a Polícia Federal, o Ministério Público, a Receita Federal.”
Redação - Revista Oeste