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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Forças Armadas nas ruas de Natal? Ainda bem! É o certo!

Caso se preservem os valores da democracia, sempre estaremos prontos a fazer a escolha certa e a reformar o mundo para fazê-lo mais generoso. 

O presidente Michel Temer deu autorização para que as Forças Armadas reforcem a segurança nas ruas de Natal. Por quê? Aconteceu o esperado: a guerra de facções dentro dos presídios foi para as ruas. Aliás, esse é o risco para o qual o, desculpem a franqueza, idiotas ainda não atentaram. A inferência de que conflito em presídio “é coisa lá deles, dos bandidos, não nossa” é uma das maiores bobagens que se podem dizer a respeito. Nunca será.
 Familiares de presos protestam próximos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN) - 18/01/2017 (Andressa Anholete/AFP)
Por essa da foto e outras é que o Blog PRONTIDÃO TOTAL defende que visitas a presos devem ser tratadas como exceções, concedidas como um beneficio de forma excepcional, jamais podem ser a  regra

Há gente que precisa aprender a pensar as coisas segundo a sua gravidade particular e específica. Um dos caminhos mais pavimentados do autoengano é aquele composto por raciocínios metafóricos ou comparativos. No primeiro caso, o sujeito encontra uma resposta para a metáfora e pensa que o problema está resolvido; no segundo, alevanta um valor ainda mais alto para se omitir de dar uma resposta à questão original.
Explico.
Vamos aplicar ao caso do Rio Grande do Norte a máxima de que “o mal se corta é pela raiz”. Eis uma verdade ensinada pela natureza, que assume um valor genérico. Bem, no limite, esmaguem-se todos os rebelados de Alcaçuz, e a fatura estaria liquidada. E as lorpas ainda babam: “Sem essa de direitos humanos….”Nem é preciso ser especialmente sagaz para saber que, nesse caso, o sangue vai regar o mal. Assim, a metáfora é boa como metáfora e desastrosa como ação prática.

Ou, então, e tenho recebido muitas mensagens nesse sentido, o sujeito vem falar das urgências da saúde, que são reais; da educação, que são reais; da moradia, que são reais. Deus do Céu! Sou até mais amplo: há um déficit de felicidade no mundo, não é? A questão é saber quais são as questões que, embora precárias, não inviabilizam a sociedade. Quem não investiria com mais gosto em creches e escolas do que em presídios?

Há dificuldades que tornam a vida mais triste, mais acabrunhada, mais miúda, mas que, ainda assim, mantêm as esperanças, nem que seja em estado latente. Mais: se as instituições funcionam, apesar de todas as precariedades, permanecem abertos os caminhos da reforma. Notem que não falo em “redenção”. Essa palavra, em matéria de ciência social, é coisa de autoritários tarados.

O que está em curso, no caso dos presídios, afeta a própria essência de um regime ancorado nas liberdades públicas e nas liberdades individuais. Onde está, a propósito, a deformação moral da esquerda quando lhe é dado responder ao desafio a segurança pública? Ela parte do princípio de que os bandidos são seres revolucionários em estado larvar; ela infere que estamos a lidar com uma espécie de “rebelde primitivo” que ainda não descobriu o inimigo certo. Aliás, os comunistas, deixados nos mesmos presídios de criminosos comuns, estão na raiz do Comando Vermelho. No fim das contas, são uns idealistas estúpidos. Acham que não se pode delinquir por vontade.

Onde está, a propósito, a deformação da direita brucutu?  Em ignorar que, com efeito, há fatores condicionantes da delinquência que podem ser corrigidos. E as iniquidades sociais, é evidente, estão entre eles. Mas ela não quer se ocupar de políticas públicas. Acredita que se elimina o problema com a eliminação do problemático. E, no mais, viva a competição. Como se a competição realmente virtuosa não fosse apenas aquela que se estabelece entre competentes.

Estamos diante de uma questão civilizatória, ora bolas!, não de um problema meramente policial. Caso se preservem os valores da democracia e do Estado de Direito; caso se mantenha a hierarquia de valores que nos distingue da Besta; caso se conservem os fundamentos da empatia, que nos levam a reconhecer no outro um nosso semelhante, sempre estaremos prontos a fazer a escolha certa e a reformar o mundo para fazê-lo mais generoso.

Destruídos esses pressupostos, então chegamos ao fim da linha. Aí, meus caros, estaremos condenados a entrar naquele lugar onde não entra a esperança.  O inferno existe. E ele pode ser aqui.
Forças Armadas, sim! Enquanto forem necessárias.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo


 

FORÇAS ARMADAS nas ruas de NATAL - ação das tropas federais precisa ser didática, exemplar e conclusiva

Temer autoriza envio das Forças Armadas para ruas de Natal

Pedido de reforço ‘imediato’ foi feito pelo governador Robinson Faria

[Temer mostra mais uma vez que só 'funciona' na pressão - as tropas precisam estar preparadas para resolver o problema, sem preocupação com o 'politicamente correto' e ter presente que os bandidos só desistirão de ações de retaliação ao que for efetuado pelas FF AA em Natal, se o preço a pagar for alto.

Excelente é que o uso das tropas federais nas ações de manutenção da ordem é uma excelente oportunidade para um teste das mesmas em situações reais - as atividades da Copa do Mundo e Olimpíadas não serviram de teste, tendo em conta que não havia inimigo real a ser enfrentado; agora sim, existe um inimigo real, perigoso e que não sendo contido no primeiro choque avançará em outras cidades.]

O presidente Michel Temer autorizou o envio de Forças Armadas para reforçar a segurança das ruas de Natal nesta quinta-feira, após pedido do governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD). Ainda não foi definido o contingente que será utilizado, mas boa parte deve vir do Exército, de acordo com o Palácio do Planalto. Desta vez, os militares só ficarão nas ruas, para que a polícia militar do estado possa ir para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, onde detentos entraram em confronto. Desde quarta-feira, as ruas de Natal passam por uma onda de violência. As empresas recolheram a frota de ônibus nesta quinta-feira, após veículos serem incendiados.

A autorização de Temer ao pedido de reforço "imediato" por Robinson Faria veio no início da tarde desta quinta-feira. Além de fazer o pedido, Faria também revelou pela manhã, em entrevista à rádio “CBN”, que o Batalhão de Operações Oficiais (Bope) irá entrar na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, sem armas letais, para retirar os presos.  — Fiz o pedido para o ministro Alexandre de Moraes para conversar com o presidente Temer. Só ele pode autorizar o envio imediato, para hoje, das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, para ocupar as ruas de Natal. Estão tocando fogo em ônibus, em uma retaliação pelo governo ter decidido separar, dentro do presídio, PCC (Primeiro Comando da Capital) e Sindicato do RN. Então ambos estão retaliando o governo. A situação aqui se tornou muito mais grave do que estava ontem, se agravou a partir de ontem a noite, então precisamos de socorro imediato — destacou o governador.

Pela manhã, o presidente foi a Ribeirão Preto anunciar o pré-custeio da safra 2017/2018, e de lá já havia conversado com o governador do Rio Grande do Norte. Temer comunicou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann.  Na terça-feira, Robinson Faria havia dito que poderia haver um "novo Carandiru" no presídio de Alcaçuz, onde ocorrem os enfrentamentos de facções criminosas rivais, caso a polícia estadual entrasse na carceragem. — Se a polícia entrar dentro do presídio, pode haver novas mortes, confrontos policiais, aí vai ser um novo Carandiru. Temos que evitar isso. Vamos entrar em casos de extrema necessidade — declarou Faria há dois dias. [o governador precisa sem lembrado que quando a Polícia entrou em Carandiru, ocorreram algumas mortes e uma 'faxina' eficaz e depois disso NUNCA MAIS ocorreram rebeliões em Carandiru - que só foi fechado anos depois.
O bandido testa as autoridades, havendo vacilação eles abusam sem piedade.
Mortes podem ocorrer, mas, cada bandido morto será um elemento dissuasório a mostrar aos bandidos quem realmente manda. 
Nas ruas os bandidos enfrentarão - com fins didáticos - as tropas federais e a PM ao invadir Alcaçuz deve ter em conta o ocorrido no Carandiru, onde os motins ocorriam com frequência e após a ação comandada pelo coronel PM Ubiratan se tornou um local pacífico e os presos aprenderam a respeitar as autoridades.]

Fonte: O Globo