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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Boas novas no tempo da escassez - Míriam Leitão

O Globo

Míriam Leitão Boas novas no tempo da escassez 



Algumas notícias boas apareceram no radar. São poucas, mas não são de se desperdiçar numa época tão magra de boas notas. O governo começa a liberar parte do dinheiro do Orçamento que havia sido congelado. Pode chegar, no final, aos R$ 20 bilhões anunciados pelo presidente interino, Hamilton Mourão. O comércio e os serviços tiveram crescimento em julho acima do previsto pelo mercado. A previsão de uma safra recorde pode afetar positivamente o PIB agropecuário.
Nesta época do ano, a Esplanada dos Ministérios tem clima de quase um deserto. A seca em Brasília castiga. Desta vez estão ressecados também os cofres dos ministérios. Ao déficit primário somou-se a decepção com o crescimento. Quando foi feita a peça orçamentária, em agosto do ano passado, a previsão era de que em 2019 o crescimento seria de 2,5%. Quando a previsão cai — hoje está em 0,85% — tem que se cortar as despesas, colocar num congelador e sonhar com a chance de degelo.

Chegou, pelo menos em parte. Houve dois meses de arrecadação acima do esperado, em julho e agosto, e o recolhimento novo de dividendos da Caixa Econômica Federal e do BNDES. Quem no governo tem pé no chão alerta que não dá para soltar fogos com o aumento de arrecadação nesses dois meses. Não é ainda uma tendência e infelizmente não pode ser visto como uma retomada. A melhora em agosto pode ter a ver com o alta do Imposto de Renda sobre ganhos de capital que decorre da venda de empresas da Petrobras e do IRB no Banco do Brasil. Esse é um ganho que acontece uma vez só, a chamada receita não recorrente.

A Conab divulgou na terça-feira o levantamento da safra de grãos 2018/2019 com uma estimativa de 242 milhões de toneladas, 6,4% maior do que a anterior. Se o número for confirmado será um novo recorde. Terá um impacto de redução da inflação e de alta no PIB agropecuário. A soja vai colher menos, o milho, muito mais.  A produção industrial de julho caiu em 0,3%, mas o IBGE divulgou nos últimos dois dias números acima do previsto pela maioria dos analistas. As vendas de varejo aumentaram 1%, e no varejo ampliado, onde entram veículos, motos, peças e material de construção, o aumento foi de 0,7%. Na comparação com julho do ano passado o resultado ficou em 4,1%, o quarto resultado positivo, e 4,6% no ampliado. Em sete das oito atividades o número ficou no azul. Com toda essa alta, volta-se ao que era quatro anos atrás, em julho de 2015. O setor está ainda 5,3% abaixo de outubro de 2014. O problema desta recessão é a lentidão da volta ao ponto onde se estava.

Ontem, o IBGE mostrou que o setor de serviços cresceu 0,8% em julho, se recuperando da queda de 0,7% do mês anterior. O número veio acima das projeções do mercado. Não é um dado espetacular, mas nesse ritmo o setor poderá ter o primeiro resultado positivo anual desde 2014. Os serviços ainda estão 11,8% abaixo do melhor momento, de 2014, e também 1,2% abaixo de dezembro do ano passado.
Pelas contas do governo,a liberação do FGTS terá um efeito de até 0,35 ponto do PIB nos próximos 12 meses. Cerca de R$ 28 bilhões entrarão na economia ainda este ano e mais R$ 12 bilhões em 2020. Esse dinheiro vai ajudar na redução da dívida das famílias e também provocar algum estímulo ao consumo.

Ontem o CDS caiu a 120 pontos. Isso significa que os juros cobrados para se fazer seguro contra o risco Brasil está menor do que os 300 que estavam durante a eleição no ano passado ou os 533 de 28 de setembro de 2015, dias depois de o Brasil perder o grau de investimento.  Tudo isso somado não é nem de longe o que se esperava que o país estivesse vivendo neste terceiro trimestre do ano. Mas é melhor que estejam pingando algumas boas notícias no meio desta conjuntura árida.

O cenário é de melhora nos indicadores de trabalho, porque nesta época do ano há redução do desemprego. A inflação baixinha permitirá a queda das taxas de juros.  O país colhe suas poucas boas notícias sem as desmerecer, porque há grande escassez de números positivos. A economia enfrenta ainda uma grande letargia. Muitos fatores têm reduzido o ímpeto dos empresários de investir, e das famílias, de consumir.


Blog da Míriam Leitão - Alvaro Gribel, São Paulo - O Globo


domingo, 24 de dezembro de 2017

No Natal, boas notícias na economia



Olhando-se para trás, deve-se reconhecer que no governo de Dilma Rousseff as coisas estavam piorando e continuariam a piorar. Pararam de piorar

Em outubro de 2014 sabia-se que a economia estava parada desde o primeiro trimestre. Mesmo assim a charanga da coligação PT-PMDB reelegeu Dilma Rousseff e Michel Temer.  Cumpriu-se uma velha escrita segundo a qual a percepção da crise demora para prevalecer.  O mesmo ocorre no sentido contrário, a recessão reflui, mas não é percebida.

Discretamente o Planalto está panfletando uma página com 16 itens ilustrativos do progresso ocorrido durante o governo Temer. Alguns, como os indicadores de emprego, são tênues. (A população ocupada passou de 89,8 milhões de pessoas para 91,3 milhões.)
Outras, são bolas divididas, tamanha era a desgraça na base da comparação. (A produção industrial passou de uma contração de 9,8% para uma expansão de 1,6%.)

Depois de um ano com um PIB negativo — 5,4% no primeiro trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 — houve uma expansão de 0,3% no segundo trimestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016. Mixaria.  Cinco itens são indiscutivelmente positivos. A inflação de 9,28% caiu para 2,54% e a taxa Selic de 14,25% está em 7,5%. A safra de grãos passou de 185,8 milhões de toneladas para 242 milhões. O Risco Brasil, número astrológico que orienta o mercado, era de 544 pontos e caiu para 239 pontos.   O quinto item é a joia da coroa: as empresas estatais passaram de um prejuízo de R$ 32 bilhões em 2015 para um lucro de R$ 4,6 bilhões em 2016, saltando para R$ 17,3 bilhões no primeiro semestre de 2017.

Olhando-se para trás, deve-se reconhecer que no governo de Dilma Rousseff as coisas estavam piorando e continuariam a piorar. Pararam de piorar, não estão melhorando no ritmo propagado pela charanga publicitária do governo, mas, no conjunto, indicam que é possível se desejar um 2018 melhorzinho.


Elio Gaspari, O Globo